18 de março de 2011

Na contramão do populismo pseudo-esquerdista



Se já sou chamado de chapa branca por defender o governo Dilma (ou ultra-branca, já que a defendo junto àqueles mesmos que a apoiaram), agora serei chamado de chapa branca mundial por defender Obama. Não posso fazer nada. É minha opinião sincera e espero que acreditem na minha honestidade intelectual. Não recebo dinheiro do governo brasileiro. Não recebo dinheiro da Casa Branca. Não conheço ninguém no governo Dilma. Não conheço ninguém no governo Obama. Não almoço nem janto com nenhuma autoridade. Não recebo emails de ninguém. Não pertenço a partido. Os únicos petistas que eu conheço, para dizer a verdade, são Sérgio Telles e Dani Tristão, internautas progressistas aqui do Rio. Sou apenas um jornalista especializado em café (onde ganho meus trocados) com veleidades literárias, que gosta de ler filosofia, história, o Velho Testamento, e dar pitacos sobre política em seu blog.

Ao contrário da grande maioria da blogosfera, eu estava achando ótimo que Obama fizesse um discurso na Cinelândia. Discordei do mestre Santayana. Eu estava afim de ir lá e ouvir o negão que, apesar das decepções, ainda admiro como símbolo da luta contra o ultra-conservadorismo americano. Também me decepcionei com Obama. Mas continuo o apoiando por entender a batalha ideológica sinistra em que ele está envolvido, e que, lamentavelmente, vem perdendo.

Acho que as pessoas não entendem o papel que o novo presidente estadunidense representa na geopolítica mundial. Em primeiro lugar, ele não foi responsável por nenhuma das cagadas nas quais os EUA atolaram-se nos últimos anos. Obama foi uma das raras vozes democratas que se levantaram duramente contra a invasão americana no Iraque. Sei que é meio difícil entender mas nos EUA o Obama é de esquerda. Mesmo que a própria esquerda americana esteja um tanto confusa com os sinais dúbios emitidos pela Casa Branca, ela não deixará de o apoiar no ano que vem, ainda mais porque os republicanos devem vir com um discurso mais reacionário do que nunca.

Obama chancelou o golpe de Estado em Honduras, ok, mas somente depois de tentar revertê-lo. Inicialmente, a Casa Branca criticou duramente os golpistas e chegou a cancelar visto para todos os envolvidos e seus parentes. Obama também já ordenou a retirada dos soldados do Iraque e conseguiu conter a sanha bélica dos republicanos, que queriam bombardear a Líbia, sem chancela da ONU, desde os primeiros dias da revolta no país. A intervenção na Líbia, aprovada ontem na ONU, se deu de maneira "democrática", com as grandes nações votando livremente. Embora seja verdade que o Conselho de Segurança só terá legitimidade completa quando for ampliado, é o que melhor temos hoje a nível de democracia internacional. Tanto que Brasil, China, Rússia e Índia puderam participar, e se abstiveram, marcando sua posição contrária ao imperialismo ocidental. O pior que pode acontecer é uma nova ação unilateral dos EUA.

Tenho plena consciência do papel nefasto que os Estados Unidos desempenharam na história da América Latina, mas quero acreditar que os valores que permitiram a eleição de Obama significam o começo do fim dessa mentalidade imperialista, ou pelo menos o começo de uma tomada de consciência. Não se trata apenas de valores morais e políticos. Há também a questão econômica. Os americanos já perceberam que o mundo não é o mesmo. A China se tornou a grande credora dos EUA. A maior parte dos produtos industrializados são hoje fabricados na Ásia ou nos próprios países em desenvolvimento.

O antiamericanismo, que se mostrou bastante vivo durante os debates travados na blogosfera nos últimos dias, revelou, a meu ver, insegurança e baixo autoestima - e um tanto de ignorância sobre as oportunidades que se abrem para o Brasil, se souber aproveitar sua nova posição no mundo para estabelecer uma parceria soberana e estratégica com a potência do norte.

Os EUA não são apenas o país que patrocinou golpes e invadiu países. É também a nação que assistiu grandes manifestações de protesto contra esses mesmos golpes e essas guerras. Os americanos escreveram livros contra guerra, fizeram filmes, e lutam até hoje bravamente contra um conservadorismo louco e bilionário, que controla boa parte dos meios de comunicação e a totalidade da indústria bélica. Eles são imperialistas, mas abrigam também um grande movimento anti-imperialista, a começar por um dos maiores pensadores libertários do planeta, Noam Chomsky, que há 30 anos vem denunciando a ditadura ideológica da mídia norte-americana.

Nem discuto a pregação, infelizmente numerosa na blogosfera, de que Dilma não deveria sequer receber Obama, o que seria obviamente uma agressão aos próprios princípios fundamentais da nossa Constituição, que nos ordena perseguir a "cooperação entre os povos para o progresso da humanidade".

O governo brasileiro tem obrigação de fazer aliança com os EUA para o bem do povo, sem preconceitos tolos de esquerdista aposentado de classe média, pois estamos diante da maior potência tecnológica do planeta. A cultura norte-americana, no campo da música, da literatura, das ciências, da tecnologia, é algo assombroso, e respeitar essa grandeza não é subserviência. É sabedoria.

Uma das razões pelas quais a China comunista se desenvolve tão rapidamente é que o comunista chinês não sofre desses complexos. Ele conhece as fraquezas de seu país e respeita a força das potências ocidentais - e humildemente se esforça para aprender com os mais fortes e superá-los. E estão conseguindo.

O Japão é outro modelo magnífico de humildade e altivez. Foram atacados com duas bombas atômicas pelos EUA, e poderiam ficar remoendo por séculos um anti-americanismo rancoroso e melancólico. Fizeram o contrário: mandaram seus filhos estudar nos EUA para assimilar os conhecimentos americanos e, em poucas décadas, superaram-lhes em diversos campos; tornaram-se a segundo maior economia do planeta e alcançaram um PIB per capita muito superior ao dos... americanos.

Quanto ao discurso de Obama na Cinelândia, estava disposto a comparecer e a ouvi-lo respeitosamente, sem nenhuma subserviência, mas também sem nenhuma hostilidade. Sei muito bem a guerra que Obama enfrenta dentro de seu país, e imagino que um bom desempenho em sua viagem pela América Latina poderia lhe ajudar a ganhar alguns pontos na batalha contra o ultra-conservadorismo que avança assustadoramente nos EUA, em virtude da popularidade crescente do Tea Party e da ofensiva incansável da Fox, a Rede Globo americana.

Com perdão do amigo Paulo Henrique Amorim, chamar a direção do PT de estalinista por desautorizar manifestações de membros do partido contra Obama não foi correto. Stálin mandava prender e matar quem lhe desobedecesse as ordens. Nunca fui filiado a partido, mas entendo que deve existir alguma ordem ali dentro para que as coisas funcionem. Qualquer petista poderia ir à manifestação e vaiar Obama, mas não carregando a bandeira do PT, o que seria totalmente esquizofrênico, visto ser o PT o partido do governo e o próprio anfitrião de Obama. Os petistas cariocas, em vez de protestar contra o baixo salário dos professores do estado do Rio de Janeiro, queriam fazer uma manifestação demagógica e oportunista, isso sim!

Além disso, antes de fazer manifestação é preciso saber o que se está fazendo. Protestar por protestar é idiota. O PT não é um partidinho trostkista radical, é o maior partido de esquerda da América Latina e deve evitar a todo custo ajudar os republicanos norte-americanos a voltarem ao poder em 2012. O PT irá apoiar Obama em 2012 e, portanto, deve conter sim o impulso de caciques de província querendo usar a oportunidade para compensar sua incompetência em resolver problemas concretos dos movimentos sociais com os quais se relaciona.

Alguns, procurando justificar o discurso de Obama na Cinelândia, lembraram que ele discursou na Alemanha, na rua, para centenas de milhares de pessoas; aí outros esnobaram essa informação alegando que Alemanha é um país "ocupado" militarmente por tropas americanas. Ora, é forçar a barra. Alemanha é um país cioso de sua independência e mesmo com bases americanas tem consciência de sua soberania. Aí falaram que Obama não poderia discursar na Cinelândia porque Dilma não pode fazer o mesmo na Times Square. Não pode por quê? Milhões de brasileiros vivem nos EUA. Milhares vivem em Nova York, onde há uma grande festa anual em homenagem ao Brasil, a Brazilian Day, que acontece justamente na... Times Square, e qualquer ano desses a Dilma ou outro presidente bem que poderia passar por lá e fazer um discurso. Aposto que seria muito bem vinda. Obama é um estadista eleito pelo povo americano e, gostando-se ou não, representa valores democráticos. Discursando na Cinelândia, abriria um precedente para que outros estadistas, como Chávez, Morales e Cristina Kirchner também o fizessem. O mundo precisa de diálogo.

Eu acharia muito saudável parar com essa paranóia de subserviência. Até as gentilezas diplomáticas e medidas de segurança do governo brasileiro para com a comitiva da Casa Branca foram rotuladas de subservientes, o que somente revela baixo autoestima das pessoas.

O próprio Santayana, numa entrevista que concedeu a meu irmão (videoasta amador) uns anos atrás explica que o Brasil dependia, até meados dos anos 60, da gasolina importada dos EUA. De quinze em quinze dias, um petroleiro norte-americano aportava no Brasil e abastecia o país. Qualquer atraso provocaria um terrível impacto econômico. Era uma dependência horrorosa, mas não podíamos fazer nada enquanto não fôssemos autossuficientes em petróleo, o que só atingimos agora. Entretanto, mesmo naquela época, mesmo com tamanha dependência, tínhamos uma política externa independente, a qual se manteve assim mesmo durante a ditadura (embora a própria ditadura fosse resultado de um golpe que contou com a ajuda indireta dos EUA...).

Tirando manifestações isoladas de membros da elite, não temos tradição de subserviência aos EUA. O povo brasileiro é simples, mas tem uma vigorosa cultura própria, e quando admira produtos culturais americanos, o faz sem complexos, com simplicidade e franqueza. Quem não gosta de assistir um bom filme de ação americano? Não o fazemos por subserviência, mas porque são divertidos!

A Rede Globo sim é subserviente aos EUA, não o povo e muito menos o governo brasileiro. E se Obama quer comprar nosso petróleo, nós também queremos vendê-lo! Essa é outra falácia pseudo-esquerdista que rolou por aí, com gente falando que o Tio Sam vinha roubar o pré-sal. Que bobagem! Acabamos de aprovar uma lei que dá ao Estado o controle absoluto sobre o pré-sal (a mesma lei que Serra prometeu a Chevron, petroleira americana, reverter através de medida provisória...) e estamos construindo refinarias gigantes para que possamos exportar o petróleo devidamente industrializado, obtendo assim maior valor agregado. O plano é o seguinte: usar o menos possível de combustíveis fósseis no mercado doméstico, substituindo-o por biodiesel, e ampliar o número de hidrelétricas, para termos uma base energética totalmente limpa, e exportar o máximo possível de petróleo, usando-o apenas internamente para a produção dos derivativos indispensáveis. Vender teorias conspiratórias é desrespeitar a inteligência da nossa diplomacia, do nosso governo, de nossos combativos sindicatos petroleiros, e da sociedade como um todo.

Uma outra confusão que vem se formando é a de que a política externa de Dilma estaria se afastando dos rumos traçados pela administração anterior. Em primeiro lugar, a lei da vida, da natureza e, sobretudo, da política, requer mudança. Até para que as coisas continuem do jeito que são, conforme dizia aquele aristocrata do romance do Lampedusa. Lula nunca foi anti-americano. Ao contrário, foi lá abraçar amistosamente o Bush e sempre cultivou relações cordiais com os EUA. Em relação aos direitos humanos, o Brasil sempre foi defensor, tanto no governo Lula e agora com Dilma. No ano passado, o Brasil votou contra sanções ao Irã no Conselho da ONU, não somente como protesto contra a "seletividade" parcial do episódio, mas por entender que a discussão sobre direitos humanos deve acontecer na Comissão de Direitos Humanos. Lá, sim, o Brasil pode condenar o Irã, assim como pode condenar também a Arábia Saudita, países africanos e os EUA. A Comissão de Direitos Humanos é o fórum adequado para esses assuntos, até porque não tem o poder de gerar sanções econômicas. Quando o caso do Irã, portanto, for votado na comissão de direitos humanos da ONU, a representante do Brasil poderá concordar sim que há violação de direitos humanos no país, até porque estes existem e são incontestáveis. O próprio Brasil já foi condenado mais de uma vez nessa comissão, porque também viola os direitos humanos (por suas prisões desumanas, pelas chacinas recorrentes, pela não-investigação dos casos de desaparecimento durante a ditadura, etc). De maneira que se trata de um ambiente bem menos tendencioso do que o conselho político da ONU.

A blogosfera é livre e plural, e nunca terá uma voz única. Mas o espírito democrático não é apenas a liberdade de cada um pensar o que lhe der na telha: ele implica também o respeito à Razão, que não é necessariamente a opinião da maioria. Mas que se impõe à maioria através da persuasão magnética e implacável do discurso racional. É obrigação moral seguir a Razão, tendo em vista a justiça e a liberdade. Não é vociferando clichês ou adotando a velha postura blasé do esquerdista eternamente "frustado" que iremos avançar socialmente no Brasil. Não adianta posar de amiguinho dos pobres ou derramar lágrimas pela miséria. Os pobres do Brasil não querem compaixão, muito menos aprovarão essa atitude non-chalance, sectária, irritada e derrotista de alguns. O pobre brasileiro quer pragmatismo! Sim, pragmatismo, a palavra de ordem de Lula, e que hoje novamente virou nome feio na boca do esquerdista chorão.

Em vez de passeatas contra Obama, os petistas cariocas deveriam atentar para as maldades da prefeitura contra o comércio ambulante no Rio, pedir melhores salários para médicos e professores do estado, lutar para construção de abrigos decentes para nossas crianças abandonadas, que hoje vagam pelas ruas cheirando crack e passando fome. Obama é convidado de honra da petista Dilma. Protestar contra ele no Rio, por parte do PT (não dos movimentos sociais, esses podem protestar à vontade) seria apenas demagogia e incoerência.

PS: Confiram nota abaixo do Ancelmo Gois, publicada dia 20/03. Não sei se é verdade, mas fica o registro porque tem a ver com o que escrevi aqui.

45 comentarios

suesaphira disse...

Penso e sinto exatamente como você, Miguel.

Anônimo disse...

Eu não esqueço a rasteira que o Obama deu no Brasil e Turquia qd Lula conseguiu um acordo com o Irã sobre as usinas nucleares.

Miguel do Rosário disse...

foi duro aquilo mesmo, anonimo. concordo com você. mas o irã é tema explosivo nos eua, por causa de uma manipulação midiática monstruosa.

Anônimo disse...

Parabéns, Miguel. A sua análise é de uma honestidade intelectual invejável. Além de, obviamente, seguir um raciocínio irretorquível.

[ ]s,
Ninguém

Anônimo disse...

Miguel, parabéns pelo ótimo artigo! Evidentemente um fracasso de Obama aqui seria um ponto para o Tea Party. Devemos tentar de todas as maneiras possíveis nos contrapor à direita radical americana, em nome do Brasil e em nome do mundo.

Vania disse...

Prezado Miguel
Quero parabenizá-lo pelo texto maravilhoso que escreveu! Concordo com cada palavrinha ali impressa, e creio que você atingiu o nível mais alto possível de elegância e ponderação. Achei as reclamações da 'esquerda' local totalmente equivocadas. Estamos precisando urgentemente de um belo estandarte [novo] para carregar!
Um abraço.

Luiz Monteiro de Barros disse...

A caminho de Estado e Mercado eficazes a Esquerda precisa afinar os seua argumentos para exigir uma Direita consequente.
Radicalizemos a democratização da comunicação.

Anônimo disse...

Miguel, tenho 55 anos, sou professora.Desde que me entendo por gente, tenho lutado pelo nosso país,por um Brasil livre e soberano,sou assídua leitora da chamada blogosfera progressiva -gosto, me informo, palpito, recomedo.Mas hoje eu li tanta besteira, por conta do discurso do OBAMA e de seu cancelamento, que me cansou.Fiquei decepcionada com esta tal blogosfera que está se comportando com a mesma levianiedade que tanto reprovamos no PIG.
Poxa! falar que Dilma vai entregar o pré-sal por Obama, falar que a diplomacia brasileira é lambe-botas, e etc etc.... isso é de um non sense imenso, é mesmo esquizofrênia.
Penso que o governo Dilma com esses amigos não precisa de inimigos.
Ler o seu texto foi muito reconfortante concordo com a sua visâo, com a sua análise. Se quiserem podem, também, me chamar de chapa branca, meu nome é Nora J. Silva é como você nâo tenho amigos ou parentes no poder.
Um abraço e obrigada.

L-A. Pandini disse...

Miguel, eu gostaria que todo esquerdista tivesse um décimo da sua lucidez. Às vezes converso com alguns esquerdistas (ou "esquerdistas" tão radicais que, no afã de criticar Lula e Dilma, acabam reproduzindo os piores clichês serro-udenistas.

Um dia a esquerda vai parar de acreditar que "ser de esquerda" é "contestar tudo o que está aí". Até lá, aguentemos... Abraços! (LAP)

Anônimo disse...

Só achei estranho um trecho que diz: "...que o Brasil dependia, até meados dos anos 60, da gasolina importada dos EUA." Tudo bem até pode ser verdade, mas o que não fica claro é que os EUA nunca foram auto-suficientes em petróleo. Eles compravam, como ainda compram petróleo do Oriente Médio (principal fornecedor), manufaturavam e exportavam com lucro. Ainda falando em combustível, vale lembrar que o Brasil em 1978 exportava para os EUA e para o Japão álcool, devido a crise do petróleo. Era período de ditaduta. O pró-álcool só decolou por completo em 1981. Tecnologia mais limpa que a gasolina e que ainda hoje sofre como concorrente ao petróleo. Veja o preço que estamos pagando pelo etanol, é quase o mesmo da gasolina. Nossa tecnologia de combustível. E também nossa tecnolia em motores de veículos (os FLEX) tudo perdendo para a concorrência. Bem, viajei longe. Mas falando na visita do Obama, acho que ele deve ser bem recebido e tudo mais, só que tem que tomar cuidado para não afagar demais.

jozahfa disse...

Dá-lhe do Rosário!

Lá e de volta outra vez... disse...

Eu tô encantada com a sua lucidez. Seja bem-vindo aos meus "favoritos". =)

Roberto SP disse...

Ver blogueiro "progressista" defender Obama e os Estados Unidos é dose.
Dilma e seu governo estilo PSDB pelo jeito está agradando.

E o Japão tem tudo isso que vc falou mas não tem poder nenhum. É uma colônia dos Estados Unidos sem nenhum poder de autodefesa. Não tem autonomia e importância e nem cultura própria.

É como se fosse o 52º Estado dos Estados Unidos, também com aqueles loucos ameaçando varrer o Japão do mapa com bomba atômica quem não entregaria até o fiófo pros ianques?

É esse lindo e pacífico paísinho que está à beira de começar mais uma guerrinha de conquista que vc tanto elogia.

Miguel do Rosário disse...

roberto, esse lance de progressista enche o saco. eu sou eu, e progressista quer dizer qq coisa, até o partido do maluf.

os eua tem 300 milhões de habitantes. nem todos são do tea party. não defendo o imperialismo americano e sim o seu lado libertário, sufocado pela ditadura da mídia que existe lá.

a "guerra de conquista" de agora é da onu, não dos eua. bote no saco portanto a união européia tb.

quanto ao japão, tem uma grande cultura própria, com cinema, literatura, música, tecnologia de ponta. era a segunda economia do mundo até há pouco e ainda é o número 1 em pib per capita. se vc chama isso de "estado" americano, meu caro, então voce tem noção estranha do que é soberania.

anabanana disse...

Miguel,
Cuidado senão vão te jogar um molotov.

P.! Tem umas coisas que me irritam.

O pessoal já é mal-visto pela grande imprensa. Já são mostrados como criminosos e ainda jogam um maldito coquetel molotov na frente da embaixada.

Cacete. Assim fica complicado defender.

Precisava daquilo? É dar margem a umas coisas dessas (também é n'O Globo,né?):


Cernancelhe
18/03/2011 - 22h 33m

31 de março está chegando,aniversário histórico que durante 20 anos livrou o Brasil desses desordeiros.

x-x-x-x-x-x-x-x


De qualquer maneira, isso é desabafo. Se quiser deletar o comentário pelo linguajar; nem ligo, afinal eu sou a penetra.

Parabéns pelo blog, vou tentar aparecer aqui mais vezes.

Gostei do nome, é em homenagem ao Hunter, não?

MauMauquirino disse...

Os documentos divulgados pelo Wikileaks sobre a política externa dos EUA,seja com os aliados, ou com os adversários, dão a exata dimensão com quem estamos lidando,eles estão se lixando para o resto do mundo.

Anônimo disse...

Parabens pelo seu texto.. pois me fez pensar.. e repensar.. !!!

Antonio Luiz disse...

Parabéns Miguel. Espero que fulanos, como Azenha, leiam este e outros brilhantes textos e reflexões que tem produzido. Quem sabe ocorra-lhes uma luz?

Anônimo disse...

Concordo integralmente com seu texto, Miguel. Esse pessoal que toma posturas como essa não tem a menor noção do que seja governar, e separar a postura de militante partidário da de governante democraticamente eleito.
Cláudio Freire

Ruy Acquaviva disse...

Este texto é o melhor e mais lúcido que eu lí sobre a questão. Conordo plenamente com a posição do autor. Miguel do Rosário mais uma vez matou a pau. Parabéns.

Marcio Pessoa disse...

Viver em País democrático e plural nos mostra um universo grandioso. Adorei ler seu texto. Parabéns pela honestidade.

Anônimo disse...

Bastaria o decidido apoio ao genocídio palestino para justificar os protestos contra Obama. Mas tem muito mais, não é, Miguel? Afeganistão, Iraque, Guantánamo, bloqueio a Cuba, Líbia...

Eu não estou entre aqueles que se decepcionaram com o Al Jolson do século XXI. Eu nunca esperei nada dele. Tem que ser muito ingênuo - ou muito ignorante - para achar que um presidente dos Estados Unidos vai promover a paz entre os povos. O Império (ver Hardt e Negri) não deixa.

Quanto à visita diplomática, não tenho nada contra. O Lula já recebeu de braços abertos outros governantes da mesma laia. Se for do interesse nacional, tudo bem. Mas discurso na Cinelândia! Menos! Pera aí! Devagar com o andor!

Fazer discurso na Cinelândia seria um acinte. A Cinelândia é o local de todas as manifestações, o ponto de chegada de todas as peasseatas, o palco de todos os discursos contra tudo o que o Bush representa. Escrevi Bush? Ato falho. Leia-se Obama.

Castro Alves disse...

A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
É o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor.
Senhor!... pois quereis a praça?
Desgraçada a populaça
Só tem a rua de seu...
Ninguém vos rouba os castelos
Tendes palácios tão belos...
Deixai a terra ao Anteu.

Anônimo disse...

Parabéns pelo seu texto Miguel.Mas como estamos em um debate de ideias, discordo em vários pontos.Não concordo quando se diz em uma imagem esquerdista (sensibilizando a esquerda Latina,que tem historia de um passado de luta).Democratas e republicanos tem apenas uma forma de governar.
Acho que a maioria dos protestos anti-Obama é simplesmente anti norte-amreicana.E o que causa revolta é o medo de voltarmos a ser subserviênientes á este país assim como eramos antes do do governo Lula.E hoje temos voz e vez no mundo.
A visita de Obama não precisa ser tratada com tanta hospitalidade,apenas merece respeito por parte do brasileiros (mesmo com protestos).
Samuel

Anônimo disse...

O Roberto SP demonstrou não ter a menor idéia do que é o Japão e do que é política internacional. Escreveu que o país não tem cultura própria e que é uma colônia dos EUA. Quanta estupidez. A cultura do Japão é milenar, e só para citar alguns pontos: eles que inventaram os bonsais, o origami, o sushi. E chamar a 3ª maior potência do mundo de colônia só demonstra estupidez.

Miguel do Rosário disse...

Olá Joel, a Cinelândia pode muito bem vir a ser, ou poderia vir a ser, um local onde lideranças mundiais falassem ao povo. Hoje as lideranças falam apenas com outras lideranças. Mesmo que o povo discordasse dessas lideranças, eu achava que seria um avanço democrático que houvesse esse contato. O fato de Obama discursar na Cinelândia não implicaria que concordássemos com o que ele diria, mas o ouviríamos. Ele é um líder eleito pelo povo americano, o que está de acordo com os princípios democráticos nos quais acreditamos. Chávez, Morales, Cristina, Lugo, todos poderiam vir a Cinelândia falar, explicar seus pontos de vista diretamente ao povo. Mas é utopia minha. Tem gente que acha que política é só levantar plaquinha e protestar. Não quer ouvir, não quer pensar, não quer o diálogo.

Anônimo disse...

Além do bonsai, do origami e do sushi, os japoneses inventaram também o karaokê...

Anônimo disse...

Alem de Chávez, Morales, Cristina e Lugo, o Miguel quer convidar também, para falar na Cinelândia: Shimon Peres, o rei Abdullah, Netanyahu, Kim Jong-Il, Than Shwe, o Maníaco do Parque, o Estrangulador de Boston e Jack, o Estripador.

Miguel do Rosário disse...

não viaja joel. tô falando de lideranças democráticas. seria uma maneira de incentivar a democracia no mundo - e sem fazer guerra.

Maria 1 disse...

Sei não, Miguel. Lideranças democráticas que não fazem guerra e nem patrocinam golpes, já excluiria o Presidente dos EUA (qualquer um). Então, é melhor deixar como está. Ou seja, que cada lider mundial fale ao seu povo, em encontros de cúpula e na ONU, tudo com a devida repercussão. Aí, nós tb podemos avaliar e a Cinelândia fica em paz, livre do infernal aparato de segurança, dentre outras coisas.
PS: sua volta à blogosfera foi salutar. O seu bom senso equilibrou o clima um tanto quanto ensandecido dos ditos progressistas.

Miguel do Rosário disse...

Maria, lideranças democráticas também fazem guerras e patrocinam golpes, infelizmente. O diálogo entre os povos, com lideranças falando também a públicos fora de seus países poderia, no entanto, temperar o nacionalismo excessivo de cada povo, e mostrar que cada líder, apesar de eleito em seu país, exerce influência, através de suas ações, no mundo inteiro.

Blogs Laranja disse...

Eu concordei sobre o que foi escrito a respeito dos protestos ati-Obama. Realmente, parece meio meio doido mesmo protestar contra Obama sobre problemas que não são de responsabilidade dele, mas sim dos nossos governantes. Obama, acima de tudo, governa para os americanos e nosso povo nada tem a ver com as decisões dele.

Não gostei dos trechos que falam bem da "cultura" americana e do Brazilian Day. Para quem escreveu, a cultura tem que ser ruim e acéfala. Parece Caetano!

A "cultura" que vemos nos meios de comunicação não é cultura e sim Industria Cultural, feito não pelo povo, mas imposta pelos donos de meios de comunicação (TVs rádios, gravadoras). A cultura verdadeira do povo é sufocada, sem espaço e tratada por "ridícula" e "chata" por quem pensa que a Indústria Cultural é a verdadeira cultura, o que me parece ser o caso deste blog.

A "cultura" americana que conhecemos não é a verdadeira - ninguém conhece a verdadeira - é sempre comercial e nunca espontânea. Infelizmente a "cultura" brasileira está seguindo o mesmo caminho.

Digo isso com todo o respeito e espero estar errado em relação a posição deste blog.

Já o povo brasileiro não é subserviente aos americanos.É subserviente aos empresários brasileiros mesmo, donos da mídia e legisladores dos costumes sociais.

Se o povo brasileiro fosse realmente conscientizado, não iria agir de forma patética como faz de 4 em 4 anos agindo feito criança durante um mês, tratando uma mera atividade exclusivamente lúdica como se fosse "compromisso cívico".

Miguel do Rosário disse...

Prezado Sr.Laranjada, me desculpe mas eu conheço muito bem a cultura americana, a começar pelos livros de Herman Melville, Mark Twain, Henry Miller, Bukowski, Faulkner, e pelo jazz de Charlie Parker,o blues de BB.King e o rock de Jimi Hendrix e Elvis. Refiro-me a essa cultura.

Ricardo Zanoni disse...

Análise perfeita, honesta e apartidária. Rara essa postura nos pseudo-esquerdistas em geral e em quasquer m´dias em particular. Inclusive na blogosfera ! Parabéns !

Castor Filho disse...

Prezado Miguel
Em se tratando de Obama e política INTERNACIONAL você me traz lembrança da Velhinha de Taubaté... Lembra?
Abraço
Castor

Pacífico disse...

Parabéns, Miguel. Quanto à participação dos EUA no golpe de 64 é revoltante, sim, mas se não houvessem "brasileiros" golpistas, entreguistas e lesa pátria, nada aconteceria.

Anônimo disse...

Já que na Cinelândia não rolou, o Obama podia fazer discurso numa praça de Trípoli... que tal, Miguel?

Miguel do Rosário disse...

Lembro sim, Castor. Mas não me acho tão ingênuo não. Os que se acham muito espertos é que talvez sejam ingênuos. Acabo de saber que Kadafi é sócio da Halliburton...

Miguel do Rosário disse...

Praça Trípoli... não acho que seria boa ideia...

André Lux disse...

Miguel, parabéns pela lucidez, nesses tempos onde a estupidez e o sectarismo dominam a outrora gloriosa blogosfera "progressista"...

Luiz Monteiro de Barros disse...

Quando o adversário era evidente; Serra/PSDB/Estado mínimo/privatização - e ainda perdura a banda larga mais cara do planeta - a tarefa unia a esquerda.

Vitoria de Dilma. Ai começou; Lula recebe -“um somente desvirtuado” homens e progressistas.
Depois um André Araujo, no Nassif com seu feminize. Esse André que agora mesmo junto com um tal de Blaya, a defender que a realpolitique, sempre imperou, impera e sempre -- sem idealismo pragmático=diminuição da desigualdade de renda das famílias e banda larga barata acessível- imperararia para todo o sempre. Baixa do Idelber e de outros, não da esquerda mas ampliando o “quem eu sou, sou o que sou, adversários da direita inconseqüente.

Depois Dilma na Folha, Hebe etc- Mais definições do quem “eu sou”. Nesta altura as convergências da malignidade da escolha de um Índio da Costa, bolinha de papel, está lá entre eles e nos aqui agora apagando um fogo de “quem somos nós, os da esquerda”

Agora é isto como foi o Blog da Bethania, do MinC com a outra Hollanda, não a do Jabuti do Chico que parcialmente ainda nos uniu.

Na falta do adversário ou seria inimigo? Está sua batalha como a do Eduardo Guimarães a apaziguar e direcionar. Entretanto a vida tem sido assim; somos pautados pela midia e se o blog trouxesse opinião a respeito da recente audiência do Paulo Bernardo no Senado, as articulações da frente de democratização das comunicações, talvez não fosse visitado.

Assim o clamor dos que não tem banda larga ecoa; “Dilma depois que o Obama for para o Chile, dê-nos uma banda larga tão capitalista como são as das outras economias capitalistas.
Precisamos engordar a turma da esquerda tão diversificada que ficou agora sem o Serra fulminado. A blogosfera agora está preocupada de como deve ser a direita.

Se o Idelber se foi temos agora o Tijolaço de novo, coincidência?

Carmen Figueiredo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carmen Costa disse...

Miguel
Com tantos textos idiotas sendo colocados nos meios de comunicação, ler um texto como o seu, sobre o Obama no Rio, me faz acreditar que nem tudo está perdido. Sua análise foi perfeita e principalmente apartidária. Lamentávelmente as pessoas que criticaram a vinda de Obama ao Brasil, parecem desconhecer o que significa Relações Diplomáticas. Parabéns mais uma vez e continue nos agraciando com seus textos maravilhosos cheios de lucidez e conhecimento. Concordo com você quando diz que este negócio de "progressista" enche o saco.

Anônimo disse...

videoasta ou videasta,
??
Bom texto

Anônimo disse...

Achei seu blog recentemente, embora já esteja me familiarizando com a dita "blogosfera progressista" há um ano. No período eleitoral foi muito bem, mas desde que a Dilma tomou posse em janeiro tive que deixar um monte pra trás, de tanta bobagem, alguns com um quê de raiva que pouco os diferencia do PIG que eles dizem combater.

Embora discorde aqui e ali, concordo com seu texto. Uma análise lúcida que eu estava precisando ver. Meus parabéns!

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