17 de setembro de 2010

Esclarecimentos

Ontem tivemos reunião, seguida de uma tertúlia etílica. Voltei com muito sono e dormi como um urso. Agora tenho que ler toneladas de jornais e blogs para voltar ao mundo terrível e emocionante da política. Quanto à reunião dos pijamados no dia 23, no Clube Militar (apoiada pelo Millenium), que abordei em tom (aparentemente) alarmista, deixe-me explicar algumas coisas:

  1. Não sou maluco. Sei que não há condições para golpe. Mas fiquei realmente chocado com a petulância desses militares, que ganham salário do contribuinte, em patrocinar um evento chamado DEMOCRACIA AMEAÇADA e chamarem Reinaldo Azevedo e Merval Pereira.
  2. É uma reunião de golpistas. Os generais aposentados que lideram o Clube são gente egressa do regime militar. Merval e Reinaldo defenderam o golpe em Honduras com sangue na boca.
  3. Minha revolta adveio da compreensão de que, se o Brasil teve a generosidade (exagerada?) ou complacência (tola?) de anistiar esses golpistas, que mataram milhares de brasileiros e solaparam a nossa democracia (eles não a ameaçaram, mataram-na direto), eles deveriam ter o bom senso de entender que esse evento que farão no dia 23 é um escárnio, uma agressão aos brasileiros que conhecem a história. Eu não vivi o golpe in loco, mas sinto-o por toda parte em nossa sociedade, e quando vi o anúncio do evento, foi como viajar no tempo e voltar a 1964. Também se falava em ameaça à democracia. Também se falava em república sindicalista. Também tinhamos uma imprensa a combater figadalmente o governo. Também tínhamos intelectuais odiosamente golpistas. Felizmente, as diferenças são muito mais profundas. Temos hoje uma sociedade mais consciente, mais informada e, quero crer, mais combativa.
  4. Em suma, não acredito em golpe, ou não no sentido militar, mas senti-me ofendido, enquanto cidadão brasileiro que sabe o que aconteceu no país de 1964 a 1984, que esses militares se conluiem novamente com a imprensa para vilipendiar a democracia brasileira. 
  5. A democracia brasileira não está ameaçada porcaria nenhuma. Tudo que eu gostaria era simplesmente dizer uns bons palavrões. Como não quero perder a classe aqui, fica registrada a minha intenção e deixo para vocês imaginarem o que eu gostaria de vociferar na cara deles.
  6. Fiz alguns contatos. Pode ser que o Rio de Janeiro dê alguma resposta, evidentemente pacífica, democrática e educada, a esses golpistas atrevidos.

10 comentarios

Caripuna disse...

Tubo bem, Miguel.
Normal para quem está na primeira linha de combate enfrentando inimigo, armado de unha, e dente e grito!
Além do mais, ontem - como de costume - vc estava de sentinela: qualquer movimento suspeito na penumbra reclama dever de se alertar a tropa!

alex disse...

Miguel e Blognautas

abaixo, o último paragrafo do editorial que o Mino Carta escreve na CC que está nas bancas

o título: "Espanto e pavor. Em Marte"

(...)
CartaCapital percebe os sinais, nem tão tímidos, da mudança em andamento. Concordamos com José Dirceu quando defende a liberdade de imprensa. Mas a questão é outra: esta mídia é visceralmente antidemocrática, embora nem por isso deva ser coibida. Está a ser punida, aliás, e de outra maneira: prova-se, já há algum tempo, que não alcança o público na sua maioria. Tal é a nossa convicção, a mudança se dará naturalmente. E por este trilho, a mídia nativa vai perder o emprego.

Miguel: se der coloque o editorial inteiro aqui pro povo ler.

abs

alex disse...

As senhoras de Santana da imprensa

Cynara Menezes - Blog Brasília, Eu vi

Em 1980, surgiu em São Paulo um grupo de mulheres preocupadas com a “imoralidade” que tomava conta da televisão. Sobretudo com os programas que surgiam naquela década falando abertamente de sexo, como o da hoje candidata a senadora Marta Suplicy no TV Mulher. Apelidadas de “senhoras de Santana”, por serem moradoras do bairro com este nome, elas marcaram época e viraram sinônimo do atraso e do conservadorismo nos costumes.

Trinta anos depois, surge uma nova geração de “senhoras de Santana”. Desta vez, não descobertas por jornalistas: são jornalistas. Instaladas em número cada vez mais volumoso nas redações, premiadas com cargos de chefia e ascensão meteórica, as senhoras de Santana do jornalismo são o exato oposto da figura mítica do repórter talentoso, espirituoso, culto e algo anarquista: têm um texto ruim de doer e nunca leram nada a não ser seu próprio veículo, mas cumprem rigorosamente as tarefas que lhes são dadas. Seu maior ídolo é o patrão.

Esqueça a imagem do jornalista concentrado, batucando com rapidez sua reportagem com um cigarro pendurado no bico. As novas senhoras de Santana do jornalismo não fumam. Aliás, deduram quem estiver fumando em ambiente fechado, como reza a lei imposta por aquele político que seus patrões adoram e que eles, obedientemente, passaram a bajular. Fumar baseado, então, nem pensar. Os repórteres de Santana são contra a descriminação de todas as drogas, até da menos nociva delas. Se as senhoras de Santana do jornalismo soubessem que andam por aí fumando orégano, fariam matérias pela proibição do uso, mesmo na pizza.

(continua ... http://brasiliaeuvi.wordpress.com/ )

Remindo disse...

Já pensou Miguel, o Reinaldinho de farda e Merval de coturno. Os velhiinhso de pijama ficaram indignados com o caminhar floreado do Reizinho.

Douglas Otaviani Tôrres disse...

Vá ao blog 'Os Amigos do Presidente Lula",urgente,sede do PT no Interior paulista sofre atentado a tiros.

Anônimo disse...

Meus deus, o Reinaldo Azevedo/Veja/Instituto Millenium liderando o golpe
É demais, por isso ele(Reinaldão) determinou que os meios de comunicação não dessem voz à outra parte, ou seja, à Lula
Por isso ontem o JN censurou a entrevista coletiva dada por Dutra, presidente do PT
A vocação destes larápios para o golpe chega a ser caso de patologia,,
Esgoto puro, vai sair podridão da reunião
Eles não passarão, vamos fazer reuniões por todos o País em protesto contra esta ofensa a todos nós
Vamos nos vestir de branco neste dia

IV Avatar

Anônimo disse...

É o lixo reunido no Clube Militar, fechem o caixão

Rafael

carlos vicente disse...

http://www.blogdapaola.com.br/?p=20634

Anônimo disse...

A última vez que a imprensa deu importância a esse Clube, salvo falha da minha memória, foi na eleição de 1984 (eleição no Clube, nas ruas havia a campanha por eleições diretas), qundo o general Antonio Carlos de Andrada Serpa foi candidato. Há recortes de jornais da época na internet, por ex.: . Irrelevante...

Anônimo disse...

Rapaz, eu tive a pachorra de ler os artigos publicados no site do Clube Militar. Inacreditável! Em que mundo esses generais de pijama vivem? Deveriam ser todos internados em um asilo!
Na quinta-feira passada, ao testemunhar o Jornal Nacional, a impressão que eu tive é de que o consórcio midiático-golpista tinha chamado todo o povo brasileiro pra porrada. Confesso que a impressão permanece.

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