Foi criada a Altercom – Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação. Este blogueiro solidariza-se profundamente com a iniciativa, que julgo fundamental para o estabelecimento de um espírito mais democrático no universo da comunicação social brasileira. Meus resmungos sobre o assunto, num post lá trás, talvez dê margem à algum equívoco sobre isso. Eu seria um verdadeiro cabo anselmo da comunicação alternativa se fosse contra a criação da Altercom.
A sua existência será importante para retirar das outras entidades, dominadas pelas grandes empresas, o monopólio do debate político no setor privado.
Parabéns pela iniciativa!
Acho difícil, todavia, mesclar blogueiros com jornais, sites e revistas que possuem uma estrutura administrativa convencional, com funcionários, sede, etc. Claro, há dois ou três blogs grandes, mas esses são geridos por jornalistas oriundos da mídia tradicional, e alguns estão instalados em portais gigantes, que lhes pagam por isso.
Nada contra. Não sou nenhum trostkista raivoso querendo dividir forças. Digo somente que a classe de blogueiros, sobretudo os pequenos e independentes, deveria se reunir à parte, entre iguais. Por exemplo, um grupo de blogueiros reunido numa entidade qualquer poderia, aí sim, ter um espaço dentro da Altercom. Minha idéia de se criar um sindicato vai nesse sentido. Não pensei num sindicato isolado. Ao contrário, pensei num sindicato de blogueiros integrado a outras associações, a outros sindicatos (quiçá também de blogueiros, etc).
O grupo de discussão que criamos já tem quase 30 pessoas interessadas em participar de um sindicato de blogueiros independentes. Precisamos, naturalmente, de uma quantidade maior de participantes. Duzentos, quinhentos, dois mil. Se tivermos um sindicato com 2 mil blogueiros, aí sim começaremos a exercer uma influência real no cenário midiático e mesmo político. Mas tudo deve começar de baixo. E mesmo que formos apenas 30, já está muito bom.
A Altercom é uma iniciativa importante, mas segue um padrão convencional de associação. Eu pensei num perfil mais dinâmico, mais atuante, mais leve. É claro que ainda é tudo muito incipiente. Pode nem rolar. Pode ser mais uma dessas idéias loucas que vão e passam pela minha cabeça. Porque esse é o tipo de idéia que não depende de mim. É preciso vontade coletiva. Necessidade.
Há outras dificuldades. Eu afirmei que meu objetivo principal é lutar pela profissionalização do blogueiro. Peço que relevem essas manifestações iniciais, ainda verdes. Estamos na fase do "brain storm", das discussões libertárias, irresponsáveis, livres. A profissionalização do blogueiro talvez seja um objetivo secundário. Ou talvez seja um objetivo meu, só meu, que por razões existenciais me vejo mais encurralado por aqui, na blogosfera (e feliz com isso). Para um coletivo, todavia, o objetivo maior de um sindicato de blogueiros seja outro. Sejam outros. Acho que o principal é mesmo unir forças, criamos algo palpável que servisse para nos sentirmos menos isolados, menos dependentes de um paternalismo qualquer governamental. Vamos ficar esperando o quê? Que o Lula ou Dilma mande-nos uma mensagem de Feliz Natal? E aí ficaríamos todo derretidos por causa disso? Seria muito legal se, numa Conferência de Comunicação, os blogueiros participassem mais ativamente através de seus sindicatos.
E aí um dos objetivos pode ser justamente ajudar os blogueiros a fazer um trabalho melhor em seus espaços. Algumas pessoas pediram para participar do grupo de discussão porque desejam criar um blog, e acham que o sindicato pode ajudá-las também nisso. Ótimo. Esse pode ser uma outra razão de ser de um sindicato de blogueiros. Ajudar as pessoas a terem blogs melhores, mais bonitos, mais funcionais.
É claro que uma Altercom não daria conta disso. Não é o perfil dela. Eu pensei que um sindicato de blogueiros poderia ser membro da Altercom. Aí sim, um blogueiro poderia sentar-se ao lado de medalhões da comunicação alternativa, como os donos da Carta Maior, da Carta Capital, da Caros Amigos, com um pouco mais de altaneria e autoestima. Não sentir-se um barnabé no meio de celebridades. Estaria representando ali mil ou dois mil blogueiros. Entendem o que eu quero dizer?
O legal disso é o aspecto democrático. Todo mundo poderá ser este representante. Aliás, em manifestação anterior mencionei a dificuldade na eleição de um primeiro presidente, antes de estamos organizados, e me propus a sê-lo nos primeiros 30 dias. Besteira minha. Devemos exercer a democracia desde o princípio.
Com a internet é possível organizar-se com muita facilidade. Claro que reuniões virtuais, grupos de discussão pela web, nunca terão a mesma vitalidade de encontros ao vivo, mas teremos que nos acostumar a isso. Alguns colegas do grupo já estão propondo filiais estaduais do sindicato. Podemos até discutir algo assim, mas o sindicato é uma entidade virtual nacional. Podemos sim, eventualmente, marcar alguns encontros regionais para que os membros possam trocar idéias pessoalmente. Isso também seria legal. Seria humano.
O mais importante, porém, num primeiro momento, é montar a entidade nacional. Não dá para se pensar em subdividir um negócio já ultra-pequeno e que ainda nem existe.
Outra dificuldade de se levar adiante um projeto assim é a própria quantidade monstruosa de blogueiros e o próprio conceito do que seja um blogueiro e do que seja um blog. Tem criança de oito anos que já possui blog. Daqui a pouco todo mundo vai ter um blog, e as páginas de relacionamento pessoal parecem estar caminhando para se tornarem algo parecidas com blogs.
Então, é preciso estabelecer alguns conceitos básicos sobre o que nós entendemos sobre o que é ser blogueiro. Estaríamos na verdade articulando um sindicato de blogueiros políticos? Inicialmente não pensei nisso. Alguns blogueiros não políticos já pediram para fazer parte do sindicato. Não acho saudável fazer essa distinção. Até porque um blogueiro tem liberdade de, dando-lhe na telha, esquecer a política e passar a escrever somente sobre música, ou literatura, ou cinema, ou esportes
O que entra aqui então é o conceito da vontade. O blogueiro que deseja fazer parte de um sindicato, de uma comunidade, este é um membro em potencial. É deste blogueiro que precisamos. Alguém disposto a participar de um coletivo sindical de blogueiros.
Lembrei também dos sindicatos de escritores, um tipo de associação que nunca vingou muito. Tudo bem, mas há razões históricas e políticas para isso. Entre elas, a ditadura. Os sindicatos de autores nos Estados Unidos são fortíssimos. Seja como for, um blogueiro tem um perfil político bastante diferente do escritor convencional. É tradicionalmente muito mais engajado, até porque o seu espaço de criação é o público, no presente, no calor dos momentos.
A gente está juntando os interessados em debater o Sindicato dos Blogueiros neste grupo de discussão aqui. É só entrar e pedir para participar. Vamos conversando.
2 de março de 2010
Altercom & Sindblog: conversando
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Enfim, fundaram o DEM da comunicação!
Mas tudo bem, democracia é a coexistência dos opostos, sejam bem vindos.
Vamos trocar argumentos, sem golpes baixos, ou a sistemática continuará a mesma?
Que isso, Carlos! O Altercom não tem nada a ver com Dem. Por que você diz isso?
Ao meu ver, nenhuma idéia deve ser descartada. São idéias agregadoras, a hora é de UNIÃO. Outrora(não muito distante), o se achar mais atuante, mais verdadeiro, mais sei lá o que, provocou o racha e a derrota acachapante da Esquerda. Os "egos" poderiam, por enquanto, serenarem por um empreendimento muito maior. Minha opinião. Forte abraço a todos.
Destaco dois pontos:
1- O sindicato como um ponto de convergência entre pessoas, uma rede social, uma comunidade, uma reunião de pessoas com interesses afins, dentre eles, alterar a realidade, fazer um contraponto ao monopólio da informação.
2- O Altercom funcionaria como uma espécie de entidade maior, à qual o sindicato poderia se filiar.
.............
Vamos ver no que vai dar isso.
O que não podemos é nos dividir.
Todo cuidado é pouco.
O sindicato deve estar inclusive aberto para uma fusão.
JCL
Troquei o Altercom pelo Millenium...
Sorry...
Foi curpa da marvada...
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