24 de fevereiro de 2008

Notas cinematográficas & livros recebidos




Fui assistir Senhores do Crime, de David Cronenberg. Tremendo filme. Eu gosto muito da obra de Cronenberg, desde o clássico Scanner, até Almoço Nu, baseado no livro homônimo de William Burroughs. Achei bem melhor que o Sangue Negro, do Paul Thomas Anderson, que apesar do desempenho brilhante do Daniel Day-Lewis, não consegue desenvolver a trama. É legal - ainda sobre Sangue Negro - por mostrar, em detalhes, como foram as primeiras explorações de petróleo nos EUA. Sob todos os pontos de vista, desde a prospecção quase instintiva e o sistema arcaico usado para retirar o petróleo do subsolo, até a corrida imobiliária por terras que possuíssem jazidas do combustível.

Aproveito para elogiar o longa-metragem Meu nome não é Jonnhy. Li duas resenhas publicadas no Jornal do Brasil que espinafram o filme por não mostrar o traficante como um vilão e apresentar o tráfico e o consumo de drogas sem uma condenação moral aberta e enfática. Esse tipo de crítica deriva da falta de noção sobre as qualidades essenciais de uma obra de arte, que incluem originalidade e soberania morais. Regras morais não valem no interior de uma obra de arte, porque a arte transita por um universo extra-moral, livre, vagabundo, infinito, calhorda e santificado.

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Recebi o livro Toda Prosa, volume II, da Márcia Denser, editora Record. Livro excepcional, reunindo contos da incendiária escritora paulista.

Também chegou pelo correio, há tempos, o livro de contos de Paulo Scott, Ainda Orangotangos. Livro muito bom. Quer dizer, "muito bom" não explica. Os contos de Scott mesclam precisão suíça com paixão tropical. Mais: Scott consegue realmente ser original e fazer literatura de vanguarda, sem apelar para artificialismos, na casca e no miolo.

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