2 de janeiro de 2009

Os maus companheiros

O jornalista Nelson Motta está me decepcionando profundamente. Gostava dele e de seus livros, mas os seus artigos para os grandes jornais têm repetido ladainhas conservadoras que me tem causado perplexidade e irritação. Hoje, dia 2 de janeiro, ele publicou um artigo, intitulado "Bons Companheiros", em que procura, vulgarmente, desqualificar, de forma genérica e preconceituosa, o sindicalismo brasileiro.

Irritante é que se trata de um texto realmente pobre, vulgar, superficial, como se escrito por uma socialite ignorante. Ora, o sindicalismo é a única via pela qual os trabalhadores conseguem interferir no poder. Como os trabalhadores poderiam entrar na política? No entanto, os trabalhadores compõem esmagadora maioria da população. Num regime democrático, portanto, os trabalhadores precisam participar do poder. Como um trabalhador pode disputar eleições com Antonio Ermírio de Moraes sem o auxílio do sindicato?

Nelson Motta, você se revelou um ignorante politico, um reacionariozinho boboca e intolerante. É evidente que existem sindicalistas corruptos, assim como existem advogados e empresários corruptos. Detonar toda uma classe por causa disso, contudo, é má fé. Fomentar a idéia preconceituosa de que "sindicalistas" não trabalham é disseminar uma visão tosca da política. Ora, um sindicalista que não trabalha também não ascende na carreira sindical, desde que se entenda o trabalho em política como política. Ser sindicalista significa fazer e pensar e articular, ou seja, trabalhar. Há sindicalistas bons e maus, preguiçosos e ativos, mas é óbvio que somente os mais talentosos, determinados e inteligentes conseguem chegar ao topo. Com muito trabalho. Articulação política não é trabalho? Brigar por melhores salários para milhares de companheiros não é trabalho? Um adolescente ingênuo ou uma socialite ignorante, ao ler o artigo de Motta, pensará que os trabalhadores brasileiros realmente tem uma vida maravilhosa, com salários estratosféricos e condições de trabalho extremamente confortáveis, e que a existência de líderes sindicais lutando por eles é um luxo dispensável.

A verdade, porém, está longe disso. Os trabalhadores brasileiros precisam, e muito, de seus líderes sindicais. Precisam de novos líderes. Precisam de muitos líderes. O problema na sociedade brasileiro não é o excesso de sindicalismo e sim a falta. O Brasil precisa de muito mais sindicalistas, sobretudo na área da comunicação social, onde vemos jornalistas escravizados ideologicamente, sem receber horas extras, agindo como lacaios pusilânimes e covardes que se auto-humilham diariamente em troca de pão.

Nos países desenvolvidos, temos um sindicalismo fortíssimo e respeitado pela sociedade. Um artigo desses na França seria visto como uma manifestação intolerável de preconceito contra a mais importante instância social dos trabalhadores. Nelson Motta seria criticado duramente como representante da extrema-direita. Aqui não, aqui é só mais um palhaço bancando o engraçadinho para ganhar emprego na TV Globo.

3 comentarios

Juliano Guilherme disse...

O que é Nelson Motta? Um papagaio de pirata de talento alheio. De gente como o Tim Maia e o Caetano, por exemplo. De qualquer forma, ele é bom falando de música brasileira, se bem que, mais a parte de fofoca. Mas isso é culpa da Lúcia Hipólito, que cacareja baboseiras sem parar, e tem diploma de cientista política. Com isso jogou o nível da "análise" política lá embaixo. Daqui a pouco, vamos ter um debate político com uma mesa composta pela Hebe Camargo, Ivete Sangalo, Regina Duarte e o Nelsinho, grande conhecedor da historia do sindicalismo no Brasil

Anônimo disse...

Nelson Mota ,(Vou falar uma frase que falavam muito na minha geração )"Já morreu e não sabe"

Anônimo disse...

Adorei, suas palavras "vemos jornalistas escravizados ideologicamente, sem receber horas extras, agindo como lacaios pusilâmines..." Arrebentou!!!

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