8 de julho de 2010

Duas medidas do tio Sam & um beijo de Ali Kamel





Esse é o título de uma matéria no jornal O Globo. O assunto foi incrivelmente simplificado e minimizado pelos platinados na edição impressa. Mais que isso, foi neutralizado pela aplicação de um box editorial criticando o corte masculino de cabelo no Irã.



Ou seja, após repercutir uma informação estarrecedora, de que os EUA irão dar assistência tecnológica nuclear a um país NÃO-SIGNATÁRIO do Tratato de Não-Proliferação Nuclear, e que, recentemente, descobriu-se que tentou vender ou vendeu tecnologia militar atômica a África do Sul do apartheid (violando triplamente as regras internacionais: 1) desenvolver tecnologia nuclear militar sem autorização; 2) vendê-la a outro país; 3) vendê-la a um país sob embargo econômico da ONU), e isso depois de patrocinar uma truculenta agressão contra o Irã, que é signatário do Tratato de Não-Proliferação Nuclear, que não possui tecnologia atômica para uso militar (ao contrário de Israel), e que celebrou um acordo no qual se comprometia a enriquecer boa parte de seu urânio em outro país - no mesmo momento em que dá essa notícia, o Globo, em vez de fazer um comentário qualquer sobre essa absurda política de dois pesos e duas medidas, nem que fosse para defendê-la, ou explicá-la, o jornal faz um editorialzinho que demoniza o Irã por causa de um costume ou orientação oficial ou sabe-se lá que seja sobre o "corte masculino de cabelo". E ainda sobra para Lula. Os EUA aprontam mais uma das suas - essa notícia deve produzir mais algumas dezenas de binladens atômicos no oriente médio -, e a culpa, naturalmente, é do "Itamaraty do B", esses militantezinhos do PSTU, esses xiitas antiamericanos, que, segundo os cupinchas de Ali Kamel, dominam a política externa brasileira.

A estratégia é bem clara. O leitor do Globo, ao se deparar com a notícia sobre o tal acordo nuclear entre EUA e Israel, poderia desenvolver algum tipo de estranhamento contra a política externa da Casa Branca. A solução é aplicar uma injeção de "ditadura iraniana" no braço do sujeito, dopando sua consciência crítica contra o absurdo cinismo dos americanos. Tal consciência levaria a pessoa a pensar se o Brasil não agiu certo, ao se contrapor à política americana para o oriente médio, votando contra sanções ao Irã. A prioridade do Globo, porém, é detonar Lula; para atingir essa meta, os platinados engajam-se alegremente numa campanha em favor do apocalipse.

3 comentarios

Adriano Matos disse...

Acho que é didático, Miguel, publicar ao menos o nome desse jornalista que, tão solicitamente, com a língua, lambe as botas dos Marinho e do lobby armamentista ocidental.

Anônimo disse...

Muito bom, Miguel. Didático. Tenho a maior dificuldade para explicar para alguém como são as armadilhas montadas pelo PIG.
abraço
fog

Anônimo disse...

Prezado Miguel, penso que o Brasil precisa de um jornal que informe o povo e não esses malditos que fazem um deserviço ao povo brasileiro.

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