Tenho lido, nos últimos meses, muitas matérias negativas sobre o governo Kirchner. Entretanto, quem tem um mínimo de informação e lê criticamente os dados que chegam até aqui sobre a economia argentina, sabe que Nestor Kirchner operou um verdadeiro milagre. Ele, literalmente, salvou a pátria. A Argentina vem crescendo a taxas quase chinesas, de mais de 8% ao ano, com ênfase no aumento do poder aquisitivo da classe trabalhadora. Tem um problema grave de inflação, certo, mas é um problema oriundo de um crescimento muito acelerado.Divulgaram ainda que a campanha foi apática e os argentinos estão desmotivados com a classe política. A Globo e outros órgãos afirmaram isso. Desconfio dessa apatia. Nem sempre sair gritando pelas ruas é sinal de saúde política. O fato do país estar pacificado, e as pessoas tranquilas, sem manifestar-se nas ruas, pode ser também um sinal de confiança. Uma coisa é óbvia e a própria eleição deste domingo confirmou. A população está muito confiante na continuidade do governo Kirchner, através da eleição de Cristina, esposa do atual presidente. Esta confiança na vitória traduziu-se em serenidade, confundida com apatia. A partir do momento em que as pessoas estão absolutamente seguras de quem será o vencedor numa eleição, é natural que o ambiente fique distendido e que estas pessoas voltem sua preocupação para outros assuntos. Faltou esse entendimento. O Globo, de forma geral, tem feito uma cobertura muito negativa dos governos latino-americanos, de forma geral. A nossa mídia não engole a amizade firme entre Kirchner e Chávez, nem a popularidade gozada por Chávez na Argentina.
Chávez comprou títulos públicos argentinos para ajudar o país a sair de uma crise financeira. Essa ajuda foi lida com muito sarcasmo por nossos analistas, que nunca haviam assistido antes um país latino-americano prestar uma assistência corajosa a outro país. Entendam bem. Chávez comprou títulos, não doou dinheiro e, eventualmente, o governo venezuelano pode lucrar com isso, casos os mesmos se valorizem. Se o Brasil tivesse ajudado a Argentina, lá atrás, em tempos do reinado fernandista, talvez a Argentina não tivesse quebrado tão feio e nossos hermanos poderiam estar numa melhor situação hoje.
A imprensa tucanizada odeia a Argentina, isso é notório. E burro, já que a Argentina recuperada tem sido uma das maioras compradoras de produtos brasileiros, superando os Estados Unidos e a China em diversos setores.
A vitória de Cristina, portanto, é outra vitória dos povos latino-americanos contra mídias direitistas e burras e retrógradas e anti-populares que ainda infestam o continente. Viva Cristina. Viva a Argentina.
PS: Tem mais. O Globo hoje vem falando em Argentina dividida. Fala que Cristina ganhou com votos do interior e de pobres. Hum? Dividida? Cristina ganhou no primeiro turno com a maior diferença de votos jamais vista em eleições no país. Que divisão é essa? O Globo tenta desqualificar de várias formas a legitimidade e a incrível força política de Cristina e o que ela representa para toda América Latina. A vitória de Cristina também foi uma vitória sobre o jornal conservador La Nación. E novamente vem com essa história de votos de pobres. Ora, Cristina obteve vitória esmagadora. Se os pobres são maioria num país, então é seu direito democrático exercer o poder que emana de seu número. Um ser humano não vale mais do que outro só por causa de sua conta bancária. E tem muito pobre mais inteligente e mais honesto que muito rico.
O Globo ainda tem a cara de pau de dar a "receita de bolo" para resolver alguns problemas da Argentina: juros altos, recessão e arrocho. Ou seja, a mesma receita fracassada dos governos neoliberais anteriores. Há setores poderosos da imprensa que se tornaram refúgio das viúvas histéricas do neoliberalismo cucaracho. Um neoliberalismo anti-nacionalista e estúpido, que só levou ao endividamento, à miséria e ao colapso financeiro dos países que o adotaram. Como diria o Bussunda, fala sério!
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Eu sabia que o Marco Aurélio Mello, aquele soltador de bandido de colarinho branco, fazia oposição explícita ao governo Lula, mas faltavam-me elementos. O PHA traz hoje excelente entrevista com um pesquisador, que fala sobre o assunto. Naturalmente, você não lerá isso publicado nos órgãos da PIG (Partido da Imprensa Golpista, para quem não sabe, o partido de oposição mais forte no país), que só entrevista ou dá preferência a pesquisadores e acadêmicos alinhados com seus interesses.










