12 de abril de 2007

Brasil um pouco melhor


Eu participo de fóruns na internet, recebendo artigos e textos extremamente interessantes para se compreender a realidade brasileira acima da visão elitista e golpista de nossa mídia corporativa. Convido vocês a participarem, enviando mensagem para o email abaixo:

Fernando Rossas Freire - forop086@terra.com.br

Aproveito para reproduzir um artigo que recebi hoje (referente ao gráfico acima), que informa um avanço social extraordinário no Brasil, usando dados e números do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, ligado ao Ministério do Planejamento, uma fonte antiga e respeitada pelas correntes políticas mais diversas. Para a turma cultural que frequenta o blog, lembro que as crises de leitores, de espectadores de filme, enfim de consumidores de cultura (se é que se pode usar o termo consumidor neste caso), somente será contornada com a diminuição da pobreza no país. Não tem jeito, quem faz cultura no Brasil vai continuar dependendo da política por um bom tempo, até que tenhamos uma massa crítica mínima, um mercado consumidor mínimo, ponto a partir do qual o Brasil poderá vivenciar um grande ciclo de produção cultural, artística, científica.

5 milhões de brasileiros sairam da pobreza extrema em 4 anos

Os 10% mais pobres da população brasileira tiveram um aumento de 36% na renda entre 2001 e 2005. A única faixa que teve queda no período foi a dos 10% mais ricos, que recuaram 1,2%. Com isso, o Brasil passou a ter a sua menor desigualdade de renda nos últimos 30 anos, informa um estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea, ligado ao Ministério do Planejamento), a ser divulgado nesta quinta-feira (12). No entanto, a concentração de renda brasileira ainda é a 11ª pior do mundo, muito mais grave que a de outros países com nível semelhante de desenvolvimento.

O estudo Desigualdade de Renda no Brasil: uma análise da queda recente toma como base principal o coeficiente de Gini (veja o gráfico ao lado), que varia de zero a um: o índice 0,000 corresponde a uma igualdade absoluta; o 1,000 a uma completa concentração.

Altos e baixos

O gráfico mostra como a desigualdade de renda evoluiu nos últimos governos. Ela recuou nos últimos anos da ditadura militar – depois de provocar um debate nacional, sobre a suposta necessidade de primeiro deixar o bolo crescer para depois distribuí-lo. Atingiu um pico com a escalada inflacionária de 1889-1990. Nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, começou a ceder lentamente, mantendo-se acima da média do período. Em 2001, achava-se ligeiramente acima da média destes 30 anos. Mas no governo Lula caiu de forma mais contínua e substancial, "alcançando seu menor nível nos últimos trinta anos".

"Além de ser um resultado importante por si só, essa desconcentração levou a uma expressiva redução da pobreza e da extrema pobreza", diz o Ipea (veja o segundo gráfico). O órgão analisa que a mudança teve "diferentes fatores determinantes, o que favorece sua sustentabilidade". E cita entre eles a ampliação dos programas sociais do governo.

"Percepções" sociais diferentes

O estudo divide a população brasileira em dez fatias, conforme a sua renda, e acompanha a evolução de cada uma das fatias entre 2001 e 2004. O resultado é uma linha reta. O décimo mais pobre é o que tem o maior avanço na renda; conforme aumenta o nível de renda, diminui o ganho no período. O décimo mais rico é o único a ter queda de renda. Neste período houve uma redução de 3,2 pontos na proporção de pessoas extremamente pobres, o que representa mais de 5 milhões de brasileiros que sairam da pobreza extrema.

Apesar das taxas medíocres de crescimento econômico nos anos em exame, "a percepção dos mais pobres no Brasil foi a de estarem vivendo em um país com uma alta taxa de crescimento econômico, enquanto os 20% mais ricos tiveram a percepção de estarem vivendo em um país estagnado", observa o Ipea. A diferença no comportamento das diferentes faixas de renda (veja o gráfico 2) ajuda a explicar também os resultados eleitorais do ano passado e as pesquisas sobre a avaliação do governo Lula.

Um dos países mais desiguais

Na avaliação do instituto, "o sucesso recente deve ser encarado apenas como um primeiro passo de uma longa jornada", pois "o Brasil ainda se encontra entre os países mais desiguais do mundo". Tomando-se por base o índice de Gini, apenas alguns países africanos e latino-americanos têm concentração de renda pior que a do Brasil:

Namíbia - 0,707
Lesoto - 0,632
Botsuana - 0,630
Serra Leoa - 0,629
República Centro-Africana - 0,613
Bolívia - 0,606
Guatemala - 0,599
África do Sul - 0,593
Zimbabwe - 0,568
Paraguai - 0,568.

"A queda observada na desigualdade de renda não foi suficiente para colocar o Brasil em uma posição equiparável à dos demais países com nível de desenvolvimento semelhante". acusa o Ipea. "Para que a pobreza se reduza, a renda dos mais pobres deve aumentar e, para isso, é necessário que haja crescimento econômico ou reduções no grau de desigualdade".

"Cerca de vinte anos"...

Apesar da queda recente, a desigualdade de renda brasileira permanece extremamente elevada. A fatia da renda total apropriada pela parcela 1% mais rica da população é da mesma magnitude daquela apropriada pelos 50% mais pobres. Além disso, os 10% mais ricos detêm mais de 40% da renda, enquanto os 40% mais pobres respondem por menos de 10% da renda total.

No cenário internacional, o país continua ocupando uma posição de absoluto destaque negativo, mesmo quando a comparação se faz com países de nível de desenvolvimento semelhante. O Ipea calcula que, caso a velocidade dos últimos anos fosse mantida, "seriam necessários cerca de vinte anos para que a posição internacional do Brasil e alinhasse com sua posição relativa à renda per capita", prevê o Ipea.

"Em suma, o grau de desigualdade do país permanece extremamente elevado", diz o órgão. E mostra que, enquanto 64% dos países têm renda per capita inferior à brasileira, somente 43% têm renda per capita de seus 20% mais pobres menor que a brasileira.

Com Ipea e agências