24 de março de 2010

Clipping de matérias interessantes

1) A que eu mais gostei foi esta, com pesquisa informando que PSDB e DEM devem perder espaço no Senado.

2) Também no Vermelho. Matéria que aborda as dificuldades de Serra em encontrar um vice.

3) Nessa aqui, encontramos interessante depoimento de Marco Aurélio Garcia sobre a política externa brasileira. Vale até citar um trecho:

“Nossa política externa não é simplesmente um elemento decorativo ou um bibelô na vitrine do governo, mas é um elemento consubstancial em nosso projeto de desenvolvimento nacional”, disse.

Garcia defendeu que o Brasil assuma cada vez mais seu papel de protagonista nas grandes questões internacionais: “A política externa atual tem a capacidade de suscitar questões que estavam antes encobertas por alguns interesses e colocar em discussão temas que são fundamentais para o futuro da humanidade e para o futuro do Brasil em particular”.


4) Reproduzo ainda uma matéria importante publicada no Valor desta quarta-feira, sobre a luta dos sindicatos de São Paulo contra o governador:

Sindicatos articulam protestos contra Serra

Os principais sindicatos de São Paulo nas áreas de Educação, Saúde e Segurança vão intensificar os protestos e greves até a desincompatibilização do governador do Estado, José Serra (PSDB). Eles pressionam por aumento salarial, reajuste do vale-alimentação e alteração no plano de carreira. A maioria das entidades é vinculada à CUT, PSOL e PSTU.

O governo compromete 41,2% da receita com pessoal, abaixo do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal, de 46,5%. "Preferimos investir em obras que poderão ser usadas por toda sociedade", diz o secretário de Administração, Sidney Beraldo. Para ele, as greves têm o objetivo de "prejudicar a campanha de Serra à Presidência".

Sindicatos planejam ato conjunto contra Serra

Cristiane Agostine e Vandson Lima, de São Paulo

Os principais sindicatos de São Paulo nas áreas de Educação, Saúde e Segurança intensificarão protestos e greves até a desincompatibilização do governador do Estado, José Serra (PSDB), prevista para o dia 02 de abril. Juntos, os servidores das três áreas representam cerca 66% do total de funcionários na ativa do governo do Estado.

Os manifestantes pressionam por aumento salarial, reajuste do vale-alimentação e alteração no plano de carreira. A maioria dessas entidades é vinculada a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT, e a partidos radicais de esquerda, como P-SOL e PSTU.

Dirigentes sindicais afirmam que o diálogo com a administração estadual melhorou na gestão Serra, mas reclamam que o governo pouco cedeu às reivindicações classistas. A avaliação, em geral, é que o governo tem-se mostrado mais disposto a receber as entidades, com reuniões mais frequentes. Ao mesmo tempo, não permite avanços na recomposição salarial.

Em greve há três semanas, professores planejam um protesto na sexta-feira em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo. A principal entidade articuladora da greve é a Apeoesp, vinculada à CUT, cuja presidente, Maria Izabel Azevedo Noronha, é filiada ao PT. Ontem, professores protestaram em frente à Secretaria Estadual da Educação e na Assembleia Legislativa, em audiência pública organizada pelo deputado Roberto Felício (PT).

A categoria pede um reajuste salarial de 34%, rejeitado pela secretaria. O sindicato dos professores quer, ainda, o fim do Programa de Valorização pelo Mérito, que concede aumento de 25% para um quinto do magistério a cada ano, mediante a realização de uma prova. Para a Apeoesp, o ideal seriam programas de formação continuada durante a jornada do professor.

A Secretaria de Educação condena o movimento que, em sua avaliação, tem caráter político. Por conta disso, instituiu o corte do ponto dos grevistas, com desconto salarial relativo às faltas. Em nota, o governo diz que "deve ser a primeira vez na história do movimento sindical" que uma entidade fica contra um plano de carreira que permite aumento salarial de 25% anual". "Política é a posição deles (governo estadual), de não nos receber. Meu sindicato é dirigido por várias configurações partidárias", diz a presidente da Apeoesp.

Na área da Saúde, o principal sindicato, SindSaúde, planeja fazer um protesto bem-humorado no centro de São Paulo no dia 31, às vésperas de Serra deixar o cargo. A entidade deve contratar um chefe de cozinha para mostrar o que é possível comer com os R$ 4 do "vale-coxinha", como o vale-refeição é apelidado pelos servidores.

O sindicato, também vinculado à CUT, organizou uma paralisação de 48 horas, na segunda-feira e na terça-feira, para pressionar o governo por um aumento salarial de 40% e pelo reajuste do vale-alimentação para R$ 14. Entre as reivindicações estão a jornada de trabalho de 30 horas, a reformulação do bônus e o fim das Organizações Sociais. O sindicato diz ter 26 mil filiados, de um total de 110 mil servidores, e ameaça intensificar a greve a partir do dia 31. A Secretaria de Saúde minimizou o protesto e informou que não houve paralisação do atendimento em unidades de saúde, só piquetes.

O secretário-geral do SindSaúde entidade, Helcio Marcelino, diz que a relação com o governo estadual melhorou e disse ter construído em conjunto um projeto de lei com as reivindicações. "Mas o texto não foi encaminhado à Assembleia Legislativa", reclama. Segundo o secretário de Gestão Pública, Sidney Beraldo, o governo decidiu reter o projeto por conta de restrições orçamentárias (veja reportagem nesta página).

A área de Segurança, que protagonizou a pior greve enfrentada por Serra, em 2008, também organiza sua greve às vésperas da desincompatibilização do governador. Ontem, a Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp) decidiu iniciar uma "operação padrão" para mostrar a "estrutura defasada da instituição" . A categoria pressiona pela aprovação de um projeto de reestruturação da carreira. A princípio, não haverá greve, segundo a presidente da associação, Marilda Pansonato Pinheiro. A dirigente, no entanto, prevê a paralisação total se o governo estadual não se mostrar disposto a negociar.

5) Também gostei muito do posicionamento, como sempre digno e corajoso, do professor Venício Lima.

6) Por fim reproduzo artigo, lúcido como de praxe, de Marcos Coimbra, publicado hoje no Correio Braziliense. Nele, Coimbra questiona a viabilidade da candidatura Ciro Gomes e observa que será vão, por parte de alguns candidatos, tentarem empunhar a bandeira da continuidade quando esta bandeira já tem dono: Dilma.

Sobre Ciro, vale alguns comentários. Me parece que o deputado perdeu o timing. Não acreditando talvez no potencial de Dilma como candidata, Ciro deixou-se levar pela visibilidade fácil que a mídia lhe dá sempre que critica o PT. Deixou passar ainda a oportunidade de se lançar por São Paulo, firmando pé no estado mais poderoso do país. No entanto, respeito a escolha de Ciro. Provavelmente ele não se entende com a turma do PT-SP, que é osso duro mesmo. A impressão que eu tenho é que Ciro não quer deixar Serra em paz. Se for o caso, talvez seja interessante que permaneça na campanha presidencial. Poderá desempenhar um papel mais agressivo que Dilma nos ataques ao que a oposição representa. Se chances de vitória e sem grandes perspectivas de arrecadação, Ciro terá muito mais liberdade que Dilma para encarar de frente a luta ideológica. Por outro lado, também seria uma sinalização extremamente positiva, para ele e para o país, se declarasse apoio à Dilma e se incorporasse à luta eleitoral a seu lado. Teria um significado político relevante, e demonstraria coerência com o apoio que Ciro presta ao presidente Lula.


Continuidade e mudança

Marcos Coimbra
Sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

Pelo que afirmam Serra, Ciro e Marina, nenhum deles, ganhando, mudaria as coisas que dão certo, o que não quer dizer nada para o eleitor.

Depois que concedeu sua entrevista-revelação, o governador José Serra entrou em campo. Deixemos de lado a discussão de por que resolveu fazê-lo de forma tão estranha, creditando sua escolha ao pendor que demonstra ter pelo inusitado. Das muitas coisas extraordinárias que fez nesta campanha e das muitas que, provavelmente, fará até a eleição, foi apenas mais uma.

Com ela, salvo algo ainda mais esquisito, só resta uma dúvida a respeito do cardápio que o sistema político vai apresentar aos eleitores em 3 de outubro. Terá Ciro Gomes gás para manter sua candidatura? Conseguirá atrair apoios fora do PSB para aumentar seu tempo de televisão? As chances não são grandes, considerando o realismo com que se movimentam as siglas ainda não comprometidas. O mais provável é que acabem por preferir um dos polos principais.

Se ele e Marina ficarem no páreo, a hipótese de uma decisão no primeiro turno se reduz muito. Mesmo com pouca televisão, a soma de seus votos deverá ficar, no mínimo, em torno de 15% (pelo que dizem as pesquisas atuais), aos quais se deve acrescentar algo perto de 3% , que é uma estimativa razoável do que farão os vários nanicos que se animam a concorrer. Nem Dilma nem Serra, mesmo nos sonhos mais otimistas, imaginam que terão vantagem tão grande, maior que 20 pontos percentuais, sobre o outro.

Sem Ciro, a possibilidade aumenta. É bom lembrar que o deputado é a primeira opção de quem só conhece dois candidatos, ele e o governador de São Paulo. Muitos de seus eleitores poderão, portanto, se interessar por outras possibilidades, à medida que as conhecerem na campanha. Dilma, principalmente, mas também Marina, vão receber parte expressiva do voto que ficará órfão se ele não garantir a candidatura. Hoje, esse voto tende a ir quase todo para Serra.

Não importa tanto, porém, se o desfecho se dará no começo ou no fimde outubro. Passa-se o tempo e o que permanece é quem ganhou, independentemente de ter sido em uma consagradora vitória no primeiro turno ou em uma disputa apertada no segundo. Para o que Lula é hoje, faz alguma diferença ele ter tido que enfrentar Alckmin duas vezes em 2006? Seria ele maior se tivesse vencido de uma vez?

O fato é que será nossa primeira eleição presidencial com um ingrediente que, na democracia, é inteiramente habitual: uma candidatura que se apresenta com a bandeira da continuidade, que promete que vai manter tudo o que faz o governo. Isso, no Brasil, já énormal nos estados e nos municípios, mas ainda não aconteceu em uma eleição de presidente da República excluídos os casos de reeleição,que são bem diferentes). E não é por acaso, pois é a primeira vez que um governo chega ao fim melhor do que começou, com um nível de aprovação popular que é mais que o dobro das expectativas positivas que reunia quando era apenas uma promessa, lá em 2002.

Na política, como em outras coisas da vida, quem ocupa uma posição limita as possibilidades de quem vem a seguir. Dilma encarna a continuidade com naturalidade (pois fez e faz parte do governo) e legitimidade, que lhe é assegurada pela única pessoa em condição de fazê-lo: Lula. Se o governo é dele, cabe a ele (e só a ele) dizer quem o simboliza na eleição. Ninguém pode se apresentar como continuidade sem seu endosso.

Só resta aos outros concorrentes um lugar igualmente nítido: o da descontinuidade, ou seja, da mudança. Ainda que nenhum candidato (fora Dilma) queira, a eleição vai se tornar, mais cedo ou mais tarde, um confronto entre continuidade e mudança.

Pelo que afirmam Serra, Ciro e Marina, nenhum deles, ganhando, mudaria as coisas que dão certo, o que não quer dizer nada para o eleitor. Segundo as pesquisas, o que a maioria deseja não é uma promessa tão óbvia, mas algo mais concreto: a continuidade mesmo, a que querem as pessoas que se encontram satisfeitas com a situação que vivem.

Quando estão insatisfeitos, os eleitores querem mudança e a procuram nas diversas formas que pode assumir, no centro, na direita ou na esquerda, de acordo com suas convicções. A mudança tem vários rostos.

A continuidade, ao contrário, é uma só. Para os que a preferem, basta saber quem a representa.

4 comentarios

Globo no M.A.R. Clique aqui disse...

Agora eu gostei...você fazendo clipping da nossa blogosfera...prá que gastar tempo ou dinheiro com aquele lixo.

Deixemes eles morrerem à míngua.

( )de inanição

Por outro lado sinto que não podemos deixar quieta a turminha do Instituto Millenium.

Seremos formiguinhas a picar sem para o pé do dinossauro.

Mas não podemos abaixar a guarda.

Não nos iludamos. O povo precisa ficar sabendo da imprensa que tem, e olhe lá que coisas piores estão por vir.Lembro-me que Brizola sofreu uma campanha idêntica por parte da Globo, sendo que o mesmo foi derrotado.A velha mídia, os jornais e as TVS, por sinal estas concessionárias de serviço publico são obrigados a respeitar a Lei.O MPF precisa entrar em campo, sob pena de sofrermos um retrocesso e a nossa democracia ir pro beleléu.Pois é o que ocorrerá se continuar esta imprensa que não respeita a Lei e não aceita qualquer mudança no sentido da alteração deste quadro de mentiras e justiças.E olhe lá que a campanha nem começou,,,mentiras e trapaças estão sendo preparadas no forno para virem a público tão logo Serra se declare candidato,,,,estas aves de rapina da laia de FHC..eles querem voltar a de qualquer jeito...claro, pois está em jogo um Brasil arrumado, tdo de bom, as reservas do pré-sal que eles querem doar aos amigos assim como doaram a Vale, isto para ficarmos somente nestes exemplo do quanto este bando de salafrários dilapidou este País por séculos e séculos.

Antonio L Teixeira disse...

"..Ciro terá muito mais liberdade que Dilma para encarar de frente a luta ideológica"
O problema Miguel é saber qual é a sua ideologia (dele, Ciro). Você sabe?

Anônimo disse...

Antônio, a ideologia do Ciro não é a do estado nem a do estado mínimo mas a do estado necessário. Ele disse isso na entrevista que deu à Folha.
Agora me pergunto. Necessário do ponto de vista de quem? Para um burguês o estado necessário é o estado mínimo para o povão e máximo para eles burgueses.
Por isso continuo com a ideologia do estado máximo para os desvalidos. É assim na Europa, em qualquer parte do mundo. Não inventa, Ciro!!!

Andre Rezende

RLocatelli Digital disse...

Ciro não tem um nicho para ele. Ou critica o PT e agarra o nicho de centro-direita ou se diz um aliado do Governo e ataca o nicho de Dilma. Ah, se o Ciro aceitasse concorrer ao Governo de São Paulo, seria o melhor dos mundos...

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