6 de outubro de 2010

Ascensão social, egoísmo e liberdade

Não é de hoje que a agressividade se tornou uma das características marcantes do serrismo. Na verdade, nem existe serrismo propriamente dito, e sim um antilulismo radicalizado, que conseguiu transferir para Dilma todo seu ódio. Todos nós que atuamos na blogosfera política pertencemos à classe média ou nos relacionamos com ela, e sofremos na pele essa hostilidade quase fanática que toma conta das pessoas identificadas com o antilulismo. Ontem fiquei sabendo que a filha de nove anos um amigo nosso da blogosfera sofreu um "bullying" no colégio onde estuda, em São Paulo, porque manifestou apoio à Dilma. Seus coleguinhas perseguiram-na depois da aula, chutaram-na, xingaram-na e aterrorizaram-na por conta de suas razões políticas. Se isso não é o início de uma mentalidade fascista, então não sei mais o que é fascismo.

O próprio crescimento econômico e a ascensão social acentuou esse egoísmo, tão natural ao ser humano, que o leva a agarrar-se às suas conquistas com uma espécie de pavor, com medo que o mesmo processo que o levou a ascender socialmente possa beneficiar seus vizinhos. É um sentimento maligno, vil, atrasado, mas perfeitamente humano, e como tal inspirado pelo instinto de sobrevivência. Roma decidiu destruir a bela Cartago apenas pelo medo de que esta ameaçasse sua hegemonia. Os EUA tornaram-se uma grande potência democrática impondo regimes totalitários a seu redor e espalhando miséria. Mesmo as pessoas mais generosas não conseguem resistir a uma pontinha de prazer ao saber do fracasso alheio.

Por isso mesmo, as propagandas do governo sobre as dezenas de milhões de famílias que ascenderam à classe média não comovem a maior parte desta mesma classe média. Ela sente, afinal, e com razão, que ascendeu devido a seu próprio esforço e não em virtude das qualidades gerenciais daquela senhora com ar orgulhoso e sobrenome estrangeiro.

E a classe média tradicional propriamente dita não aguenta mais ouvir falar em ascensão social, porque experimenta na pele as consequências danosas desse processo. Até pouco tempo, um filho da classe média conseguia facilmente uma vaga na universidade e depois um cargo nas altas esferas do serviço público. Hoje isso está cada vez mais difícil. Os aeroportos eram vazios e confortáveis. O pobre era invisível, inofensivo, submisso, e agora invade os espaços antes reservados aos do andar de cima. Serviços domésticos custavam uma ninharia, hoje são quase um luxo.

Como cinéfilo que assiste dezenas de filmes por mês, sempre me impressiona o hábito das famílias norte-americanas ou européias de classe média de lavarem suas próprias louças, arrumarem suas casas, cozinharem sua própria comida, porque também assisto a novela das oito na Globo, onde o mundo ainda é radicalmente dividido entre casa grande e senzala, com empregadas de uniforme realizando serviços domésticos mais insignificantes. Os domésticos das novelas da Globo trabalham a qualquer hora do dia e da noite. Já vi cenas em que empregadas (geralmente lindas moças morenas) são acionadas no meio da noite para fazer um "sanduíche". Sem contar que não possuem vida própria. Os autores quase não se preocupam em lhes dar um status de personagem completo. Suas existências apenas giram em torno da vida de seus patrões.

Entretanto, suponho que o Brasil chegou a um estágio em que não dá mais para ficar se comparando aos EUA ou à Europa. Temos que, definitivamente, inventar a nossa própria cultura, aprimorar nossas instituições ao nosso jeito. E as questões morais deverão ser trabalhadas pelos produtores e distribuidores de cultura com mais responsabilidade e mais talento.

Se o egoísmo é inerente ao ser humano, existe uma razão natural para que ele exista. Ele serve à nossa sobrevivência e nos ajuda a nos consolidarmos como indivíduos perante um coletivo muitas vezes massacrante. É sabido como os egoístas e as pessoas sem escrúpulos tem facilidades para vencer na vida que outros não tem. A própria ambição, uma forma de egoísmo, é venerada e premiada hoje como uma virtude. E de certa forma é uma virtude. Sempre foi. Não adianta nos colocarmos no papel de representantes do bem, porque isso seria falso. O mal que permeia a sociedade também está em nós; não fosse assim, seríamos aberrações. A luta contra o mal não é para extirpá-lo, mas para regulá-lo, ponderá-lo, dominá-lo, usar sua energia selvagem a nosso favor e em favor da sociedade.

Esse foi, portanto, a maior deficiência da campanha de Dilma Rousseff, e que poderá inclusive custar-lhe a vitória. Essa falta de compreensão sobre o caráter egoísta (e humano) desta nova classe média, hoje maioria da população brasileira. Ela é ambiciosa. Não quer saber de eliminar a miséria. Ela quer ficar rica, o que também é uma forma de liberdade, talvez a mais efetiva de todas, e para isso não hesitará em incorporar os valores morais e políticos daqueles no alto da pirâmide.

Então entramos novamente no terreno moral. O próprio fato de analistas atribuírem a não-vitória no primeiro turno a fatores religiosos prova que houve uma carência de um discurso moral na campanha, exclusivamente centrada em estatísticas (apesar da emoção nas imagens).

Comparar os governos FHC e Lula, a meu ver, não comove esse vasto eleitorado marinista.

Dilma deveria explicar a essas famílias que a luta contra a pobreza não implica em prejuízo a seus planos de continuar ascendendo socialmente. Pelo contrário. O país crescerá este ano 7%, uma das maiores taxas do mundo. A continuidade desse processo político e econômico ampliará as oportunidades de enriquecimento e independência econômica. Neste ponto se interligam moral e economia. Marina soube falar ao coração da nova classe média e da juventude, cuja ambição pelo dinheiro gera ao mesmo tempo uma atormentada consciência de culpa que se reflete em maior severidade em relação a valores morais, como a ética na política, de um lado, e maior religiosidade, de outro.

Um setor crescente da classe média brasileira não quer mais esperança. Não quer mais assistência estatal. Não quer bolsa família. Não se empolga com R$ 600 de salário mínimo, porque não quer ganhar salário mínimo. Quer conforto, viagens ao exterior, carro e segurança financeira. O governo também proporcionou isso. Mas não soube mostrar na campanha. Ainda há tempo.

35 comentarios

Jorge Santos disse...

Cara, vou fingir que entendo o sentimento dessa nova classe média. Compreendo que eles pensam apenas no próprio estômago, mas as coisas não podem ser assim. Um governo deve governar para todos e por mais que tenhamos números imbatíveis acerca da inclusão social, a realidade é que a grande maioria da população brasileira é pobre.

Cara, essa classe média tem que abandonar o mundo da Alice: isso é Brasil, e foi assim há pelo menos 500 anos. Um coisa é certa: se o egoísmo é inato ao ser humano, a corrupção também é.

O que o partido do governo deve fazer (e precisa fazer) é voltar a participar ativamente das causas sociais e combater rigorosamente a corrupção. O caso Erenice foi um fiasco absurdo na história do governo Lula, mas um escândalo na casa civil, munição de sobra para o PIG. Depois do mensalão, como eles deram esse mole?

Que se lasque a nova classe média que reclama dos aeroportos lotados (que vá morar em Paris, apesar de que, em comparação com os de lá, eles ainda são pobres).

Miguel, pode ser masoquismo, mas por essas e outras que eu gostaria de ver a cara dessa gente se o Zé Baixaria ganhasse...

Roberto de SP disse...

Sinceramente eu acho que não é nada disso.
Sinto que a ida pro segundo turno deixou a blogosfera de esquerda em frangalhos.

Tenho notado um abatimento imenso em todos e isso se reflete em artigos meio sem rumo cada um querendo descobrir qual foi o erro da campanha que até então era considerada (até pelos adversários) como de ótima qualidade.

Gente!

DILMA ficou em primeiro com CATORZE por cento a mais de votos do que o Serra.

Mais de 14 milhões de votos a frente com toda essa campanha de baixarias imensas que se fez e se faz contra ela.

Ela precisa denunciar isso no programa eleitoral. Parar de fingir que isso não a está afetando. Porque pro povão fica parecendo que ela não quer tratar do assunto porque "tem culpa no cartório" ou "tem coisa pra esconder".

Tem que sair daquele ar professoral e falar DIRETAMENTE para as pessoas como o Lula faz.

Não é - calro - resumir o programa de TV só a isso, mas sim rebater as baixarias. Mostrar que o que está sendo feito é baixaria e provavelmente orientada e bem orientada de fora - nós todos sabemos de onde.

O Pré-Sal dá coceira na mão de americano.

Será que ninguém enxerga isso?

Essa imensa campanha orquestrada de boatos não é obra do "pastor" da igrejinha evangélica de fundo de quintal na periferia não.

Tem coordenação pro trás disso.

Os americanos são especialistas nesse tipo de mobilização da massa fanática religiosa.

Nada a ver com "egoísmo" da nova classe média.

Desculpe, Miguel, mas nessa vc viajou.

Fernando Alves disse...

Em boa parte, sobra razão no que escreveu o Miguel. As conquistas do gov. Lula tem que ser mostradas de forma mais direta. O "moreno" comprando carro, embarcando num avião com a família, comprando um laptop pro filho, a filha, graças ao Prouni, frequentando uma universidade bacana, o agricultor colhendo, o Luz p/ Todos mostrando o cara adquirindo uma geladeira, tudo isso e muito mais tem que surgir na telinha da TV de forma bem objetiva, como fruto das políticas sociais do Lula. Nesse rumo perguntar: vocês viram isso acontecer no gov. FHC? E aí se danar a mostrar as comparações, tópico por tópico, tudo de forma bem simples, com muita clareza. Conectar essas conquistas com mensagens do tipo amor à vida, cuidado com os mais pobres e com a natureza, projetos vindouros que levem tudo isso em conta, e assim por diante. A coordenação de campnha do PT bem que poderia dar uma espiada no texto do Miguel.

Maria 1 disse...

Concordo com muito do que o Fábio (SP) escreveu. Muitos dos pensadores de esquerda não estão percebendo o processo espetacular e bem coordenado de desconstrução da Dilma, espalhando infâmias inimagináveis. Em todo o Brasil. Feirantes, manicures, padeiros, em todas os segmentos divulgou-se algo difamante que abalou convicções. E sem esquecer a campanha de padres e pastores. Estes últimos, conduzindo "rebanhos" em igrejas (neopentecostais) que estão em todos os rincões do país. Muito planejamento. Muito dinheiro gasto na empreitada. Coisa de primeiro mundo. Os fatores apontados pelo Miguel até existem. Mas são residuais. O plano desestabilizador foi muito bem urdido. Dois documentos para votar, inversão da ordem de votação, candidatura terceira via, culminando com o lança-boato demolidor, de última geração.
Desconfio que Deus pousou seus olhos sobre a nossa terra em 03 de outubro. Apesar de tudo, a votação da Dilma foi espantosa. Que Ele não nos esqueça no dia 31.

Avelino disse...

Caro Miguel
Discordo de você em alguns itens, exemplo a classe média, nós como brasileiros, idenpendente da classe que pertencemos, somos educado na cultura brasileira que é altamente egoista, ela é solidária, quando reivindica, mas uma vez conseguido ela é altamente egoista, muitos que estava desempregados, votaram no Lula, se tornaram conservadores, muitos que conseguiram moradia, se tornaramn conservadores, muitos que conseguiram que seus filhos conseguissem uma bolsa no PróUni, se tornaram conservadores.Eles não pensam que o projeto ainda está em construção, eles querem que parem, pois eles conseguiram.
Isto é uma parte de um todo maior, que levou Dilma, ao 2º turno.
Vinde a mim, eu consegui, o resto que se vire.Eis uma parte da nova classse média.

Fabio. disse...

Concordo com seus argumentos e acredito que falta mostrar porque melhoramos economicamente, como o governo enfrentou todos estes entraves, mas fraquejou em certos pontos principalmente na corrupção a Policia federal anda meio devagar desde de que o Paulo Lacerda foi mandado para Portugal.
E apesar do esforço imenso a imagem que fica do governo Lula para os menos esclarecidos é de um governo que aceita a corrupção.
É mais ou menos como se tivesse uma pessoa rica roubando em comparação com uma pobre o rico seria considerado cleptomaniaco e o pobre ladrão ou se o rico grita se exalta é expansivo, comunicativo e o pobre mal educado.
O ser humano é complexo.

Miguel do Rosário disse...

Hoje conversando com a senhora que faz faxina lá em casa de vez em quando, ela me contou que sua parentada, na periferia aqui do Rio, não votou na Dilma porque viram na internet o vídeo em que Dilma falou que "nem Cristo a impediria de ganhar as eleições". Ela mesmo votou em Dilma porque resistiu (mas foi difícil, confessou) e preferiu não acreditar, confiando em Lula.

Esse artigo foi meio viagem mesmo. Mas foi um exercício bom para o debate. O Roberto aí falou em blogosfera de esquerda em frangalhos e confusa. Não é bem assim. Houve frustração, porque se usou um salto muito alto, de fato. Quando Dilma chegou a quase 60% dos votos válidos, houve uma euforia exagerada e triunfalista de nossa parte. Quanto à confusão, ela faz parte do processo mental que passamos, em busca de razões e argumentos. Esse meu artigo aí, reflete isso. É um sarapatel parafilosófico, com reflexões morais quiçá meiabocas, mas enfim uma tentativa de sair do marasmo e da discussão de baixarias para sondar as razões mais profundas do voto marinista.

Abraços,
Miguel

6002acuj disse...

Olhem, eu tenho uma opinião muito clara sobre tudo isso.Cheguei a mandar um e-mail para Eduardo Guimarães com algumas sugestões. Houve sim uma campanha subterranea, que a blogosfera e a campanha de Dllma não captou em tempo hábil. Foi orquestrada, sim, pelo outro candidato, basta vermos como se portou a mídia na última, semana. Estranhamente calada.Pude constatar como foi corrosiva, citando um pequeno exemplo:Moro em´Florianópolis, e como vcs devem saber é muito difícel a esquerda obter alguma vitória neste belo balneário. Mas sempre temos algumas exceções. Sempre conversei muito com uma amiga sobre o governo Lula, e juntas concordavamos do quanto fazia esse governo em prol dos mais pobres, que nunca foram beneficiados com boas políticas sociais, etc,etc,... Era uma eleitora convicta, fosse qual fosse o candidato indicado por Lula para sucede-lo. Ela, uma católica fervorosa. Qual minha surpresa,quando no dia da eleição levei um passa fora ,quando nos encontramos e ela me disse que Dilma não lhe inspirava confiança, havia pavor nos olhos dela. Foi tomada em menos de uma semana de uma aversão inesplicavel.Só aí me caiu a ficha que realmente a tal "BaladePrata" havia sido acionada, mas não na bancada dos jornalões televisivos, mas nos porões, com um efeito quase devastador. Some-se à isso as abstenções, votos nulos e a confusão gerada com a história dos dois documentos, estamos aí, com um segundo turno.
Não sei se quero que a campanha use das mesmas armas para reagir,pois estaremos nos igualando a eles, e com isso não estaremos contribuindo para o amadurecimento de nossa democracia. Vamos continuar lutando ,mas lutando o bom combate. espero que os 3% que faltaram venham porque os eleitores farão um reflexão que a volta do PSDB ao poder federal, será um retrocesso imenso.
Sou natural do RS e nosso hino diz em uma de suas estrofes "POVO QUE NÃO TEM ORGULHO,ACABA POR SER ESCRAVO"

eduardolm17@gmail.com disse...

Karl Marx falava algo parecido com o que vc falou, o pequeno-burguês está sempre inseguro por estar entre uma classe e outra. Acredito que a eleição no segundo turno será bem acirrada. É perigoso, pois os meios de comunicação reacionários do jeito que estão vão acabar levando esta nova classe ao fascimo: é o efeito Berluscone como dizia Paulo Henrique Amorim. É torcer agora para que a diferença entre Dilma e Serra seja muito grande como foi entre Lula e Alckmin. Assim vai ser dificil que empresários invistam na campanha de Serra.

Maria Carolina disse...

Olá! Gostei muito do seu texto, mas apenas acrescento um único fato: a agressividade destaca-se sim nestas eleições, o ódio, a perseguição. Mas não são apenas de "serristas" não .. de "dilmistas" também. Esta guerra eleitoral entre PT e PSDB e seus candidatos passou para seus eleitores .. quase não aguentei o primeiro turno ... quase fui assassinada por amigos tanto serristas quanto dilmistas por meu voto em Marina .. agressões gratuitas.
Agora não sei em quem votar, só sei que não aguento mais esta violência de TODOS os lados. Criei um espaço de discussão na internet http://mc9.art.br/zonafranca/ para defesa de cada candidato de maneira civilizada, se puder e quiser, dê uma olhada, participe e divulgue! Agradeço!

Luiz Monteiro de Barros disse...

Ainda bem que a explicação para os 3,1% que faltou tem vários fatores, alem do aqui tratado com o qual corroboro, pois há uma conotação de impossibilidade de satisfazer o consumo das maiorias nos moldes da elite econômica. O famoso; Os EUA tem uma relação populacional de 6 bilhões/300 milhões, e consomem 45% de toda energia produzida (“O negocio é ser pequeno” E. Schumacher). Compartilho outra esotérica; Antes houve a manada, as “almas grupos”. Alguns roubaram o “fogo do céu”. Teomania. A individuação. Minha Tese; No fim será o individuo consciente partilhando pois transforma vida energia em vida consciência. Bonito e factível no Brasil. O pais mais rico do planeta com o bônus para diminuir a imensa desigualdade social ainda mais com o decréscimo da população (IPEA). Bonito não? Voto em Dilma. Sinto medo, mas não devia, combato na troca aqui no Óleo do Lúcifer, luciferino. Olha na pior das hipóteses; o Serra ganha sem base de apoio no Congresso. Imaginem o inferno de trabalho na internet. Portanto afirmo: Acho?! Que a LEI que a tudo e a todos rege, não vai permitir pois “Algo” cada um de nós está fazendo. Exagero mas até os da oposição estão sendo “cooptados” sem violência do seu livre arbítrio. Viajei!! Sabem como me animo Serra é lesa humanidade quando disse que o MERCOSUL é uma farsa” se eu “acredito” que aos poucos estamos construindo uma “America latina, berço de uma nova civilização” “Eles passarão eu passarinho”
Outros fatores foram:
- A questão moral, religiosa, aborto, Jesus Cristo, etc
-Alta abstenção no Nordeste (pelo Sensus lá chegou a 24%)
-A mídia partidarizada na ideologia do Mercado/Serra, Dilma/Estado e a industria das denuncias seletivas pela mídia; Receita, Erenice
-Confusão com 2 documentos
-A teclagem de 19 números. (Li a pouco que houve inversão nos cargos. Houve mesmo?)

José Carlos Lima disse...

Os ex-pobres tendem a incorporar os medos da classe social para a qual ascenderam.
Lamentável, mas isso é verdade, o que vi de eleitor indo votar com seu carrinho ou moto comprada por causa destes 8 anos de politicas de Lula não está no gibi
Conversando com um deles a impressão que tive é a que eles pensam que tudo isso caiu do céu e que continuará pro resto da vida mesmo

José Carlos Lima disse...

Vou responder ao Jorge:

O que o partido do governo deve fazer (e precisa fazer) é voltar a participar ativamente das causas sociais e combater rigorosamente a corrupção.

Cara, há governo que tenha combatido mais a corrupção do que Lula? Vc saberia me informar se há outro caso no Brasil? Venha com numeros por favor, inclusive me indique, dentre os grande partidos qual é o mais corrupto senão o DEM, sito conforme pesquisas junto aos tribunais. O PT é tem menos de 10 casos, o PSDB-DEM passa dos 600
É mole?

O caso Erenice foi um fiasco absurdo na história do governo Lula, mas um escândalo na casa civil,

Bogagem cara, a Controladoria Geral da União abriu processos e ficou provado que Erenice não cometeu qualquer crime contra a administração pública, só mesmo os papagaios do PIG para virem com este blá blá blá

Depois do mensalão, como eles deram esse mole?

Vc está se referindo ao mensalão do DEM ou dos tucanos de MG

Miguel do Rosário disse...

Oi Maria Carolina, vou ver sim. Abraço.

Anônimo disse...

Parabéns !!
Valeu a pena ler tudo, tomara que as pessoas certas saquem isso.

Não ouví nem lí melhor análise por aí.
D+

carlos vicente disse...

Boa noite.
O Sr. pode verificar a veracidade desse blog
-
http://ppavesi.blogspot.com/2010/10/parabens-jose-serra-chefe-de-quadrilha.html
-
http://ppavesi.blogspot.com/2010/10/historia-em-video-para-quem-tem.html

Reginaldo disse...

Profundo esse pensamento seu tinha refletido sobre isso no domingo dia 3 de outubro.

Tio Drakul disse...

Eu poderia resumir a questão à três pontos:

1) Ainda impera entre nós a cultura da Casa Grande e Senzala. Tão entranhada que quem consegue ir para a varanda da "casa grande" acha que automaticamente têm que descartar tudo o que acreditava quando estava na "senzala" para ser aceito na "casa grande"

2) A maioria das pessoas é egoísta. Pensam em si mesmas e têm uma enorme dificuldade para tomar atitudes que não beneficiem elas próprias diretamente.

3) A maioria das pessoas é "cega". Tudo o que conseguem enxergar é o que está imediatamente ao redor, não conseguem enxergar o todo e como elas próprias se encaixam neste todo e principalmente como as ações delas repercutem no todo. Basta conseguirem o que querem (o imediato ao redor) para se esquecerem de todo o resto.

José Carlos Lima disse...

Cito

José Carlos Lima disse...

Não podemos negar que o Ciro Gomes foi rápido no gatilho, bem mais rapido do que Marina Silva e, declarou apoio a Dilma
Ou seja, Ciro avançou sobre as bases da Marina, que ficaram órfãos com a não ida da candidata para o segundo turno e que de jeito nenhum apoiam Serra, pois os tais ex-pobres não gostam da política do PSDB, já vi muitos deles comentando isso esta semana
Se a Marina ficar marcando touca vai virar mais uma Heloisa Helena

Anônimo disse...

É um absurdo a frase: "...classe média. Ela sente, afinal, e com razão, que ascendeu devido a seu próprio esforço e não em virtude das qualidades gerenciais daquela senhora..."

Se eu consegui alguma coisa na vida é óbvio que foi graças ao meu esforço. Eu não sou nenhum encostado que fica esperando ajuda de "bolsa" para comer.

Inclusive esse tema é motivo de briga com meu pai há vários anos. No pensamento dele o motivo de seu sucesso financeiro foram as políticas adotadas pelos militares durante as décadas de 70/80. Eu falo que não. O motivo do sucesso financeiro foi o esforço dele, foi devido ao trabalho dele.

Agora leio a mesma porcaria de linha de reciocínio de gratidão e submissão à quem não tá nem aí prá você. Isso é se contentar com migalhas.

A manutenção de uma moeda forte e estável foi a única coisa realmente decente feita por esse governo. Cuidaram bem da herança recebida do governo FHC.

Flávio Santos

Miguel do Rosário disse...

Oi Flavio, então. Foi isso que eu disse. Só que eu falei com uma ponta de ironia, que você não captou.

Daniel Nascimento disse...

Acho o seguinte: Miguel, você escreveu um excelente texto que na verdade não é nada viajante exceto por parecer já lamentar uma derrota que virá quando não acho que é bem por aí. Nesse ponto concordo com o comentário do Roberto. O que penso é que a ascenção social de tantos brasileiros à classe média levará, no futuro, ao discurso do lulismo ou do PT a ser inócuo, mesmo com milhões de brasileiros ainda na pobreza.
Mas o sentimento geral da classe média e que explica essa irracionalidade e agressividade é justamente esse que você escreveu e tem muito a ver com o primeiro fator apresentado pelo Tio Drakul: isso é típico de uma cultura escravagista que ainda sobrevive entre nós. Mesmo no dito primeiro mundo, isso ainda é percebido mas para com grupos mais específicos; os imigrantes na Europa e os negros e hipânicos nos EUA.
Eu sou pertencente à classe média e verifico desde 2002, dia após dia, esse ranço. Minha cidade natal é tipicamente interiorana paulista e majoritáriamente classe média e hoje vivo em um bairro paulistano que, apesar de não ser dos mais reaças, apresenta as mesmas peculiaridades da minha cidade. Nestes locais a classe média, por não utilizar os serviços públicos de forma geral não percebe a importância do Estado como provedor dos direitos fundamentais e fecha os olhos para as necessidades da maioria. É verdade que serviço público no Brasil é ruim, mas só o é porque lá na longinqua década de 1970 houve a universalização dos serviços e o Estado não se preparou para isso. Por isso a saúde, educação e transporte é ruim e o discurso presente é de saudade de um tempo onde tudo funcionava, escola pública era boa. O que eles não percebem é que era sectária. Outra coisa engraçada é ver o espanto dos que tem a oportunidade de viver um período fora e perceberem que quase não existe (exceto nos EUA que tem um exército de hipânicos disposotos a fazê-lo) serviço doméstico. Motivo simples: na Europa além da distribuição de renda ser mais equitativa, o trabalho é valorizado e mesmo o mais braçal dos trabalhadores consegue pagar um aluguelzinho de um local mais digno do que um barraco, com acesso a transporte público, educação, saúde... Não que tudo seja mil maravilhas pintado de rosa, mas é, ao menos, garantido a cidadania de todos; e é esse conceito que falta às pessoas.
Mas é isso. E não nos desesperemos porque falta muito pouco pra Dilma vencer. Mantenhamos o foco.

Probus disse...

"...Se o egoísmo é inerente ao ser humano, existe uma razão natural para que ele exista. Ele serve à nossa sobrevivência e nos ajuda a nos consolidarmos como indivíduos perante um coletivo muitas vezes massacrante.
É sabido como os egoístas e as pessoas sem escrúpulos tem facilidades para vencer na vida que outros não tem. A própria ambição, uma forma de egoísmo, é venerada e premiada hoje como uma virtude. E de certa forma é uma virtude. Sempre foi. Não adianta nos colocarmos no papel de representantes do bem, porque isso seria falso. O mal que permeia a sociedade também está em nós; não fosse assim, seríamos aberrações.
A luta contra o mal não é para extirpá-lo, mas para regulá-lo, ponderá-lo, dominá-lo, usar sua energia selvagem a nosso favor e em favor da sociedade."

Diana disse...

interessantíssima análise

Marco Morales disse...

Miguel,
Como sempre achei execelente o seu texto, muito bem escrito. Concordo em geral com o teor - a ascensão de uma nova e conservadora classe média é uma nova realidade em formação. Porém acho que isto se tornará mais real em eleições vindouras. De momento acho que a grande questão é rechaçar o baixo nível da campanha adversária. Temos que fazer isto em toda e qualquer oportunidade. Acho que uma "ducha-fria" desmobilizou a militância (e talvez mesmo a coordenação da campanha). Estamos baixando a guarda (antes do tempo). Temos que rapida e serenamente reunir as forças e voltar ao combate. A hora é da batalha. Faltam 3,1%, estamos em vantagem.
Dilma 2010!!

jota50 disse...

O que essa classe média egoísta tem que pensar, é no risco que eles correm de voltar às classes mais baixas se trouxerem o PSDB de volta.

Anônimo disse...

João, mas a tal nova classe média não tem noção minima de economia, acha que a melhora de suas vidas caiu do céu e que se fosse FHC estaria com o carrinho na garagem do mesmo jeito
É muita burrice pra meu gosto a tal nova classe media não ter cravado o voto em Dilma para continuar melhorando

André

Marco Morales disse...

Miguel,
acrescendo ao meu coment anterior.
Acho que a grande conquista do Governo Lula foi re-criar o sentimento de "ser cidadão" das pessoas. Não tivemos isto antes, não com esta intensidade.
A presença do Estado, como ente real, não abstrato. Polêmico ou não, presente, (re)criador. A capacidade das pessoas comuns em transformar o Estado (simbolizado na eleição de um cidadão "comum") e do Estado em recriar a vida das pessoas. Sem dúvida que esta iteração Estado-Cidadão terá de ser continuamente revista, conforme novas realidades se coloquem. Mas em outras bases, a partir do novo (re-criado) cidadão brasileiro. É isto que a oposição tacanha não compreeende. Tentam tutelar este cidadão, velho vício. Tentam induzir temores - do que mesmo? Olhar míope, não entendem que nada será como antes. Podem até ter sucesso momentâneo, mas não duradouro.
Para entrar na "linguagem" e dar um recado curto e grosso às pessoas, eu diria: O DEMO (todos eles) tem muitos disfarçes e artimanhas, não vamos entregar fácil o que duramente conquistamos, o orgulho de ser brasileiro.
SEM MEDO DE SER FELIZ - DILMA 2010!!

Apenas, Marcia disse...

Perfeito. Eu tava mesmo pensando nisso. O Ildeber já tinha tratado do assunto. Quem já leu o Discurso da Servidão Voluntária sabe do que estou falando.

"Inicialmente, a servidão é forçada; com o tempo, vem o acostumar-se a ela; então, os descendentes, tendo nascido neste estado de coisas, servem sem pesar e voluntariamente, como se fosse algo natural."

Assim , seguiam muitos brasileiros das classes C,D e E. Aí, vem o mLula. Um cara igual a eles que vira presidente. Pra quem está lá embaixo da pirâmide social isto soa como um mandamento: vão à luta, rebelem-se, digam não à escravidão.

Mas, agora, já com mais coragem, esses excluídos afrontam as classes médias, frequentando lugares que nunca puderam sequer entrar.

Nas proppagndas comerciais, o negro(a) não é mais só um empregado. è consumidor.

São estas pequenas coisas que ratificam seu brilhante texto!

Clique aqui para ir à central antiboataria disse...

Com os links publicados na central anti-boataria da Dilma, criei minha central também, a conferir

http://josecarloslima78.blogspot.com/2010/10/blog-post_8887.html

Roberto de SP disse...

Desculpe, mas vcs estão usando muita teoria e pouca prática na análise do que ocorreu.

Que o pobre quando ascende a uma posição acima na escala social tende a se sentir "privilegiado" em relação aos que estão abaixo é sabido. A ganância e o status é o que move o mundo. Do Bill Gates até o funcionário que ganha 1 real acima do outro, todos gostam de ostentar seu maior poderio econômico.

Mas não vamos embarcar nessa sociologia de botequim, porque não é disso que se trata aqui.

Se trata de uma sociedade - a brasileira - historicamente despolitizada. E pior, onde a política é tratada como coisa nojenta e um antro de ladrões. Onde todos são iguais.

É isso que permite a onda denuncista da imprensa - quando usada com peso TOTAL CONTRA APENAS UM LADO causar este estrago.

Confesso que em muitos anos de vida nunca vi uma pessoa ser tão barbaramente acchincalhada como Dilma Rouseeff.

E não é só nos e-mails sujos não. É pela "Grande" imprensa e seus colunistas muito bem pagos para fazer o jogo sujo dos patrões.

Imaginar que isso - somado ao imenso vacilo que foi o caso Erenice e seu filho aloprado - não fosse provocar estrago é ser muito ingênuo.

Some-se ao golpe final da sujeira dos religiosos hipócritas e termos isso aí.

Esse clima medieval de caça as bruxas.

Ciro Gomes foi até agora o único do lado da campanha de Dilma que teve a coragem de dizer o ÓBVIO:

"MAS PERA AÍ! QUEREM TRANSFORMAR O BRASIL NUM ESTADO TEOCRÁTICO A LÁ TALEBAN?

É isso que precisa ser denunciado a esploração SUJA da ingenuidade e boa-fé das pessoas por PICARETAS travestidos de "líderes religiosos".

Sejam os tais "pastores", sejam os tais "padrecos".

É preciso enfrentar essa gente.

Marcar posição. Mesmo se for para perder essa eleição. E eu duvido que isso ocorra. Mesmo enfrentando de peito aberto.

Ficar se agachando às imposições desses demagogos que usam Deus e religião para conquistar poder político é a pior coisa que o lado decente desse país pode fazer.

Leiam o post do Rodrigo Vianna. De como l[á na Espanha o PSOE não tem medo de ficar claramente ao lado da razão e do bom-senso quando os torquemadas saem em seus atos de fé.

leonardo-pe disse...

eu tambem nunca vi uma pessoa ser tão desmoralizada feito a Dilma.agora,isso é bom.sabe por que:pra ver se o PT PÁRA DE BAJULAR ESSA GENTE DA IMPRENSA!eles nunca foram a favor do povo(imprensa).se a Dilma ganhar(e deve vencer),fazer uma"ley de medyos".ou faz isso,ou a Dilma cai!uma pergunta:o"aiatoláSerra"vai apedrejar a soninha?a mesma fez aborto!

José Marcio disse...

Se a campanha da Dilma se render ao que há de mais atrasado (religião, PV, ambientalistas etc.) arrisca não ganhar votos e perder os que já tem. Eu sou um que nem vou sair de casa no dia da eleição se ela arregar pra essa gente.

Miguel do Rosário disse...

Roberto, a Espanha não é Brasil. Lá a internet banda larga chega a 100% dos lares e custa 30 vezes menos que no Brasil. Não há analfabetismo, etc.

Postar um comentário