30 de setembro de 2010

Baderna policial no Equador e rumores de golpe

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Rumores de golpe de Estado no Equador. Telesur está transmitindo ao vivo. Grupos da Força Aérea tomaram aeroportos, numa tentativa de Golpe de Estado. Situação ainda confusa.

Artigo do Wanderley no Valor de hoje, sobre eleições

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Reproduzo abaixo um artigo do brilhante cientista político Wanderley Guilherme dos Santos.


Do Valor Econômico

Repartição de renda faz sua última eleição.
Wanderley Guilherme dos Santos| Do Rio

30/09/2010

Registro dois óbitos iminentes: o da eficácia eleitoral da política de redistribuição de renda e o do poder desestabilizador da grande mídia. São movimentos dessa natureza que brazilianistas e a nova direita chic, os comunistas nostálgicos, não antecipam. Há quem acredite que nada mudou no Brasil desde a Primeira Missa. Outros, que mudou para pior desde a Primeira República. São ecos do passado, nutridos pela lerdeza real com que o país tem resolvido alguns problemas clássicos da modernidade. A urbanização custou a chegar, assim como a industrialização e a transformação da estrutura ocupacional. Argentina, Chile e Uruguai brilhavam com taxas européias de urbanização e alfabetização (nada de industrialização, é bem verdade) quando o mundo era campestre e a poesia e o romance, bucólicos. Em um par de décadas, contudo, a urbanização e a transformação ocupacional brasileiras bateram recordes históricos, deixando na rabeira não só a América do Sul, mas China, Índia e, em alguns aspectos, a Rússia, inventando ao longo da travessia um eleitorado de 136 milhões de votantes, indomável a qualquer elite leninista e, cada vez mais, insubmissa ao comando coronelista. A poda das oligarquias hereditárias ocorre de Norte a Sul do país. Por fim, descobriu-se uma classe média (próxima de 90 milhões de pessoas) quase do tamanho do Japão. Dezenas de milhões de "japoneses", digamos assim, falando português, mas com igual apetite consumista, invadiram as lojas de eletrodomésticos, de roupas, agências de viagens, aviões, hotéis e, até mesmo, as revendedoras de automóveis japoneses propriamente ditos. Não há nostalgia que suporte isso sem virar ressentimento. Mas, a contragosto, será nesse depósito que a história obrigará os conservadores a colher votos no futuro.

Do berço ao túmulo, a população brasileira passou a ser assistida por complexa rede de políticas sociais institucionalmente inéditas, em grande parte, e incomparáveis em sua cobertura. Multidões foram extraídas à miséria e à pobreza em prazo mínimo, se confrontado aos quase cem anos que o sistema social europeu exigiu para ser elaborado e implementado. Evidentemente, nossos séculos preguiçosos legaram tal espetáculo de carências que a profunda subversão de prioridades operada pela era Lula não está senão a meio caminho da empreitada em seus efeitos estruturais. Metas ainda por atingir, ocasionais gestões deficientes, equívocos de formulação inicial de alguns programas fazem parte da história real do período e comparecem na queda de braço das argumentações eleitorais. Mas não é nesse discurso ao tele-espectador que se encontra o coração da matéria.

Grande parte das políticas sociais em curso dispensa intermediários. Os atingidos têm acesso direto aos benefícios, extinguindo-se o pedágio de gratidão que deveriam pagar aos agentes executivos das ações distributivas. A fruição dos bens sociais a que têm direito independe de conexão com algum doador individualizado, subordinando-se tão somente ao vínculo formal com a apropriada agência de implementação. O funcionamento do sistema, naturalmente, claudica aqui e ali e a eficiência da máquina não é uniforme. Isso tende a melhorar. E tende a melhorar na exata medida em que os beneficiados deixam de aceitar o serviço ou o bem como favor (a cavalo dado não se olham os dentes) e a entendê-lo como obrigação do Estado. Nessa mesma medida o voto-gratidão ou se transforma em voto-confiança ou migra. Em breve a população brasileira sentirá a rede social em expansão (volume e qualidade) como estado da natureza, solo sobre o qual se desloca sem prévia licença de autoridade política a que deva lealdade. Certamente que o eleitorado, sobretudo o mais antigo, preserva um estoque de confiança nas lideranças que deram origem à re-fundação do pacto político original. Mas a simples lembrança daquele momento pode se tornar insuficiente para a renovação da confiança. E é assim que deve ser.

Nova classe média tende ao conservadorismo por entender que existem limites à mobilidade social ascendente

Parte considerável da nova classe média tende ao conservadorismo por entender com absoluta lucidez que existem limites à mobilidade social ascendente e que mudanças, dadas certas circunstâncias, serão, provavelmente, para pior. É sociológica e economicamente impossível que a totalidade das pessoas que alcançaram ou venham a alcançar em breve o topo salarial ou de posição em algum ramo do comércio, serviços ou ocupação industrial, se transfiram para um patamar acima na estratificação social, dando início a nova trajetória ascendente. A maioria das moças e rapazes que, recém alfabetizados ou saídos de escolas profissionalizantes, encontram vagas em abundância como atendentes, vendedoras, caixas, recepcionistas etc., irão se aposentar na mesma profissão ou em profissão aparentada. Algumas chegarão a supervisora ou gerente de filial; pouquíssimas a postos de direção. Grandes agregados sociais não costumam pular dois degraus na estratificação, independente da orientação dos governos e dos sociólogos de boa vontade. A ascensão inter-geracional é outra história. Em uma geração, porém, o jovem que se entusiasmava com o fervilhante trânsito social é o mesmo adulto maduro que, seguro em sua posição atual e aposentadoria próxima, teme promessas de solavancos sociais. O mais provável é que o solavanco o desaloje. Alguns chamam o fenômeno de "aversão ao risco", mas podemos chamá-lo, sem ofensa, de "potencial de votos conservadores". Em próximas eleições, o aceno da consolidação de conquistas feitas pode ser tão ou mais atraente do que prometida alvorada de grandes transformações.

E eis que o poder desestabilizador da grande mídia parece agônico. Poder que detinha menos em função do jornalismo político investigativo, exacerbado em períodos eleitorais, e mais pelas ilações que faz, os olhos que a liam e os ouvidos que as ouviam. Acusar a mídia de omitir informações, procede, com frequência, mas é trivial. Negar os resultados reais do jornalismo investigativo é tolo e inútil. O mesmo leitor que recusa o exagero aceita o fato comprovado. E o que importa, em primeiro lugar, são os fatos comprovados. Culpa cabe ao governo, ao atual, aos anteriores e a todos os que vierem depois, por entregarem seus eleitores e apoiadores aos embaraços de se verem expostos aos resultados de uma política negligente de recrutamento de pessoal para cargos de absoluta relevância e respeitabilidade. Não é aceitável, em nenhum governo, que ocupantes de cargos de confiança estejam a salvo para operar sem sistemático escrutínio da legalidade e lisura de seus atos. Os órgãos de segurança do governo devem ser responsabilizados pelas constantes provas de incompetência que vêm dando. Um aparato estatal oligárquico, historicamente destituído de capacidade operacional para implementar políticas de grande envergadura – por isso mesmo obrigado a recrutar rapidamente quadros capazes, mediante concursos e funções de confiança – está especialmente sujeito a ser penetrado por funcionários cuja idoneidade ainda está para ser comprovada. O cuidado com o funcionamento da engrenagem governamental deve ser permanente e habilidoso, antes que meramente burocrático. Não é o governo que se torna vulnerável. Isso pode passar. São os seus eleitores que se envergonham e gaguejam, pagando enorme preço em estima social pela confiança que depositaram em governantes, e que a transferiram à desonra. Por isso, não é a grande mídia a responsável. Ao contrário, deve-se ao jornalismo investigativo de boa fé a fiscalização que órgãos governamentais deixam escapar e que a desídia de uma oposição de nariz arrebitado não exercita.

Referia-me ao jornalismo investigativo de boa fé. As ilações editoriais pertencem a outro departamento. Fora da temperatura eleitoral, não há pessoa de bom senso suscetível à idéia de que o presidente Luiz Inácio, ou qualquer outro presidente normal, tenha montado um governo para saquear o país ou promover o nepotismo como política oficial. Não haveria recursos, tempo e sequer mão de obra para, ao mesmo tempo, reduzir espetacularmente a miséria, redistribuir renda e estimular o desenvolvimento econômico. A transferência de significado dos reais ilícitos administrativos para deliberadas intenções políticas se deve ao exercício do poder desestabilizador da grande mídia. Não consta de nenhuma apuração jornalística nem faz qualquer sentido no contexto geral das eleições. Mas é recorrente no Brasil. Assim aconteceu em 1950, 1954, 1960, 1964, no século passado, e em 2002 e 2006, no atual. Ao contrário de épocas pretéritas, todavia, suspeito que esse poder desestabilizador agoniza e, por isso, esperneia.

Tudo começou, creio, com a decisão do então presidente Fernando Henrique Cardoso de criar o Ministério da Defesa, entregando seu comando a um civil. O grande economista Inácio Rangel sorriria ao verificar que, mais uma vez, teria que ser um membro da elite a tomar medidas bastante ousadas. Fernando Henrique, candidato preferencial que fora da oficialidade militar, fez, sem susto, o que Lula, certamente, não teria condições de fazer, à época. Firmou-se constitucional precedente e a sucessão de ministros naturalizou a condição civil do cargo. Despreocupado com problemas de soberania, contudo, Fernando Henrique levou as Forças Armadas à mesma dieta do resto do funcionalismo público e das instituições do Estado, fazendo-as raquíticas, quando não as esfacelando. Outra vez, coube agora ao ex-espantalho Lula, comprometido com a recuperação do povo e da soberania nacional, re-incorporar as Forças Armadas à sociedade e integrá-las em projeto comum. Hoje, nem o Exército nem as demais forças militares estão em busca de identidade, como diria o sociólogo Edmundo Campos, distinta da identidade dos demais segmentos do país. Não obstante resquícios de privilégios, preconceitos e temores herdados de passado nem tão remoto, o entendimento entre as instituições civis e militares se manifesta na total discrição e profissionalismo com que os responsáveis pelos comandos armados têm agido de tempos para cá. Na verdade, o que está fugindo ao poder desestabilizador da grande mídia são os olhos e ouvidos militares. Ela nunca interpretou, fora raros momentos, o sentimento da maioria da população, valham as sucessivas derrotas de seus candidatos como recibo da afirmativa. Mas vociferava aboletada em tanques. Hoje, resta-lhe o potencial para assassinatos de caráter – algo ainda terrivelmente assustador. Tímidas tentativas de se aconchegarem aos bivaques, entretanto, diria o marechal Castelo Branco, têm sido apenas patéticas.

A influência dos meios de comunicação nos processos eleitorais é inteiramente normal em democracias. Inevitável, ademais. Perigoso é quando, além da malícia retórica, o poder desestabilizador busca se realizar, irresponsável, pela mão de terceiros. Isso, parece, está fora de cogitação. A propósito, em 2012 o opúsculo "Quem Dará o Golpe no Brasil?" completará cinquenta aninhos.

E para não dizer que não falei de flores: o poder desestabilizador se concentra, hoje, nesse fóssil institucional que é a Justiça Eleitoral.

Wanderley Guilherme dos Santos integra a Academia Brasileira de Ciências/Universidade Candido Mendes

29 de setembro de 2010

Sensus: Serra cresce no Sul. Dilma cai na área rural

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A pesquisa Sensus mostra ainda que Serra cresceu 3 pontos no Sul, de 36 para 39 pontos, mantendo-se acima de Dilma, que ficou estável na região, com 34% (tinha 35% antes).

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Segundo Sensus, Dilma ainda lidera entre os mais instruídos

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Analisando os detalhes do relatório da pesquisa CNT/Sensus, não tem como não se pasmar diante das diferenças gritantes verificadas em relação ao Datafolha. Segundo este último, Dilma teria registrado uma queda brutal de 10 pontos entre as pessoas com curso superior, ficando em terceiro lugar, com 28%, atrás de Serra (34%) e Marina (30%).

Pois bem, pelo Sensus, Dilma permanece à frente, com 34%, contra 31% de Serra e 22% de Marina:



Mas de fato ela perdeu pontos entre a turminha sabida, porque na pesquisa CNT/Sensus anterior, de 10-12 de setembro, ela tinha 37,7% das intenções de voto. Bem longe, porém, do desabamento trágico registrado pelo Datafolha.

Fiz um outro gráfico interessante com os números do Sensus:


Observe que Dilma lidera em todas as faixas de renda, com exceção daquela que ganha entre 10 e 20 salários mínimos. Mas ganha entre os que recebem mais de 20 salários. Não se pode afirmar, portanto, que ela só ganha entre os "mal informados que não sabem dos escândalos".

E agora, algumas tabelas que copiei do relatório-síntese, sem editar:



A expectativa da vitória é cada vez maior. Agora, 74% das pessoas acreditam na vitória da petista.


O Sensus detectou queda de 3 pontos nas intenções de voto da petista, que caíram de 50,5% para 47,5%, índice que lhe ainda confere, todavia, uma vitória no primeiro turno, com 54,7% dos votos válidos.

Entretanto, a queda de 3% e o crescimento de Marina confirmam por outro lado as tendências verificadas pelo Datafolha. Não é mais possível falar com convicção, pelos números do Sensus, que o certame presidencial se encerra no primeiro turno. Esses 4,7% de margem de vitória que a petista possui correspondem a aproximadamente 6,4 milhões de votos. Não é pouco, mas Dilma precisa, no mínimo, não perder mais votos.

Sensus e Ibope contrariam Datafolha: É Dilma no primeiro turno

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Ainda estou analisando as notícias e relatórios. Só adianto o seguinte: pelo Ibope, Dilma sem mantém estável com 50% dos votos totais e 55% dos votos válidos, estável sobre a pesquisa anterior e ganhando no primeiro turno. Vários fatores da pesquisa indicam uma forte consolidação do eleitorado.

No Estadão, tem uma matéria boa sobre o Ibope, da qual destaco os seguintes trechos:

Se a eleição fosse hoje, a presidenciável do PT, Dilma Rousseff, seria eleita no primeiro turno, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quarta-feira, 29, com 50% das intenções de voto, contra 27% de José Serra (PSDB) e 13% de Marina Silva (PV). Outros 8% não sabem ou votarão em branco e os demais candidatos somados chegaram a 1%. Descontados os votos brancos e nulos, Dilma teria 55% dos votos válidos, Serra 30% e Marina Silva 14%.

(...)A pesquisa CNI/Ibope levantou ainda o espaço para crescimento de cada candidato. No caso de Dilma Rousseff, somados os que votarão nela com os que poderiam votar, a probabilidade de voto chega a 67%, contra 63% aferido em junho.

Marina Silva tem 58% das possibilidades de voto, somados os que garantem voto nela com os que poderia votar. Em junho, a candidata verde tinha 43%. José Serra, em contrapartida, perdeu probabilidade de votos. São 59% os que votam ou poderia votar nele, contra 62% em junho.

Ainda no Estadão, matéria sobre outra pesquisa divulgada hoje pela manhã, da CNT/Sensus. Dilma perdeu 3 pontos nesta sondagem, mas ainda vence no primeiro turno. Trechos desta matéria:

A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, tem 47,5% da preferência do eleitorado, segundo pesquisa CNT/Sensus divulgada há pouco. O candidato do PSDB, José Serra, aparece em segundo lugar, com 25,6% e Marina Silva, do PV, tem 11,6%.

Dilma perdeu 3 pontos porcentuais em relação à pesquisa anterior, quando aparecia com 50,5%, enquanto Serra caiu 0,8 ponto, ante os 26,4% do levantamento anterior, feito entre os dias 10 e 12 deste mês. Marina Silva subiu 2,7 pontos porcentuais, passando de 8,9% para os atuais 11,6%. Com isso a diferença entre Dilma e Serra caiu 2,2 pontos porcentuais entre a pesquisa anterior e a anunciada hoje.

Considerando apenas os votos válidos (ou seja, excluindo brancos e nulos e distribuindo os indecisos proporcionalmente), Dilma teria hoje 54,7% da preferência e venceria a disputa no primeiro turno, que será disputado no próximo domingo. Serra tem 29,5% dos votos válidos. Marina Silva tem 13,3% dos votos válidos.

Em um eventual segundo turno, Dilma venceria com 53,9% da preferência, ante 34,5% de Serra. Na pesquisa anterior, Dilma tinha 55,5% e Serra 32,9% na simulação.

A pesquisa da CNT/Sensus foi feita entre os dias 26 e 28 de setembro e foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 33.103/2010. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos porcentuais. Foram entrevistadas 2 mil pessoas em 136 municípios.

Aprovação

Mesmo em meio a denúncias de irregularidades na Casa Civil e em outros órgãos da administração federal, a aprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu para 79,4% e atingiu novo recorde na série histórica da pesquisa CNT/Sensus, divulgada esta manhã. Essa foi a taxa somada de avaliação positiva verificada pelo levantamento entre os dias 26 e 28 deste mês. Na pesquisa anterior, feita entre 10 e 12 de setembro, a aprovação ao governo era de 78,4%. A aprovação pessoal de Lula, porém, recuou dos 81,4% verificados no início do mês para 80,7%.

28 de setembro de 2010

Datafolha: Análise me faz concluir que Dilma ganha no 1º turno

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Fiz uma minuciosa análise do relatório completo da pesquisa Datafolha divulgada hoje. Transcrevo um pedaço:

Esse dado - a capilaridade das alianças de Dilma - me faz prever uma vitória tranquila de Dilma no primeiro turno. Meu ceticismo perdeu força. A análise criteriosa dos números do Datafolha inoculou-me otimismo novamente. E olha que essa pesquisa é a menos favorável à Dilma de todas.

Para ler na íntegra, com tabelas e gráficos, acesse o Óleo Premium - só para assinantes da Carta Diária. Fortaleça a blogosfera independente, assine.

Segundo turno?

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O jogo complicou-se na reta final. Os institutos detectaram migração de votos de Dilma para Marina e redução significativa da diferença entre os votos na petista e a soma de seus adversários. Ou seja, aumentaram as chances de um segundo turno.

A minha análise é que houve uma superexposição de Dilma. Ela tornou-se, finalmente, uma figura conhecida nacionalmente, e chegou perto de 60% dos votos válidos. Agora está refluindo (embora marginalmente), com eleitores optando por Marina, Plínio e, em menor escala, Serra. Essas migrações, porém, além de ser mínimas e dentro da margem de erro, são voláteis, e podem reverter-se. As pesquisas indicam que Dilma tem o percentual mais alto de eleitores que afirmam não mudar seu voto. Ela tem uma base firme.

Mas o eleitorado é imprevisível e rebelde. Diante dos números estratosféricos, quase consensuais, que cercaram Dilma por semanas, com jornais, blogs e portais afirmando diariamente que a vitória dela num primeiro turno estaria já garantida, criou-se um cansaço, um protesto silencioso contra o "fato consumado".

O tensionamento entre a candidatura Dilma e a grande mídia gerou, por sua vez, uma situação que pressionou as forças políticas pró-Dilma de tal maneira que as obrigaram a um posicionamento antimídia extremamente duro, que talvez tenha custado alguns pontos percentuais e talvez mesmo a possibilidade da vitória no primeiro turno. Foi uma espécie de sacrifício, mas necessário, pois desta vez não se pretende apenas ganhar as eleições. A ambição da esquerda é maior. É derrotar a mídia. Isso, convenhamos, é bem mais difícil do que derrotar Serra, um xaropão cuja inteligência tem sido seriamente questionada nessa disputa.

Derrotar Serra no primeiro turno parecia relativamente fácil. Vencer a mídia, por sua vez, é uma tarefa bem mais complexa. Mas a esquerda, mesmo a custa de uma vitória no primeiro turno, precisava ir até o fim. Até porque é uma luta antiga. Vemos hoje uma segunda edição do que aconteceu em 1964. A mídia procura vender seus candidatos não através da promoção de suas propostas, e sim pela descaracterização moral do adversário, pintado como antidemocrático e sem ética. A afirmação é repetida sistematicamente, e simultaneamente desencadeia-se uma série interminável de denúncias, as verdadeiras legitimando as falsas, as falsas ampliando o impacto das verdadeiras.

Tenho um amigo que eu considerava um eleitor certo de Dilma, em quem ele havia já declarado voto. Outro dia, conversando com ele, disse-me que votaria em Plinio... e, acrescentou, tranquilamente, em Dilma no segundo turno. Por outro lado, pareceu-me que ele se decidiu por Plínio justamente pela força descomunal exibida por Dilma Rousseff, que lhe deu confiança de poder "forçar" um pouco o voto à esquerda, votando no Psol.

A migração de votos para Marina, por sua vez, eu explico principalmente como resultado da exibição de uma entrevista de 7 minutos com Rubnei Quicoli, ex-presidiário, no Jornal Nacional, fazendo uma série de acusações gravíssimas (e escalafobéticas) contra a Casa Civil, e a subsequente queda da ministra Erenice Guerra, que produziu um grande impacto na opinião pública.

Tudo bem que o Datafolha fez uma coisa ridícula, como incluir a pergunta sobre Erenice no questionário de intenção de voto, transformando a entrevista numa verdadeira tortura psicológica para o eleitor de Dilma, que teve de enfrentar perguntas constrangedoras baseadas em denúncias sobre as quais ainda faltam os devidos esclarecimentos. Quero dizer, Erenice pode ter incorrido em nepotismo (o que não era crime antes do ano passado), mas não tráfico de influência. Seu filho pode ter cometido tráfico de influência, mas não na escala que tentou se alardear. Não se sabe ainda. A atmosfera incendiada do processo eleitoral obnubila qualquer observação isenta. Mesmo assim, mesmo desconfiando do Datafolha, que nesta eleição tem histórico de manipulação, é evidente que houve impacto. O Datafolha, desta vez, tem um pretexto concreto como argumento para a queda das intenções de voto em Dilma Rousseff.

A blogosfera às vezes se esquece que apenas uma minoria lê blogs políticos de esquerda. Já as denúncias exibidas no Jornal Nacional atingem a totalidade da população brasileira. As posições da blogosfera se expandem lentamente, ao longo de dias, semanas, meses, ou mesmo anos. Um factóide bombástico no JN provoca estragos imediatos. A pessoa termina de assistir e já mudou de opinião.

Entretanto, pode dar-se um efeito sanfona. O eleitorado, sobretudo aquele que migrou para Marina ou Plinio, vendo a possibilidade de que Serra vá para o segundo turno, pode considerar isso uma ameaça suficientemente grave para justificar outra mudança de última hora: e regressar para Dilma. O grande trunfo dela, afinal, além do apoio do presidente Lula, que mantém uma popularidade de 80% (não esqueçam desse detalhe!), é a rejeição enorme de um terço do eleitorado em relação a Serra. O tucano sabe disso e não por outra razão decidiu adotar um estilo mais pacato nessa reta final.

Sandra Cureau cometeu crime eleitoral

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Faltando menos de uma semana para uma eleição onde poderão comparecer quase 140 milhões de eleitores, configurando um dos maiores eventos democráticos do planeta, e estando em jogo o controle do Estado brasileiro, não mais um país falido, endividado e sem futuro, mas uma nação com quase 300 bilhões de dólares em reservas internacionais, PIB crescendo em ritmo acelerado, uma economia pujante prestes a ingressar no grupo das cinco maiores do mundo - em vista disso tudo é natural que os ânimos se inflamem. Os diferentes setores alinham-se ao lado de seus candidatos preferidos e disparam petardos contra o adversário. Faz parte do jogo democrático. A midiazona defendendo Serra, a blogosfera ao lado de Dilma.

O que não pode acontecer, todavia, é uma vice-procuradora eleitoral se imiscuir na luta política e, usando o prestígio que seu cargo lhe empresta, assumir uma posição política em favor de um dos lados. Isso é um absurdo total.

Claro que à mídia serrista interessa provocar um embate entre a procuradora e a blogosfera, que protesta, legitima e democraticamente, contra a postura da funcionária. Eliane Cantanhede quer nos pintar como maleducados que não querem deixar a pobre se expressar. Nada disso. Sandra Cureau pode falar o que quiser, desde que seja no botequim que frequenta. Não pode dar uma entrevista para um grande jornal, a uma semana do pleito, desancando o principal nome de um campo político. Sua fala tirou votos de Dilma e isso, pelo amor de Deus, é um crime eleitoral. A pessoa encarregada de manter a lisura no processo político está, além de querendo silenciar o presidente da república e portanto cercear o debate, está roubando votos de um dos lados!

Comento rapidamente esse trecho da coluna de Cantanhede de ontem:

O presidente Lula fala o que lhe dá na telha, os presidentes do Supremo vivem falando sobre tudo, todo mundo fala o que quer. Por que não a procuradora? Gostem ou não de Sandra Cureau, justiça seja feita: ela tem coragem e honestidade pessoal de fazer o trabalho dela, dizer o que pensa, defender ideias e instituições. Sem pseudônimos, sem desqualificar e sem agressões.Sua arma são os princípios.

A Folha estampou a crítica da procuradora no alto da primeira página. Não é possível que Sandra Cureau seja tão obtusa a ponto de não ver que a repercussão de sua entrevista constituiu um fato político-eleitoral fortemente negativo em detrimento de Dilma Rousseff. E as suas teses, de que o presidente não pode se imiscuir no processo eleitoral, são discutíveis. Diria até risíveis. Repito o que escrevi ontem. Ela diz que nunca viveu um processo eleitoral semelhante. Como assim? A procuradora pretende estabelecer um padrão, nascido em sua própria cabeça, de como será o processo político brasileiro? Sua arrogância é tão infinita que ela quer impor, qual uma déspota odiosa, não apenas regras eleitorais que não existem na Constituição, como também um padrão de comportamento humano para presidentes da república?

Cantanhede diz que o presidente "fala o que lhe der na telha" e "presidentes do supremo vivem falando sobre tudo"... Ora, quanto ao presidente do Supremo, de fato ele falava muito, mas apanhava mais ainda em toda parte, e de qualquer forma, não se tratava de uma questão tão delicada como uma eleição presidencial. Já o presidente, ganhou o direito de falar com o voto de mais de 60 milhões de brasileiros. Ele é um representante POLÍTICO, um dirigente partidário, tem obrigações políticas e morais para com seus aliados, seus eleitores e as idéias que ele representa. Sandra Cureau não é representante política de ninguém. É uma funcionária cuja função é zelar pelo equilíbrio e justiça no processo eleitoral, e não romper este equilíbrio e praticar uma injustiça. A procuradora está notoriamente contaminada por uma posição política, como já deixou claro em diversas ocasiões. Deveria ser afastada do cargo.

Não cabe à procuradora questionar se as multas ao presidente são pequenas, ou se são efetivas, sobretudo não a cinco dias de uma eleição. Por acaso, ela quer também legislar? Quer ser censora do presidente e também do Congresso? Vale notar que sua fala não prejudica apenas Dilma, mas todo o campo político identificado com o presidente Lula, ou seja, um conjunto enorme de candidatos a deputado e governador que trabalham duro para conquistar votos. Não é justo que a procuradora prejudique-os politicamente por conta de uma opinião de botequim, alimentada certamente pela leitura acrítica dos jornais serristas.

A hipocrisia da grande imprensa atingiu o ápice. Ao mesmo tempo em que invenctiva furiosamente contra a Justiça quando ela censura a divulgação de alguma notícia, a mídia procura assular a mesma Justiça para que censure o presidente, porta-voz de um conjunto majoritário da população brasileira. Calar ou mesmo inibir Lula - que é o objetivo da procuradora e não posso mais crer que não seja algo devidamente calculado - é calar e inibir a grande maioria da população brasileira, sobretudo da parte mais pobre, que votou no presidente e o apoia maciçamente. Essa população não tem acesso a jornais caros e o seu único contato com a opinião de seu líder se dá muitas vezes exclusivamente pelos discursos de Lula em comícios e na TV - justamente o que a imprensa serrista e sua nova militante, Sandra Cureau, tem criticado de maneira covarde.

E o presidente não pode sequer reagir. Qualquer reação à tentativa de censura política de uma vice-procuradora se torna "ataque ao Ministério Público". Se a senhora Cureau deseja tanto dar sua opinião política, poderia fazê-lo discretamente, em reuniões fechadas com seus superiores. O mínimo que se esperava, além disso, é que ela esperasse o fim das eleições para poder iniciar um debate livre das paixões eleitorais.

Sandra Cureau cometeu um crime eleitoral. Eu, o blogueiro Miguel do Rosário, quero denunciá-la. Se eu tivesse as ferramentas jurídicas à mão, eu a processaria judicialmente. Os partidos não podem fazê-lo porque isso implicaria em prejuízo político, visto que os adversários tentariam faturar em cima do episódio e não haveria tempo hábil para esclarecer a população. Sandra Cureau sabe disso e por isso seu gesto semelha-se a de uma chantagista maucaráter.

Tenha vergonha, senhora Cureau! Trabalhe com discrição! Não se deixe transformar em marionete política em favor de um dos lados!

Um leitor alertou-me para o fato da procuradora - como todos de sua categoria - conviver num grupo social onde predomina um forte sentimento antipetista, insuflado pela grande mídia, notoriamente aliada ao PSDB. A pessoa frequenta coquetéis, teatros, festas de aniversário, restaurantes, onde todos falam mal do PT e do presidente Lula. É normal que a pessoa absorva esse sentimento, que ele se introjete nela e transpareça em suas posições políticas. É curioso como as fotos estampadas (em tamanho gigante, diga-se de passagem, transformando Sandra numa celebridade) revelam uma expressão facial dominada por ódio incontido, que tão bem sabemos existir no espírito de muitos brasileiros de renda média e alta.

A própria irresponsabilidade de não refletir sobre as consequências de sua fala a menos de uma semana das eleições revela uma pessoa desequilibrada, e, o que é pior, sugere que houve uma decisão deliberada de prejudicar o campo político de Lula. A procuradora, tomada de paixão política, sentiu um desejo imperioso de participar da campanha antiDilma e antiLula que a mídia tem patrocinado, e que caracteriza a campanha de Serra.

É muito estranho que a procuradora, mesmo informando que o número de infrações eleitorais cometidas pelos dois campos políticos equilibram-se dirige sua fúria verbal exclusivamente para o lado de Lula.

Ao pretender torcer as leis a favor de sua paixão política, Sandra Cureau revela-se, portanto, uma perfeita golpista. Ela cita em tom elogioso, por exemplo, o manifesto que intelectuais tucanos (e um ex-petista atucanado) assinaram semana passada em São Paulo, ou seja, toma partido no embate político travado entre a blogosfera progressista, aliada a centrais e movimentos sociais, e a mídia grande aliada do PSDB, em favor desta última. Agora que juristas consagrados divulgaram carta em defesa de Lula e da democracia, quero saber o que a procuradora irá dizer. Irá chamar (mesmo que em pensamento) presidentes de OABs estaduais e juristas famosos mundialmente como Celso Bandeira de Mello de "petralhas" que ameaçam a democracia?

Encerro com um trecho do manifesto dos juristas em defesa de Lula:

Mas é lamentável que se queira negar ao Presidente da República o direito de, como cidadão, opinar, apoiar, manifestar-se sobre as próximas eleições. O direito de expressão é sagrado para todos – imprensa, oposição, e qualquer cidadão.

Desmentindo os emails falsos - Espalhem

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Repasso abaixo uma compilação das mentiras divulgadas pela internet sobre Dilma Rousseff e seus respectivos desmentidos. É para espalhar.


Desmascarando os e-mails falsos. Espalhem pela Net.

Para facilitar a divulgação nesta última semana de campanha, fiz uma compilação dos emails falsos que circulam nesta campanha sobre Dilma Rousseff e seus respectivos desmentidos. Cada link remete ao leitor ao texto em questão. Espalhem, é importante:

A morte de Mário Kosel Filho: http://migre.me/1pfAb
A Ficha Falsa de Dilma Rousseff na ditadura http://migre.me/1pfCc
O porteiro que desistiu de trabalhar para receber o Bolsa-Família http://migre.me/1pfEJ
Marília Gabriela desmente email falso http://migre.me/1pfSW
Dilma não pode entrar nos Estados Unidos http://migre.me/1pfTX
Foto de Dilma ao lado de um fuzíl é uma montagem barata http://migre.me/1pfWn
Lula/Dilma sucatearam a classe média (B) em 8 anos: http://migre.me/1pfYg
Email de Dora Kramer sobre Arnaldo Jabor é montagem http://migre.me/1pfZH
Matéria sobre Dilma em jornais canadenses é falsa: http://migre.me/1pg1t
Declarações de Dilma sobre Jesus Cristo – mais um email falso: http://migre.me/1pg2F
Fraude nas urnas com chip chinês – falsidade que beira o ridículo: http://migre.me/1pg58
Vídeo de Hugo Chaves pedindo votos a Dilma é falso: http://migre.me/1pg6c
Matéria sobre amante lésbica de Dilma é invenção: http://migre.me/1pg7p

Juristas rebatem o panfleto tucano mal escrito com carta aberta em favor de Lula e da democracia

3 comentarios

Vamos ver se a imprensa é democrática mesmo e divulga, com pelo menos 20% do destaque que dedicou à carta contra Lula, esta outra, com assinatura de diversos presidentes de OABs estaduais e juristas consagrados, rechaçando qualquer ameaça à democracia no Brasil e defendendo o direito do presidente Lula de se manifestar livremente.

Chamo atenção para os seguintes nomes:

WADIH NEMER DAMOUS FILHO – Advogado e Presidente da OAB-RJ
CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO – Professor Emérito da PUC-SP
CEZAR BRITTO – Advogado e ex-Presidente Nacional da OAB
CLÁUDIO PEREIRA DE SOUZA NETO – Advogado, Conselheiro Federal da OAB e Professor da UFF
DALMO DE ABREU DALLARI – Professor Emérito da USP
RICARDO MARCELO FONSECA – Professor e Diretor da Faculdade de Direito da UFPR
HOMERO JUNGER MAFRA – Advogado e Presidente da OAB-ES
MARIO DE ANDRADE MACIEIRA – Advogado e Presidente da OAB-MA

Leia a carta:

Carta ao Povo Brasileiro

Em uma democracia, todo poder emana do povo, que o exerce diretamente ou pela mediação de seus representantes eleitos por um processo eleitoral justo e representativo. Em uma democracia, a manifestação do pensamento é livre. Em uma democracia as decisões populares são preservadas por instituições republicanas e isentas como o Judiciário, o Ministério Público, a imprensa livre, os movimentos populares, as organizações da sociedade civil, os sindicatos, dentre outras.

Estes valores democráticos, consagrados na Constituição da República de 1988, foram preservados e consolidados pelo atual governo.

Governo que jamais transigiu com o autoritarismo. Governo que não se deixou seduzir pela popularidade a ponto de macular as instituições democráticas. Governo cujo Presidente deixa seu cargo com 80% de aprovação popular sem tentar alterar casuisticamente a Constituição para buscar um novo mandato. Governo que sempre escolheu para Chefe do Ministério Público Federal o primeiro de uma lista tríplice elaborada pela categoria e não alguém de seu convívio ou conveniência. Governo que estruturou a polícia federal, a Defensoria Pública, que apoiou a criação do Conselho Nacional de Justiça e a ampliação da democratização das instituições judiciais.

Nos últimos anos, com vigor, a liberdade de manifestação de idéias fluiu no País. Não houve um ato sequer do governo que limitasse a expressão do pensamento em sua plenitude.

Não se pode cunhar de autoritário um governo por fazer criticas a setores da imprensa ou a seus adversários, já que a própria crítica é direito de qualquer cidadão, inclusive do Presidente da República.

Estamos às vésperas das eleições para Presidente da República, dentre outros cargos. Eleições que concretizam os preceitos da democracia, sendo salutar que o processo eleitoral conte com a participação de todos.

Mas é lamentável que se queira negar ao Presidente da República o direito de, como cidadão, opinar, apoiar, manifestar-se sobre as próximas eleições. O direito de expressão é sagrado para todos imprensa, oposição, e qualquer cidadão. O Presidente da República, como qualquer cidadão, possui o direito de participar do processo político-eleitoral e, igualmente como qualquer cidadão, encontra-se submetido à jurisdição eleitoral. Não se vêem atentados à Constituição, tampouco às instituições, que exercem com liberdade a plenitude de suas atribuições.

Como disse Goffredo em sua célebre Carta: Ao povo é que compete tomar a decisão política fundamental, que irá determinar os lineamentos da paisagem jurídica que se deseja viver. Deixemos, pois, o povo tomar a decisão dentro de um processo eleitoral legítimo, dentro de um civilizado embate de idéias, sem desqualificações açodadas e superficiais, e com a participação de todos os brasileiros.

ADRIANO PILATTI - Professor da PUC-Rio

AIRTON SEELAENDER – Professor da UFSC

ALESSANDRO OCTAVIANI - Professor da USP

ALEXANDRE DA MAIA – Professor da UFPE

ALYSSON LEANDRO MASCARO – Professor da USP

ARTUR STAMFORD - Professor da UFPE

CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO – Professor Emérito da PUC-SP

CEZAR BRITTO – Advogado e ex-Presidente do Conselho Federal da OAB

CELSO SANCHEZ VILARDI – Advogado

CLÁUDIO PEREIRA DE SOUZA NETO – Advogado, Conselheiro Federal da OAB e Professor da UFF

DALMO DE ABREU DALLARI – Professor Emérito da USP

DAVI DE PAIVA COSTA TANGERINO – Professor da UFRJ

DIOGO R. COUTINHO – Professor da USP

ENZO BELLO – Professor da UFF

FÁBIO LEITE - Professor da PUC-Rio

FELIPE SANTA CRUZ – Advogado e Presidente da CAARJ

FERNANDO FACURY SCAFF – Professor da UFPA e da USP

FLÁVIO CROCCE CAETANO - Professor da PUC-SP

FRANCISCO GUIMARAENS – Professor da PUC-Rio

GILBERTO BERCOVICI – Professor Titular da USP

GISELE CITTADINO – Professora da PUC-Rio

GUSTAVO FERREIRA SANTOS – Professor da UFPE e da Universidade Católica de Pernambuco

GUSTAVO JUST – Professor da UFPE

HENRIQUE MAUES - Advogado e ex-Presidente do IAB

HOMERO JUNGER MAFRA – Advogado e Presidente da OAB-ES

IGOR TAMASAUSKAS - Advogado

JARBAS VASCONCELOS – Advogado e Presidente da OAB-PA

JAYME BENVENUTO - Professor e Diretor do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Católica de Pernambuco

JOÃO MAURÍCIO ADEODATO – Professor Titular da UFPE

JOÃO PAULO ALLAIN TEIXEIRA - Professor da UFPE e da Universidade Católica de Pernambuco

JOSÉ DIOGO BASTOS NETO – Advogado e ex-Presidente da Associação dos Advogados de São Paulo

JOSÉ FRANCISCO SIQUEIRA NETO - Professor Titular do Mackenzie

LENIO LUIZ STRECK - Professor Titular da UNISINOS

LUCIANA GRASSANO – Professora e Diretora da Faculdade de Direito da UFPE

LUÍS FERNANDO MASSONETTO - Professor da USP

LUÍS GUILHERME VIEIRA – Advogado

LUIZ ARMANDO BADIN – Advogado, Doutor pela USP e ex-Secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça

LUIZ EDSON FACHIN - Professor Titular da UFPR

MARCELLO OLIVEIRA – Professor da PUC-Rio

MARCELO CATTONI – Professor da UFMG

MARCELO LABANCA – Professor da Universidade Católica de Pernambuco

MÁRCIA NINA BERNARDES – Professora da PUC-Rio

MARCIO THOMAZ BASTOS – Advogado

MARCIO VASCONCELLOS DINIZ – Professor e Vice-Diretor da Faculdade de Direito da UFC

MARCOS CHIAPARINI - Advogado

MARIO DE ANDRADE MACIEIRA – Advogado e Presidente da OAB-MA

MÁRIO G. SCHAPIRO - Mestre e Doutor pela USP e Professor Universitário

MARTONIO MONT’ALVERNE BARRETO LIMA - Procurador-Geral do Município de Fortaleza e Professor da UNIFOR

MILTON JORDÃO – Advogado e Conselheiro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária

NEWTON DE MENEZES ALBUQUERQUE - Professor da UFC e da UNIFOR

PAULO DE MENEZES ALBUQUERQUE – Professor da UFC e da UNIFOR

PIERPAOLO CRUZ BOTTINI - Professor da USP

RAYMUNDO JULIANO FEITOSA – Professor da UFPE

REGINA COELI SOARES - Professora da PUC-Rio

RICARDO MARCELO FONSECA – Professor e Diretor da Faculdade de Direito da UFPR

RICARDO PEREIRA LIRA – Professor Emérito da UERJ

ROBERTO CALDAS - Advogado

ROGÉRIO FAVRETO – ex-Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça

RONALDO CRAMER – Professor da PUC-Rio

SERGIO RENAULT – Advogado e ex-Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça

SÉRGIO SALOMÃO SHECAIRA - Professor Titular da USP

THULA RAFAELLA PIRES - Professora da PUC-Rio

WADIH NEMER DAMOUS FILHO – Advogado e Presidente da OAB-RJ

WALBER MOURA AGRA – Professor da Universidade Católica de Pernambuco


PS: Acabo de verificar que a Folha deu apenas notinha de pé de página ao manifesto. No Globo, ainda não achei nenhuma referência.

27 de setembro de 2010

Sandra Cureau para presidente... da oposição

10 comentarios

Depois de ler esse post do Nassif, reproduzindo a última estrepulia midiática da vice-procuradora eleitoral Sandra Cureau, escrevi lá o seguinte comentário.


seg, 27/09/2010 - 08:17
Miguel do Rosário

Essa mulher não sabe ficar quieta, né? A uma semana da eleição, ela volta a atacar, fazendo justamente aquilo para o que ela é paga para evitar: o desequilíbrio. Ao dar declarações negativas à Lula e a Dilma, ela interfere no debate político, abusando do poder que lhe foi outorgado pelo Estado. Se ela tem alguma queixa em relação à Lula, que o faça nos autos, sem estardalhaço, e deixe que os juízes decidam com liberdade. Dando esse tipo de entrevista, ela apenas joga lenha na fogueira que a imprensa de oposição vem tentando fazer para queimar Dilma.

A frase "nunca vi uma campanha como essa" denota uma visão tacanha, uma mente fechada. Cada eleição se depara com uma conjuntura política diversa das anteriores, então é claro que será diferente.

Além disso, a interpretação sobre a participação de Lula na eleição é essencialmente política e portanto não deveria ser criticada pela Dra.Cureau. FHC não participou da campanha em favor de Serra em 2002 porque não era popular e sua presença atrapalhava e constrangia a campanha tucana - como aliás até hoje acontece. Lula, não. Ele ajuda todo mundo a ganhar voto. Nada mais natural, portanto, que ele use o seu prestígio, adquirido com seu trabalho à frente do governo, para pedir votos para seus candidatos.

Lula pode falar o que quiser, porque é um agente político. O povo elegeu Lula duas vezes e lhe empresta popularidade para ele fazer justamente o que está fazendo. Ao agir como age, portanto, Lula representa a vontade soberana do povo brasileiro.

A procuradora Sandra Cureau age e fala como uma militante de oposição, sem que ninguém lhe tenha dado esse direito, e que se contrapõe gritantemente com sua função de zelar pelo equilíbrio e justiça nas eleições.

E depois vem reclamar que é maltratada em blogs?

Dilma é mais forte em SP do que no Rio, na pesquisa espontânea

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Da página 126 a 155, o relatório do Datafolha (com pesquisas feitas nos dias 21 e 22 de setembro) traz apenas perguntas sobre o escândalo da Erenice. Não acho que deveriam insistir tanto junto ao entrevistado sobre essa questão, prejudicial à Dilma, porque pode influenciar a sua escolha. O entrevistado é perguntado repetidamente sobre o mesmo tema, numa sequência que beira a obsessão com o caso. Pergunta-se ao entrevistado se Erenice sabia ou não sabia que seu filho beneficiava empresas pedindo comissão. Em seguida, pergunta-se se o presidente Lula sabia ou não sabia. Em seguida, a mesma pergunta com Dilma.

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Noblat pendura a outra chuteira

1 comentário

O blogueiro do Globo já havia pendurado uma das chuteiras há tempos. Agora pendurou a outra. Em crônica de hoje, Noblat reforça sua convicção de que a vitoria de Dilma Rousseff no primeiro turno é praticamente líquida e certa.

Confira abaixo, trecho de sua coluna de hoje:


É, de fato, o que por ora está escrito nas estrelas - a eleição de Dilma no próximo domingo. José Roberto Toledo, analista de pesquisas do jornal O Estado de S. Paulo, observa que o contingente de eleitores indecisos está perto de se esgotar como fator de crescimento dos candidatos Serra e Marina.

Para que haja segundo turno, a estarem certas as pesquisas, é preciso que Serra e Marina tomem eleitores de Dilma. Não será uma tarefa fácil, adverte Toledo. Dilma tem algo como 10 milhões de votos a mais do que Serra e Marina somados. Do último sábado até o dia da eleição, Serra e Marina teriam de subtrair de Dilma 625 mil votos por dia.

Só um fato devastador para a reputação de Lula poderia provocar uma migração de votos tão grande e tão rápida. Mesmo assim, o PT receia a convergência de causas mais prosaicas - entre elas, uma abstenção elevada no Norte e Nordeste e a regra que só permite o voto dos que exibam o título de eleitor e outro documento de identificação.

É razoável a aflição do PT. Faltam apenas seis dias para que Lula consiga por meio de Dilma o que não foi possível em 2002 e 2006 - a eleição no primeiro turno. Em seis dias tudo pode acontecer - inclusive nada. O mais provável é que nada aconteça.

Sobre os ataques sistemáticos à política

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Desde o ínicio do processo eleitoral temos visto, na imprensa e até mesmo entre alguns setores progressistas, um ataque sistemático à política. Outro dia, li uma crônica no Globo em que o autor, depois de declarar voto em Plínio (no Globo impera um código com uma lei só: nunca falar bem da Dilma, nunca declarar voto nela; Plínio é uma ótima opção para jornalistas com público jovem), encerrou com uma saraivada preconceituosa contra o voto popular, esnobando o bom posicionamento nas pesquisas de candidatos que exerceram a função de músicos, atletas ou artistas. Acabou-se o tempo em que apenas médicos e advogados ocupavam o parlamento. A partir de agora, teremos também ex-pagodeiros, craques de bola e palhaços. Isso é democracia. É ilusão e arrogância cultural querer um Congresso de "homens bons". Muitos eleitores que rechaçam, horrorizados, votar num pagodeiro, sentiriam o mesmo repúdio se o mesmo fosse um intérprete de música clássica européia ou um trompetista de jazz?

Quando há embate, reclama-se da polarização, do fla-flu e da baixaria. Quando não há, diz-se que campanha é chata e modorrenta. Na verdade, sinto que setores sociais ainda vêem com desconforto e certo constrangimento o processo eleitoral, quando os partidos políticos ganham espaço na TV, interrompendo o domínio absoluto que apenas dois ou três canais televisivos exercem sobre os cidadãos.

Rio a favor da maré, na "onda vermelha"

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O antilulismo do Globo já se tornou patológico. Essa matéria, Rio contra a maré, é simplesmente irracional. Como contra a maré, se Dilma tem 45% das intenções de voto no estado? Na verdade, só porque Serra caiu para o terceiro lugar, os platinados vieram com essa teoria para salvar um pouco a reputação do PSDB por aqui.

O Rio não está contra a maré, muito pelo contrário. Devemos eleger dois senadores aliados de Lula, um governador aliado de Lula, Dilma registrará vitória acachapante no estado... tudo seguindo a onda vista no resto do Brasil. Onde está a tendência "contra a maré" que a matéria tenta identificar? Por acaso, existe alguma maré favorável à Serra a nível nacional que o Rio não esteja seguindo? Não existe. A matéria do Globo, portanto, é falsa.

Plínio e os udenistas da direita

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Tenho amigos que votarão no Plínio, mas não posso deixar de criticar o udenismo vulgar que o candidato do PSOL usou no debate de domingo, na Record, e que, pela repetição sistemática de clichês moralistas em todo certame, deve ser a estratégia do partido nessa reta final.

A afirmação que "Psol não tolera corrupção" me parece extremamente arrogante, como se o partido fosse o único honesto do mundo e pudesse controlar os vícios humanos. Gaba-se de que o partido não tem casos de corrupção, o que é fácil para um partido minúsculo e criado há poucos anos. A corrupção é um problema vinculado ao poder e ao dinheiro. É claro que os casos aumentam na proporção que um partido ganha poder. Mas como seria ingenuidade pedir que os partidos não ambicionem mais poder, a única solução para o problema é fortalecer as instâncias que investigam a corrupção no país.

Além disso, Plínio foi injusto, porque ele sabe que durante o governo Lula houve um grande aumento na quantidade de operações da Polícia Federal no combate à corrupção. Plinio surfou no antilulismo desinformador da mídia, para vender uma ilusão moralista que ainda engana muita gente.

Após protestar tanto contra a falta de tempo, Plinio tem disperdiçado blocos inteiros nos debates por pura confusão mental. Chamou Dilma de Marina sem sequer corrigir-se depois. Inventou um sofismo tolo e também udenista ao dizer que o aumento do número de investigações significa aumento da roubalheira. Ora, como Plínio pode afirmar que seu governo "não tolera corrupção" e depois zombar, levianamente, do aumento das investigações? Como ele pretende combater "a roubalheira"?

Dou parabéns a Plínio por ter apontado a concentração dos meios de comunicação, mas achei egoísmo de sua parte criticar apenas a omissão que, segundo ele, a imprensa faz de sua candidatura, e se negar a comentar sobre a acusação dos movimentos sociais, sindicatos, diversos partidos de esquerda, blogueiros e um importante segmento da população contra o papel da imprensa nestas eleições, publicando sistematicamente calúnias contra Dilma Rousseff.

Outro ponto que me incomoda em Plínio é que ele tem enveredado, sistematicamente, durante os debates, para os ataques pessoais, ad hominem, ou melhor, ad feminam. Os ataques que fez à Marina Silva foram de baixo nível. À Dilma, idem. Ele se acha melhor que os outros?

As centenas de milhares de estudantes que se beneficiaram do Prouni e Reuni também devem ter se sentido bastante ofendidos com as referências jocosas do candidato a esses programas. Suas críticas foram deselegantes, ainda mais por atingir jovens que vivenciam momentos muito emocionantes em suas vidas. Sua desqualificação magoa esses estudantes. Plínio, um homem muito rico, esnoba da ascensão social de milhões de brasileiros pobres que ganharam acesso a universidade. O fato de não ser formarem em "Harvard" não os tornará necessariamente profissionais "meia boca", como ele disse, esquecendo o potencial de superação do ser humano.

Ao mencionar a educação em São Paulo, num debate com Serra, Plínio cometeu outra grosseria, ao se referir a todos os jovens paulistas como "analfabetos". Esse tipo de afirmação, se é vista como "gracinha" pelos segmentos cultos da sociedade, constituem uma agressão imperdoável aos brasileiros pobres e com pouco acesso à cultura.

Mas eu não voto no Plínio apenas por essas grosserias, típicas de um paulista ricaço e pedante. Eu não aprovo suas propostas. Grande parte de seus eleitores encantam-se apenas com o charme socialista e independente do PSOL, mas poucos atentam para o caráter sectário de suas ideias.

Após o pagamento da dívida externa e a redução da dívida pública, a defesa do calote desta última, por exemplo, é algo simplesmente irresponsável. O Brasil hoje tem condições de ser um importante emissor de títulos públicos no mercado internacional, a juros baixos e a longo prazo. Seria uma estupidez infantil, seria jogar dinheiro fora, decretar um calote que afetaria essa credibilidade conquistada a duras penas. Alem disso, os títulos que formam a dívida pública estão hoje capilarizados junto à população, de maneira que um calote prejudicaria uma quantidade imensa de famílias de classe média.

Quanto ao limite da propriedade, trata-se de uma medida arbitrária e truculenta. Com base em que estudo, o PSOL decreta que mil hectares é o limite? É óbvio que o partido optou por um número "redondo" por uma questão de criar um símbolo. Mas você poderia concluir da mesma forma que o limite é de 2 mil hectares, ou de 3 mil ha, ou de 800 hectares. Ora, está claro que o latifúndio deve ser combatido no país, mas essa medida é tola. Por exemplo, um homem poderia ter até 20 mil hectares improdutivos sob seu controle, mas em nome de familiares. O Brasil precisa de uma reforma fundiaria sim, o que é diferente de uma reforma agrária (embora os temas sejam vinculados), mas não se pode criar uma lei dessas para um país tão desigual. Em áreas próximas a centros urbanos, por exemplo, o Estado poderia dificultar, ou ao menos não incentivar, a concentração fundiária. Mas o mesmo cuidado não seria necessário, não no mesmo grau, em áreas extremamente despovoadas do Centro-Oeste.

A defesa da maconha como "droga cultural", e portanto passível de ser legalizada, certamente ajudou Plinio a consolidar e conquistar uma quantidade grande de votos entre os usuários ou simpatizantes da erva, que chegam a milhões no Brasil. Esse é um ponto positivo de sua candidatura, mas é evidente que uma decisão dessas encontraria muitas dificuldades no Congresso e o PSOL, com seu principismo inflexível, não seria o melhor partido para articular medidas como essa.

O PSOL engaja-se com demasiada facilidade em qualquer campanha contra o governo, aliando-se à mídia nesse tipo de oposição radicalizada e sectária. Transposição do São Francisco, Belo Monte, Angra III, presal? O PSOL parece ser contra tudo, e quando se pedem propostas ao partido, ele responde apenas com abstrações e generalidades.

Já observei que Plínio tem dois grupos de eleitores. Um é formado pelo jovem idealista, ainda um pouco ingênuo em sua visão de mundo, e confundindo um pouco o fato do PSOL ser um partido muito pequeno e estar a milhas de distância do poder com uma espécie de pureza ideológica e moral.

Outro grupo é formado pelo eleitor meio desorientado com os ataques pesados que a petista sofre na imprensa e nos estratos altos da sociedade. Os ambientes empresariais costumam ser extremamente agressivos no quesito política, com uma disseminação grande do antipetismo rancoroso. Votar em Plinio ou Marina é como levantar uma bandeirinha branca de paz. Ser eleitor da Dilma é comprar uma guerra constante e nem todo mundo está disposto a isso. Não tanto entre os pobres, onde quase não há o fenômeno do antipetismo, mas sobretudo da classe média para cima. Declarando-se eleitor de Plínio ou Marina, o eleitor é tratado como "civil", e não como "militante" e pode assistir ao combate do lado de fora, sem risco.

Mas a maioria dos eleitores de Plinio, e grande parte dos de Marina, devem ir de Dilma - se houver - no segundo turno.

PS: No Nassif, tem um ótimo texto, do Tomás Rosa Bueno, sobre o mesmo tema.

Globo continua dando cartaz ao ex-presidiário

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Essa é demais. Na falta de prata, a mídia está usando qualquer lixo para fundir a bala que irá matar a candidatura de Dilma Rousseff. Dar cartaz a um homem com a ficha criminal de Rubnei Quicóli é simplesmente fim de linha. O homem acusa a Casa Civil de uma propina que não foi paga, não apresenta nenhuma prova de que foi sequer ofertada,  e mesmo assim ganha 7 minutos no Jornal Nacional, e agora a página inteira de abertura do caderno mais importante do jornal O Globo. Repare que a matéria sequer menciona o fato de Quicoli não possuir provas para a acusação que faz. As tais contas que ele apresenta não significam absolutamente nada, visto que ele mesmo informa que não foi paga nenhuma propina. Tampouco menciona o histórico de Quícoli, apresentado pela matéria como "empresário".

Na verdade, a maioria das pessoas não lêem esse tipo de matéria. Mesmo entre os que compram ou assinam o Globo, uma boa parte lê somente a manchete, que traz uma informação caluniosa: "tráfico de influência com conta no exterior". Ora, Quicoli não apresentou prova nenhuma de tráfico de influência, quanto mais de conta no exterior. O filho da Erenice tem outras acusações nas costas, mas não através de Quicoli, que caiu de paraquedas em plena campanha eleitoral cheio de histórias mirabolantes.

O Globo além disso mergulhou de vez no jornalismo de segunda mão. Em vez de apurar as denúncias por conta própria, o jornal repete "segundo Veja" por todo o texto, como se a revista fosse uma fonte primária e como se não fosse... a Veja.

A característica mais marcante do texto, porém, é o uso de verbos na condicional. Como não há prova de nada, o jornal diz apenas que "haveria", "que teriam pago", etc. Examine o início do texto. Eu pus os verbos em cor vermelha:

O esquema de tráfico de influência instalado na Casa Civil contaria até com duas contas em Hong Kong, na China, para onde deveriam ser enviadas as propinas pagas pelas facilidades obtidas, segundo o empresário Rubnei Quícoli, de Campinas. Esse esquema seria comandando pelo ex-diretor de Operações dos Correios Marco Antonio de Oliveira, seu sobrinho Vinícius Castro, ex-funcionário da Casa Civil, e Israel Guerra, filho da exministra da pasta Erenice Guerra.

Outro fato curioso é a insistência da mídia em apresentar a saída de um ministro como prova de sua culpabilidade. Trata-se do creme do cinismo canalha. Mesmo sendo inocente, torna-se praticamente inviável à qualquer pessoa exercer um trabalho no Executivo depois de virar alvo de uma campanha midiática. O fato de se afastar não legitima todas as denúncias feitas a ela. Entenda: pode até confirmar alguma denúncia, mas não todas.

Não é um bom sinal, por certo, mas não se pode ignorar o princípio da presunção da inocência só porque a pessoa se demitiu ou foi demitida.

Sim, voltamos a 1964

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É impressionante como o processo político desta eleição repete os idos de 64. Essa manchete acima lembrou-me demais a campanha midiática daqueles turbulentos meses que antecederam o golpe. Os jornais faziam manchetes praticamente idênticas em relação à Marcha pela Liberdade, Família e Propriedade. Usavam as mesmas palavras, variações em torno da expressão: "Cresce o apoio à Marcha das Famílias".

Eles não tem força hoje para dar golpe, porque a conjuntura é muito diferente. É apenas uma repetição farsesca de nossos trágicos anos sessenta, mas mesmo assim é um comportamento que merece o repúdio da sociedade, porque não propõe nada, apenas procurar criar fantasmas que não existem e deslegitimar todo um setor político. O PT está há oito anos no governo federal, é o partido, de longe, mais admirado no país (segundo todas as pesquisas) e deve se tornar o maior partido do Congresso, e mesmo assim o Globo e a mídia em geral tratam-no sem o mínimo respeito. Elio Gaspari refere-se a dirigentes ou cardeais petistas apenas como "comissários", numa tentativa de associar o partido ao regime totalitário soviético. Os editoriais do Globo vivem fazendo essas alusões russas, um costume, aliás, que o jornal cultiva há mais de cinquenta anos, porque usou também para descaracterizar a legitmidade democrática do governo João Goulart e das forças que o apoiavam.

26 de setembro de 2010

Estadão mostra as cartas

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Ainda que tardiamente, o Estadão revela hoje, em editorial, que apoia Serra, algo tão óbvio que mereceria uma hasthtag no Twitter, tipo #estadaofacts, relacionando apoios óbvios como: "zico apoia flamengo, ali kamel defende globo, mamãe apoia filhinho".

Mas é melhor assim. Pena que a justificativa, em vez de se fundamentar na defesa das idéias de seu candidato, dedica-se inteiramente a denegrir Dilma Rousseff, e não por suas propostas, mas por uma suposta ameaça às instituições democráticas e à deterioração moral. O Estadão expôs esse negativismo sectário que é a essência da campanha serrista.

Definitivamente, estamos de volta a março de 1964. As forças armadas, como um todo, não pactuam com esse udenismo, mas os pijamados voltaram a babar de ódio e tem sido paparicados pela mídia, que inclusive bancou (através do Instituto Millenium), a palestra de gurus da direita (Merval e Reinaldo) no Clube Militar.

Achei boas respostas ao editorial do Estadão nesse post do Nassif e inclusive na área de comentários. Reproduzo dois que estavam em destaque (acho que por serem os últimos):

2373 Odoni Bertaso
26 DE SETEMBRO DE 2010 | 20H
Esta “comprinha” representa quase 25% da tiragem total da revista Nova Escola e injetou R$ 3,7 milhões aos cofres do ‘barão da mídia’ Victor Civita. Mas este não é o único caso de privilégio ao Grupo Abril. O tucano Serra também apresentou proposta curricular que obriga a inclusão no ensino médio de aulas baseadas nas edições encalhadas do ‘Guia do Estudante’, outra publicação do grupo.

2371 Dani Bacedo
26 DE SETEMBRO DE 2010 | 20H
O Estadão se comporta como o menino riquinho que é o dono da bola e manda no jogo, mas veio o tio lula e garantiu bola pra todo mundo. Agora todo mundo pode jogar sem precisar do mimadinho. É acabou o jogo prá vocês. Não adianta que o Amor do Brasil é muito maior que o ódio de alguns..

Uma observação interessante é a diferença cada vez mais abissal entre os comentários no site, obrigatoriamente mais democráticos (em função da enorme quantidade), e os publicados na edição impressa. Nesta última, são publicados apenas comentários radicalmente antipetistas e ultraconservadores, muitos beirando o ridículo, como um que publiquei por aqui pregando a imigração em massa para os Estados Unidos, no caso da vitória de Dilma ou um que vi outro dia levantando suspeita de que o jornal francês conservador Le Figaro ganhou dinheiro para fazer uma matéria positiva sobre Lula.

Quero comentar rapidamente dois trechos do editorial. O primeiro:

Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o Estado apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República, e não apenas pelos méritos do candidato, por seu currículo exemplar de homem público e pelo que ele pode representar para a recondução do País ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos. O apoio deve-se também à convicção de que o candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País.

A mídia brasileira nunca pediu desculpas por ter apoiado a ditadura militar, este sim um fato histórico inexorável. Embutido na frase "135 anos de lutas" pode-se encontrar a articulação do golpe de Estado de 1964, em boa parte planejado dentro da redação da empresa pertencente à família Mesquita. Também naqueles tempos o Estadão falava em ameaça à democracia, com a diferença que se a conspiração de outrora culminou em tragédia e ditadura, a de hoje é um golpismo palhaço, um rugido desdentado, uma calúnia.

Quanto aos valores éticos do candidato Serra, não merece comentários. Udenismo cara-de-pau.

Outra frase que gostaria de comentar:

E o que dizer da postura nada edificante de um chefe de Estado que despreza a liturgia que sua investidura exige e se entrega descontroladamente ao desmando e à autoglorificação?

A mídia vem insistindo nessa "liturgia" do cargo, que expressa tão somente a tacanhez de espírito, o conservadorismo e o preconceito, de acharem que um presidente deve se comportar segundo um código de conduta predeterminado pela elite "quatrocentona". Lula se comporta como ele é e sempre foi: um operário inteligente e espirituoso. Aquilo que a imprensa aponta, portanto, como desvio de comportamento é justamente o que levou o presidente a se tornar uma figura política original, admirada no mundo inteiro: sua autenticidade, seu jeito simples e direto de tratar as questões, sua informalidade.

O Estadão botou suas cartas na mesa, mas o que vemos não é nenhum Royal Street Flash. Não é sequer um par solitário. É um amontoado confuso de clichês moralistas, hipócritas e reacionários. Se isso é tudo que tinham para falar em favor do voto em Serra, o homem tá lascado.

25 de setembro de 2010

Lula, dizendo-se um socialista, fala de seu orgulho de fortalecer a Petrobrás

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Lula emociona-se ao mencionar a capitalização da Petrobrás, a maior já registrada no mundo.

TV Vermelho faz reportagem sobre o ato contra golpismo midiático

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(Via Fatos Sociais).

Obs: Gostei de ver a Luana Bonone como repórter de TV. Parabéns, Luana!

Lave a boca antes de falar na blogosfera, Merval

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O principal colunista político das Organizações Globo, Merval Pereira, registrou em sua coluna de hoje a manifestação da juventude diante do Clube Militar. Mais uma vez, parabéns Monique Lemos, presidente da UJS-RJ e Theófilo Rodrigues, secretário de Formação da UJS. Também devo cumprimentar o candidato a deputado estadual, Igor Bruno, o mais importante quadro do movimento estudantil do Rio de Janeiro, que na verdade foi quem fez toda a articulação para que o protesto acontecesse. O homem (Merval) sentiu o tranco. Eles todos (os golpistas) sentiram, de maneira que o protesto realmente teve importância política e histórica. Infelizmente, Merval não se conteve e fez acusações ofensivas e caluniosas a nós, os blogueiros; é uma honra, porém, sermos chamados, por esses golpistas, para a linha de frente da guerra.

Na mesma quinta-feira em que se anunciava a manifestação de sindicatos "pelegos" contra a liberdade de expressão, participei no Clube Militar do Rio, em companhia de Reinaldo Azevedo e de um representante da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), de um painel sobre as ameaças à liberdade de expressão.

O único tumulto havido foi provocado por um pequeno grupo de manifestantes em frente ao Clube Militar, protestando contra o que classificavam de "hipocrisia" dos militares defendendo a democracia.

Na sala lotada, não houve uma só manifestação de radicalização política, e o consenso foi de que é preciso ficar atento permanentemente às tentativas do governo de controlar os meios de comunicação, seja através de projetos que criem conselhos cuja função específica seria tutelar a imprensa, seja através de constrangimentos comerciais que criem problemas financeiros às empresas jornalísticas independentes.

Ao mesmo tempo, o governo monta a sua sombra e à custa do erário público uma cadeia de blogs e de jornais e televisões, inclusive a estatal, para garantir um noticiário favorável a suas ações.

Esse trecho, repleto de mentiras, merece alguns esclarecimentos:

  1. Os sindicatos "pelegos" a que se refere Merval são simplesmente os maiores do país, os mais organizados, independentes e poderosos. Cumpre notar que praticamente todos os sindicatos do país, não patronais, apoiam Dilma Rousseff e, portanto, na visão partidária de Merval, todos são "pelegos". Lembros que em 1964, os defensores do golpe também usavam o mesmo adjetivo contra os sindicatos que apoiavam Jango. O tempo passa, o tempo voa, e o golpismo do jornal Globo continua numa boa.
  2. Evidentemente não foi um evento "contra a liberdade de expressão" e sim a favor dela. Volte para o sanduichinho da mamãe, Merval. 
  3. O governo não montou nenhuma "cadeia de blogs" à custa do erário público, Merval. Mas sabe que você está dando uma ótima idéia? Seria uma honra ser pago pelo governo que ajudei a eleger com meu voto e minhas idéias para atacar golpistas antidemocratas como você. Esse tipo de acusação tem como o objetivo fomentar em nós constrangimentos éticos que, eu sei, você não tem. Você pode receber dinheiro por esse trabalhinho sujo que você faz,  para um jornal que defendeu o golpe de Estado de 1964 e ainda defende, através de sua voz, golpes de Estado na América Latina (não esqueço sua defesa do golpe em Honduras). Eu poderia muito bem receber para ser um contraponto a posições como a sua. Mas não é o caso. Tenho blog há oito anos e nunca recebi um centavo. Nem conto com isso. Sou um pequeno empresário do setor privado, sustentado por meu trabalho independente, por minhas traduções, alguns freelancers (para o setor privado) e assinaturas da Carta Diária. Mas rechaço veementemente sua malignidade contra jornalistas ou blogueiros que porventura tenham contratos com o governo, porque você omite o fato do governo ser uma entidade democrática, cujo poder emana do povo. O que o governo faz, portanto, é também uma decisão soberana e democrática do povo brasileiro.  O presidente da República seria um patrão muito mais digno do que os golpistas - cujas botas você lambe - que se enriqueceram à custa da liberdade e do sangue dos brasileiros. Por isso, lave a boca antes de falar na blogosfera, e se for falar em liberdade de expressão aplique antes água sanitária.
  4. Sei muito bem que você deseja que gente como eu morra de fome. Não será tão fácil, meu caro. Ainda estamos no comecinho de nossa luta e de nosso amadurecimento. As lutas de hoje são apenas um exercício. A roda do mundo girou, Merval, e se eu fosse você tomava cuidado para não ser esmagado.
  5. Por outro lado, eu entendo como elogio o fato de você nos acusar de receber dinheiro público. É que você está tão impressionado com a qualidade de nosso trabalho que não concebe como podemos não sermos profissionais regiamente pagos. Pois é, Merval. Para você ver como blogueiro sofre. Mas eu não reclamo. Nunca me senti tão livre, tão feliz, tão forte. Quanto ao dinheiro, a gente está pensando nesse problema. Não somos ascetas loucos nem ingênuos nem tolos nem masoquistas. Precisamos de dinheiro. Estamos nos organizando para isso. Eu estou me organizando para isso. Se já incomodamos tanto sendo essa legião de blogueiros duros, imagine quando tivermos algum recurso em mãos? Alguém (provavelmente bem empregado) poderia dizer que aí perderemos nosso elan libertário, ao que respondo que a falta de dinheiro não faz de ninguém libertário; ao contrário, somos independentes apesar da falta de recursos; com eles (recursos), seremos ainda mais. Viva a blogosfera! 

24 de setembro de 2010

É hora de intensificar a campanha

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Segundo o Ibope divulgado há pouco, Dilma ainda vence com folga no primeiro turno (50 X 28), mas sua vantagem sobre os demais candidatos diminuiu de 14 para 9 pontos. Em vista disso, andei pensando: acho mais prudente prepararmos o espírito para a possibilidade de segundo turno. Ou antes, temos de redobrar os esforços de contenção de danos dos ataques midiáticos, que devem recrudescer nos próximos dias, e intensificar a campanha junto a conhecidos, amigos e parentes, dentro e fora de casa, para tentar recuperar o terreno perdido. Usemos essas pesquisas para reanimar a militância pró-Dilma. Ainda temos uma semana de luta intensa. Armem-se com as armas de Jorge e sigam em frente!

Entretanto é necessário desde já iniciar uma operação de blindagem psicológica. Não podemos deixar que um eventual segundo turno soe como derrota. Num eventual segundo turno, Dilma mantém uma liderança isolada (54 X 32) e sua campanha tem tido um desempenho muito superior a de seu principal adversário. Teríamos mais algumas semanas de luta, sofridas, mas quanto mais difícil a vitória, mais saborosa e mais digna ela é.

Acredito numa vitória no primeiro turno. Dilma tem 55% dos votos válidos, ou seja, tem ainda bastante gordura para queimar. Lembrem-se contudo que o governo Dilma começa apenas em janeiro de 2011. Tanto faz ganhar no início ou no final de outubro.

O que pensa a sra.Sandra Cureau?

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Estou realmente pasmo com esta senhora Sandra Cureau, vice-procuradora eleitoral da República. Agora ela revelou-se não apenas uma pessoa com baixíssimo senso de equidade, como também não possuir nenhuma cultura. Como pode ela não perceber que existe um forte desequilíbrio no universo das revistas brasileiras, quase todas comprometidas com ideários conservadores e, portanto, com posturas duramente (às vezes histericamente) críticas aos principais eixos ideológicos do governo Lula e de sua candidata? Nem falo apenas das revistas de variedades mais conhecidas (Veja, Istoé, Época), mas de todo o universo de publicações semanais/mensais/trimestrais. Da Rolling Stones à Piauí, da Caras à Playboy, encontra-se invariavelmente um perfil editorial perfeitamente sintonizado entre si. Parecem todos frequentar os mesmos coquetéis. A Carta Capital, juntamente com outras duas ou três revistas de baixa circulação, integra um grupelho diminuto nesse enorme coro dos (des)contentes.

Considero, portanto, ignorância crassa a postura da sra.Cureau. Se ela leu algum livro que prestasse, não o assimilou. Falta-lhe totalmente a sensibilidade exigida para o cargo. Ela age como um gorila furioso entrando numa lojinha de porcelanas chinesas. Sem noção.

Assim como fez meses atrás, quando desandou a dar entrevistas diárias à grande imprensa, a senhora Cureau faz exatamente aquilo que ela teria obrigação de combater: desequilibra o processo eleitoral e converte a si mesma numa peça política em favor de um candidato.

Pior que isso, usa o seu cargo, público, para ferir a liberdade de imprensa no Brasil, danificando a democracia, além de causar um intolerável prejuízo moral (e portanto econômico) a uma das revistas mais idôneas do país, em benefício de suas concorrentes.

Eu, como cidadão brasileiro, protesto veementemente contra a injustiça praticada pela senhora Cureau, e se tivesse ferramentas jurídicas a meu alcance, eu entraria com uma ação contra ela por: 1) prejudicar o equilíbrio do processo eleitoral, ao transformar-se, mesmo que sonsamente, em ativo político dos adversários da candidata da situação; 2) por atentar contra a liberdade de imprensa no Brasil, ao abusar de sua autoridade para constranger uma revista de reputação ilibada e fundamental para trazer um mínimo de pluralidade ideológica ao universo editorial do país; 3) por ofender moralmente uma empresa privada, prejudicando-a economicamente, num mercado agressivamente competitivo como é o das revistas semanais.

A senhora Sandra Cureau é irresponsável, injusta, insensível e truculenta. Não merece, de forma alguma, exercer a função que lhe foi outorgada. A democracia brasileira não estará segura enquanto depender das arbitrariedades de pessoas incompetentes e desequilibradas como esta senhora.

A imprensa X Lula

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Acuso o recebimento do livro A Imprensa X Lula, de Antonio Barbosa Filho. Estou lendo neste momento, e já posso dizer que se trata de uma leitura bastante útil para entender o momento que vivemos. O livro pode ser adquirido no site da editora.

Analisando o último Datafolha

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Aproveitando que o Datafolha divulgou hoje o relatório completo da última pesquisa de intenção de voto para presidente da República, fiz uma análise das tabelas lá no Óleo Premium. O acesso é apenas para assinantes da Carta Diária.

Blogueiros sujos e famosos

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(Clique para ampliar).

Eis a foto publicada no jornal O Globo de hoje. Vê-se Altamiro Borges - tratado pela matéria do Globo como "blogueiro" e pela Folha como "jornalista", lendo um documento. Eu circundei os rostos que eu conheço. Da esquerda para direita, temos os blogueiros Rapahel Tsavkko, Cido Araújo, Valdir Fiorini (Esquerdopata) e Conceição Oliveira (Maria Fro) no cantinho, com máquina fotográfica na mão.

Os vídeos do evento:

Parte 1



Parte 2



Parte 3



*


Sobre o ato político em frente ao Clube Militar, no Rio, vale notar que ele, de fato, desestabilizou os organizadores do evento, que talvez pensem duas vezes antes de manchar ainda mais a já maculada história do Clube. Um dos palestrantes, Reinaldo Azevedo, blogueiro-hidrófobo da Veja, não teve como deixar de registrar a presença da juventude que se manifestou do lado de fora:

Enquanto conversámos, vinha um alarido da rua. Uns 20 gatos pingados da Juventude Socialista — com o apoio da UNE, parece — protestavam do lado de fora: contra o Clube Militar, contra os debatedores, contra o debate! Como todos por ali, na mesa e na platéia, defendiam a liberdade de expressão e a Constituição do Brasil, os que gritavam queriam o contrário, certo? Não é que eles estivessem contra o que dizíamos. Eles são contra o fato de existirmos.

Aiai, seria tão fácil responder a um sofismo babaquinha desse, mas nem vou perder meu tempo. O que vale é que eles sentiram o tranco. A juventude mostrou que está atenta e não vai deixar barato esses golpismos de meia-tigela. Prefiro deixar o Reinaldo se enforcar com a própria corda. No mesmo post, leia o que ele escreveu:

Não há dificuldade nenhuma em provar que a história dos militares brasileiros está muito mais comprometida com a democracia do que a história da esquerda brasileira — ou da esquerda de qualquer país do mundo.

Bem, esse comentário, definitivamente, não precisa sequer ser rebatido. É por isso que não leio blogs da Veja há muitos anos. É sempre a mesma ladainha golpista. E esse é o guru intelectual do Serra!

O Globo também registrou o protesto da juventude em frente ao Clube Militar.


Não sei se por influência ou não dessas manifestações, os jornais de hoje resolveram fazer um recuo estratégico. A capa da Folha traz - milagre! - chamada para a queda no desemprego e aumento da renda. Certamente, estão se preparando para baixarias futuras. Na verdade, o que importa mesmo é a TV. Esses jornais pautam as tvs, que são concessão pública e afetam a totalidade do povo brasileiro. Mas justamente por pautarem o jornalismo televisivo, a blogosfera deve manter a pressão voltada aos jornais impressos. E não venham com papinho de censura. A gente não censura nada. É uma questão de bateu-levou. Nem é o fato de ocultar denúncias, e sim de exagerá-las, produzir ilações falsas, forjar conexões inexistentes entre diferentes coisas e, sobretudo, a obsessão em ligar a campanha de Dilma qualquer irregularidade cometida em órgãos do governo. A máfia das ambulâncias floresceu durante a gestão de Serra no ministério da Saúde. É muito pior do que o nepotismo da Erenice, e você não vê manchetes em jornais e tvs falando disso. Isso sem falar nos mais de vinte processos judiciais, vários por improbidade administrativa, que o tucano carrega no lombo.

*

PS: Raphael Tsavkko fez um post que reuniu material bastante abrangente sobre o evento anti-PIG de São Paulo, compilando textos em blogs, vídeos e fotos.

23 de setembro de 2010

Juventude enfrenta golpistas do Clube Militar

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Reproduzo abaixo matéria do meu amigo e blogueiro Theófilo Rodrigues, sobre a manifestação feita hoje pela União da Juventude Socialista (UJS) em frente ao Clube Militar, contra o golpismo da mídia e contra a conspiração entre intelectuais (?) de mídia e membros do exército. Lembremos que as Forças Armadas devem obediência ao presidente da República, que é o Comandante em Chefe; muito estranho o Clube Militar, portanto, bancar um convescote de hidrófobos da oposição midiática (Merval e Reinaldo) para falar mal do próprio Comandante, e ainda botarem soldados do Exército, como fizeram, para agredir jovens cidadãos que nada fizeram que exercer o seu direito de protestar.


Jovens fazem ato político em frente ao Clube Militar do Rio de Janeiro

O Clube Militar do Rio de Janeiro convocou hoje seus generais para uma reunião com os jornalistas Merval Pereira (O Globo) e Reinaldo Azevedo (Veja). A convocação, intitulada “Democracia ameaçada: restrições à liberdade de imprensa”, afirmava que o Brasil passa por momentos difíceis para a imprensa.

Esta foi a senha para que a União da Juventude Socialista (UJS) convocasse os movimentos sociais do Rio de Janeiro para um representativo ato na porta do Clube Militar. Cerca de 50 jovens seguravam cartazes com palavras de ordem como “Liberdade de imprensa não é liberdade de empresa” ou “Globo + Militares = Golpe”.

Segundo Monique Lemos, presidenta da UJS, “os militares não possuem nenhuma credibilidade para falar em democracia ou em liberdade de expressão”.

Já o diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, lembrou o processo de Conferência Nacional de Comunicação que ocorreu no fim do ano passado. “A Globo boicotou vergonhosamente o processo democrático de Conferência Nacional de Comunicação que pretende democratizar a mídia no país” afirmou Iliescu.

Um momento marcante se deu quando nomes de jovens mortos pela ditadura foram lembrados, como Honestino Guimarães, Helenira Rezende, Osvaldão, Mauricio Grabois, Stuart Angel e Edson Luís, entre tantos outros.

Uma das preocupações dos manifestantes é a de que não ocorra esse ano no Brasil o que já aconteceu em 1964 com João Goulart, em 1973 com Salvador Allende e em 2002 com Hugo Chavez na Venezuela. Para o Secretário de Formação da UJS, Theófilo Rodrigues, “a mídia mostra dia após dia que não está disposta a aceitar a eleição democrática de Dilma Rousseff”.

A tranqüilidade do ato foi quebrada apenas pelos empurrões dados por soldados do exército e por um revoltado advogado do Clube Militar que quebrou o microfone da caixa de som da UJS.

Publicado originalmente no blog Fatos Sociais.


(Os jovens improvisaram hiphops na hora).


Mais tarde publicaremos um vídeo da manifestação.


Dilma dá um baile: Festa no sábado na Fundição Progresso

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Recebi o seguinte recado, e estou repassando aos leitores:

Companheira/os
Vamos bailar ao som e alegria da eleição da 1ª Presidenta do Brasil
Dilma dá um Baile
Dia 25 set 2010
Fundição Progresso às 21:00h
Arcos da Lapa

Convites no Comitê dos Trabalhadores no Largo da Carioca, apenas R$ 10,00
Endereço do Comitê: Edifício Avenida Central, na calçada em frente a rua da Assembléia

Serão vendidos também no próprio local.

Entrevista exclusiva: Mauro Santayana fala sobre o golpe de 64

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Essa entrevista foi feita por meu irmão, Pedro do Rosário, em 2006 (?), na casa da minha mãe, no Flamengo, onde Mauro Santayana, que foi amigo do meu pai (falecido em 1999), hospedou-se por uns dias. Já estava publicado no Youtube há um tempo, mas eu nunca divulguei muito. Aproveitando que Santayana esteve no Rio, para evento no CCBB, em debate com presença forte de blogueiros, decidi fazer um post novo, reunindo os vídeos com a entrevista de Mauro, que é um erudito em história, e de sua esposa, Vania, filha de militantes políticos, que também tem muitas histórias para contar. Na parte 4, Mauro fala especialmente sobre o papel da imprensa na preparação e na consolidação do golpe.


Parte 1



Parte 2



Parte 3




Parte 4




ENTREVISTA COM VANIA, MULHER DO MAURO

Parte 1



Parte 2

Um panfleto tucano mal escrito

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Os jornais desta quinta-feira acordaram com sangue nos olhos. O fato político de ontem, e que reverbera hoje na imprensa escrita, foi o lançamento de um manifesto antilula por um grupo de intelectuais vinculados ao tucanato.

Trata-se de um texto sofrivelmente escrito, repleto de chavões partidários colhidos às pressas na imprensa conservadora. Em termos jurídicos, é lixo puro, por apresentar versões e denúncias não provadas para acusar autoridades constituídas.

O manifesto não tem um pingo de legitimidade, apenas respinga ódio, rancor e preconceito. Reclama das atitudes do presidente ao mesmo tempo em que o acusa de forma leviana e caluniosa. Ao falar sobre a relação entre Executivo e Legislativo, o texto busca somente intrigar dois poderes que devem conviver em harmonia.

O texto tem cores antidemocráticas do começo ao fim. E isso eu acho perigoso, essa insidiosa interpretação conservadora do regime democrático, segundo a qual a Constituição é quase um código de Hamurabi, imutável, e o povo tem mais é que se submeter em silêncio ao que diz a lei. Há uma sinistra inversão conceitual logo no início do texto:

Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.

Essa frase soaria melhor em meus ouvidos se fosse lida ao contrário: Soberano é o povo, pois ele é quem dá corpo e alma à Constituição.

Nesse trecho do manifesto, encontramos um chororô tucano autoexplicativo:

É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.

*

E o Gabeira, ou melhor, o ex-Gabeira esteve ontem no Clube da Aeronáutica, no centro do Rio, e proferiu insanidades golpistas simplesmente inacreditáveis:



Trechos da matéria do Globo:

Fernando Gabeira (...) criticou o governo federal, que, na sua visão, tem a "tentação de suprimir a liberdade de imprensa e até as próprias leis".

"há a tentação de suprimir a propriedade privada, evidentes em iniciativas do MST; tentação de suprimir a liberdade de imprensa; e tentação de suprimir em certos momentos as próprias leis".

Mas o pior vem agora. Respirem fundo:

Gabeira defendeu a utilização das Forças Armadas no enfrentamento do tráfico no Rio. (...) "Falta inteligência na segurança. E as Forças Armadas têm grande know-how. O deslocamento de tropas para áreas da cidade tem questões de legislação... Serviço de inteligência, quando bem-feito, ninguém sabe quem fez. E já houve trabalho de inteligência do Exército no combate a civis".

Mon Dieu! Macacos me mordam! Ele defende o uso de inteligência do exército no combate a civis! Tudo bem, o exército sempre pode cooperar, mas a maneira como ele se posiciona, parece que está mesmo incentivando um golpe! Primeiro fala que o governo quer suprimir as leis e a propriedade privada, e depois diz que o exército pode usar seu serviço de inteligência para combater civis! Onde ele quer chegar!

*

Mais manifestações golpistas:

  1. Editorial velhaco e velhusco do Estadão, talvez copiado de alguma edição de março de 1964. Eles atacam o presidente dia e noite, desde que ele tomou posse, e quando Lula reage, eles se colocam como vítimas inocentes.
  2. Dora Kramer e Merval Pereira e suas xaropadas reaças de sempre.

Eu me irritei mesmo com essa notinha do Ancelmo Goes:

Mundo maluco II - O Clube Militar promove hoje um seminário "Democracia & Liberdade de Expressão". No mesmo dia, em São Paulo, alguns sindicatos realizam um ato contra a imprensa. Na ditadura, era o contrário.

Goes sabe muito bem que não era bem assim. Os sindicatos, na época de Jango, apoiavam o governo e também viviam em pé de guerra com a imprensa, a qual, por sua vez, tambem acusava dia e noite o governo de pretender instalar um regime totalitário no país.