Passeando pela blogosfera política, naufraguei num espaço pedregoso, barulhento, sinistro. O blog de Augusto Nunes. Nos comentários, uma baixaria generalizada. Preconceito, babaquice, sectarismo. O cara humilha os comentaristas que discordam dele, usando aquela pedância odiosa dos que se acham senhores da língua portuguesa. Confiram abaixo como ele reage a um comentário crítico:
Pior, os comentaristas trocam recadinhos cheios de mistério, com anuência do blogueiro, mencionando um "trabalho de agregação de pessoas que pensam as mesmas coisas". É uma atmosfera sufocante e viciada de puro golpismo. Num post em que Nunes zomba da greve de fome e da prisão de Lula durante a ditadura, dizendo que se tratava de um "hotel", um tal de Ixmael - BH deixa o seguinte comentário:
Daí em diante, vários outros comentaristas pedem para que Nunes lhes repasse o email, o que o jornalista faz com muita boa vontade:
No fundo isso não teria nada demais, é apenas mais uma prova do grau de radicalização política da Veja, e da imprensa em geral. O aspecto sinistro fica por conta dessa aura conspirativa, de segredo. Por exemplo, a gente faz política aqui no blog, mas sempre de forma transparente, à luz do sol. E aceitamos de bom grado praticar o debate com opiniões divergentes. Confiram como Nunes reage a comentaristas incautos que ousam discordar de sua opinião divina:
Para começar, ele chama de "milicianos" todo debatedor, rotulando ofensivamente quem não pensa como ele. Com isso, retira do interlocutor sua dignidade subjetiva. Não é um cidadão brasileiro, partícipe da democracia, é um "miliciano", um "petralha", etc.
Mas é nos próprios textos de Nunes que topamos com uma desonestidade intelectual sem medo do ridículo.
Confiram o seu último post (meus comentários vão entre colchetes, em vermelho):
E se Uribe imitasse Zelaya?
28 de fevereiro de 2010
Neste fim de fevereiro, a Suprema Corte da Colômbia fez exatamente o que fez em março de 2009 a Suprema Corte de Honduras: vetou a realização de um plebiscito cujo resultado poderia permitir a candidatura do presidente da República a outro mandato. Nos dois casos, a decisão ─ corretíssima ─ foi anunciada com a campanha pela sucessão em andamento.
O colombiano Alvaro Uribe ─ que ficaria ainda melhor no retrato se nem tivesse pensado numa segunda reeleição ─ reagiu como deve reagir um democrata: “Aceito e acato a sentença da Suprema Corte”, resumiu. A disputa presidencial seguirá seu curso sem sobressaltos. Como um caudilho aprendiz, o hondurenho Manuel Zelaya ignorou o veto do Poder Judiciário, continuou tramando o golpe, acabou deposto por crimes contra a Constituição e foi expulso do país. Nos meses seguintes, fez o que pôde para que o processo eleitoral naufragasse.
[Não dá para acreditar que alguém seja tão cínico e mentiroso. O problema em Honduras não foi a oposição da Suprema Corte à realização do plebiscito, e sim a destituição arbitrária do presidente da república, sem lhe conceder direito à defesa, e por um motivo falso, e seu expatriamento - medida brutal, covarde e golpista. O plebiscito de Zelaya não falava de reeleição e ele não era candidato à reeleição no pleito de dezembro. E não há nada que permita a Nunes afirmar que Zelaya trabalhasse "para que o processo eleitoral naufragasse". Não se pode derrubar governos com base no desenho da borra de café no fundo da xícara. A turminha da Veja e cia continuam tentando justificar o golpe de Estado em Honduras. Em 1964, no Brasil também houve quem justificasse o golpe com base em acusações delirantes de que Goulart estaria preparando um ataque à democracia, o que foi comprovado, historicamente, tratar-se de um pretexto falso para solapar o processo democrático.]
Vale a pena imaginar o que faria o Brasil se Uribe imitasse Zelaya e também acabasse destituído. A imprensa e o governo continuariam a chamá-lo de “presidente democraticamente eleito”? Os defensores das normas constitutionais seriam tratados como “golpistas”? Os companheiros Lula e Hugo Chávez costurariam mais uma trama destrambelhada para alojar Uribe na embaixada do Brasil em Bogotá? A dupla de vizinhos trapalhões se negaria a reconhecer o governo do novo presidente escolhido nas urnas?
[Depois das premissas absurdas, Nunes segue fazendo ilações estapafúrdias. O público leitor não é informado que o mundo inteiro condenou veementemente o golpe em Honduras. OEA, ONU, governos europeus. Até mesmo os EUA o condenou, embora tenha reagido apaticamente. Mas condenou e até cancelou o visto de dezenas de golpistas hondurenhos. Os leitores de Veja se tornaram uns lunáticos, isolados do resto do planeta, uma espécie de seita satânica radical cujos membros, assim como uns se divertem enfiando agulhas no corpo de crianças, deleitam-se em menosprezar a angústia dos milhares de hondurenhos que foram as ruas protestar contra a derrubada de seu presidente, e dos milhões de latino-americanos que assistiram, estarrecidos, o retorno do fantasma do golpe de Estado, que tanto assombrou o continente nos últimos 50 anos. O lunatismo é tanto que fingem desconhecer que o "companheiro Lula", um dos "vizinhos trapalhões", ganhou todos os prêmios de estadista do ano que ocorreram no ano passado, inclusive no Fórum Econômico Mundial, prêmios esses concedidos depois do imbróglio em Honduras.]
Não para todas as perguntas, sabe até a gravata borboleta que torna Celso Amorim um pouco mais ridículo em saraus no Exterior. O Itamaraty deste começo de século não obedece a princípios, não respeita códigos éticos. Cumpre o regimento interno do clube dos cafajestes e atende a interesses subalternos. Não faz gestões, faz jogadas. A Era Lula instituiu a diplomacia da canalhice.
[É histeria pura. Ladram, ladram, mas a caravana passa...]
Rapaz, não queria postar isso, mas o esgoto realmente me dá nauseas :X :(
O duro é ter que ler essas coisas pra poder fazer seus comentários ... admiro vocês!
Miguel teu estomago digere pedra !!!
Que coisa mais nojenta esse AN fui lá e me tive engulhos com o cheiro putrefo daquele ar ali respirado!!!
Paulo Reis
Miguel não perca tempo com essa espécie, estão em extinção, falam pra meia dúzia de pessoas. Temos que fortalecer os nossos meios de informar, fazer o contra-ponto, para desmacarar sujeitinhos com esse, e assim atingir cada vez mais pessoas.
"Não adianta dar banho nos porcos,
porque eles acabam se sujando e voltando para o chiqueiro, temos que destruir o chiqueiro".
Eu sei, Paulo. Não perco tempo. Só de vez quando, como exercício.
É um exercício interessante, mas custa.
Mantive o blog do Reinaldo Azevedo por 1 mês no feed do Google Reader, pra ver qualé a do cara. Eu não sei o que ele apronta, mas ele posta pelo menos 5 textos grandes por dia, impossível ler tanta histeria.
O cara é atacado.
Depois desse mês, cancelei a inscrição. Não sou forte o bastante pra isso.
O mais interessante é que o cara comparada O caso do Uribe com o do Zelaya, sendo que o plebscito de Uribe era apenas para tratar de uma nova reeleição e o de Zelaya para formar uma constituinte para discutir mudanças na constituição, esse cara é muito canalha, veja o que ele faz quando você não deixa espaço para ele te chamar de meliciano, petralha ou analfabeto:
http://salada-saladadeideias.blogspot.com/2010/02/etica-de-augusto-nunes.html
é esse tipo de imbecil que se diz defensor da liberdade de expressão.
Miguel, Augusto Nunes não merece nem um segundo de seu precioso tempo. É um sujeito lamentável, como vários do pig. Deixemos esses merdas morrerem a mingua
Estes porcos da direita não merecem o nosso tempo, o melhor que se tem a fazer é simplesmente ignorá-los, recrudecendo a situação iremos caçá-los, afinal eles estão todos identificados. Genaro - RS
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