20 de maio de 2010

A luta pela paz sempre vale a pena

Comentário fastfood sobre as repercussões do imbróglio persa na mídia desta quinta-feira.

Na famigerada trinca, as opiniões já refluíram do antinacionalismo com o qual flertaram na véspera. Os mesquinhos que festejaram a reação agressiva de Hillary Clinton, como Arnaldo Jabor, William Waack e a tucanada entreguista de modo geral, constataram que o pouco de patriotismo que existe no Brasil, inflamou-se. Qualquer tentativa de desqualificar a corajosa diplomacia brasileira pode causar efeitos eleitorais muito negativos.

O Globo amanheceu cheio de cravos e ferraduras. Na capa, um título maroto:


A perguntinha, no entanto, é respondida no próprio texto sob o título, onde se menciona o "passo diplomático mais audacioso dado até agora pelo Brasil". A insinuação de que o Brasil, para obter uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, precisaria se alinhar aos UEA, é ofensiva à integridade moral do país. O CS da ONU deve ser ampliado justamente para que opiniões divergentes das do EUA possam, democraticamente, se fazer valer nas grandes discussões.

O pasquim de Ali Kamel viu-se forçado a publicar, na edição impressa, além dos hariovaldos de sempre, cartinhas como essa:


E publicar entrevistas como essa, com um especialista em relações internacionais, que defende o Brasil e ataca as potências ocidentais. Um trecho:

É ridículo tratar de ingênuos dois países que tentam restabelecer o diálogo com o Irã. O que querem exatamente os diplomatas ocidentais? Tenho a impressão de que alguns países não querem solucionar a crise.

Os editorialistas da big press observaram que, lá fora, a admiração por Lula só aumentou. Mesmo os críticos do Irã escreveram com admiração pelo papel desempenhado pela diplomacia brasileira. Reconhece-se em toda parte que o Brasil lutou valentemente em favor da paz mundial. Além da questão nuclear, o esforço brasileiro teve o mérito de sinalizar, de uma maneira bastante concreta para o Brasil e para todos os emergentes, a nova configuração geopolítica do mundo.

A questão serviu ainda para fazer o Jornal do Brasil romper o cordão umbilical que o fazia parecer um rebento  mal formado do Globo, e adotar uma linha independente e nacionalista:

(Capa da edição desta quarta-feira dia 19 de maio de 2010).

Ótimo sinal. O Rio precisa de um contraponto ao Globo. O JB vem se recusando a fazer isso. Se ele tomar coragem de fazê-lo, pode ter um bom futuro como jornal de opinião na segunda maior cidade do Brasil.

*

Até o amargurado Clovis Rossi resolveu defender a iniciativa diplomática de Lula:

Quem estimulou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a dialogar com os iranianos foi ninguém menos que Barack Obama.

6 comentarios

boto - ssa disse...

pois é, miguel.

o que nossa imprensa não percebeu (ou não quer perceber) é que o sapo barbudo exportou o sindicalismo brasileiro.

quer negociar? estabeleça primeiro um palanque forte, exerça pressão no outro lado, para só depois botar as cartas na mesa. Não adianta apenas chiar enquanto não houver uma alternativa, uma força razoavelmente organizada para se contrapor ao poder dominante.

foi o que aconteceu com o G7. os demais países não tinham vez. as grandes questões globais eram decidias ali, a portas fechadas. que fazer, então? cria-se o G20, passa-se a pressionar o G7 até que se viabilize um diálogo, e não uma mera subordinação. hoje, o G7 perdeu sua relevância.

agora, com os integrantes permanentes do Conselho de Segurança da ONU (com poder de veto) é a mesma coisa. Por que eles deveriam ser maiores que a assembleia geral? por que HOJE não contemplar a Alemanha? E o Brasil?

assim, criam-se relevantes movimentos diplomáticos, multilaterais, para fomentar contrapontos. compras de caças franceses (melhores do ponto de vista técnico e também do ideológico), firmar acordos nucleares com a alemanha, mediar processos de paz em regiões conturbadas etc. só depois de se criar um "global player" (cujos representantes não tiram os sapatos) é que se pode botar as cartas na mesa, em igualdade de condições.

o sapo barbudo não blefou. ele tinha um par de ases nas mãos, botou as cartas na mesa e ganhou a rodada. resta-nos aguardar a próxima movimentação.

alex disse...

Que saudades do JB. Que saudades de ler um jornal decente. Bem que o JB poderia assumir este papel, né Miguel?

Lino disse...

As “armas nucleares” iranianas, a ingenuidade do presidente brasileiro e a elite jaboriana.

Ingenuidade é achar que problemas internacionais dessa magnitude sejam resolvidos em um único acordo. Muitos acordos já aconteceram no caso dos Sionistas x Palestinos protagonizados por diferentes lideranças mundiais ao longo de tanto tempo e a questão central da ocupação sionista de territórios palestinos continua longe de ser solucionada.

Achar que o presidente Lula chegaria a Teerã e que em poucas horas resolveria o problema da ânsia desesperada dos americanos por ocupar toda aquela região do oriente médio afim de se apropriar das reservas pretolíferas, como o tem feito ao longo do tempo, isso sim é ingenuidade ou má fé.

O que Lula fez foi, como presidente de um país membro transitório do conselho de segurança da ONU, demonstrar para o mundo que a questão das "armas nucleares" iranianas é só um pano de fundo para que americanos pratiquem atos como aqueles praticados no Iraque onde não se encontrou nenhuma arma de destruição em massa e como o já tinham feito no Afeganistão a titulo de prender o Osama Bin Laden que continua solto e morando, talvez, em Washington.

Como brasileiro, espanta-me que pessoas dessa nossa elite desinformada, ou que se informa por meio da velha mídia, regozijem-se com a decisão dos americanos de ignorar o acordo e insistir em sanções contra o Irã.

Festejam com isso um pretenso fracasso do presidente do Brasil e um ato autoritário de um país supostamente baluarte da democracia. Demonstrando nitidamente como é a cabeça dessas pessoas colonizadas e "pequenininhas" que torcem contra qualquer tentativa de valorização do nosso país para que elas possam, com um país desvalorizado como aconteceu em reinado recente, vendê-lo ao preço de bananas aos seus suseranos.

http://is.gd/chJos

Anônimo disse...

O mundo mudou. Antigamente importávamos geladeiras do EUA. Ai do pais da America do Sul que tentasse manter relações diplomática fora das asas dos Americanos! Veja como o Brasil evoluiu. Compramos e vendemos para quem quisermos e mantemos relações com quem queremos. O mundo mudou e muito!

Anônimo disse...

No fundo o Presidente dos EUA, Barack Obama não quer saber de guerra nenhuma. Sua formação religiosa é outra, ele é um pacifista. Ele, mais a Russia e a China incentivaram o Presidente Lula como bom negociador ir a Teran para negociar. Tanto isto é verdade vide a visita do Presidente da Rússia e da China recentemente aqui no Brasil. Quem quer a Guerra são os belcistas Americanos e Israel.

Fernando disse...

A sra. Hillary, que defende os interesses do complexo industrial-militar dos EU.é quem quer a guerra contra o Irã. Ela mente quando diz que Rússia e China não aprovaram o acordo de Teerã. Ela vai propor sanções mais duras contra os iranianos. É uma cascavel debaixo da cama do Obama.

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