31 de dezembro de 2010

Imprensa tucana tenta azedar o Reveillon



A grande imprensa tucana encerra o ano fazendo das suas. E agora já lembrei dos argumentos para responder aos amigos que me criticam por dar atenção ao que se publica na big mídia: eles (os lacaios do PIG) são a direita, os adversários, então precisamos acompanhar o que pensam, o que dizem, quem atacam e para quem eles se dirigem.

Os jornais tem a liberdade de criticar o governo, a esquerda, os sindicatos, e darem as manchetes que lhes convém, mas nós também temos a nossa liberdade de criticá-los e, sobretudo, desnudar as suas práticas, visto que a maioria vêm escondida sob o enganoso manto da "imparcialidade".

O problema desses jornais, no entanto, não é uma questão de liberdade, e sim de desinformação. O Globo hoje, por exemplo, aproveita-se da decisão de Lula de fixar o mínimo em R$ 540 para tascar uma manchete negativa no último dia do ano. A notícia é relevante, e merece constar na capa, mas não ser a manchete principal. Hoje teremos no Rio a maior festa do planeta. Eu imaginava que o jornal poderia aproveitar a oportunidade para publicar alguma notícia positiva para a cidade e para o país.

A manchete, além disso, força a barra, pois não é tecnicamente correto dizer que o salário de R$ 540 ficará abaixo da inflação. O Dieese calcula que a inflação do ano "deverá" fechar em 6,47%, o que deveria levar o mínimo para R$ 543. Ou seja, se a inflação fechar em alguns decimais abaixo do "calculado" pelo Dieese, teremos um mínimo acima da inflação e mais uma manchete do Globo furada. Não deixa de ser irônico que o Globo, inimigo figadal do sindicalismo, agora use o Dieese como fonte "única" em análise de inflação.



Tática Goebbels, repetir, repetir a mentira

Outra matéria que me chamou a atenção no Globo de hoje nos leva à uma das mentiras mais repetidas do jornal. Por conta da decisão de Lula de manter Cesare Battisti no Brasil, o Globo reitera a lenda de que o governo brasileiro recusou a dar asilo político aos dois boxeadores cubanos que fugiram do Pan. Representantes da OAB, do Ministério Público, delegados da Polícia Federal e próprio ministro da Justiça, afirmaram categoricamente que os atletas pediram para voltar a Cuba. Outros atletas cubanos receberam asilo político do governo brasileiro. Por que mentir tanto?



O Globo ainda se vale dessa mentira para fazer uma crítica leviana à diplomacia brasileira. Enquanto nosso chanceler, Celso Amorim, é qualificado como o "melhor do mundo" pela mais importante revista especializada em política externa dos EUA e o presidente Lula é homenageado como "Estadista do Ano" no Fórum Econômico de Davos, o Globo adjetiva nossa diplomacia de "companheira", "militante" e "ideológica", o que revela não apenas o critério colonizado com que o jornal julga nossa política externa, como também seus preconceitos políticos contra o vocabulário da esquerda. O Globo quer uma diplomacia "não-ideológica"? Mentira, ele quer uma diplomacia afinada com a ideologia da direita. O Globo não gosta de "militantes"? Mentira. Ele não gosta é dos militantes da esquerda; quando identifica qualquer esboço de militância anti-esquerda ou anti-governo Lula, ele dá espaço generoso e laudatório em suas páginas.

Lulinha, a bola da vez

Por fim, temos as matérias (no Globo e na Folha) tentando denegrir Lula através de seu filho, Fabio Luíz. É fácil identificar o veneno presente nas matérias, sobretudo em títulos, manchetes e adjetivações. O "empresário" que paga o aluguel do apartamento do filho de Lula é sócio dele. Mais ainda: dividia o apartamento com ele. Fábio mora sozinho apenas há alguns meses, depois que teve seu filho. É um acerto privado e ninguém tem nada a ver com isso. Se são sócios numa empresa, o dinheiro pode ser descontado de outra maneira.

O Globo pagou as despesas do filho de FHC por anos a fio, e ninguém jamais comentou nada...

O jornal, como sempre, consegue arrancar de uma autoridade uma pré-condenação. Leia a declaração de Janice Ascari, procuradora da República:
Esse caso é, no mínimo, imoral. Mas acredito que possa caracterizar alguma ilegalidade. Não é normal uma pessoa ou empresa pagar R$12 mil de aluguel para outra. Assim como não é normal uma empresa do porte da Oi injetar um capital absurdo em uma empresa de fundo de quintal como a Gamecorp - afirmou a procuradora do MP ao GLOBO.

Bem, não creio que Ascari (que é minha colega no Twitter, mas não posso me abster de criticá-la por ter entrado no jogo da mídia) deva fazer julgamentos "morais". Se for assim, deveria fazê-lo contra a matéria do Globo, que atenta contra a honra e a privacidade de um indíviduo, devassando-lhe os detalhes de sua vida financeira. Jamais fizeram isso com parentes de tucanos. A troco de quê o Globo descreve assim uma empresa de Fábio: "Fica em um prédio pomposo de escritórios também nos Jardins". Para que adjetivar de pomposo se não for para gerar intriga?

Repare que Ascari afirma que "acredita que possa caracterizar alguma ilegalidade".

Meditem bem sobre essa expressão: acreditar que possa caracterizar alguma ilegalidade. O que ela significa? Nada! Ou antes, que não há crime nenhum, ilegalidade nenhuma! O que não falta no Brasil é ladrão, corrupto, bandido, assassino, grande parte deles livre, leve e solto. A troco de quê, uma procuradora da República faz uma declaração agressiva dessas contra um cidadão brasileiro? Não é ele inocente até prova em contrário! Janice Ascari, atiçada pela mídia, violou a honra de Fábio.

Vou repetir pela milésima vez: não boto a mão no fogo por ninguém. Mas também não a boto no gelo. O filho de Lula poderia ser o maior salafrário do mundo, mas isso não dá direito a uma procuradora ou a um jornal de atacar a sua honra e a sua privacidade com base em julgamentos subjetivos de ordem moral, ou por "acreditar que [um aluguel pago pelo próprio sócio, que dividia o apartamento com ele] possa caraterizar alguma ilegalidade". Se Fábio cometeu algum tipo de crime, o Ministério Público deve investigar com discrição, e apenas se manifestar quando tiver provas. O que Ascari fez, repito, foi um crime. O criminoso aqui não é Fábio Luiz, são Janice Ascari e o jornal. A procuradora deveria reler Zadig, do Voltaire, e lembrar da lição do sábio: "mais vale arriscar-se a deixar livre um culpado a condenar um inocente", e "as leis são feitas para trazer segurança ao cidadão, não para intimidá-lo". Algumas autoridades, caindo na pilha da mídia partidária, tem adotado a postura contrária: não hesitam em condenar verbal e moralmente um cidadão, mesmo antes de ter provas sobre seus crimes".

Ainda mais se tratando de um filho de político, num caso onde naturalmente há motivação partidária, a procuradora deveria ter prudência redobrada. Mais uma vez, observamos o ódio de classe contra Lula, porque nunca veríamos uma reação irada e descontrolada contra um filho de Fernando Henrique Cardoso ou José Serra.

A matéria devassa a vida dos filhos de Lula, ao falar que eles abriram seis companhias "com capital irrisório", de R$  1 mil cada. Qual o problema? É ilegal? Não. Qual o interesse em divulgar detalhes e endereços de cada empresa deles, a não ser prejudicá-los?

Eu já li na Folha, em informação escondida no meio da matéria, que o tal empresário que pagou o aluguel do apartamento, tem contratos irrisórios com o governo federal. A maioria dos contratos de sua empresa, a Gol, é com governos estaduais e municípios. Mesmo assim, a matéria, acentuando seu caráter partidário, diz apenas, maliciosamente, que ele "tem negócios com o governo". Ora, toda editora de médio porte para cima tem contratos com governos.

Outra frase que me irritou, da Ascari, é essa:
- Não estou desfazendo de seus méritos pessoais, mas será que ele teria tudo se não fosse o filho de Lula?

Ora, isso é um julgamento mais do que subjetivo: é preconceituoso e hipócrita! Por que não faz a mesma pergunta para a filha de Serra, milionária dona do Mercado Livre? Ou para qualquer outro filho de político! Fábio é filho de Lula, sim, e isso evidentemente lhe traz grandes vantagens! É muita hipocrisia achar que não! Qual o problema! E se ele fosse filho de um psicopata estuprador de criancinhas, isso não lhe seria prejudicial? Meu pai foi um grande jornalista especializado em café, e isso me trouxe vantagens para trabalhar no setor de café. Se meu pai fosse o governador Geraldo Alckmin, claro que eu teria mais facilidade para encontrar sócios do que se fosse filho de um viciado em crack preso em algum penitenciária vagabunda...

Lulinha é filho de uma grande liderança política e é normal que isso lhe seja vantajoso. Querem o quê, que ele mude de nome e renegue a sua paternidade? Desde que não constitua tráfico de influência, e nada até agora relacionado a Lulinha apontou o mínimo indício disso, não há problema. O que Ascari fez foi criminalizar o simples fato do rapaz ser filho de Lula!

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