27 de agosto de 2008

Um botequim & mais pitacos

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Volto a praticar fotografia, e aproveito para registrar fotos da Lapa e seus botecos.


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E a Marta Suplicy pode ganhar no primeiro turno, héin! Se isso ocorrer, será uma reafirmação de que a pólvora midiática debilitou-se severamente e as balas que dispara não têm mais o poder letal que tinham antes. Mesmo se houver uma reviravolta e a vitória petista não se materializar, já existe um fato político consumado. A oposição conservadora isola-se cada vez mais e, ludibriada pelos afagos midiáticos, persiste em sua loucura. É por isso que eu não concordo mais com a máxima de Blake, que dizia: se o louco persistisse em sua loucura, tornar-se-ia um sábio. O grande Blake desta vez falou besteira. Se o louco insistisse na loucura, continuaria um louco mesmo. Talvez um louco furioso. Que é o que acontece na vida.


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A proibição de fumo em lugares fechados e a nova lei seca deflagraram discursos oportunistas, de um lado, e ingênuos, de outro. Fala-se, genericamente, em proibições estatais sobre a vida do indivíduo. Uns dizem que estaríamos a um passo de se proibir reuniões em lugares públicos. Forçando um pouquinho aqui e ali e pronto, cola-se no governo Lula e na esquerda em geral a pecha de proibitivo e intervencionista. Santa ingenuidade. Essas leis anti-fumo tramitam no mundo inteiro, nos países mais civilizados, e com os governos mais conservadores. Sobretudo, não tem nada ver com proibicionismo ou comunismo ou seja lá qual for a paranóia da hora. E, ademais, são iniciativas parlamentares, votadas no Congresso Nacional e portanto opostas a qualquer ideologia anti-democrática.


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A nova Lapa não é só musical. Há um crescente movimento de artes plásticas crescendo no bairro, com artistas organizados alugando antigos sobrados e montando ateliês e galerias. Um corredor vem se formando a partir da praça Tiradentes, até a rua do Rezende (onde eu moro, não por acaso). As galerias Gentil e Durex, na Tiradentes, estão sempre organizando divertidas e generosas vernissages, que mobilizam muito gente. E a Clarabóia, na Rezende, está em vias de inaugurar sua galeria. Deverá ocorrer uma festa ao final de setembro.


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Falta agora um enclave literário na Lapa. Por isso, analiso a possibilidade de montar um sebo-bar no bairro. Procuro investidores.

25 de agosto de 2008

Anotações sobre arte moderna & pitacos eleitorais

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Estou agora trabalhando num artigo sobre artes plásticas. Já tenho mais ou menos uma bibliografia básica. Algumas coisas da pesada, como o Belo na Arte de Hegel e Crítica do Juízo, de Kant, e outras mais leves, mas não menos importantes, como os artigos de Mario Pedrosa, um livrinho do Tolstói intitulado O que é Arte e textos de Baudelaire, Appolinaire, Valery, além das lindas cartas de Van Gogh a seu irmão Theo. E um livro maravilhoso intitulado Breviario de Estetica, do Benedetto Croce.

As Cartas a Theo ficaram tão famosas que se tornaram até um clichê, mas seria injusto subestimar sua importância por causa disso. É um livro belíssimo, sobretudo para os aficcionados pelo holandês louco e que conhecem a sua biografia.

Também estou procurando mais informações sobre Cézanne, que foi efetivamente o grande pioneiro da arte moderna.

O meu artigo tratará do que eu considero uma emergência de um movimento nacional de artes plásticas muito mais eclético e importante do que jamais houve no país.

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As eleições municipais para o Rio de Janeiro estão um saco. Crivella vai ganhar, com certeza, o que é uma pena. Não interessa se é aliado de Lula, que de resto é também aliado de quase todos os outros candidatos, à exceção de Gabeira e Solange. Mas a culpa é dos outros partidos, que ainda não conseguiram produzir nenhuma figura de projeção no estado do Rio. O Eduardo Paes, candidato do Sérgio Cabral (PMDB), é um oportunista, e isso está estampado em neón na sua cara. A Jandira Feghali (PCdoB), minha candidata, tenta tenta tenta mas não consegue disfarçar o seu rancor visceral por tudo e todos, o que a atrapalha muito. O Gabeira é cada vez mais um candidato da zona sul. Acho que seria um bom prefeito, apesar dos apoios à direita que recebe, mas não voto nele, porque sei que seria uma vitória política para a oposição tucana. O governador de SP, José Serra, aparece na propaganda eleitoral do Gabeira, pedindo voto pra ele. O elitismo do Gabeira é tão natural, chega a ser engraçado. Ele usa palavras difíceis, desnecessariamente, o que revela uma personalidade antes pedante do que culta. Sua fleuma soporífera causa estranhamento, e não apenas no povão.

A Solange Amaral, candidata do DEM e do César Maia, é uma piada. Só dá traço em pesquisa, por razões óbvias. Não é um poste, é uma tampa de esgosto.

Ah, o PT. Mais uma vez botou uma figurinha apagada. Nem lembro o nome dele. Lembro só do topete chanel, o estilo beneditino e a ausência absoluta de carisma e criatividade.

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E uma nova batalha pelo petróleo se anuncia.

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Tenho que pesquisar ainda os textos de Rodrigo Naves, um dos maiores críticos vivos da atualidade.

24 de agosto de 2008

Manuskripto é lançado

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Noite amena, fresca, a Lapa velha e boa de sempre, num sábado particularmente calmo. Na Joaquim Silva, rua onde dormia Madame Satã quando moleque, diante da escadaria de azulejos coloridos os amigos se reúnem e fazem sua modesta contribuição à economia brasileira, quer dizer belga. Leia-se Inbev. Na foto, Nilton Pinho, à esquerda, explica os altos e baixos da cotação do levedo, tema que também preocupa sobremaneira Sideral, ao fundo. Priscila, à direita, entedia-se com o assunto, enquanto Juliano Guiherme e Hélcio Barros (segurando um exemplar do Manuskripto) tentam desviá-lo para filosofia alemã do século XIX.

Lancei a revista e encerrei a festa bem cedo, meia noite e pouco, por influência de um Legião Urbana tocado mais repetidamente do que o aconselhável - ainda mais considerando que ouvi tanto Legião na adolescência que preciso de mais uns vinte ou trinta anos para voltar a curtir a banda. E o Manuskripto tinha mais a ver com um blues antigo. Quiçá algum clássico do Celso Blues Boy. Um Fausto Fawcett. Mas a festa era emprestada, e não posso reclamar muito porque ao menos é um espaço onde não toca samba - que eu gosto, mas que virou uma ditadura na Lapa. Não aguento mais ouvir "afivelaram meu peito, para eu deixar de eu te amar". Mais de dez anos escutando essa música, tenha dó.

Ainda estou longe dos jornais, e minha síndrome parece ter diminuído. Não sinto mais tanta falta, nem dos cadernos de cultura. Ontem estava meio aborrecido com umas coisas e li duas entrevistas que levantaram meu astral, na famosa coletânea da Paris Review. Uma com Faulkner, outra com Céline. Faulkner afirma de forma muito comovente a sua independência e deu algumas dicas. Ele começou escrevendo em Nova Orleans, enquanto fazia todo tipo de bico, geralmente trabalhos manuais que lhe deixavam o cérebro livre para pensar. Faulkner diz que já ouviu falar de inspiração, mas que nunca soube direito o que é. Literatura, diz ele, é feita de 90% de talento, 90% de determinação e 90% de trabalho.

A entrevista com Céline é divertida. O curto prefácio diz que ele já estava meio demente, isolado numa casa de periferia, endividado e solitário. Céline conta que foi muito pobre na infância e juventude. Era uma pobreza particularmente difícil porque tinham uma vendinha na galeria Lafayette e precisavam demonstrar alguma decência. Moravam no segundo andar da loja, num apartamento cuja cozinha era menor que um armário. A mãe de Céline, com uma perna quase inválida, tinha que subir e descer uma escadinha em espiral umas vinte e cinco vezes por dia, para ferver água, voltar para loja, subir para fazer o molho, etc. Céline disse que a vida inteira comeu apenas macarrão porque era o único prato que não dava cheiro nas roupas que a mãe passava e entregava nas residências ricas.

Impressionou-me uma observação de Céline sobre o tempo em que trabalhou como médico de uma fábrica da Ford nos EUA. Indagado se notara muitos problemas físicos e mentais junto aos operários, Céline diz que os doentes eram os mais apegados à empresa. Os saudáveis, diz ele, estavam sempre abandonando a fábrica. Pareceu-me lógico. As pessoas mais frágeis, fisica ou psicologicamente, agarram-se a seus empregos com medo e sofreguidão. O que me leva a refletir se interessa ao sistema ter pessoas semi-doentes e inseguras.

E na entrevista com Faulkner ele diz que para escrever basta papel, comida e uísque. A repórter indaga: "bourbon?", e ele responde: "uísque está de bom tamanho". Faulkner diz que o escritor de primeira classe não tem tempo de correr atrás de ajudas de governo e que conforto financeiro também não ajuda em nada. Paz e alegria, diz Faulkner, não têm nada a ver com arte. O melhor emprego que teve, diz Faulkner, foi o de zelador de motel, que lhe proporcionava tempo para pensar, e alguma agitação para espantar o tédio.

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Bem, voltando à Manuskripto, trata-se de uma revista em papel branco comum, tamanho A3, dobrado em dois. Na capa, um belíssimo poema de Dylan Thomas, uma importante citação de Spinoza, um editorial escrito a mão. Traz ainda poesias diversas, de vários autores, uma crônica política, um ensaio sobre o trabalho do Nilton Pinho. Quem quiser adquirir um exemplar, ou fazer uma assinatura para receber toda quinzena, mande um email ou deixe um comentário.

23 de agosto de 2008

Desintoxicação

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Não tenho lido jornais nos últimos dias e constatei que ainda sou dependente da imprensa. Mesmo que negativamente. O ódio, se é ele que me mobiliza a ler editoriais que me irritam, é um narcótico que vicia. Quem odeia se submete ao objeto odiado. Há controvérsias sobre o valor do capital e do trabalho, mas ninguém discute o valor fundamental do tempo. Se invisto meu tempo em alguma coisa, portanto, é porque acredito nela.

A internet nos permitiu, no entanto, vislumbrar uma hipótese que, até pouco tempo, pareceria impossível: um mundo sem imprensa. Hoje, renomados e sisudos especialistas debatem a possibilidade do fim dos jornais, que seriam substituidos paulatinamente pela internet e sua miríade de sites genéricos e especializados.

Seria ingenuidade concluir que o fim da imprensa representaria um avanço e, pessoalmente, não acredito nisso: acho que a imprensa não morrerá, apenas mudará de plataforma. A visitação do site do Globo, hoje, supera largamente a tiragem do jornal. Entretanto, se a nova plataforma não trouxe mudança no perfil editorial, a experiência da leitura sofreu uma profunda transformação. Os leitores mudaram. É uma revolução ainda em seu início, mas que avança muito rápido.

Nesses dias sem ler jornal, senti uma espécie de síndrome de abstinência. Como tenho feito, nos últimos anos, um constante trabalho de contra-informação, tentando desconstruir as meia-verdades que a imprensa aplica nas veias da classe média, descobri-me, eu mesmo, também viciado nesta droga. Viciei-me em odiar, porque aprendi a transformar esse ódio em energia para escrever. Tornei-me uma usina contra-informativa cuja matéria-prima era a imprensa.

Bem, ao menos identifiquei o vício, e agora procurarei superá-lo. Quero continuar lendo jornais e praticando a contra-informação, mas sem dependência. Agora que tenho mais tempo, procurarei publicar aqui análises colhidas diretamente das fontes. Aliás, esta é outra grande revolução trazida pela internet. É possível "saltar" a imprensa e ir direto às fontes. Ao site da Bolsa de Nova York, ao Ministério do Trabalho, ao blog de um economista.

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Já que mencionei sobre minha saída do emprego, acho bom explicar isso melhor, para evitar confusão. Eu trabalhava para um site estrangeiro, fazendo o que eu sempre fiz, matérias sobre café. Nos últimos tempos, porém, tenho diversificado minhas atividades e escrito para outras revistas e sobre outros temas, além deste blog. O trabalho no referido site tomava-me tempo em demasia, que eu podia aplicar melhor em outra coisa. Andar de bicleta, por exemplo.

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Nesse tempo em que fiquei sem escrever, por causa do braço machucado, houve um dia em que me senti particularmente impelido a atualizar este blog. Vocês se lembram, certamente, de pesquisa recente do IBGE segundo a qual a classe média brasileira teria crescido fortemente e se tornado a mais numerosa do país. O Globo, no dia seguinte à pesquisa, foi buscar "especialistas" que afirmaram as seguintes barbaridades:

1) Que era preciso ver que profissões essas pessoas exerciam. O economista pôs em dúvida o "prestígio" das atividades desta nova classe média. Ele acrescenta que a classe média é tradicionalmente ligada ao setor de serviços e que operários não deveriam ser incluídos nessa faixa social.

2) Era preciso saber se as pessoas manteriam a sua renda. Quer dizer, se sua renda era estável e se continuariam na classe média.

Em relação à primeira, notei um preconceito babaca, que é infelizmente muito comum no Brasil. Há, de fato, uma classe média que descende diretamente dos escravocratas e que tem asco a qualquer ofício manual. Mas é idiota demais achar que alguém pode ser ou não da classe média porque é assessor de imprensa, mesmo ganhando a metade ou um terço do salário de um operário especializado. Esse cara é tão burro que não sabe que hoje, com as fábricas super-mecanizadas, os operários ganham muito mais que antes porque seu trabalho exige conhecimento e responsabilidade, visto que lidam com maquinários que custam milhões de dólares. O setor de serviços se proletarizou. Um jornalista comum, em começo de carreira, ganha verdadeira miséria, sem contar as mil e uma formas com que as empresas o ludibriam, desde a contratação em massa de estagiários até o abuso de horas extras não-remuneradas.

O meu prédio tem quatro porteiros. Qualquer minuto extra de trabalho é pago. Com o tempo, a hora extra é incorporada ao fundo de garantia e se o condomínio quiser demiti-lo, pagará uma pequena fortuna. Não estou julgando aqui se há exageros ou não na legislação trabalhista, mas apenas mostrando como o jornalista desceu na escala social, comparativamente à outros segmentos da classe trabalhadora. E como o setor de serviços deixou de ser, há tempos, um segmento privilegiado.

Sobre a segunda afirmação, trata-se de outra imbecilidade, além de parecer até uma toada de mau agouro. Sai pra lá, bode preto! Desde quando classe média tem segurança de que sua renda se manterá? Se acontecer uma crise, essa classe média pode voltar à classe baixa, ok. Mas enquanto isso não acontece, o Globo e seus economistas de olhos gordos podiam ter a gentileza de colocarem de lado seu inexplicável despeito e deixarem a nova classe média ser classe média.

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O Eduardo Guimarães está visitando o Equador e tem escrito inteligentes análises sobre a América Latina. Ele acusa a falta de integração política e cultural do continente. Concordo. Mas senti um pessimismo em seu texto que não se coaduna com a realidade. A integração está acontecendo, a num ritmo bastante promissor. O Lula tem priorizado as relações intra-americanas de uma forma como nenhum outro governante o fez. Nem Vargas nem JK. E os resultados já estão aparecendo. O comércio entre os países latino-americanos cresceu exponencialmente e o Mercosul já é o maior parceiro comercial do Brasil, emparelhando com EUA e Europa. Isso era impensável até pouco tempo. Em muitos setores, a Argentina é um parceiro mais importante que os EUA. Quem imaginaria isso nos anos 60 seria taxado de lunático. E comércio é importante sim, porque é através dele que se estruturam as relações políticas e culturais. Tanto é verdade que o Eduardo Guimarães está no Equador, escrevendo excelentes análises, por conta de seu trabalho como vendedor de auto-peças.

Nos últimos anos, aconteceram diversas reuniões históricas dos mandatários dos países sul-americanos. O governo brasileiro tem defendido uma aliança mais estreita entre os países e a proposta vem sendo recebida muito positivamente. Lula chegou a citar a possibilidade de uma moeda única no continente. Já foi criado um banco regional de desenvolvimento e a discussão em torno da aliança militar tem avançado rapidamente.

Como era de se esperar, porém, a mídia brasileira tem combatido encarniçadamente esses movimentos. É difícil compreender os motivos que levam donos de jornais a se posicionarem contra uma união que pode trazer dividendos a todos, inclusive a eles mesmos. A explicação, no entanto, é simples: poder. As mídias latino-americanas foram desapeadas do poder político e querem voltar. Na América Latina, a relação entre os políticos tradicionais e os proprietários de meios de comunicação de massa sempre foi intensa. Com a derrota dos candidatos apoiados pela mídia, esta ficou de fora das reuniões palacianas e perdeu a segurança que possuía de que seus eventuais deslizes não seriam investigados pelo governo. Por isso vem apelando para a histeria e para o golpismo.

Fico impressionado, por exemplo, com o caso do presidente Alvaro Uribe. Aí se vê claramente como as mídias corporativas são hipócritas e daninhas. Em qualquer outro país latino-americano, um presidente que se visse envolvido, por todos os lados, numa relação com os para-militares e narco-traficantes, seria deposto ou, no mínimo, enfrentaria uma severa crise política. Uribe não. Ele é o Aécio Neves colombiano. Totalmente blindado. Inclusive aqui no Brasil. Falou-se tanto do tal computador que teria "provas" de relação de Chávez com as Farc e depois descobrimos que elas consistiam numa anotação descontextualizada: Chávez - 300, que os gênios da mídia sul-americana logo interpretaram como 300 milhões de dólares. A mesma coisa com o Brasil. As relações de membros das Farc com petistas foram exploradas à larga pela famigerada Veja, mesmo sem haver nada de especialmente comprometedor. E Uribe, cujas ligações com para-militares e narco-traficantes são comprovadas (seu irmão foi preso, ministros caíram, o Supremo Tribunal aceitou denúncia), ainda é tratado como um menino bonzinho. As matérias do nosso famoso PIG não citam Uribe sem lembrarem, enfaticamente, que ele é um presidente muito "popular" na Colômbia. Mesmo que a matéria não tenha nada a ver com popularidade.

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Hoje à noite (23/08), lanço a primeira edição da Revista-Zine Manuskripto, um projeto bastante experimental e despretensioso. O evento acontecerá na rua Joaquim Silva 90, onde era o bar do seu Cláudio e hoje é o Bar do Zé. Quem tiver interessado em receber a revista pelo correio, são apenas R$ 2,00, mais o preço do correio. Peça nos comentários ou mande-me um email (migueldorosario arroba gmail ponto com).

21 de agosto de 2008

Novas atividades

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Pois é, a grande novidade é que larguei o meu emprego e agora tenho tempo de sobra para escrever e fazer minhas estrepolias. E já comecei. Estou lançando uma revista de literatura, política e artes plásticas neste sábado. A revista ficou linda. Maluca, original, subversiva, inteligente. É a Manuskripto, revista quinzenal a ser vendida por R$ 2 nos bares da Lapa. A festa de lançamento será no dia 23, neste sábado, em paralelo ao evento Rock Versos in Poesia, que traz shows de rock no bar do Zé. Tudo gratuito e a cerveja é preço popular. Quem estiver no Rio, apareça por lá.

20 de agosto de 2008

Ah, o Sideral, à esquerda. Ao lado do Nilton

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19 de agosto de 2008

A Psunga do Sideral

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Nilton Pinho atirando no seu próprio trabalho.

Cecília e Hélcio e John Wayne, confabulando.

Zé Veras e Juliano se atracando.


Hélcio Barros e Ornela Mutti, quer dizer, Denize, trocando confidências.


As três princesas de Witshik, Isabela, Helena e Marcia, planejando maldades contra os homens


Volto ao blog, de leve, devagarinho. Meu braço está quase bom. Tanta coisa a dizer. Esperemos. Serei um cronista e fotógrafo da noite carioca, especializado na Lapa e adjacências. Eis as fotos da vernissage do meu chapa Nilton Pinho, ontem no Museu da República.


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E não é que o Sideral foi expulso do Psol por fazer campanha na praça da Carioca usando sunga? Coisas da vida. O Psol tá vendo que a batata assa em qualquer forno. Será fundado agora o Psunga.

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E me vi envolvido numa discussão sobre o Vargas. O cara dizendo que o Vargas não tinha feito nada. Que ele apenas cedeu às pressões dos partidos e movimentos de esquerda. Assim como Lula. Logicamente, eu rebati. Lembrei ao sujeito que o Vargas tinha feito tudo. Salário mínimo. CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). O cara dizia que o Lula não tinha feito nada pelo trabalhador e pedia para eu citar alguma coisa. Eu perguntei: bem, o aumento do salário mínimo para você não vale nada? Ele escorregou dizendo que, mesmo os 400 reais não são suficientes para o trabalhador. Eu não disse a ele, mas podia ter dito, que 400 reais salvavam o meu mês neste momento. Comprava macarrão, molho de tomate, queijo ralado, salsicha, para dois meses. Falei sobre o aumento das verbas para a agricultura familiar. Ele disse que não "via isso" e afirmou que não acreditava em estatísticas e que o IBGE estava cheio de "petistas". Bem, não disse a ele que o funcionário do IBGE que eu conheci outro dia num bar era fernandista e tucano doente. Aí ele disse que tínhamos opiniões radicalmente diferentes e foi embora.

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Detalhes: estávamos há poucos metros do quarto onde Vargas se matou com um tiro no peito, em 26 de agosto de 1954; e a pintura do Nilton é inspirada no suicídio do velhinho. Notem o revólver, o quarto, o lenço vermelho pendurado.

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E o PIG em geral ecoou infinitamente a afirmação do Gabeira de que a UNE hoje é "chapa branca e que, nos anos 60, fazia oposição intransigente ao governo". Que farofada! A UNE apoiou o Jango, contra o PIG da época. Portanto, não era nada oposição INTRANSIGENTE. E mesmo se fosse oposição intransigente, isso é uma obrigação? Se for, onde está a liberdade? E a UNE deveria continuar IGUAL ao que era nos anos 60? O mundo mudou completamente e o Gabeira e PIG querem que a UNE permaneça parada no tempo? Pelo que eu entendo, oposição intransigente é uma oposição burra. Na verdade, o que o Gabeira e o PIG querem dizer é que a UNE deve ser uma oposição intransigente ao Lula. Eles queriam que a entidade fosse uma correia de transmissão, acrítica e submissa, de todos os escândalos midiáticos. Manchete em jornal + passeata de estudante = derrota política do Lula. Essa é a fórmula manjada que eles não conseguiram emplacar.

A história toda começou com a decisão do Lula de indenizar a UNE pelo incêndio e destruição de seu prédio em 64. Decisão justa que, aliás, devia ter sido tomada já no primeiro governo pós-ditadura. Por que ninguem pensou nisso antes? É óbvio que a UNE deve ser indenizada por essa agressão. E O PIG, naturalmente, vem cheio de maldade. Dizendo, ou melhor, insinuando, como eles gostam de fazer, que se trata de operação para "comprar apoio" da UNE. Ora, é a velha ladainha de sempre. O PIG agora confunde tudo. Se um político manda construir casas populares, ele diz que ele o faz querendo ganhar eleição. E daí? O problema nunca foi esse. O problema sempre foi o político prometer e não cumprir. Lembram disso? Se o político faz, mesmo que seja Maluf, Collor ou FHC, então o povo o apóia. Com razão. Não se deve confundir política com metafísica. Os tucanos agora acham que os governantes devem fazer uma política metafísica, filosófica, que, embora não traga nada de concreto para o bem público, contribuiria, misteriosamente, para a evolução moral da sociedade. Ah, vão te catar. Evolução moral é segurança financeira e alimentar para o povo. É geração de emprego. Esse capitalismo meia-boca da direita tupi não engana ninguém. Por isso estão perdendo eleição e minguando politicamente. E o cara ainda repetiu que o Lula ajuda os banqueiros. Ora pois pois, o Lula não pode baixar decreto impedindo banqueiro e rico de ganhar dinheiro. Mas quem ajudava banqueiro era o FHC, que tirou dezenas de bilhões de reais dos cofres públicos e os deu aos bancos, para evitar crise. Prefiro banco ganhando dinheiro do que recebendo subsídio estatal. A verdade é que os tucanos estão completamente perdidos. Ideologicamente perdidos. Enquanto isso, a Marta avança e pode ganhar as eleições em SP no primeiro turno - o que é um fato político ainda a ser analisado meticulosamente por este blog. É, carinha, a luta de Vargas foi braba. Não se tratou apenas de "ceder". Ele brigou contra poderosos interesses, e venceu. A luta prossegue e tem muito jornal pagando mico. Se o governo vai indenizar a UNE, ela tem mais é que o agradecer pela justiça. Podia ser Collor, Maluf ou FHC, repito. A beleza da história é que, com essas críticas, Gabeira e PIG marcam posição, essa sim intransigente, e burra, contra a UNE, e perdem politicamente com isso. Bem feito.

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Tomem muito cuidado. Computador é uma armadilha. Ferra a coluna, o pescoço, o braço. Façam alongamento de meia em meia hora quando estiverem usando o computador.

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Fiquei algumas semanas de férias, quase não lendo jornal e me dei conta de uma coisa. A maioria esmagadora da população não dá a mínima trela para essas intriguinhas que o PIG alimenta diariamente. Por isso o Lula prefere ficar na dele. Se o Lula atacasse o PIG de frente, como quer o PHA ou o Azenha, seria uma tremenda propaganda grátis para o PIG. Se viesse atacando Daniel Dantas em público, aí é que o transformava em mártir de vez. Não podemos transformar o PIG em mártir. A única maneira eficaz de atacar o PIG é o desprezo. E uma porradinha básica diária, só para exercitar.

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E o carinha disse que a Petrobrás não era do povo. Do povo, é a estatal venezuelana, ele disse, que cobra 20 centavos de dólar por um litro de gasolina. Ele esqueceu várias coisas. Que a Venezuela tem 27 milhões de habitantes e o Brasil tem 190 milhões. A quantidade de petróleo por habitante na Venezuela é infinitamente maior que no Brasil e se trata de um país escassamente industrializado, portanto com pouco uso de petróleo na esfera industrial. E a Petrobrás foi semi-privatizada por FHC, tornando-se uma companhia aberta, com donos pulverizados no mundo inteiro. Ou seja, comparar Petrobrás com Pdveza é jogar uma cortina de fumaça, com vistas a confundir a opinião pública. E, mesmo assim, a Petrobrás vem segurando o preço do petróleo há seis anos. O preço da gasolina tá caro no mundo inteiro e não acho que a Petrobrás deva subsidiar gasolina. Ela tem é que investir em combustível alternativo, como tem feito.