26 de junho de 2005

A versão de Genoíno

24/06/2005 - A onda de denúncias vazias

O Brasil está sendo assolado por uma onda de denúncias vazias e irresponsáveis. Essa onda é pilotada, nos bastidores, por setores da oposição e escudada por setores da imprensa. Veja-se, por exemplo, que o depoimento do deputado Roberto Jefferson na Comissão de Ética na Câmara dos Deputados serviu de peça de propaganda do programa de TV do PSDB. O objetivo central da campanha é eleitoral. Trata-se de massacrar e sangrar o PT e o governo Lula para tentar batê-los nas eleições presidenciais do ano que vem.

Nessa onda de denúncias vazias existe um único fato e muitas versões – algumas fantasiosas, outras deliberadamente mentirosas. O fato: um funcionário de carreira dos Correios foi flagrado recebendo uma propina e afirmando que fazia parte de um esquema de arrecadação de recursos pilotado por Roberto Jefferson, então presidente do PTB.

A partir deste único fato, sentindo-se ameaçado pelas investigações, Roberto Jefferson inventou duas grandes inverdades. A primeira: a de que o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, pagava uma mesada aos deputados do PP e do PL. A segunda: a de que o PT teria feito um acordo com o PTB, de repasse de recursos financeiros, e que teria repassado R$ 4 milhões para os petebistas. Sobre estas duas inverdades, Jefferson apresentou várias versões. Sobre a mesada aos deputados, primeiro afirmou genericamente que eram os deputados do PP e do PL. No depoimento à Comissão de Ética da Câmara sugeriu que eram apenas os líderes dos partidos que recebiam a suposta mesada. Por fim, indicou que seriam cerca de 80 deputados os receptores do dinheiro.

Quanto ao suposto acordo do PT com o PTB, quando o assunto veio à tona há alguns meses, Jefferson emitiu uma nota oficial em nome do seu partido e escreveu um artigo na Folha de S;Paulo negando o acordo. Depois, disse que o acordo teria existido e que o PT não repassou nenhum recurso. Finalmente, afirma que o PT teria repassado R$ 4 milhões. Quando Jefferson está dizendo a verdade, diante de tantas versões sobre as suas invencionices? É possível dar credibilidade a tal conduta? Setores da imprensa e parte da opinião pública, no entanto, adotaram sem questionamento as denúncias de Jefferson.

Veja-se o caso da ex-secretária Fernanda Karina: processada pelo publicitário Marcos Valério, apresentou uma versão em depoimento à polícia civil. Depois deu uma entrevista à revista IstoÉ Dinheiro para, em seguida, recuar e não permitir a divulgação. Voltou a dar nova entrevista autorizando sua divulgação. Em depoimento à Polícia Federal, desmentiu todo o teor da entrevista. Agora voltou a reafirmar tudo novamente em entrevista levada ao ar no Jornal Nacional.

Já o funcionário dos Correios, Maurício Marinho, flagrado recebendo propina, apareceu diante da CPI dos Correios na condição de réu. Tal como Roberto Jefferson, procura inverter a posição, representando o papel de acusador. Lançou acusações generalizadas sobre os contratos dos Correios, sobre funcionários e sobre integrantes do governo. Sem nenhum indício ou evidência de verdade, setores da imprensa adotam a versão do funcionário flagrado em ato de corrupção e passam a atacar a honra e a dignidade das pessoas. Em São Paulo, um integrante do PPS acusou irresponsavelmente dois petistas de terem oferecido R$ 2 milhões para que o partido apoiasse a campanha de Marta Suplicy. Sem nenhum critério objetivo de checagem da veracidade da denúncia, ela foi divulgada pela imprensa. Foi preciso que os próprios dirigentes do PPS negassem a ocorrência da oferta de dinheiro para que setores da imprensa parassem de dar crédito à denúncia.

O que está ocorrendo, de fato, é que a dignidade e a honra política e moral de pessoas e do PT estão sendo manchadas por denúncias infundadas, sem que se faça a menor reflexão sobre isto. Setores da imprensa não adotam o menor critério objetivo para divulgar denúncias. Qualquer pessoa pode alçar-se na condição de denunciante, que lhe é dado crédito imediatamente.

O PT, no entanto, tem uma história de lutas e compromissos de defesa da democracia, da ética na política e de combate à corrupção. Como já dissemos várias vezes, o PT não é proprietário da virtude, mas tem compromissos com ela. Como partido de massas, o PT também pode abrigar pessoas que adotam condutas inadequadas com a coisa pública. Mas sempre que isto aconteceu, o partido não foi condescendente com estas práticas. Mesmo julgando que esta onda de denúncias é vazia e sem fundamento, o PT apóia todas as investigações, pois nada tem a temer. O PT irá defender sua história e sua honra até as últimas conseqüências.

José Genoino – Presidente do PT

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