27 de agosto de 2007

O filho é mais feio que o pai



(Saturno devorando os filhos, Francisco Goya)




O negócio é pior do que pensei. No telejornal fantástico de domingo, assisti a reportagem que, supostamente, mostra as provas de que o mensalão usou dinheiro público. Ô troço requentado, sô! O repórter anuncia com pompa que informações do Ministério Público Federal comprovariam que dinheiro do Ministério dos Esportes chegou a deputado petista. Bem, aí vem os gráficos, que mostram que o dinheiro saiu do Ministério para a SMPB, depois para outra conta, outra conta, outra conta, outra conta, até que, enfim, os procuradores supõem que "no mínimo" uma parte destes recursos tenham chegado ao deputado petista X, que sacou na boca do caixa. São uns 150 mil reais. Como disse em post abaixo, recomeçaram as velhas ilações mensaleiras. Cuidado, elas podem estar certas! O irônico é que eles montam um castelo com tantas ilações que, usando o método agora divulgado por Ali Kamel de "testar hipóteses", acabam acertando aqui e ali, e estes pequenos acertos tornam-se imediatamente provas da exatidão do todo. Se são criticados, abanam estes pequenos acertos como prova irrefutável de como estão sempre certos. As ilações mensaleiras são as filhas do mensalão, e são mais feias, e muito mais danosas, que o pai.

PS: Nesse meio tempo, o Ministério se manifestou e o Jornal Nacional noticiou, daquela forma blasé, depois de repetir altissonantemente a acusação, que o Tribunal de Contas da União e a Corregedoria Federal haviam investigado as transferências e confirmado a versão do Ministério, de que eram pagamentos normais de contratos de publicidade. Se houve erro, e tem erro em toda parte, não foi aí.

E porque os repórteres não investigam as irregularidades na privatização da Vale do Rio Doce?

3 comentarios

Anônimo disse...

Nunca antes neste país

Nunca antes neste país um presidente nomeou um procurador-geral da República independente a ponto de denunciar aliados tão próximos de quem o nomeou.

Nunca antes neste país um presidente, tendo oportunidade de nomear a maioria dos membros do STF, foi correto a ponto de nomear pessoas que, como acaba de ficar provado, não atuam como aliados de quem os nomeou.

Nunca antes neste país a Suprema Corte de Justiça foi tão constrangida para que votasse como queriam os inimigos do governo, sendo colocada sob suspeição por matérias de jornais, revistas e sofrendo até invasão de sua intimidade.

Nunca antes neste país a cara-de-pau andou tão solta, pois sobre o mesmo STF que é elogiado por indiciar gente ligada ao governo já dizem que, se ao fim do julgamento vier absolver essas pessoas, será por razões escusas.


Escrito por Eduardo Guimarães às 09h29

Juliano Guilherme disse...

Não existe por parte da grande imprensa, interêsse nenhum de tudo ser esclarecido e explicado, isto está claro. Eles estão pegando essa história de mensalão para continuar mantendo a pressão, e tentar, pelo menos no mundo deles, que a "crise", continue. Acho que eles precisam de uma crise, assim como nós precisamos de ar p/respirar. O acidente da TAM foi repentinamente esquecido, logo que deixou de servir como arma contra o governo, avidamente então arrumaram algo que servisse para suas manchetes garrafais e estéricas. Se quizessem mesmo um esclarecimento sério, primeiro teriam que cobrar que se apure: o como e o quando surgiu o esquema do Marcos Valério. Mas aí chegaria no governo tucano, mais precisamente no governador de Minas, Eduardo Azerêdo,também ex-presidente do PSDB. Aí não interessa, né? Outra coisa é: Esclarecer para a tão alardeada "opinião pública", a diferença entre os deputados petistas que receberam dinheiro, para os dos outros partidos. Sim porque como imaginar que deputados do partido do governo precisam receber dinheiro p/votar a favor do governo que defendem? Ainda mais líderes do governo no congresso?! Mas essa situação esdrúxula é ignorada pela mídia, o importante é colocar todo mundo no mesmo saco de "mensaleiro" que é para poder impurrar mais facilmente goela abaixo dos desavisados. Bordões como "mensalão", o "Lula sabia ou não sabia?", servem para a mídia fazer o seu jogo, mas atrapalham para se pensar realmente no que aconteceu. Mas quanto mais a "opinião pública "pensar" com bordôes( como os personagens do "Zorra Total" da Rede Globo), melhor. O esquema todo revelado, no seu início e como realmente funcionou não interessa para a grande imprensa. Eles estão é querendo evitar que o Lula faça seu sucessor. O resto é conversa para boi dormir. Se der p/rolar um impeachementozinho então, melhor ainda

Miguel do Rosário disse...

bem vindo à blogosfera, Juliano!

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