20 de maio de 2010

Redentor abraça Dilma; Cabral amplia vantagem

Os fluminenses não parecem dispostos a oferecer seus bronzeados pescoços à sanha de tucanos chirópteros. Segundo o Vox Populi, Dilma Rousseff atingiu 38% das intenções de voto no Rio de Janeiro. Em janeiro, ela tinha apenas 28%. O tucano, por sua vez, perdeu 8 pontos, marcando 24%. A verde permanece estacionada em 12%.


3 - INTENÇÃO DE VOTO ESTIMULADA
3.2 - CENÁRIO 2



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Este é o cenário 2, apenas com os três principais. No cenário 1, com todos os candidatos prováveis, Dilma tem 35%, Serra 22% e Marina 11%.

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No conjunto da pesquisa, Dilma Rousseff desfruta de uma situação confortável, gozando de uma liderança quase isolada. Na espontânea, desponta com 16%, à frente de Lula, com 10% e de Serra, com 7%. Ela e Lula somados totalizam 26% dos votos, uma distância de 19 pontos de seu principal adversário. E olhe que Serra é mais conhecido que ela no Rio: apenas 2% dos entrevistados afirmaram não conhecer o tucano; 8% admitiram a mesma coisa em relação à Dilma.

Merval Pereira já pode se refugiar em alguma pensão para artistas aposentados. Suas ficções perderam a verossimilhança. O carisma de Dilma é um fato comprovado estatísticamente: 49% dos entrevistados disseram ter imagem positiva da petista. Apenas 32% disseram o mesmo de Serra, e 39%, de Marina. Olhando para o outro lado, o Vox apurou que o candidato-chiróptero é campeão em imagem negativa, com 27% dos votos; também aí Dilma está bem na fita, com apenas 16% de imagem negativa, atrás da suave Marina Silva, com 22%.


Isso na tabela agregada. Na tabela com mais opções, Dilma marca uma liderança isolada no quesito "Muito positiva", com 14%, contra apenas 5% de Serra e 8% de Marina.

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Vamos analisar a popularidade de cada candidato na tabela segmentada por gênero, faixa etária, e renda. Como a tabela é grande, eu a desmembrei em duas. Comento abaixo.



É notável o senso político do eleitor. Os pobres já identificaram Dilma como a candidata mais confiável: 54% das pessoas com renda familiar até 1 salário tem imagem positiva da petista, contra 28% que acham o mesmo de Serra. A imagem negativa do tucano junto aos barnabés explodiu para 22%, contra somente 6% de Dilma. 

Agora um dado curioso. Ao contrário de São Paulo e Minas, onde os tucanos desfrutam de sólida popularidade entre os abastados, aqui no Rio acontece o contrário. Os ricos do Rio não gostam de Serra: 42% dos que ganham mais de 10 mil por mês informaram que tem imagem negativa do governador de São Paulo.



O que mais chama a atenção na performance de Dilma no Rio de Janeiro é sua forte popularidade entre os jovens.  A petista é avaliada positivamente por 59% dos jovens entre 16 e 24 anos, contra 29% de Serra, e 28% de Marina. O chiróptero, por outro lado, é mal visto entre a garotada: 20% tem imagem negativa dele, índice que escorrega para 12% em Dilma. A imagem negativa de Marina junto aos guris é a campeã: 24%.

Mas Dilma lidera o ranking de popularidade em todas as faixas etárias.

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Outra tabela que poderá causar perda acentuada de penas:

Dentre estes candidatos, existe algum em quem você não votaria de jeito nenhum para Presidente? (Se sim) Qual?

Existem duas formas de rejeição: uma é aquela do candidato não conhecido, e tende a cair à medida que o grau de conhecimento da população sobre a pessoa vai aumentando; outra é a do candidato já amplamente conhecido, como é o caso de Serra, e só aumenta quando cresce a percepção de que ele representa idéias e projetos os quais você não aprova. Segundo o Vox, o tucano lidera isoladamente o ranking de rejeição no Rio, com 26% dos entrevistados afirmando que não votariam nele "de jeito nenhum". Marina vem em segundo (o caso dela inscreve-se no exemplo do candidato não conhecido). Dilma em terceiro.

Tenho notado que, assim como existe um antipetismo, muito forte em determinadas classes e, sobretudo, em determinados setores da imprensa, há também um sólido antitucanismo na população, o que ficou bastante claro na pesquisa nacional do Sensus, mostrando a incrível rejeição de Fernando Henrique Cardoso, o qual consegue a proeza de, mais de sete anos longe do governo, conseguir aumentá-la (a rejeição).

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E, dado importante, cresceu também a confiança na vitória de Dilma.

Qual destes candidatos, na sua opinião, tem mais chance de ganhar as eleições para Presidente, mesmo que você não vote nele(a)?


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Se o Presidente Lula apoiar um candidato a Presidente e pedir para as pessoas votarem nele, você diria que:

Na tabela acima, eu destaco a queda do percentual de pessoas que afirmavam que "não votaria no candidato apoiado" por Lula, para 10%, contra 13% em janeiro.

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Pelo que você sabe ou já ouviu dizer qual destes é o(a) candidato(a) a Presidente da República que tem o apoio do Presidente Lula?




Temos aí um baixo grau de confusão. Em Minas, 6% acham que Serra é o candidato de Lula. Mas há muita gente ainda, 26%, que não sabe quem Lula apóia. Como esse desconhecimento deve cair ao longo da campanha, abrem-se boas perspectivas para o crescimento de Dilma.

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As projeções para o segundo turno também apontam larga vantagem para Dilma Rousseff. Serra perdeu 10 pontos nos últimos três meses. Dilma ganhou 8.

Se houver segundo turno na eleição para Presidente e os candidatos forem Dilma Rousseff e José Serra, em quem você votará?


Observemos as intenções de voto, ainda no segundo turno, segmentadas:


Essa é uma tabela importante, sobre a qual faço as seguintes observações:

  1. Entre os que ganham acima de 10 salários, Dilma herda a maior parte dos votos de Marina. No primeiro turno, 14% deste segmento vota em Marina e 21% em Serra.
  2. O andar de cima carioca, definitivamente, "dilmou"; a vantagem da petista sobre seu adversário é enorme entre as duas faixas de renda superiores da pesquisa. Não há, no entanto, clivagem classista no Rio de Janeiro, diferentemente do que acontece em Minas e SP. Serra empata com Dilma entre os barnabés (até 1 salário), mas perde feio nos segmentos seguintes. 
  3. A questão do gênero, assim como em Minas, já se normalizou para Dilma. Ela tem votos equilibrados entre homens e mulheres. Serra é que, curiosamente, aparece fraco entre o público feminino fluminense

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Agora um pouco da campanha para governador no Rio. Sérgio Cabral mantém posição estável e firme nas espontâneas. Seus adversários ainda não apresentam performance relevante. Gabeira, depois de meses aparecendo nos jornais como candidato, tem apenas 4% na espontânea.


III - ELEIÇÃO PARA GOVERNADOR (2010)
1 - INTENÇÃO DE VOTO ESPONTÂNEA
Se a eleição para Governador do Rio de Janeiro fosse hoje, em quem você votaria?





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2 - INTENÇÃO DE VOTO ESTIMULADA
Se a eleição para Governador do Rio de Janeiro fosse hoje e os candidatos fossem estes, em quem você votaria?



Sérgio Cabral, aliado de primeira hora de Dilma Rousseff, mantém uma liderança firme na pesquisa estimulada. Gabeira também avança. Vamos ver agora como é esta situação por faixa etária:


Gabeira tem um eleitorado excessivamente concentrado entre os jovens com até 24 anos. O voto jovem é positivo, mas no caso de Gabeira, nota-se que se trata quase de um voto de rebeldia adolescente e tem sua contrapartida negativa naquele que é o grupo mais representativo (numericamente) no estado do Rio: os eleitores com mais de 50 anos, onde Gabeira tem um desempenho pífio (14%). Além dos mais, o voto "jovem" de Gabeira termina aos 24 anos. Na faixa etária seguinte, 25 a 29 anos, jovem também, o governador Sérgio Cabral tem sua principal perfomance, com 46%, contra 19% de Gabeira. Com isso, depreende-se que a força de Gabeira se dá sobretudo entre estudantes, ou eleitores ainda fora do mercado de trabalho. A imagem do candidato "maconheiro" e portanto "rebelde" causa muito impacto na garotada (embora não suficiente para fazer Gabeira ultrapassar Cabral, que mesmo nessa faixa tem desempenho superior).

Vejamos agora por faixa de renda:


Aí temos uma situação bem clara. A força de Gabeira está concentrada nas classes mais abastadas, e sobretudo na capital. Nas últimas eleições municipais, o verde obteve um percentual muito alto, beirando ao consenso, em certas áreas da zona sul carioca. Mas Cabral também é forte aí e os dois empatam. Garotinho concentra seus votos entre os barnabés (até 1 salário), onde tem 30%. Nos segmentos seguintes, sua força declina substancialmente. 

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3 - REJEIÇÃO
Dentre estes candidatos, existe algum em quem você não votaria de jeito nenhum para Governador do seu Estado? (Se sim) Qual?




A forte rejeição de Garotinho (35%) aconselha Dilma a manter uma certa distância dele. Além do mais, seu eleitorado concentra-se de forma excessiva entre os que ganham até 1 salário, segmento com o qual a petista não deverá enfrentar grandes problemas, em função do apoio de Lula e do confortável tempo de tv que terá a sua disposição. Chama a atenção também a rejeição de 23% dos entrevistados a Gabeira, e a baixíssima rejeição de Cabral, o que é fruto, seguramente, de sua habilidade ímpar de não brigar com ninguém.

A rejeição por segmento não apresenta grandes surpresas. Garotinho tem rejeição de 40% entre os que possuem curso superior. Gabeira tem baixa rejeição entre os ricos (10%). Nada que fuja ao óbvio.

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Qual destes candidatos, na sua opinião, tem mais chance de ganhar as eleições para Governador, mesmo que você não vote nele(a)?



Impressiona a consolidação do clima de vitória que cerca o governador. 53% é muita coisa. Isso facilitará muito, naturalmente, o estabelecimento de alianças com prefeitos e partidos políticos. 

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A avaliação de Lula no Rio de Janeiro melhorou. 

V - AVALIAÇÃO GERAL DO GOVERNO FEDERAL
De uma maneira geral, como você avalia o desempenho do Presidente Lula à frente do governo federal? 



Reparem que a avaliação positiva cresceu de 60% em agosto do ano passado para 68% em maio de 2010; e a negativa caiu de 8% para 4%.

Vejamos por faixa de renda:


Interessante notar que, mesmo nas classes altas, apenas 6% tem avaliação negativa do presidente. A variação  se dá principalmente no item Regular.

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Quanto ao governador, também apresenta bons índices de aprovação. Não chega a ser um Lula, mas aí também é covardia.

De uma maneira geral, como você avalia o desempenho do Governador [do Rio de Janeiro] à frente do governo?



Por faixa de renda, contudo, vemos que a elite carioca não tem a mesma boa vontade. A popularidade de Cabral é concentrada mais nos pobres:


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FIM!

4 comentarios

alex disse...

Que análise maravilhosa, Miguel.
Parabens e obrig

Anônimo disse...

Comentário bom.
Outra das coisas que percebi foi a diferença no voto feminino. Eu não tenho tempo para fazer o comentário. Mas, acho que para você será um bom filão.

Unknown disse...

Grande trabalho Miguel.
Obrigado!!
Mantenha a toada.
Abraços
Ricardo Athias

Anônimo disse...

Ei....vc tirou um post, o que ocorreu sobre um amigo e que não ia mais publicar comentários, deu pra trás????

Sempre acompanho seu blog, não dê uma de folha provinciana..hehehehehe...

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