5 de fevereiro de 2009



Procurei e achei uma notícia que me tranquilizou um pouco. Fiz um gráfico com os números do IBGE para a produção de veículos e autopeças, mensal, desde janeiro de 1991 até dezembro de 2008. Escolhi esse setor porque identifiquei-o como vilão primeiro do tombo estatístico registrado na produção industrial de dezembro. Descobri alguns fatores. É incrível como a mídia, em vez de procurar esclarecer a população, apenas quer usar os dados para fazer terrorismo econômico. Não quero ser a Polyanna da blogosfera. Eu trabalhei durante mais de dez anos com jornalismo econômico estatístico, então aprendi bastante coisa.

Reparem só no gráfico. Tem dois dados fundamentais que gostaria de ressaltar:

1) A produção brasileira de veículos registrou um aumento extraordinário nos últimos anos.

2) A produção deste setor sofre, periodicamente, recuos muito fortes, certamente resultados de decisões estratégicas de interromper os trabalhos para ocorrência de esvaziamento de estoques. Veículos são peças grandes, caras, difíceis de guardar, então a indústria, se está com uma produção muito aquecida, com um bom nível de estoque, precisa parar. Geralmente, as fábricas usam essas paradas para realizar amplas reformas e limpeza internas. A queda em dezembro foi a maior que já se viu, mas o nível de produção das fábricas também atingira um pico histórico. Quero crer, todavia, que os empresários exageraram na dose, e agora, vendo as filas se formando nas concessionárias, estão arrependidos. Poderiam estar se capitalizando mais rápido.

3 comentarios

Anônimo disse...

Miguel,

Dá uma olhada nesse gráfico da Bovespa de 1963 a 2009.

http://www.enfoque.com.br/poster/ibovespa/view_ibovespa_enfoque.aspx

Fica evidente que as crises não passam de instrumentos de chantagem para benefício dos detendores do capital.

Apenas na crise atual, estão tendo um tanto mais de dificuldade de efetivar a rapina, em função mesmo das medidas que tomaram para sua sobrevivência: o neo-liberalismo e a globalização.

É a dialética em ação.

Precisam incluir mercados e essa inclusão gera elementos que se contrapõe a seus interesses.

De onde Obama pretende obter 1 trilhão de dólares para salvar a economia americana, se deve 4 vezes isso pelo mundo?

A América Latina não é mais aquele quintal por onde passeavam tranquilamente.

A única saída pacífica será incentivar a produção nos países periféricos, como o nosso ainda é.

Os empresários paulistas encontram-se em situação semelheante.
A cada dia São Paulo torna-se mais uma economia de "serviços" em detrimento da produção.

Mas para prestar esses "serviços" precisa de clientes, de inclusão.

O discurso dos "corvos" fica cada vez mais insustentável, até para eles mesmos...

Vai ser difícil convencer pessoas para as quais dirigem uma enorme massa de propaganda consumista de que devem abdicar de obter tais benesses...

Haverá hoje espaço para tolher o desenvolvimento através de governos anti-democráticos?

Não parece mais ser possível se utilizar desse expediente, assim como não há ainda espaço para a imediata transformação política condizente com o avanço técnico que atingimos.

Por essas e outras, o capital carniceiro não poderá prolongar a crise e atingir o nível de rapina que atingiu em outras oportunidades, levando o mundo à guerra como levou.

Continuo otimista apesar da campanha insana do nosso fragoroso imprensalão...

Miguel do Rosário disse...

reparem no gráfico que o setor faz uma parada mais profunda de aproximadamente 3 em e anos.

Juliano Guilherme disse...

Para a elite empresarial retrógrada foi uma oportunidade de juntar a fome com a vontade de comer. Chantagear o governo para conseguir benesses do dinheiro público. Chantagear os trabalhadores, para reduzir direitos trabalhistas, e aumentar a concentração de renda. E last but not least, desgastar o governo Lula, para turbinar a candidatura Serra. Mas vai ter que se a ver com o povo brasileiro, que com sua mania de ser otimista, turbinou a popularidade do Lula, e continua consumindo os produtos que os sabotadores deveriam estar produzindo. Ou seja, a mídia quer que se troque de povo, mas quem vai acabar sendo trocada é a elite.

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