31 de março de 2009

Convite

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Caros amigos,

O Claraboia inicia o ano com a coletiva "Olho de Boi",reunindo seus seis integrantes, Alexandre Alves, Cecilia Rondon, Edson Silveira, Jean-Baptiste Déchery, Juliano Guilherme e Sandra Passos. A curadoria é de Edmilson Nunes.

Abertura: Terça-feira,7 de abril as 18:30h.

Rua do Rezende, 52
Lapa

19 de março de 2009

O poema de Gutenberg - Monografia Completa

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15 de março de 2009

Imprensa bloqueia informações sobre Dantas

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(Jan Van Eyck)

Ontem o Globo deu uma notícia importante: que alguns figurões do ex-governo FHC haviam sido inocentados da acusação de favorecimento ao banco Opportunity durante o processo de privatização da Telebrás.

No entanto, os repórteres "esqueceram" muitas coisas. Talvez seja o mesmo tipo de "falha de memória" que o Marcelo Coelho tenha admitido sofrer, em seu texto defendendo a Folha. Apesar de citarem o banco Opportunity por diversas vezes, eles esqueceram de citar o presidente do mesmo, Daniel Dantas.

Pensei outra coisa: bem que eles podiam fazer um daqueles infográficos para nos ajudar a entender como o Banco Opportunity estendeu seus tentáculos sobre os espólios públicos. Agora que ele é um criminoso condenado pela Justiça Federal a dez anos de prisão, os jornais podiam recordar quem eram seus amigos.

*

Miriam Leitão mereceu, de minha parte, hoje, epítetos nada abonadores sobre sua pessoa, mas ficaram no âmbito familiar e prefiro não reproduzi-los aqui. Minha irritação, porém, diluiu-se ao ler entrevista do Globo com um professor da FGV, que afirmou que medidas como "o reajuste do salário mínimo" não tem impacto na economia nacional. Putz!

O que a Miriam Leitão escreveu é a mesma ladainha. Para ela, a economia não é uma coisa real, onde aumento de salário mínimo, reajustes e contratações realmente fazem a diferença para a vida das pessoas. Para ela, a economia são apenas números frios, abstratos; e o Estado gastar com juros de dívida pública não é problema; o Estado ajudar bancos no Proer não é problema; mas reajustar o salário mínimo, melhorando a vida de 100 milhões de brasileiros, isso é problema; contratar funcionários públicos para melhorar a eficiência do Estado, isso é problema.

Miriam não fala que o Brasil tem um Estado pequeno em relação a seu tamanho. Os EUA têm um Estado muito maior, com mais funcionários públicos por grupo de 100 habitantes. Na comparação com países europeus, então, nem se fala. Ela quer que o Estado aumente apenas seus investimentos, não os sociais, mas os outros, que dão dinheiro para grandes empresários.

13 de março de 2009

Botando luvas térmicas

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(O massacre de inocentes, de Giotto)



Merval Pereira, outro dia, em sua coluna, comentava sobre problemas de "concordância verbal" nos textos de Protógenes Queiroz publicados em seu blog. É inacreditável. Um policial federal agora deve apresentar uma sintaxe que agrade ao julgamento estético de Merval Pereira! A raiva contra Protógenes é tanta que me faz pensar em medo. A mídia tem medo. Espero que ele revele logo o nome dos jornalistas vendidos a Dantas.

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Pressinto muita pilantragem no ar. Empresários se aproveitando da crise para demitir e arrancar dinheiro do governo. Confira abaixo um trecho do comentário mensal do IBGE sobre as vendas do comércio em janeiro, seguido de tabelas, que mostram uma vigorosa recuperação nos setores mais importantes da economia, desmentindo todas as previsões terríveis feitas pela Miriam Leitão. Repare que as vendas do item 6, de equipamento e material de comunicação e informática cresceram 32,6% no acumulado dos últimos 12 meses, até janeiro! Clique na tabela para ampliar.

Os dados mostram que o consumo interno no Brasil prossegue forte e crescendo, o que reforça suspeita de que empresários interromperam ou reduziram produção em virtude (ou falta de) das campanhas negativas na mídia.

O segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo inicia o ano com resultado acima da média - variação de 7,0% no volume de vendas em janeiro sobre igual mês do ano anterior, sendo responsável pela principal contribuição (41%) da taxa global do varejo. Este desempenho foi motivado pelo aumento do poder de compra da população, decorrente do crescimento da massa de salários (8,3% sobre janeiro08, segundo Pesquisa Mensal de Emprego – PME). Quanto ao fato ter crescido acima da média nacional, a justificativa mais provável está na desaceleração dos preços dos alimentos no segundo semestre de 2008 (1,5% jul08 a jan09 contra 9,8% no primeiro semestre de 2008, conforme o IPCA, para o grupo Alimentação no domicilio). Em termos de acumulado nos últimos 12 meses, a atividade apresenta crescimento de 5,4%.




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Que o Nelson Motta virou um imbecil total, eu já sabia. Agora ele se somou à gritaria contra a Justiça do Trabalho, porque um juiz aceitou liminar em favor dos trabalhadores da Embraer. É incrível! De um lado, meia dúzia de sócios-milionários, a maioria estrangeiros; de outro, 4.200 trabalhadores brasileiros, altamente especializados; e Nelson Motta e o Globo alinham-se caninamente ao lado dos... milionários estrangeiros! E ainda fazem campanha contra o juiz e contra a própria Justiça do Trabalho! Hoje ele publica uma coluninha na página de Opinião do Globo que semelha um surto de um retardado nazista. Para ele, 4.200 empregos correspondem à "lei da oferta e da procura" e é normal uma empresa, dando-lhe na telha, demitir 4.200 pessoas. Uma empresa que, é importante recordar, foi privatizada em 1994, quando os tucanos já haviam se empoleirado no governo federal - com o Príncipe já ocupando o ministério da Fazenda; e vendida por 160 milhões de dólares, uma empresa que hoje fatura bilhões por ano. E o que é pior, foi vendida com dinheiro emprestado do BNDES e recebeu, depois de privatizada, mais de 11 bilhões de reais. Ou seja, enquanto era pública, o governo não investia nela. Virou privada, recebeu 11 bilhões. Assim até eu viro "eficiente"! Com 11 bilhões de dólares, o Óleo do Diabo ficaria mais importante que o New Yorker, The Economist e Le Monde juntos.

O pior, porém, vem aí. O Eduardo Guimarães se meteu num imbróglio com o Esgotão da Veja. Daí que fui lá ver o que era. E topei com quem? Com Nelson Motta! Pagando pau para o Esgoto! E ainda assinando: "Saudações militantes"! Carajo! Militante do quê? Não dá para acreditar! E ao mesmo tempo tudo faz mais sentido. Todos esses babaquinhas reacionários que se multiplicam como coelhos na grande mídia lêem e admiram o Esgotão.

Esse cara é uma falácia! Os comentários em seu blog são de débeis mentais balbuciantes e puxa-sacos. Não acompanho seu blog, mas é que nem novela das oito, a gente sempre sabe, de uma forma ou outra, o que está acontecendo. Nas Olimpíadas, o cara torceu contra o Brasil! Publicou apenas fotos do Michael Phelps! Valha-me Deus! Sua posição sobre aborto, drogas, qualquer assunto, corresponde ao mais tacanho conservadorismo! O cara defende o Papa, esse Papa! Defende a Guerra no Iraque! Defende a matança de Israel! É um neocon obsoleto, repugnantemente desonesto! Anacrônico até na "terra dos bravos".

Quando não se tem compromisso ético nenhum, quando se sabe blindado pela grande mídia e protegido pela classe dominante, ganha-se desenvoltura demoníaca.

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Wagner Moura está mais para Claudio do que pra Hamlet. A peça de Shakespeare, cujo ingresso custa 80 reais, foi patrocinada pela Lei Rouanet. Bonito, né? Não pára aí. O Wagner e turminha pegam o dinheiro, compram uma passagem aérea e vão pra Brasília fazer lobby pra acabar com meia entrada. Querem dinheiro público e ainda ferrar a vida dos estudantes e da terceira idade. Leiam o texto do Fabrício, da Revista Bacante, sobre a peça.

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O caso Protógenes, além do banqueiro bandido, o governo, juízes, Gilmar, PSOL, debates, agora envolve também o ex-ministro José Dirceu. O imbróglio tem elementos obscuros demais, e a mídia aparece como complicador, não como esclarecedora, por isso acho inoportuno que surjam julgamentos afoitos, a favor ou contra qualquer pessoa.

A perseguição midiática contra Protógenes significa que ele já foi condenado. Não importa a conclusão do relatório. Até porque é impossível que uma investigação complexa como a Satiagraha transcorra sem algum deslize operacional do delegado. São anos de investigação e se você esmiuçar cada detalhe, é claro que encontrará erros. O que me espanta é a inversão de valores. A procura de erros no trabalho do policial tem sido totalmente desproporcional em relação à quase nula curiosidade midiática pelos negócios e pelo conteúdo das denúncias contra Daniel Dantas.

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Essa vai para a série "Não somos racistas": novela do SBT, Revelação, não tem uma pessoa sequer morena. Parece filmada na Dinamarca. Todos 100% arianos. Até as empregadas domésticas são brancas.

Não gosto de filmes ou novelas em que se colocam personagem negros para "cumprir uma cota". Assim como me entediam mortalmente aqueles filmes norte-americanos só com negros. Mas negros e morenos fazem parte da realidade brasileira, muito mais do que na americana, e uma novela popular em que não há pessoa com um mínimo de melanina, me parece extremamente racista.

Por falar em brancos, vocês já repararam que no PSDB só tem branco 100%? Não existem tucanos amorenados - quando falo amorenado, refiro-me à saudável cor jambo, e não à pele bronzeada de um Aécio. E a maioria absoluta dos militantes também é de arianos puros.


Por outro lado, existe, na esquerda, uma variedade racial que espelha a realidade social brasileira de uma forma muito mais genuína do que se encontra nos partidos conservadores; a mesma coisa se repete em todos os países latino-americanos.

*

O Azenha está fazendo uma reportagem muito pertinente, sobre a epidemia de meningite nos tempos da ditadura. Censurada, a imprensa não noticiou a tragédia, e milhares de pessoas morreram sem criação de nenhuma comoção pública. Por essas e outras que as pessoas mais velhas ainda acreditam que as coisas eram "melhores" nos tempos da ditadura. A abordagem de Azenha, além disso, é uma oportunidade dos cientistas sociais e políticos brasileiros compreenderem, de uma vez por todas, a estupidez conceitual que é afirmar que a ditadura matou apenas 380 pessoas. Quando se fala nas mortes causadas por Mao, Fidel ou Stálin, não se conta apenas os mortos pelas respectivas polícias políticas, mas também as vítimas colaterais dos regimes totalitários.

Vamos fazer um bolão? Quantas pessoas morreram de fome no Brasil de 1964 a 1984? Garanto que foi muito mais gente que em outras ditaduras latino-americanas. O regime militar se caracterizou, sobretudo, por um conservadorismo atroz, ou seja, um governo de direita que não gastava com programas sociais. Investia apenas em grandes empresas privadas amigas dos militares ou públicas dirigidas por militares. O país crescia mas a partir de cima - a locomotiva do crescimento esmagava milhões de brasileiros.

Também é importante contabilizar a humilhação. A Argentina tem hoje 39 milhões de habitantes, e há vinte ou trinta anos tinha a metade disso, ou seja, 13 a 14 milhões de pessoas, enquanto nós já ultrapassávamos os 120 milhões. O analfabetismo no Brasil era maior do que nas ditaduras vizinhas, e esse é um fator que ajuda a manter o povo mais quieto, menos revoltado. Então, se a polícia política da ditadura brasileira matou menos gente, é porque nosso povo foi mais humilhado, pela fome, pelo analfabetismo, pela grande tragédia social que destrói as pessoas fisica e psicologicamente.

Nem sei o nome que se dá isso nas ciências políticas, nas ciências sociais ou na antropologia. Para mim o nome é humanismo e deve ser levado em conta na contabilidade das vítimas da ditadura.

12 de março de 2009

Collor e Dantas

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Por João Villaverde

Pesquisando sobre a imprensa escrita e a candidatura de Fernando Collor de Mello à presidência do Brasil, em 1989, me deparei com reportagem da revista IstoÉ, edição de 07 de março de 1990, sobre a futura ministra da Economia, Zélia Cardoso.

Como se sabe, Collor fora eleito presidente no finzinho de dezembro de 1989. Em seguida, viajou à Europa para festas de fim de ano e começou a discutir nomes para pôr seu projeto de "modernizar o Brasil" em prática. Graças aos mecanismos costurados pelo presidente José Sarney durante a Constituinte (1987-88), Collor assumiria ainda sob a regra antiga: no dia 15 de março. Até lá, nos primeiros 2 meses e meio de 1990, o presidente ainda era Sarney.

Collor viajava, conversava, pensava, costurava, escolhia, definia. Ao longo de janeiro e fevereiro, definiu os últimos nomes. Entre eles, o de Zélia como ministra da Economia (o nome anterior da pasta, Fazenda, tinha sido abolido, dentre outras mudanças cosméticas). Com isso - e com a hiperinflação destruindo o poder de compra dos salários - era importante conhecer a futura ministra.

Daí que a IstoÉ, sete dias antes da posse do novo presidente e da ministra Zélia, produz reportagem recontando a vida, a carreira e as negociações em torno de Zélia. Na capa, ela aparece olhando para cima, com feição esperançosa, com a manchete, em letras grandes, logo abaixo de seu rosto: "Confiante em Deus". Transcrevo a seguir, trechos da reportagem da revista.

Até este ponto, a matéria contava que Collor já decidira sobre boa parte de seu ministério, faltando ainda o nome da economia. O mais conhecido, dentre os apontados, era Mario Henrique Simonsen.


Ficaram faltando para a unanimidade, do lado dos que apoiaram Collor, O Globo e o favorito de O Globo, o ex-ministro Mário Henrique Simonsen - derrotado, segundo a versão do próprio jornal, porque radicalizou numa conversa com o presidente eleito a respeito da dívida externa. Simonsen, que é do board do nosso maior credor, o Citibank, não aceita a ideia de que o governo brasileiro retire seu aval na parcela da dívida que a União não contraiu diretamente.

Nesse sentido, aponta a reportagem da IstoÉ, Collor preferia uma linha semelhante a de Dilson Funaro, ministro da Fazenda de Sarney (o segundo, responsável pelo Plano Cruzado), que decretou a moratória da dívida externa. A reportagem segue:


Mas o candidato de O Globo pode ter se desgastado à toa, já que a ministra indicada não toca mais, publicamente, naquela promessa de campanha. Após o anúncio, Simonsen ficou quieto. O Globo, na sua ânsia de nomeação, noticiava, em janeiro, na companhia de seu rival Jornal do Brasil, um convite feito por Collor a Simonsen, durante encontro que, pelo que diziam os dois matutinos, ocorreu na exata hora em que o presidente eleito estava rigorosamente impossibilitado de pronunciar qualquer convite - Collor encontrava-se diante da broca de seu dentista, lá mesmo, no Rio de Janeiro. O episódio pulverizou as últimas esperanças dos cariocas de emplacarem o ministro da Economia - e consolidou uma vitória que começou a se desenhar na chamada batalha de Roma.

Tão logo se refugiou da tensão da campanha, na Europa, na passagem de ano, seu influente ex-sogro, Joaquim Monteiro de Carvalho, o interceptou na capital italiana, tendo a tiracolo o economista Daniel Dantas, funcionário gradualíssimo do banqueiro Antônio Carlos de Almeida Braga e outro ministeriável da facção Rio. Collor percebeu o perigo e imediatamente convocou Zélia a Roma.

Dantas, 35 anos, administrador da Icatu Participações - a holding que coordena os negócios de Almeida Braga - dispunha da torcida aberta do chefe, dos Monteiro de Carvalho, do dr. Roberto Marinho, dono das Organizações Globo, e do ex-ministro Simonsen. Tinha muitas ideias na cabeça e uma franca disposição a divulgá-las na imprensa. Como eram bastante recessivas, provocaram reações dos sindicatos e deram a chance que Collor esperava: despachou Dantas para uma posterior conversa com Zélia, em São Paulo.

Dias depois, já de volta ao Brasil, Collor confidenciou que Dantas era 'um administrador de fortunas e o Brasil, um país de misérias'. Naquele momento, Zélia talvez ainda não estivesse escolhida - mas Collor deixava claro que tampouco era carta fora do baralho.

- A matéria da IstoÉ não foi assinada. O diretor de Redação era Mino Carta.

- Collor acabaria escolhendo Zélia, e, juntos, baixaram o Plano Collor, no dia seguinte à posse do presidente. O Plano, entre outros pontos trágicos, continha o confisco da poupança. A economia brasileira foi lançada em grave recessão ao longo de 90, 91 e 92. Zélia seria trocada, em 1991, por Marcílio Marques Moreira, o homem que instituiu o regime de taxas de juros explosivas no Brasil. Collor sofreu o impeachment, no fim de 1992.

- Daniel Dantas continuou no Icatu até 1993/94, quando fundou seu próprio negócio, o banco Opportunity, se embrenhando na mais obscura aventura empresarial do Brasil moderno, a partir da privatização da Telebrás, em 1998.

8 de março de 2009

Muito ocupado

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Prezados, é uma lástima que eu esteja tão atolado em trabalhos acadêmicos e provas justamente neste momento. Tenho que entregar uma monografia ainda na semana que vem. Mas, por causa disso mesmo, há muito, muito, muito, o que dizer. Aguardem.

PS: Acompanhem o Twitter sobre a ditabranda:
http://ditabranda.nasretinas.com.br/

E não deixe de assistir todos os vídeos:
http://www.youtube.com/view_play_list?p=A2AD6FD28908373F

7 de março de 2009

Vìdeos imperdíveis do Azenha

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Enquanto o povo não publica os vídeos da passeata contra a Folha no youtube, deixo alguns históricos vídeos do Azenha sobre o Movimento Cansei:



Reparem nos "ídolos" políticos. O garoto tem como ídolo FHC... A senhora: FHC, Heloísa Helena, Gabeira e Simon... Muito instrutivo. De resto, publico os vídeos abaixo por diversão, porque, de fato, eles são comédia pura.



Confira as fotos do protesto contra a Ditabranda

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http://www.flickr.com/photos/tags/ditabranda/

O protesto agora é, oficialmente, um evento internacional.

O PIG que se cuide, porque iremos fritá-lo! Este blog já tem colaborado com um tipo de Óleo especial... Quem acompanha a minha monografia "O poema de Gutenberg", já entendeu que estou aproveitando a oportunidade para cavar um buraco ainda mais fundo onde o PIG, depois de frito, poderá descansar em paz, eternamente...

Boa sorte galera!

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O blog deseja, de todo coração, que o protesto contra a ditabranda, a se realizar neste sábado, 7 de março, às 10:00 da manhã, diante do prédio da Folha de São Paulo, na Alameda Barão de Limeira 425, aconteça tranquilamente, dando mostra de cidadania, participação popular e consciência política.

Acompanhem as notícias em tempo real no Twitter Planeta #Ditabranda.

E confira depois os desdobramentos do protesto no blog Cidadania, do Eduardo Guimarães.

5 de março de 2009

Esquentando a panela

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Recado: Confira o agregador de comentários e twitter sobre a ditabranda.

O famigerado editorial da Folha, em que chama nossa ditadura de "ditabranda", e a subsequente agressão aos professores Fabio Comparato e Maria Benevides, cumpriram diversos objetivos:

1) Adoçar a imagem da ditadura e portanto das forças políticas que a apoiaram: a direita política como um todo, as classes dominantes, os latifundiários, os grandes jornais, ou seja, os mesmos agentes políticos que agora se organizam em torno da candidatura de José Serra.

2) Preparar o terreno para a criminalização daqueles que lutaram contra a ditadura militar, entre eles a ministra Dilma Roussef, presa dos 19 aos 21 anos e barbaramente torturada, que deverá ser candidata à presidência da República.

3) Ao lembrar de Cuba, a Folha procurou marcar um pontinho ideológico no placar da direita, já que, em 2010, deverá ocorrer uma dicotomia total, e a Folha já deu indícios bem evidentes de que lado estará.

4) Fazer a crítica ideológica e política aos governos populares da América Latina, que nunca foram tão parceiros do Brasil. Ao fazê-lo, ataca indiretamente o governo Lula, que os apóia abertamente, e a esquerda de forma geral.

Enfim, todos nós tiramos boas lições de tudo isto. Nas eleições de 2010 não estará em jogo apenas o destino do Brasil. Ocorrerá um embate ideológico com reflexos no mundo inteiro, começando pela América Latina. Imagina se Morales, além da agressiva oposição interna, além da pressão norte-americana, recebesse golpes também do Brasil? Imagina se o Brasil decidisse seguir a orientação conservadora e empreendesse um ataque político e econômico à Bolívia?

O que é mais irônico, ou trágico, é que a América do Sul se tornou, na esteira das eleições de governantes de esquerda, um dos mais importantes mercados de produtos brasileiros industrializados. Um de nossos principais compradores de aviões é o Equador. A Argentina é o destino maior de nossas autopeças. As exportações brasileiras para a Venezuela cresceram quase 700% em seis anos. Mesmo assim, os conservadores insistem na cantilena de que a política externa brasileira, por se esforçar em melhorar as relações com seus vizinhos, é "ideológica"!

*

Confesso a vocês que, das tentativas dos "amigos" da Folha de minimizar o episódio da "ditabranda", a que mais me irritou foi a xaropada do Marcelo Coelho. Ele havia despertado uma certa simpatia por ocasião de sua briga com o Esgoto, o indivíduo mais sem escrúpulos da internet brasileira. Na época eu entrei em seu blog e até pensei em linká-lo por aqui. Alguma coisa, porém, me desagradou. Ele condescendia demais, explicava-se demais, e isso depois de ser ofendido da forma mais vil. Não linkei. Meus instintos estavam certos. A tentativa dele de explicar o comportamento da Folha é de revirar o estômago.

*

Eis que o Esgoto dirige sua peçonha para a manifestação diante da Folha e para Eduardo Guimarães. Muito sintomático. Mostra que estamos no caminho certo, e que a direita está atenta. Ele está atento. Não é a tôa que é blogueiro da Veja. É um pistoleiro sem ética, que há tempos vendeu sua alma para os que representam os interesses mais escusos, e seu blog reúne todos os extremistas do Brasil. A corrupção do Esgoto é infinitamente pior do que de qualquer deputado e seus castelos, porque é um tipo de corrupção mais profunda, mais sinistra, mais terrível. Ele não tem a mínima noção do que seja Soberania, o primeiro item do artigo I da Constituição Brasileira, no Título I, que fala dos Princípios Fundamentais; não entende, igualmente, o segundo item, a Cidadania; e muito menos o terceiro item, o pluralismo político. Também não conhece o Artigo 3, ainda no Título I, que fala dos objetivos da República Federativa do Brasil, que são:

I - construir uma sociedade justa, livre e igualitária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.

Aborrece-me o deslumbramento de muitos brasileiros com a pretensa erudição dos Esgotos, que nada tem a ver com moral, sabedoria ou justiça. Ao contrário, o fato da pessoa usar de astúcia e cultura para ofender e ludibriar revela uma falta de caráter muito superior a qualquer outra, além da ausência total de sabedoria e ignorância crassa sobre justiça. Mesmo sendo adversário político do governador de São Paulo, José Serra, espanta-me saber que ele frequente esse tipo de pessoa e me causa calafrios pensar que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, atenda-lhe o telefone. Sua argumentação é profundamente antidemocrática. Na linha da estratégia da direita reacionária contemporânea, procura sempre desindividualizar os adversários. Não se trata mais de fulano ou sicrano, e sim um "petista", numa conotação pejorativa. Com isso, desmerece a nossa democracia, que se fundamenta sobre a representação partidária, e insulta o indivíduo, ao depreciar suas motivações pessoais e políticas. De acordo com esta linha, fulano não age em virtude de seus princípios, de sua consciência pessoal, de sua crença política singular, e sim porque seguiria a orientação partidária. Com isso, ataca-se a própria essência da militância e da participação política, que consiste na harmonia digna e viril entre a consciência individual e a lealdade ao coletivo que o representa. A direita quer uma democracia sem povo, sem militância e sem partido. Um sonho, felizmente, impossível, já que seria, em verdade, um pavoroso simulacro de democracia.

Figuras como o Esgoto estão cada vez mais isoladas, e tendem para um extremismo que sobrevive artificialmente através da Editora Abril, uma empresa que empreende táticas tenebrosamente mafiosas para fechar negócios com governos estaduais. A vitória de Serra é sua única esperança. No entanto, a ansiedade com que agem lhes fazem cometer erros sucessivos, ditados pelo desespero e pela prepotência. Serão mastigados e engolidos pela democracia, e lançados, como dejetos inúteis, no lixão sem reciclagem da história.

*

Esta luta serve, afinal, para nos lembrarmos que o Leviatã não descansa. Apeado do Palácio do Planalto, ele migrou para as redações e de lá prossegue torturando conceitos e notícias, com vistas a extrair confissões falsas e, com elas, perseguir cidadãos e voltar ao poder.

*

Leiam este excelente artigo do Oswaldo Bertolino, que discorre com elegância e inteligência sobre a ditabranda.

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"O único historiador com o dom de acender as luzes da esperança no passado, é aquele que se convence de que nem mesmo os mortos estarão a salvo do inimigo, se ele, o inimigo, for vitorioso. ". Walter Benjamin, Sobre História, Tese VI.

Esta é uma tradução minha de uma versão em inglês. A lembrança de um texto tão pertinente veio do Idelber Avelar.

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Por falar em Constituição, outra coisa que poucos sabem é que, enquanto a manifestação do pensamento é livre, o Anonimato não goza da mesma prorrogativa.

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.

2 de março de 2009

Rápida reflexão sobre a excelente telefonia brasileira

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Por João Villaverde

A partir dos anos 80, no longo processo de reforma do modelo varguista de desenvolvimento no Brasil, uma das ideias defendidas com mais ênfase era a privatização da telefonia. Essa ideia foi ganhando massa crítica entre os acadêmicos - majoritariamente de Economia e Administração do eixo Rio-São Paulo - que retornavam com mestrados e doutorados de escolas americanas. Por aqui, esses intelectuais passaram a ocupar cada vez mais espaços estratégicos.

Aos poucos ocuparam a imprensa, ora como fonte, mais à frente como articulistas. Depois, passar a altas posições em grandes empresas. Finalmente, foram ocupando espaços executivos no governo. Nos anos 90, seguindo um processo que se dava em toda a América Latina, o discurso de "inserir o país na modernidade, enxugando o Estado, fortalecendo a iniciativa privada" foi colocado em prática.

A ideia de privatizar a telefonia foi então colocada em prática.

O objetivo do modelo privatizado, conforme se apregoava, seria obter a universalização do acesso às telecomunicações (basicamente, ao sistema de telefonia), por meio de empresas concessionárias que operariam em um mercado concorrencial e competitivo. Adicionalmente, não se deveria esquecer de assegurar o desenvolvimento industrial e tecnológico do país. O argumento principal era de que a concorrência iria conduzir à universalização, sem prejuízo para o desenvolvimento industrial e tecnológico.

Para verificar se todo esse discurso bonitinho valeu a pena ou não é preciso, portanto, medir o que foi alcançado em temos de universalização, competição e desenvolvimento industrial.

Pois hoje, segunda-feira 02 de março, a seguinte nota publicada na Folha Online exemplifica um pouco todo aquele processo de passar os serviços de telecomunicação das mãos do Estado para as mãos das empresas privadas. A matéria pode se lida clicando aqui.

A ONU divulgou hoje estudo que apresenta informações sobre os serviços de telefonia e internet em 150 países. O Brasil aparece entre os 40 em que o uso de telefones fixos e celulares consome a maior fatia da renda per capita.

Tomando como referência o preço de um pacote básico, a União Internacional de Telecomunicações (UIT) chegou à conclusão de que o uso do celular no Brasil é um dos mais caros, consumindo o equivalente a 7,5% da renda média per capita do país. Numa escala crescente de custo, o país ocupa a 114ª posição. A telefonia fixa morde uma fatia menor da renda do brasileiro (5,9%), mas também coloca o país entre os últimos, no 113º lugar.

A internet de banda larga, considerada pela UIT importante ferramenta para o desenvolvimento econômico, tem um preço elevado no Brasil. De acordo com o estudo, seu custo mensal equivale a 9,6% da renda média per capita brasileira. E lembrem-se, na momento da reflexão, que nossa renda é baixa. Somos um país de Terceiro Mundo, bom lembrar. Essa realidade foi totalmente ignorada quando se passou os serviços de telecomunicações para mãos privadas.

Em seu seminal "A Lógica do capital-informação", o pesquisador Marcos Dantas, doutor em Engenharia da Produção pela Coppe-UFRJ, foi enfático: "o modelo que se construiu e tentou implantar nas telecomunicações brasileiras está errado. Está errado porque ignorou a realidade. A conhecidíssima má distribuição de renda brasileira foi completamente ignorada na hora em que o governo Fernando Henrique Cardoso definiu as características básicas do seu modelo para as telecomunicações".

Qualquer análise isenta e desinteressada apontaria para a incapacidade (sem falar na falta de vontade) de o investimento privado lograr superar nossas barreiras de renda, liderando assim um programa destinado a democratizar a telefonia no Brasil.

"A experiência internacional anterior a 1998 (quando se deu a privatização da Telebrás no Brasil) permitia afirmar que em nenhum lugar do mundo a concorrência democratizou as telecomunicações. Pelo contrário: nos (poucos) países onde a telefonia fora de fato universalizada, isso ocorreu por meio de monopólios públicos. Mais: antes dos leilões da Telebrás, também se sabia muito bem que o espaço para a concorrência nas telecomunicações se limita, quando muito, ao chamado mercado corporativo e ao familiar de alta renda. O governo dispunha de levantamentos feitos por empresas de consultoria contratadas pelo BNDES, confirmando que o mesmo se repetiria no Brasil. "

Não há pois surpresa no fato de a concorrência não ter vingado no conjunto do setor. Aliás, nada relacionado a péssima experiência de telefonia privada no Brasil deveria surpreender.

Ao contrário. Deveria fazer pensar.

1 de março de 2009

Não esperava outra coisa de você, Chomsky

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(Basquiat)


Há alguns anos, no começo do mandato de Lula, perguntaram a Chomsky o que ele achava do presidente brasileiro. Prudente, ele respondeu que ainda não podia afirmar nada de concreto sobre Lula. Ainda não pudera entender o que ele representava para o Brasil. A mídia - incluindo a alternativa - deu grande destaque às suas palavras por causa da interpretação negativa que sugeria, de que Chomsky era mais um daqueles que esnobavam de Lula porque ele não seria um "verdadeiro" esquerdista como Chávez, que sempre usa roupas vermelhas.

Entrementes, as rodas giraram. Chomsky era um intelectual considerado subversivo para a grande mídia americana. Quer dizer, respeitavam-no enquanto linguista, até porque nesta área é um dos maiores de todos os tempos, mas silenciavam absolutamente sobre seus ensaios de crítica à mídia. Chomsky denuncia as mentiras sistemáticas da mídia americana, simplesmente apontando suas contradições.

Agora temos uma novidade. Chomsky foi considerado o intelectual mais influente do mundo pelo New York Times. Isso em 2005. De lá para cá, ele só recebe mais ovações nos EUA. A mídia americana, depois do fiasco Bush e, sobretudo, após a crise financeira que se abateu sobre os jornais, deu o braço a torcer. O leão miou. A internet destronou os jornais de seu reinado absoluto sobre opinião pública. A imprensa americana precisou falir para entender. Suas primas no Brasil também precisarão chegar a esse ponto? Ou já chegaram?

Em entrevista à Revista Istoé desta semana, Chomsky fala sobre o Brasil, o governo brasileiro e a América Latina. Afirma que a América Latina é, hoje, o lugar mais interessante do mundo. É claro que ele se refere ao aspecto político. Diz que o Brasil está indo no caminho certo. Ou seja, derrotando o neoliberalismo (leia-se PSDB) e adotando políticas progressistas. A verdade é que a direita brasileira é composta (ia dizer combosta) por retardados ideológicos e econômicos, que não vêem a necessidade de melhorar a distribuição de renda para acelerar o desenvolvimento econômico, uma teoria óbvia mas que tem sido, ao longo da história, tão medievalmente combatida pelas elites que obrigou Celso Furtado a publicar uns cinquenta livros sobre o mesmo assunto.

A grande mídia, desta vez, irá repercutir a notícia, tão boa e positiva para autoestima nacional? Não vai, e se o fizer, será com muito menos ênfase do que em caso de uma eventual crítica negativa. Seguramente, não irá constar nos editorais ou colunas. Se qualquer intelectual estrangeiro disser um ai contra o Brasil, vira manchete. Quando o Wall Street Journal (direita) e Chomsky (esquerda) tecem loas ao governo brasileiro e, conseguintemente, aos 84% dos brasileiros que apoiam entusiasticamente seu presidente, a imprensa amordaça a informação. Censura a informação. Sim, porque se a informação é um bem vital para a sociedade e os grandes meios de comunicação estão concentrados em mãos de poucas famílias, e esses meios silenciam sobre notícias importantes para a sociedade brasileira saber como é vista por outros países, então há uma abominável censura. Uma censura imbecil, sectária, fruto de uma pequenez ideológica que agride qualquer brasileiro com um mínimo de autoestima e afeto por seu país.

A briga que a imprensa comprou contra Lula é suicida. Reflitam sobre os números. Não apenas Lula tem 84% de aprovação popular, mas na escala de notas de 0 a 10, ele não marca nenhum ponto no 0 e tem muitos pontos no 10. Ou seja, há um apoio realmente entusiástico. Isso é ótimo porque um governo popular ajuda o país a crescer, desde Julio Cesar e Napoleão até Roosevelt e Vargas. A imprensa tem que entrar na onda e ajudar o país a crescer! Agora, com a crise, é mais importante ainda reduzir os atritos extremistas e focar no desenvolvimento! Basta de cafonice conservadora!

O que estamos vendo, no entanto, é pior do que apenas a direitização da mídia. É a formação de uma máfia, corrupta, agressiva e reacionária, estruturada em torno do governador José Serra, do banqueiro Daniel Dantas, e do presidente do STF, Gilmar "Berlusconi" Mendes, aliada financeira e politicamente à mídia corporativa. Na rabeira da máfia, segue a classe média conservadora de sempre, os mesmos tontos que apoiaram a ditadura militar, os teleguiados com cérebros conectados à Matrix midiática.

O link para a entrevista do Chomsky está aqui.

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A pintura é de Basquiat, outro americano de quem gosto muito.