hoje tive o privilégio de ler um livro que posso chamar de autêntico. É o livro de um taxista carioca chamado Paulo Pedrazo e o nome do livro é Delírios de um Taxista. Já pedi autorização à ele para publicar seu conto. Vai o primeiro conto do livro:
Uma bela bunda
Por Paulo Delgado*
Um dia vinha descendo devagar a Marquês de São Vicente, num dia frio e cinzento de inverno. Uma menina morena, cabelos encaracolados, não muito alta, faz sinal. Ligo a seta para a direita e paro bem junto a ela. Carregava uma bolsa muito bonita de couro e segurava, em sua mão direita, um livro. Me diz que queria ir para o Posto Seis, ali no final de Copacabana. Mas que fôssemos pela praia.
Realmente, fazia frio naquele dia, porque a praia estava vazia. Não trocamos uma palavra sequer durante a viagem. A menina permanecia lendo atentamente o livro que carregava. Paro num sinal e dou uma ligeira olhada pelo retrovisor. Ela era realmente bonita. Seus belos olhos contrastavam com a cor da sua pele. Deveria ter uns vinte anos no máximo. O sinal abriu, arranquei com o carro e nem uma palavra.
Mas eu estava mesmo curioso para saber que livro ela estava lendo! Ali naquela posição eu não poderia saber, tampouco iria perguntar, atrapalhando sua leitura.
Quando chegamos, na hora em que me virei para receber pela corrida, aproveitei e pude ver, fechado sobre sua perna, o título do livro: O Açougueiro. Pena que não pude saber quem era o autor. Então, enquanto lhe dava o troco, perguntei se realmente gostava de ler. Dando um ligeiro sorriso, disse que gostava muito. Perguntei se já tinha ouvido falar de um motorista de táxi que havia lançado um livro. Ela disse que sim e que havia me visto na revista. Antes que saísse do carro, puxei um dos exemplares do meu livro, que sempre trazia guardado no porta-luvas e lhe dei um de presente.
- Pra mim? Disse olhando firme em meus olhos.
- Eu geralmente vendo, mas, como você disse que gostava muito de ler, é um presente do autor.
Segurou meu livro junto ao que lia. Saiu do táxi, agradeceu, sem nem olhar pra trás. Fiquei ali, parado alguns segundos, admirando aquela bela bunda.
* Paulo Delgado nasceu em 12 de março de 1952 no bairro de Botafogo, e foi criado em Vila Isabel. É taxista há 23 anos, mas não perdeu sua sensibilidade. Pelo contrário. Segundo suas palavras, seu trabalho tem sido a matéria-prima de sua literatura. Lançou seu primeiro livro, “Via Taxi” em 1989. O conto “Uma bela bunda” pertence a seu segundo livro, “Delírios de um taxista”. Para adquirir um dos livros do autor ou entrar em contato com ele, seus tels são: (21) 2204-0108 / (21) 9807-9493
28 de setembro de 2004
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Caro Miguel/Barbosa,
Boa sorte na conclusão do romance, cujo título muito me interessou, por suas ressonâncias sertanejas e cangaceiras.
Vi que você tem a inteção de publicá-lo como "produção independente" e pensei no seguinte:
montei com amigos uma editora, as Edições K, que funciona como uma cooperativa de autores. Produzimos as publicações em conjunto; cada autor custeia a tiragem de seu livro e divulga os livros uns dos outros.
Por favor, dê uma olhada em nosso site e, se nosso formato lhe interessar, entre em contato. Em 2005, começaremos a publicar romances e teríamos prazer em conhecer o seu trabalho.
Vai lá:
www.edicoesk.blogspot.com
Wladimir Cazé
wladimircaze@ig.com.br
Miguel, hoje são 13 de abril de 2007. Como se vê, para não atrapalhar a participação de seus leitores nos seus últimos posts, estou aqui, bem escondido e usando, como papel=rascunho, esta caixa de comentários ao post "pernas cruzadas" digo "palavras cruzadas" do dia 29/04/2004
Isto que estou escrevendo é uma continuação do post "ânimo" de 13 de abril de 2007, 30 de júpiter, 2007.
Não posso escrever muito porque estou esperando aquela pessoa.
Ela virá buscar 40,00 reais para viajar
E nem sei se é pra viajar ou é prá comprar outra coisa
Aquela pessoa deve=pode estar mentindo
Ontem fiquei o dia todo muito acabrunhado=cólera=tristeza=depressão ao imaginar que aquela pessoa esteja querendo apenas o meu dinheiro
E sabes o que descobrir após conversar com o Chico Buarque digo Chagas?
A vida é assim mesmo!!!!!
Onde eu estava com a cabeça para imaginar o contrário
No fundo no fundo eu estava preferindo a máscara à realidade
Se sou contra a máscara?
Até ontem eu era, agora mais não
A vida é um teatro!!!!!
Usemos máscaras sim... claro, não para matar=roubar
usemos máscaras=representações para amar
E os tais 40,00 reais ( resolvir dar os 60,00 ) que vou dar àquela pessoa serão, com certeza, o dinheiro mais bem gasto da minha vida
E já gastei tanto com bobagem porque não posso, agora, dar-me a este luxo
Tanta gente já me passou a perna, porque aquela pessoa não pode me passar a perna também?
Quero dar tudo àquela pessoa
Ela merece
Tudo de bom
Por enquanto o meu texto está assim
http://mensariodejupiter.blogspot.com/2007/04/30-animo-com-imagem-acima-extrada-do.html#links
No momento são 07:09
Acabei de comentar no Cidadania.com o blog do Eduardo Guimarães
De lá vim prá cá depois de ter escrito, também, na caixa de comentários do Blog do Onipresente
Ah Miguel, a vida é uma delícia!!!!!
Vou ter que parar agora, vou me preparar para receber aquela pessoa
Vou à panificadora ver se acho uns pães de queijo congelados para assar no microondas. É que aquela pessoa não come quase nada. Tenho que ficar adivinhando do que ela gosta. Me dá um trabalhão danado no que diz respeito à arte culinária, um terreno que sou um desastre, não sei fritar um ovo.
Aquela pessoa pode até me trocar por outra que é nota 10 na cozinha=sla=quarto=hall=elevador
Guilherme, tenho que ir
Eu disse Guilherme?
Miguel, me desculpe
Guilherme é o nome de um vagabundo, ele usa máscara de anjo, claro que não é aquela pessoa... é uma figura, um vizinho, que me vendeu um chip da Vivo... ele disse que o chip recebe ligação a cobrar e não paga nada... mentira! Paguei 50,00 reais, vou pegar meu dinheiro de volta
Daqui prá frente, somente aquela pesssoa pode me passar a perna
Como o mundo é cheio de pilantras!
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