13 de maio de 2010

Cadê o isolamento?

A mídia se apressou a dar grande importância a uma ou outra manifestação contra o presidente Lula por conta de sua visita ao Irã. Colunistas deitaram a falar que Lula estaria "se isolando". O Merval Pereira chegou a decretar o fim da lua-de-mel da imprensa internacional e das grandes lideranças mundiais com nosso torneiro mecânico. Olha o que disse Merval há poucos dias:

(...) agora que parece que sua carreira internacional [de Lula], com a aproximação com o Irã e tropeços em relação aos direitos humanos, já não tem aquela mesma perspectiva exitosa anteriormente avistada por seus assessores.

E agora estão sendo obrigados a engolir mais um sapo barbudo. Hillary Clinton declarou, segundo o Globo, que os Estados Unidos irão esperar a conversa de Ahmadinejad com Lula antes de defender sanções contra o país. A Rússia, que a nossa mídia jurava ser a favor das sanções, agora defende a mediação. Confira o que, segundo o Estadão, disseram os russos:

O presidente russo, Dmitry Medvedev, disse nesta quarta-feira que a proposta de troca de combustível com o Irã que a Turquia e o Brasil estão tentando retomar seria uma possível forma de resolver o impasse sobre o programa nuclear da República Islâmica.

Até Sarkozy, presidente francês de direita, que é o mais hipócrita de todos, visto que a França é a maior potência nuclear (falo de energia, não de armas) da Europa, quiçá do mundo, afirmou que vê chance de evitar sanções ao Irã.

Ou seja, a viagem de Lula já é um grande sucesso para a paz, para a diplomacia brasileira, vista como peça importante na geopolítica internacional, e para Lula, pessoalmente, cuja aposta no diálogo foi ridicularizada pela oposição no Brasil. José Serra, em entrevista recente, disse que não via razão para Lula viajar ao Irã. "Torcia" para dar certo, mas não via o porquê. O Nosferatu não tem visão nem tamanho para governar o novo Brasil.

Alguém deveria ler para o Serra os Princípios Fundamentais de nossa política externa presentes na Constituição Brasileira:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

1) O serrismo não quer a "comunidade latino-americana de nações" que, segundo a Constituição Brasileira, o Brasil deve buscar.

2) O serrismo, ao criticar os esforços de Lula para que as potências ocidentais não coloquem o Irã contra a parede, não quer a "cooperação entre os povos" e não faz a "defesa da paz".

*

Abaixo, a notícia publicada no Globo de hoje sobre Lula no Irã:

Sarkozy vê chance em encontro de Lula

Presidente francês liga para brasileiro, e Rússia também defende mediação com Irã
Maria Lima e Eliane Oliveira

BRASÍLIA. Um dos defensores de sanções contra o Irã, devido à política nuclear do país, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, telefonou ontem para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conversar sobre o encontro entre o brasileiro e o líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad, neste domingo, em Teerã. A ligação foi um dos sinais positivos à mediação brasileira recebidos ontem, depois de o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, dizer que a proposta de troca de combustível nuclear que a Turquia e o Brasil tentam reviver pode ser uma saída para o impasse sobre o programa iraniano.

Segundo o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, Sarkozy afirmou que confia na missão que o presidente brasileiro vai desenvolver no Oriente Médio.

Na conversa com o presidente Lula, o presidente Sarkozy disse que o encontro com Ahmadinejad é a grande chance para um entendimento, e evitar que seja necessária a adoção de sanções contra o Irã. Ele disse que tem toda a confiança na capacidade do presidente Lula de desenvolver esse entendimento contou.

A ligação veio dias após o chanceler francês, Bernard Kouchner, dizer que o Irã iria embromar Lula. Ontem, a Rússia também apoiou a mediação brasileira.

Se tal tipo de proposta (a troca de combustível nuclear) for apoiada por todos os participantes do processo, não seria má solução disse Medvedev.

Em entrevista a um jornal do SBT, o presidente Lula disse que pretende tirar do Irã o compromisso de não desenvolver armas nucleares: Eu vou lá para tirar. Se não tirar, eu não tenho outro compromisso com o Irã além de tentar convencer o Irã de que a paz é melhor do que a guerra.

O chanceler Celso Amorim também manteve contato com autoridades estrangeiras sobre o encontro. Na terçafeira, ele conversou por telefone com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton. Segundo uma fonte, Hillary teria reafirmado a disposição de aguardar um relato sobre a reunião, o que significa que os EUA esperarão um pouco antes de defender sanções. Amorim também falou com o chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki. Com o Irã pressionado pela comunidade internacional, Ahmadinejad lançou mais uma declaração desafiadora.

O presidente iraniano afirmou que propagandas não forçarão o país a recuar e que possíveis sanções a serem adotadas pela ONU não valerão um centavo.

*

O Estadão teve que engolir o sapo em público, na porta de casa, quer dizer, na capa do jornal:

1 comentário

Antonio Aguiar disse...

Elogiar o presidente lula ,é chover no molhado ;
a expectativa agora é sôbre a eleição que se avizinha , na qual espero a consequente indicação da sra. Dilma e a continuidade de tantos benefícios à população brasileira.

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