19 de setembro de 2004

Os opositores de Hugo Chávez não aprenderam a lição ainda. Ótimo. Estão implodindo rapidamente. A Coordenadora Democrática está sendo bombardeada por seus próprios aliados. Estão gastando toda sua energia neste processo de auto-destruição. Persistem ainda na obsessão psicótica pela fraude. Sem absolutamente prova nenhuma. Colocaram-se contra seus próprios grandes aliados, a saber, o Centro Carter, a OEA, o governo americano, e centenas de outros governos e atores políticos, que todos avalizaram a idoneidade do referendo. Estão isolados, e mesmo assim continuam, numa atitude pueril, arrogante, mentirosa, apoiando seu pensamento, sua ação, seus planos, na hipótese de fraude. Isto é sinal de fraqueza, porque em qualquer luta um elemento fundamental para se vencer o inimigo é ser consciente de sua força, e ter informações verdadeiras. Eles apegam-se às verdades que mais lhe interessam e isso os debilitam cada vez mais, como ficou patente em sua derrota fragorosa no referendo revogatório de 15 de agosto. Além disso, a oposição à Chávez não tem mais, há tempos, uma infra-estrutura mínima. Tornou-se uma inquilina pobre do El Universal.
Entretanto, vejo como, inclusive, a imprensa venezuelana é importante no sentido de acelerar a derrocada da oposição golpista. Estão tentando a tática nazista de repetirem tanto a palavra fraude que a mentira acabe virando verdade. A diferença era que os nazistas tinham o poder, e monopolizavam a informação. A classe média venezuelana, na verdade a única que lê o Universal, vai começar a fugir ao controle e perceber que o projeto bolivariano não é negativo para ela. Pelo contrário, com o desenvolvimento econômico e social do país, a classe média será beneficiada porque poderá viver num país com mais justiça social. O problema ideológico das elites venezuelanas é que elas não querem que seu país se desenvolva com soberania, elas acreditam que o destino colonial foi estabelecido por Deus e que Chávez é o diabo por querer romper com esse dogma. Querem um país com uma elite branquinha, européia, culta, como uma aristocracia francesa ou russa pré-revolução, e acham que o povo vai aceitar esse estado de coisas. Acabaram de ver que não é bem assim. O referendo do dia 15 foi a tomada da Bastilha, e as coisas nunca voltarão a ser as mesmas na Venezuela.

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