8 de agosto de 2010

domingo é sábado

nem reparou no sol,
atravancando as ilusões. E a vida.
Mas fazer o quê?

não tem desculpas baby,
mas sorrisos e distâncias
e o sol secando a noite

porque tanta claridade
se ainda estamos no bar?

hora de ir pra casa,
os cartazes na parede
não me dizem nada,

love dirty cerveja
e os estranhos, os olhares,
as sombrancelhas
que se arqueiam.

não há desculpas,
apenas a fogueira ardendo
os olhos o brilho
chicote batendo
impiedosamente nas minhas costas

não deveria ser assim,
o amor cheio de culpa

não era o céu,
alegria e loucura
morte e prazer
música e poesia
não era assim?

mas chegou a polícia e ela apenas
se defendeu de uma violação.

se a beleza não lhe faz chorar
eu choro por você

e um dia voltaremos a estar juntos
bebendo num bar

nós dois e os apartamentos de dois quartos,
cozinha e lábios

a emoção a tristeza as frases de efeito
que a gente repete um para outro
com sinceridade

falta um minuto,
para explodir o infinito
estou só,
e persevero
nas quimeras pontudas, ácidas
que usei como pólvora

melhor se preparar,
porque haverá samba
por toda parte
e eu sei que você prefere o blues.

deus, porém, também
vai ao banheiro.
e alguém tem que segurar
o peso dos versos
transfigurando janeiro.

até logo, desdêmona
hoje não tem jantar, o dia correu
e bateu no meu rosto,
como um segredo
morrendo em agosto.

tchau e mil vezes, esqueci de te dar
poemas e presentes
de aniversário.

se alguma dignidade, contudo,
respira por dentro, inventivamente,
eu piso com força
o cadáver do cadáver

e lembro enfim de amélia
e todas as mulheres
que me fizeram

rasgar o amor, e subir
os arcos da lapa.

amélia, sim,
era mulher de verdade

mas também era, baby,
tremendamente vaidosa.

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