28 de setembro de 2004

2 comentarios

hoje tive o privilégio de ler um livro que posso chamar de autêntico. É o livro de um taxista carioca chamado Paulo Pedrazo e o nome do livro é Delírios de um Taxista. Já pedi autorização à ele para publicar seu conto. Vai o primeiro conto do livro:


Uma bela bunda

Por Paulo Delgado*

Um dia vinha descendo devagar a Marquês de São Vicente, num dia frio e cinzento de inverno. Uma menina morena, cabelos encaracolados, não muito alta, faz sinal. Ligo a seta para a direita e paro bem junto a ela. Carregava uma bolsa muito bonita de couro e segurava, em sua mão direita, um livro. Me diz que queria ir para o Posto Seis, ali no final de Copacabana. Mas que fôssemos pela praia.

Realmente, fazia frio naquele dia, porque a praia estava vazia. Não trocamos uma palavra sequer durante a viagem. A menina permanecia lendo atentamente o livro que carregava. Paro num sinal e dou uma ligeira olhada pelo retrovisor. Ela era realmente bonita. Seus belos olhos contrastavam com a cor da sua pele. Deveria ter uns vinte anos no máximo. O sinal abriu, arranquei com o carro e nem uma palavra.

Mas eu estava mesmo curioso para saber que livro ela estava lendo! Ali naquela posição eu não poderia saber, tampouco iria perguntar, atrapalhando sua leitura.

Quando chegamos, na hora em que me virei para receber pela corrida, aproveitei e pude ver, fechado sobre sua perna, o título do livro: O Açougueiro. Pena que não pude saber quem era o autor. Então, enquanto lhe dava o troco, perguntei se realmente gostava de ler. Dando um ligeiro sorriso, disse que gostava muito. Perguntei se já tinha ouvido falar de um motorista de táxi que havia lançado um livro. Ela disse que sim e que havia me visto na revista. Antes que saísse do carro, puxei um dos exemplares do meu livro, que sempre trazia guardado no porta-luvas e lhe dei um de presente.

- Pra mim? Disse olhando firme em meus olhos.
- Eu geralmente vendo, mas, como você disse que gostava muito de ler, é um presente do autor.

Segurou meu livro junto ao que lia. Saiu do táxi, agradeceu, sem nem olhar pra trás. Fiquei ali, parado alguns segundos, admirando aquela bela bunda.



* Paulo Delgado nasceu em 12 de março de 1952 no bairro de Botafogo, e foi criado em Vila Isabel. É taxista há 23 anos, mas não perdeu sua sensibilidade. Pelo contrário. Segundo suas palavras, seu trabalho tem sido a matéria-prima de sua literatura. Lançou seu primeiro livro, “Via Taxi” em 1989. O conto “Uma bela bunda” pertence a seu segundo livro, “Delírios de um taxista”. Para adquirir um dos livros do autor ou entrar em contato com ele, seus tels são: (21) 2204-0108 / (21) 9807-9493


25 de setembro de 2004

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Esse artigo aqui, publicado em Rebelion.org, para mim, serve como pá de cal para enterrar, de uma vez por todas, esse cadáver putrefato chamado "Coordinadora Democrática", que tentou vender a Venezuela para o tio Sam mas cobrou tão barato que o tio Sam desconfiou.


23 de setembro de 2004

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Garotinho mostrou desespero e falta de caráter. Além de apelar descaradamente para a religião, usou de táticas baixas, ao dizer que Lindbergh Farias é a favor da liberação da maconha e do casamento entre homossexuais. Que isso tem a ver com a prefeitura de Duque de Caxias? Mais uma prova de quão medíocre é esse sujeito. A verdade é que Garotinho entrou no PMDB prometendo aumentar vigorosamente o número de prefeituras. Mas está acontecendo o contrário. Duque de Caxias, Niterói, Campos, que eram promessas para o PMDB, estão caindo em mãos de adversários. Graças a Deus. Jesus, Tu és bom e sábio, ao enfraquecer Garotinho, esse ser do mal que está trazendo tanta desgraça ao Estado do Rio.

22 de setembro de 2004

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Ontem, o escritor João Gilberto Noll participou do lançamento de seu livro Lorde, editora W11. Durante o evento, tive a oportunidade de conversar com o autor, que aliás tenho o privilégio de conhecer há muitos anos, e trocar idéias sobre a literatura brasileira. Noll novamente citou jovens escritores que aprecia, como Daniel Galera e Daniel Pellizari, e disse estar bastante otimista quanto ao futuro do mercado literário no Brasil. Entretanto, concordou com uma observação minha que o grande entrave do mercado literário é a distribuição, de maneira que os novos autores tem circulação restrita aos grandes centros urbanos. Incrementar a venda de livros pela internet, contudo, seria maneira mais lógica de se resolver essa questão. O apoio público neste ponto seria, não só fundamental, como simples e barato.

Em tempo, Noll contou que está publicando, quinzenalmente, um conto no jornal Correio Braziliense.

21 de setembro de 2004

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A oposição à Chávez continua se firmando sobre a quixotesca suposição de fraude. Não percebem que, além de desonesta e improcedente, a sua argumentação é grotescamente irracional e anti-filosófica, visto que não se pode inferir argumentações sobre uma base duvidosa, para dizer o mínimo. A partir do momento em que admitem não ter provas, como podem construir castelos teóricos sobre esta hipótese. Essa lógica sofrível revela fraqueza, o que por sua vez explica o fato de serem tão burros.

Esta semana, o Centro Carter refutou a acusação de que a auditoria feita após o referendo (requerida pela própria oposição) teve falhas. Atitude ridícula de uma oposição desmoralizada, pois se recusou a participar da auditoria que ela mesmo pediu. Hoje, saiu no Venezuela Analysis.com um artigo bastante elucidativo sobre as últimas e inconsistentes acusações da oposição venezuelana. A Coordenadora Democrática já implodiu, perdeu totalmente o apoio das bases, agora o problema são esses articulistas descabeçados, descontrolados, alucinados com teorias conspirativas que envolvem as organizações que eram, inclusive, fortemente aliadas suas até pouco antes. Acho que esse pessoal nunca jogou bola ou coisa parecida na infância. Nunca aprenderam a perder. Foram sempre garotos mimados que sempre ganharam, ganharam, ganharam... e agora choram o pirulito que a revolução bolivariana, educadamente, democraticamente, lhe arrancou das mãos.

20 de setembro de 2004

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Claro que os fariseus vão criticar a proposta de Lula de combater à fome no mundo de demagogia, farsa do capitalismo para burlar a luta de classes, mas a verdade é que se trata de uma proposta progressista que serve para desmoralizar os Estados Unidos e sua ridícula cruzada pela liberdade. Que liberdade se as pessoas não tem o que comer? Que liberdade se as pessoas são mortas por bombas? Que liberdade se os países estão encalacrados em dívidas impagáveis? A pior arma de destruição em massa é a fome e qualquer iniciativa no sentido de se alocar mais recursos para amenizar o sofrimento é bem vinda. Demagogia é achar que o "desenvolvimento econômico" por si só resolve a questão. Não, não. Uma pessoa passando fome precisa primeiro comer, depois comer de novo, mais uma vez, e aí sim ela vai se levantar e procurar se educar e trabalhar. A falta de comida, além disso, transtorna moralmente os indivíduos, gerando graves distúrbios de personalidade. Josué de Castro, em sua obra-prima, Geografia da Fome, faz uma brilhante análise do fenômeno da fome e suas consequências psicológicas e sociais. É um absurdo que os EUA pulverizem bilhões de dólares numa guerra espúria no Iraque enquanto, logo abaixo, na África sub-saariana, a fome e a aids estão dizimando milhões de pessoas por ano.

O Bush será reeleito, tudo bem, mas isso será importante para que as contradições se agudizem nos EUA e no mundo, de maneira a provocar mudanças efetivas e profundas no médio prazo. A história é assim, dizia Hegel, funciona através de movimentos dialéticos onde as situações geram suas sombras, e as sombras geram a luz.


19 de setembro de 2004

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Os opositores de Hugo Chávez não aprenderam a lição ainda. Ótimo. Estão implodindo rapidamente. A Coordenadora Democrática está sendo bombardeada por seus próprios aliados. Estão gastando toda sua energia neste processo de auto-destruição. Persistem ainda na obsessão psicótica pela fraude. Sem absolutamente prova nenhuma. Colocaram-se contra seus próprios grandes aliados, a saber, o Centro Carter, a OEA, o governo americano, e centenas de outros governos e atores políticos, que todos avalizaram a idoneidade do referendo. Estão isolados, e mesmo assim continuam, numa atitude pueril, arrogante, mentirosa, apoiando seu pensamento, sua ação, seus planos, na hipótese de fraude. Isto é sinal de fraqueza, porque em qualquer luta um elemento fundamental para se vencer o inimigo é ser consciente de sua força, e ter informações verdadeiras. Eles apegam-se às verdades que mais lhe interessam e isso os debilitam cada vez mais, como ficou patente em sua derrota fragorosa no referendo revogatório de 15 de agosto. Além disso, a oposição à Chávez não tem mais, há tempos, uma infra-estrutura mínima. Tornou-se uma inquilina pobre do El Universal.
Entretanto, vejo como, inclusive, a imprensa venezuelana é importante no sentido de acelerar a derrocada da oposição golpista. Estão tentando a tática nazista de repetirem tanto a palavra fraude que a mentira acabe virando verdade. A diferença era que os nazistas tinham o poder, e monopolizavam a informação. A classe média venezuelana, na verdade a única que lê o Universal, vai começar a fugir ao controle e perceber que o projeto bolivariano não é negativo para ela. Pelo contrário, com o desenvolvimento econômico e social do país, a classe média será beneficiada porque poderá viver num país com mais justiça social. O problema ideológico das elites venezuelanas é que elas não querem que seu país se desenvolva com soberania, elas acreditam que o destino colonial foi estabelecido por Deus e que Chávez é o diabo por querer romper com esse dogma. Querem um país com uma elite branquinha, européia, culta, como uma aristocracia francesa ou russa pré-revolução, e acham que o povo vai aceitar esse estado de coisas. Acabaram de ver que não é bem assim. O referendo do dia 15 foi a tomada da Bastilha, e as coisas nunca voltarão a ser as mesmas na Venezuela.

17 de setembro de 2004

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Parece que houve algum problema na coluna que eu teria no Caindonanoite.com, então vai abaixo o texto que seria a minha primeira participação. Está bem engraçado.

Cerveja é muito bom pra ficar pensando melhor

Tá legal, beber uma cerveja antes do almoço é ótimo pra ficar pensando melhor, mas pra dançar & paquerar o melhor é deixar a gelada pra depois do jantar, de preferência no sábadão, lá no circo, onde vai rolar o show do nação zumbi. Sendo que um macete pra economizar dindin é passar antes no arco-íris, aquele barzinho com mesas na calçada da mem de sá, e dar uma calibrada antes. A “Lokal” que eles estão vendendo por dois mirréis inté que não é ruim não, e as outras marcas também tão num preço bão. Isso tudo porque no circo, a latinha é três pila, mas enfim essas são preocupações de bebedor compulsivo e duro e esse não é o seu caso, né?

E não quero nem falar do nação zumbi agora, depois eu falo, porque acho mais importante dar duas dicas para quem vai ao show. Uma é unissex: compra antecipado meu, ou senão chega antes, porque aquilo lá tá bombando e fica a maior fila na porta. Outra é para as gatas: toma cuidado com a cerveja lá dentro porque, apesar dos toaletes serem novos e limpos, fica uma fila de duzentas muié querendo fazer xixi. Ô meu, não sei como essas mina não fazem uma revolução pros cara botarem uma penca de banheiro pra elas poderem exercer livremente o seu direito de mijar. Na vera, na vera mémo? Eu vi um princípio de rebelião no show que eu fui, lá no circo, do cordel do fogo encantado, há umas semanas pra trás. As mulheres, auxiliadas por alguns namorados fortões, apropriaram-se revolucionariamente de um terço do banheiro masculino. Por isso, meninas, acho bom se aliviar bem antes pra não enfrentar esse tipo de situação.

E agora, vamos ao que interessa. Pô, falar o quê? Nação é banda do chico science, mérmão, quer mais? E foi lá, no circo, que o chico fez seu último show. A morte dele, em fevereiro de 97 foi uma das maiores sacanagens que deus fez com o brasil (e ainda dizem que Ele é brasileiro). O carro derrapou na br 101 perto de recife e inclusive no dia primeiro do mês corrente (set/04) a justiça ordenou que a fiat pague dez milhões de reais (isso mesmo) à família do chico (ou seja, à mãe dele) porque o cinto tava podre e carro (novinho) tava bichado. A velhinha disse que assim que receber o dinheiro vai guardar uma parte para ajudar na criação da filhinha do chico, que tá com treze anos, e com a outra vai montar uma casa de cultura para crianças carentes, que era o sonho do roqueiro.

O movimento manguebeat, é natural, foi profundamente abalado pela morte precoce de seu líder maior, mas história é história e o elvis morreu e o rock continuou. O nação zumbi, juntamente com outras bandas de pernambuco, estão aí para provar que o mangue ainda está cheio de “caranguejos com cérebro”. Além disso, o atual vocalista do nação, o jorge du peixe, tem uma voz aveludada grave que talvez seja ainda mais bonita que a do chico. Aliás, na época do chico, o jorge já cantava e compunha algumas letras e músicas, por exemplo aquela “quando a maré encher” é dele.

Finalizando, acho que vale citar um trecho do manifesto manguebeat, escrito por fred zero 4 e que dá uma certa idéia da amplidão de pensamento dessa rapaziada gente boa de recife que vem mais uma vez curtir o carinho e a admiração do povo carioca:

“Os mangueboys e manguegirls são indivíduos interessados em quadrinhos, tv interativa, anti-psiquiatria, Bezerra da Silva, Hip Hop, midiotia, artismo, música de rua, John Coltrane, acaso, sexo não virtual, conflitos étnicos e todos avanços da química aplicada no terreno da alteração e expansão da consciência”.

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O site de literatura Garganta da Serpente publicou o conto meu "Ecos da Palestina", que é um texto bem-humorado sobre um sujeito que compra um apartamento de frente para uma favela, de olho no preço baixo do imóvel, mas que acaba se arrependendo. Está na seção Prosas / Contos de Coral.

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Legal, a Novae publicou o meu "desagravo" ao cineasta Claudio Assis, que protaganizou um barraco inesquecível na festa da Tam. Aproveito então para dar um recado à turma do cinema, que devido a essa matéria pode ficar interessada neste humilíssimo escriba. Dá uma ajudinha aí pô! O cinema tá com milhões e milhões, da Petrobrás, do governo, das empresas, e a literatura, mais pobre que eleitor de Rosinha, sem nem R$ 1 para o almoço popular na Central! É preciso saber que sem bons romances, sem bons textos, sem bons escritores enfim, o cinema nacional ficará gravemente prejudicado. É como ter uma indústria naval sem engenheiros. Por isso, acho que os projetos de incentivo ao cinema deviam contemplar também mais concursos, bolsas, premios, e etc, para escritores, sobretudo os inéditos.

16 de setembro de 2004

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Recebi uma mensagem de meu grande amigo e grande poeta Guilherme Lessa, em idos tempos conhecido como Bicho Lessa. Segue abaixo. Em tempo, neste final de semana, vale a pena conferir o show do Nação Zumbi, sábado no Circo Voador.

"saudacoes miguel, priscila e redacao, aos domingos, de 16 as 20 estou tocando com uma rapaziada no centro, rua do senado 206, na quadra do bloco carnavalesco boemios da senado. a ideia eh fazer do lugar um point de choro e samba de raiz, com informalidade, preco acessivel, e qualidade musical. por enquanto nao cobramos couvert nem consumacao minima. cerveja gelada 2,30 antartica 2,50 skol. a expectativa eh de que ate o verao o espaco esteja consolidado e ai pensaremos alguma forma de sermos remunerados. o arteepolitica podia entrar como parceiro neste momento atual, divulgando, marcando prresenca,outros projetos etc.aguardo contato. obs nao consigo falar com vcs pelo telefone.
saudacoes, com entusiasmo, guilherme"

Outra novidade, devo estar estreando uma coluna no site caindonanoite.com, sobre... noite! Ontem eu escrevi a minha primeira coluna, e me deu um prazer danado fazer isso. Segue o começo da coluna.

"Cerveja é muito bom pra ficar pensando melhor

Por Miguel do Rosário

Tá legal, beber uma cerveja antes do almoço é ótimo pra ficar pensando melhor, mas pra dançar & paquerar o melhor é deixar a gelada pra depois do jantar, de preferência no sábadão, lá no circo, onde vai rolar o show do nação zumbi. Sendo que um macete pra economizar dindin é passar antes no arco-íris, aquele barzinho com mesas na calçada da mem de sá, e dar uma calibrada antes. A “Lokal” que eles estão vendendo por dois mirréis inté que não é ruim não, e as outras marcas também tão num preço bão. Isso tudo porque no circo, a latinha é três pila, mas enfim essas são preocupações de bebedor compulsivo e duro e esse não é o seu caso, né?"

(veja a íntegra no site caindonanoite.com, dentro de algumas horas)

13 de setembro de 2004

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Hoje fui dar uma caminhada no aterro e, na altura do porcão, estando eu sentado num banquinho de pedra e fazendo tímidos abdominais, testemunhei uma verdadeira invasão oriental. No começo, eram apenas alguns, depois foram aparecendo mais, mais, mais.

Neste domingo, fomos de van, nós e primos e tias, à Juiz de Fora, participar de uma comemoração do aniversário de 91 anos de minha avó Zilda.

8 de setembro de 2004

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Hoje, terça-feira 7 de setembro, realizou-se um evento no teatro rival muito interessante, sobre produção cultural independente. Não fui porque acho que faltou uma chamada à imprensa alternativa. Os defensores dos conceitos de independência de produção artística não podem nunca esquecer a necessidade de uma imprensa alternativa independente para se consolidar uma arte independente no país.

E o que é imprensa independente? Acho que isso significa jornalista independente, ou seja, dono do próprio nariz. Para isso, é preciso mudar o status quo do jornalista brasileiro de hoje. Nunca o jornalista foi tão desrespeitado pelas classes patronais. Sofrem demissões em massa, recebem salários de fome, não tem horas extras respeitadas. Trata-se de uma classe profissional que ainda não se sente como tal.

Eu mesmo entrei numa furada monumental esse ano. Fui contratado informalmente por um dono de site de política. Minha tarefa era incluir cinquenta notícias por semana além de escrever uma coluna semanal. Estava numa fase meio desesperada e aceitei um salário infame: 350 reais por mês. O cara começou a atrasar o meu salário um mês, dois meses, três meses. Sempre que eu começava a me enfezar, ele me ligava e dizia para que eu não me preocupasse, que nunca havia pensado em me dar o cano. Pois bem, ele esperou que eu estourasse, e quando isso aconteceu ele simplesmente disse que eu era um otário, um grosso, e tchau. Tomei um cano de mais de 800 reais. Tudo bem, vivendo e aprendendo. Mas se houvesse alguma entidade mais forte que pudesse me auxiliar, eu poderia ter me defendido, ou ele teria pensado duas vezes antes de fazer isso.

Então porque os jornalistas não querem o Conselho Federal de Jornalismo? Na realidade, há uma divisão de classe. Os jornalistas ricos e os jornalistas pobres. Os ricos não estão nem aí para sindicatos e não querem mudanças no status quo. Por outro lado, os pobres estão tão desorganizados e alienados por faculdades ruins e falta de tempo para estudos mais profundos, tão fragilizados diante de seus patrões, tão inseguros em relação a seus empregos, que não se arriscam nem a formar uma opinião independente que possa colocá-los numa posição de risco perante os chefes. Por isso, concordo com a revolta de Lula, ao chamá-los de "covardes". Aliás, aquilo foi uma deslealdade. Provocaram o presidente a um bate papo informal, induziram-no a dar sua opinião e depois usaram suas palavras para agradar seus patrões da Folha, Estadão e Globo, que se deliciam sempre que Lula comete uma gafe. Resultado, agora até aquele palhaço do Larry Rother usou a frase de Lula em seu artigo para o NYTimes. Mais um de seus artigos, diga-se de passagem, que constituem uma excelente aula de anti-jornalismo, com um viés tendencioso que faria corar até o passional Carlos Lacerda!

Talvez esse Conselho seja interessante sim, se implicar na melhoria das condições profissionais dos jornalistas, se for um meio de protegê-los dos donos de jornais.

Só sei que eu estou bem desiludido com a profissão de jornalismo. Tenho meus macetes para ganhar uns trocados mas me sentiria muito feliz se houvesse um ambiente mais propício ao desenvolvimento de um jornalismo plural, inteligente e livre.

É muito fácil pregar a liberdade de imprensa quando a mesma está em mãos de cinco ou seis famílias. Que liberdade é essa? Liberdade para o dono do jornal, isso sim.

7 de setembro de 2004

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Nos últimos dois anos, tenho escrito uma série de artigos sobre política que, acho eu, ainda são bastante atuais, inclusive aqueles que falam sobre o governo Lula. Para quem interessar, portanto, vão os links abaixo para alguns destes textos.

http://www.novae.inf.br/pensadores/politica_arte.htm
http://www.nova-e.inf.br/brasilalimpo/sonhar_feliz.htm
http://www.novae.inf.br/pensadores/choque_realidade.htm
http://www.novae.inf.br/pensadores/nao_chore.htm
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=277IMQ030
http://www.novaeconomia.inf.br/pensadores/canetas_da_oposicao.htm
http://nova-e.inf.br/pensadores/esquerda_otimista.htm
http://www.cidadania.org.br/conteudo.asp?conteudo_id=3302
http://www.economiabr.net/colunas/rosario/flores.html
http://www.novae.inf.br/pensadores/guerra_de_mentiras.htm
http://www.e-clipping.inf.br/brasilalimpo/lula_paradoxos.htm
http://www.novae.inf.br/manifestese/endurecer_sim.htm


6 de setembro de 2004

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Comos vocês notaram, fiz uma ampla reforma no visual do A&P. Há tempos que vinha querendo fazer isso, pois ele tinha alguns problemas na programação que só mesmo fazendo tudo de novo para resolver completamente. Não preciso dizer a importância que dou à opinião dos leitores. Também estamos precisando muito de colaboradores, seja na poesia, no conto, na resenha, na reportagem, seja no desenho, na pintura ou na fotografia.

Continuo trabalhando em meu romance, Parabelum, o qual pretendo terminar até o fim do ano. Ano que vem, com o romance em mãos, vou divulgá-lo no A&P, naturalmente, e em outros sites amigos. Quero fazer produção independente, visto que agora estou, delirantemente, mergulhando de cabeça na literatura.

Esse ano eu trabalhei alguns meses num site de política, mas pulei fora à tempo, depois de levar um cano federal de 800 pratas.

2 de setembro de 2004

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Realmente, não sou bom blogueiro. Até porque dedico as energias que me sobram ao Arte& Política. Novidades? A Novae voltou ao ar, depois de alguns dias com problemas de provedor. Eu continuo escrevendo meu romance. Tenho avançado bastante. Tenho andado bem feliz, apesar de duro.

Para acompanhar a situação na Venezuela, seguem os links mais interessantes que encontrei nessas últimas semanas de pesquisa.

Da oposição:
El Universal
El Nacional
Analitica

Da revolução
Venezuela Analysis
Rebelión
Governo

De resto, estou lendo um livro do Henry Miller muito bom. Black Spring. É, é em inglês, eu não estou entendendo quase nada, mas o pouco que chega na cachola dá pra sentir que é coisa fina.