3 de abril de 2010

Mais um exercício de contra-informação



Eu estava errado ao tratar o tema de maneira tão blasé. Pesquisas de intenção de voto são fatos políticos poderosos. Por isso mesmo é danoso para o bom funcionamento da sociedade democrática que elas sejam fatores de instabilidade e manipulação. Não é apenas o risco de fraude. A pesquisa até pode ser honesta. O nocivo é essa atmosfera de desconfiança. Se está provado que pesquisa eleitoral é importante, deve-se regulamentar a atividade. Na reforma política que se espera em 2011 ou 2012, com Dilma ou Serra, um bom capítulo de lei poderia ampliar a liberdade na área de pesquisa eleitoral, para que outras empresas no Brasil possam aproveitar essa função política, e não apenas as três ou quatro de sempre.

Digo isso porque o assunto precisa ser mais discutido. Podem até não mudar nada. Às vezes eu penso que talvez o melhor é não mudar nada, ou mudar bem pouco; apenas aprimorar o que existe. Os partidos tem horários gratuitos de televisão, recebem milhões de fundo partidário. O regime democrático brasileiro é um dos mais modernos do mundo. Se tentar melhorar demais, acaba estragando.

A população, como sempre, dá crédito a qualquer um disposto a ser transparente. Para isso deveriam servir os tribunais eleitorais, e não somente para aplicar multa no presidente.

Dito isso, informo que, de minha parte, valorizo imensamente qualquer pesquisa eleitoral. Mesmo as mais manipuladas. Todas tem enorme valor sociológico.

O último Datafolha trouxe números fortemente positivos para Dilma Rousseff, desde que se leia a pesquisa com olhos atentos para o conjunto e não apenas para a manchete dos jornais. A queda mostrada me pareceu apenas "estatística", ou seja, não vem acompanhada de outros dados que a corroborem. Dilma cresceu na espontânea, atingindo 12% e Lula conseguiu bater outro recorde olímpico no salto em altura da popularidade. Serra se distancia em terceiro lugar, com 8%. Aécio, Ciro e Marina aproximam-se de Zé Maria.

A queda de Dilma, portanto, é fantasmagórica. Pode ter acontecido, mas é, digamos, margem de erro. Se um instituto aumentar um pouquinho o número de pesquisas em Higienópolis e Leblon, por exemplo, o governador de São Paulo assistirá um salto espetacular.

Mas quando você olha para o conjunto dos números do Datafolha, não tem como tapar o sol com a peneira. Dilma continua crescendo. Está ficando mais conhecida e está conseguindo transmitir uma excelente imagem à opinião pública.

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