2 de dezembro de 2008

Os carros e a crise

Leio que a indústria automobilística registrou recuo em suas vendas de outubro. Outro texto afirma que ela seria um setor chave para o crescimento do país em 2009. Cotejando com a firmeza de outros segmentos da economia, refletindo sobre o preço de um carro novo, observando a super-lotação de veículos em todas as cidades brasileiras e a decorrente poluição do ar, eu me pergunto se um freio na venda dos automóveis não seria, por um lado, saudável? Uma crise econômica não significa apenas queda num gráfico. Ela corresponde também a mudanças estruturais, e talvez uma delas seja um mundo menos neurótico por carros. Eu já cansei de explicar minha teoria sobre carros neste blog, mas volto a ela, porque acredito ser um tema fundamental.

A gente não consegue mais andar nas grandes cidades. Carros ocupam ruas e calçadas. O curioso é que os carros permanecem 90% do tempo parados. É muito disperdício. E tudo para quê? Para fazer a fortuna de magnatas americanos, alemães, japoneses. A indústria gera empregos, sim, mas há outros setores que poderiam gerar ainda mais, de forma mais sustentável.

O custo da cultura automobilística para a sociedade brasileira é absurdo. A classe média gasta mais com carro do que com a educação de seus filhos. Se somarmos o preço do veículo, o seguro, os impostos, o combustível, a manutenção, o estacionamento, o flanelinha, chegaremos a valores estratosféricos, que certamente poderiam ser aplicados melhor pelas famílias.

Crises represntam oportunidades para a humanidade mudar seus rumos. Se a General Motors, a Ford, a Volks entrarem em concordata, que vão em paz. Para minorar os efeitos no Brasil, o governo federal pode ampliar o seguro desemprego de seis meses para um ano. Pode iniciar grandes obras públicas. Mas essas fábricas faliram porque fazem parte de um mundo velho, e talvez seja a hora mesmo de mudanças estruturais.

Prossigo minha campanha para estradas com espaço para pedestres e ciclistas. De cidades com leis e ruas que incentivem o uso de bicicletas. O Estado economizará em saúde pública, o ar ficará mais limpo, as pessoas mais saudáveis e a sociedade, mais feliz.

2 comentarios

Patrick disse...

Se você ainda não conhece, dê uma olhada no Apocalipse Motorizado.

Miguel do Rosário disse...

o bom da internet são essas trocas de informações e a criação desses verdadeiros "grupos de estudo". Entrei no site e fiquei impressionado. Enquanto estou indo, tem gente já voltando. Valeu Patrick.

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