28 de abril de 2010

A covardia da Folha contra Norma Bengell

A quarta-feira amanheceu alegremente ansiosa no Rio. Só se fala no clássico Flamengo e Corinthias. O aspecto positivo de trabalhar em Lan House é que a gente ouve as piadas ao redor. Ouço que a torcida do Flamengou contratou dez travestis para assistir ao jogo no Maracanã e atazanar Ronaldo. "Como ele vai perder o jogo, ao menos tem garantido uma noite de amor", diz um dos gerentes da Lan.

Deixemos o futebol, porém, para mais tarde, e nos concentremos na agenda política. O Tijolaço levantou o escândalo do dia. Aquele que Nassif chama, sarcasticamente, de ex-Eduardo Graeff, um tucano da alta cúpula do PSDB, tesoureiro do partido, estrategista da campanha de Serra, foi pego em flagrante.

Brizola Neto, autor do Tijolaço, apurou que o mencionado bicudo não apenas "comanda os brucutus", mas que "é o próprio Brucutu". A figura aparece como responsável por sites cujo próprio endereço físico é uma baixaria, como o "petralha.com.br".

O post de Brizola caiu na rede e foi reproduzido em toda a parte, gerando uma enorme onda de indignação. Lembremos que Serra afirmou que não patrocinaria "baixarias" em campanha.

Ontem à noite, o deputado havia descoberto outra baixaria do PSDB. No próprio site do partido, em destaque, figura o link para o blog Gente que Mente, dedicado a denegrir a imagem de quadros do PT e da esquerda em geral.

Como o próprio Brizola, como todo mundo aliás, eu também me pergunto qual seria a reação da grande mídia, incluindo sua miríade de colunistas eternamente indignados por qualquer ninharia da campanha dilmista (vide o escarcéu que fizeram por causa da foto da Norma Bengell), se descobrissem que o site oficial do PT dá link, em destaque, a um blog semelhante, ou se um petista graduado fosse responsável por blogs de baixaria.

Tudo que eu disse até agora não é novidade. Repeti aqui apenas para enfiar o prego mais fundo na consciência das pessoas. José Serra patrocina o baixo nível na campanha presidencial. E a mídia não só lhe dá guarida, como rivaliza com ele em baixaria.

Não quero deixar de citar, como parte da mesma estratégia de baixaria, a decisão do deputado José Carlos Aleluia, de publicar um texto apócrifo, falsamente atribuído à apresentadora Marília Gabriela, denegrindo Dilma Rousseff. A jornalista já avisou que vai mesmo processar Aleluia. Bem feito.

E agora eu tiro da manga uma carta que a blogosfera ainda não tinha visto. Antes, uma breve lembrança das circunstâncias do caso.

O blog oficial da Dilma publicou foto da passeata dos Cem Mil de 1968. Trata-se de uma foto imensamente conhecida, em que Normal Bengell, de minissaia, aparece em destaque. Os detratores de Dilma criaram um escândalo em torno disso, acusando o site de pretender passar à impressão de que Norma Bengell era Dilma Rousseff.

Colunistas sérios como Jânio de Freitas, Elio Gaspari e Ruy Castro entraram na onda. Fez-se um ataque de ordem moral. Ampliou-se o caso como se tratasse de um escândalo ético de proporções bíblicas.

Qualquer um que encare a questão com um mínimo de bom senso veria que não houve intenção maliciosa. Norma não tem nada a ver com Dilma. Foi um erro bobo, do tipo que é impossível evitar, dos diagramadores do site. Querer desviar a campanha para discussões pueris como essa é outra baixaria, que pelo visto é encampada por muitos jornalistas que se acham o suprassumo da seriedade e da ética.

Daí que foram entrevistar a atriz Normal Bengell, a qual, surpreendentemente, afirmou que "não via nada demais no caso" e passou a fazer elogios a Dilma, culminando com uma enfática declaração de voto: "tomara que ela ganhe".

Mais uma vez, bem feito. Caso encerrado, certo? Não.

Os jornais de hoje continuam insistindo no caso. José Nêumanne Pinto, colunista do Estadão e comentarista do SBT, publica um artigo fortemente ofensivo à Dilma. O próprio título é mau educado, chamando a ministra e candidata à Presidência da República, de "dona Dilma". Mas Neumanne é um tolo. Lembro que por ocasião do estardalhaço oportunista e reacionário com o lançamento do último programa de direitos humanos, Nêumanne foi para a TV pregar um golpe: "E os militares, onde estão os militares?", vociferava o conservador que, de súbito, mostrou-se um carbonário radical da ultradireita.

O mais absurdo, o mais nojento, o mais assustador, no entanto, partiu, como de praxe, da Folha de São Paulo. O pasquim serrista publicou, na sua edição impressa desta quarta-feira 28 de abril, uma cartinha de um leitor do Canadá contendo uma séria acusação à Norma Bengell.

Com isso, o jornal cumpre vários objetivos: vinga-se de Bengell, que ousou defender Dilma  e torcer por sua vitória; desmerece a sua opinião e a possível influência que esta pode ter eleitoralmente entre os leitores da Folha; e manda um recadinho terrorista bem claro: defendeu Dilma ou PT, leva tiro.

A covardia é explícita. Ataca uma atriz já idosa, sem recursos financeiros ou psicológicos para se defender à altura. Bota a acusação na boca de um leitor, e ainda mais do Canadá. Pratica um verdadeiro homicído de reputação. Ataca a honra de uma artista que muito contribuiu para a cultura brasileira.

As peles de cordeiro, pelo jeito, não estão mais cabendo nos lobos.

16 comentarios

Luiz disse...

Olá Miguel, aquela foto da Norma não é do Diretas Já é da passeata do cem mil em 68.

Abç

Miguel do Rosário disse...

Fui mais rápido que você. Vi sua observação no Twitter, e corrigi antes de você postar esse comentário. Valeu!

Sandro Stahl disse...

Miguel a foto da passeata não foi um erro, simplesmente eles fecharam para pegar o cartaz, aí o rosto da Norma ficou lá, mais o objetivo, ve-se claramente, era o cartaz ou faixa atráz dela.

necolima disse...

Miguel,

Tudo bem que tratou-se de um erro tolo, um equivoco, elevado a condição de "escandalo" pela oposição.
Mas por que os responsaveis não corrigiram prontamente e se desculparam?
Essa mesma pergunta é feita por Ricardo Kotscho, creio que acima de qualquer suspeita, né?

Quanto à acusação contra Norma Bengell, fiquei agora curioso: Seria por questões relacionadas à patrocinios, incentivos fiscais, essas coisas?

Julio Cesar Furukawa Lima disse...

Que absurdo, até onde esse jornaleco pode ir!
Até outubro muita água vai rolar, e teremos que ter muito sangue frio, paciência e informação pra lidar com essa mídia!

Unknown disse...

Nao sei onde vc arruma estómago prá ler essa podre mídia fascista.
Eu, euzinho da Silva, cago e ando.
Até porq, eles nao sao concessoes públicas, portanto, vejo o direito deles escreverem o q bem entendem, e a mentira, q seria a "salvadora das pátrias", leia-se a grana q tá acabando, acabou se tornando no drama q os está asfixiando.

Entao, q se fodam.

Me lixo sim, pela mídia de rádio e tv - essas, as verdadeiras concessoes p´+ublicas q, eu, qgain, EUZINHO DA SILVA, nao aceito como partidarizadas.

Inté,
Murilo

Prodígios Lopes disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Unknown disse...

Rosário .. coloca a capinha da Time aqui. Só pra gente ver os caras espinafrem a Time, o Moore..
heheh
vc sabe que o cineasta-maluco-frustrado vai dizer hoje no Jornal da Globo que Moore é comunista.. um petista de nariz empinado

heheheh

Unknown disse...

LULA ENCABEÇA LISTA DA REVISTA TIME

(tá no blog do Nassif)

Na edição da revista norte-americana Time das 100 pessoas que mais afetaram o mundo em 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está no topo da lista.

O cineasta norte-americano Michael Moore escreveu o perfil de Lula para a revista, dizendo que ele tem lições a dar aos Estados Unidos. “A grande ironia da presidência de Lula – ele foi eleito para o segundo mandato em 2006 e servirá até este ano – é que mesmo quando tenta impulsionar o Brasil para o Primeiro Mundo com programas sociais como o Fome Zero, destinado a acabar com a fome, e planos para melhorar a educação disponível à classe trabalhadora, os EUA se parecem a cada dia mais com o Terceiro Mundo”.

Moore disse que a concentração de renda nos Estados Unidos está aumentando e ameaça deteriorar a condição econômica dos mais pobres. “Nós, nos EUA, em contraste onde a população 1% mais rica detém mais riqueza financeira do que o conjunto dos 95% mais pobres, estamos vivendo em uma sociedade que está rapidamente se tornando parecida com o Brasil”.

José Carlos Lima disse...

Até quero ver quando o povo descobrir que o brazil (com Z) pode mais de Serra é o mesmo brasil que podia menos na Era FHC

José Carlos Lima disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José Carlos Lima disse...

Desmentindo a mim mesmo...
Proiba sim comentários anônimos,,,pega mal além de que não passa credibilidade,,,
pessoas mal intecionadas ou trolss usam deste recurso..
Que se use a opção anônimo mas que ao menos se assine embaixo do comentário postado
O blog osamigosdopresidentelula acaba de probir comentário anônimo

As idéias e o debate serão a marca presente nestas eleições e não a baixaria que está sendo espalhada pela turma do esgoto sob a coordenação do ex-Graef

José Carlos Lima disse...

Retiro o que eu disse
Bom mesmo proibir o uso da opção anônimo
É que agora que caiu a ficha..
A opção abre espaço para pessoas mal intencionadas
Abs

Galvão disse...

Já estamos exportando canalhas!

tim disse...

Não é por nada não, mas entre Dilma(lembra do caso envolvendo a assessora x Sarney x Dilma??? aquela em q Lula disse q tinha q mostrar a agenda do encontro)e o jornal FSP, estou com o excelente Jânio de Freitas... essa mulher, Dilma, não parece ser de confiança.

Miguel do Rosário disse...

respondendo a alguns comentários:

Neocolima,
o leitor da Folha se referia a problemas da Norma com um filme. Problemas muito comuns nesses editais necessariamente burocráticos. A covardia foi botar na boca de um leitor. Não existe empresário no Brasil sem problema na justiça, mas a Folha não publica cartinhas fazendo acusações contra os mesmos.

Qto ao erro do blog, houve desculpas sim, e divulgadas amplamente no blog e na mídia.


Tim,
Janio não criticou Dilma e sim a equipe que faz o blog. Uma crítica injusta e leviana, a meu ver, influenciada pelo ambiente envenenado antipetista que lhe rodeia. Se você preferir, vote em Janio Freitas para presidente da república.

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