16 de julho de 2012
L'Amour Candango
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O céu, não. As nuvens simétricas, o teto azul do mundo em alta resolução. Poder, dinheiro. Idealismo? Trabalho duro, como sempre, mas com algumas compensações. Longas conversas sobre política, mídia e cinema, e seus bastidores. Não é o céu a parte mais bonita de Brasília, mas a cerveja ultragelada das festas socialistas, os clássicos beat na estante do diplomata, os filmes da noruega no festival internacional de cinema.
A musa da nouvelle vague continua doce e amorosa como Paris, e o Teatro Nacional ficou lotado: quase duas mil pessoas para ouvir a banda de Anna Karina e contemplar seus olhos tristes. Além, é claro, da chance de assistir a última xaropada revolucionária de Walter Salles.
Brasília é uma cidade austera, provinciana, desconfiada. Com potencial, todavia, de se tornar cosmopolita, liberal e sonhadora. Quando as cidades satélites e de Goiás se desenvolverem, e os festivais internacionais se consolidarem, a noite brasiliana libertar-se-á, altiva, feroz e sexy - como um animal da savana.
Mas ainda não está tão seco. A umidade relativa do ar vai piorar muito mais até meados de outubro, me disseram, e numa tarde amena é possível assistir, gratuitamente, aos clássicos de Godard ou, nos cinemas do Liberty Mall, ao existencialismo sombrio do cinema europeu independente.