25 de junho de 2010

Seleções quase escaladas. A partida vai começar

Parece que Serra escolheu mesmo o vice. Será Alvaro Dias, senador tucano do Paraná. A opção teria se dado para atrair Osmar Dias, senador do PDT, para a oposição. Osmar, que é irmão de Álvaro, tem se equilibrado sobre o muro nas últimas semanas, flertando ora com o PSDB, ora com o PT. As forças que atraem Osmar para o tucanato são locais. O PSDB, sob a liderança do ultra bem avaliado prefeito Beto Richa, tem força no Paraná.

Por outro lado, a escolha de Álvaro Dias para o cargo de vice tem ares de derrota. Por várias razões:

  1. O Sul é a única região onde Serra supera Dilma, segundo a última pesquisa Ibope. Escolher um vice do Sul em vez de apostar em alguém que pudesse agregar votos em regiões nas quais Serra não vai bem, como Norte, Nordeste ou mesmo o Sudeste, parece-me fruto do medo de perder também esse derradeiro bastião. A estratégia é temerária porque essa não é a função de um vice e, não sendo suficiente, terá sido munição disperdiçada.
  2. A opção por uma chapa pura reflete o isolamento partidário do PSDB.  E passa recibo sobre a insignificância de seus próprios aliados, DEM e PPS, partidos satélites que sequer foram consultados na indicação de um vice. Tanto que já espocam focos de rebelião no DEM, conforme o Nassif detectou
  3. Cedeu-se a uma chantagem eleitoral explícita. Pior: uma chantagem familiar. Osmar Dias, um dos quadros políticos mais importantes do Paraná, deu sinais de que ficaria ao lado de Dilma Rousseff. Seu irmão, Álvaro Dias, espalhou aos quatro ventos que seu irmão Osmar só mudaria de ideia caso o vice fosse ele, Álvaro. Mas o próprio Osmar ficou quieto, e a situação permanece incerta. De qualquer maneira, Osmar emerge pequeno do episódio, pintado como um indeciso e/ou um oportunista. Aliando-se a Serra, posiciona-se contra seu próprio partido, desgastando-o violentamente junto à militância  e junto à direção nacional. Perde força, portanto. Serra escolheu um vice para ganhar o palanque de uma figura enfraquecida, dúbia, hesitante.
  4. Álvaro representa um dos setores mais atrasados do PSDB. Não tem bandeiras próprias. Articula e vota sempre em função de um oposicionismo vale-tudo. Sua escolha mostra que o tal pós-lulismo paz e amor foi mesmo enterrado. Serra decidiu encarnar o representante dos hidrófobos que odeiam Lula acima de qualquer coisa. Para derrubar Lula vale quebrar o Brasil, produzir uma nova guerra atômica no mundo, todas as armas são válidas. A baixaria vai aumentar.
  5. O único que pode realmente ganhar com a escolha de Álvaro Dias para vice é o tucano Beto Richa, fenômeno eleitoral de Curitiba. Serra ganha muito pouco. A opção Álvaro soa, portanto, como uma transferência de poder para Richa, que emerge como principal adversário de Aécio Neves na disputa para ser o candidato tucano de 2014.

3 comentarios

Esquemas Táticos disse...

Miguel, o pau tá quebrando. O DEM não aceita o vice do PSDB e o Caiado prega rompimento da aliança. Tá engraçado.

Edu disse...

Permita-me corrigir o item 5. Quem ganha com Alvaro como vice é Alvaro, jamais Beto Richa. Beto e Alvaro são rivais, e Alvaro quase foi a justiça para tentar anular a indicação de Beto como candidato a governador. Mesmo não indo, não deixou de fazer sua típica verborragia.

Miguel do Rosário disse...

Edu, mesmo assim. Alvaro é um decadente. O fortalecimento do palanque no Paraná fortalece Beto. Dá uma sobrevida à Alvaro também, mas nada que o salve do iminente ostracismo.

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