25 de junho de 2006

Eduardo Guimarães

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Tem outra coisa. Enquanto eu estiver vadiando, não percam o blog do Eduardo Guimarães, do qual fico cada vez mais fã. O cara sabe ser engraçado, incisivo, violento, corrosivo, interessante. Tem um vocabulário rico, uma sintaxe suave e competente, e sempre um arsenal filosófico da melhor qualidade. Não tem vícios políticos, partidário ou ideológicos. Não usa palavras de ordem de qualquer espécie. Enfim, com a perdão da palavra, o cara é foda. A única forma de me perdoar a indolência que me impede de atualizar esse blog como deveria, é prestigiar e divulgar o blog do EG. A existência dele me redime, me tranquiliza.

Blog do Eduardo Guimarães.

21 de junho de 2006

Sobre este blog

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Meus amigos, como já repararam, não estou mais atualizando este blog. Não quero que o imaginem morto, todavia. Ele é um blog de combate, que descansa em momentos de paz e parte para o ataque quando as batalhas têm início. Na verdade, não sei bem a razão, nem se isso é bom, mas sou um pouco movido pela revolta, pelo ódio ao que considero injusto, naturalmente. Agora, meu objetivo é a paz. Portanto, quando sinto que alcançamos a paz, nem que seja momentânea, aproveito para relaxar e juntar forças. Acumulo conhecimentos, leituras, experiências, que serão usadas em eventuais escaramuças futuras.

Sendo assim, aproveitarei essas minhas "férias" com o que mais gosto de fazer: produzindo literatura, a qual publico no Hell Bar. Qualquer novidade, eu comunico aqui, e lá também.

Pedirei apenas um favor pra vocês. Para quem não sabem, sou editor do Arte & Política, que tem um cadastro de emails. O favor é que vocês cadastrem-se aqui, para que eu possa mantê-los informados de qualquer novidade. Os que já se cadastraram, não precisam fazê-lo novamente, é claro.

7 de junho de 2006

Os provocadores voltaram

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A história dos movimentos sociais, desde seus primórdios, nas primeiras décadas da era industrial, sempre foi farta de provocadores. Quem são os provocadores? São lideranças com talento e ambição, mas narcisistas e impacientes.

O provocador é sobretudo um tipo psicológico. A denúncia mais inteligente, consequente e atual das dificuldades naturais do movimento trabalhista está na peça e filme Eles não usam Black Tie, de Giafrancesco Guarnieri. Vale a pena ver esse filme. Lá está o provocador, o traidor, o egoísta, e o sindicalista responsável.

Muitas vezes, quando vejo auditores fiscais que ganham 12 mil reais por mês e trabalham 4 horas por dia fazendo greves repetidas, penso que estamos diante de provocadores e oportunistas.

Entender os movimentos sociais implica respeitá-los. E respeitá-los implica tratá-los como cidadãos ou grupos sociais que possuem cidadania e, por isso, estão sujeitos tanto à proteção da lei como sob sua guarda. Digo, são obrigados a respeitar a lei. Sobretudo as leis do convívio democrático.

A tentativa patética da imprensa de associar, exageradamente, os erros de Bruno Maranhão, um provocador irresponsável, ao PT, são naturais. O PT é um partido grande. Ligado aos movimentos sociais. Mas é o MLST não é um segmento relevante dos movimentos sociais. Mostrou-se, com a baderna vista nesta terça-feira, imaturo politicamente e estranhamento ingênuo em relação às possíveis consequências negativas eleitorais do ato. Ou seja, é extremamente contraditório que uma entidade como essa tome iniciativa de patrocinar um ato que, obviamente, traria resultados políticos negativos para os movimentos sociais como um todo, e por extensão, para os partidos de esquerda e para o PT.

O que importa, porém, é termos consciência disso, nos posicionarmos criticamente perante aos fatos, mantendo nossa opinião e cobrando a defesa da democracia. Sem deixar que a influência fascistóide da oposição direitista e da cretinice da extrema-esquerda provoquem o retrocesso político e ideologico no país.

Os movimentos sociais são vários, são imperfeitos, são incontroláveis. Devem ser respeitados, ou seja, devem receber terras, crédito e palavras de apoio. Quem quer ser respeitado, deve respeitar também. Devem, portanto, respeitar a sociedade, pactuando com a democracia e as antigas leis de convivência social.

Movimentos sociais também erram. Seus líderes também podem ser presos, ter direito à defesa, serem julgados e condenados . Os movimentos sociais no Brasil têm uma tradição pacífica, à diferença do que ocorre em muitas outras partes do mundo. Não podemos perder isso.

4 de junho de 2006

Os novos mitos eleitorais da oposição

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"Mais forte são os poderes do povo", Glauber Rocha.

Na tentativa de desqualificar a vontade democrática do brasileiro, que em sua esmagadora maioria pretende re-eleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, setores da oposição vêm divulgando interpretações bastante duvidosas sobre o quadro eleitoral brasileiro. Até aí tudo bem. O pior é que, como sempre, tem gente boa acreditando.

O principal mito é que Lula será reeleito com o voto do pobre, porque conseguiu melhorar a vida das camadas mais humildes.

Um mito, no sentido que dou neste artigo, não é uma mentira, e sim uma verdade estilizada, interpretada ao sabor das conveniências. Pois bem. Em primeiro lugar, esse primeiro mito está ocultando um dado fundamental, ao qual poucos deram atenção. Na pesquisa do Datafolha (uma das mais completas), Lula vence junto ao eleitorado com nível superior (tem 32% de intenções de voto, contra 30% de Alckmin). Esse dado deve ser contraposto ao fato de Alckmin (principal adversário, único com chances eleitorais) vencer nos estratos sociais com renda superior a R$ 3.500/mês. Ou seja, Lula já recuperou o voto da classe média.

Faço questão de chamar a atenção para este fato porque os "pensadores" da mídia estão interpretando a preferência eleitoral do brasileiro por Lula como uma espécie de "ignorância" movida exclusivamente pelo estômago. A Veja mesmo publicou matéria intitulada "votando com o estômago". Ora, ter o voto dos pobres, num país como o Brasil, é mais importante que ter o voto dos ricos, mas ter o voto dos mais escolarizados é, naturalmente, um qualificativo fundamental para a imagem de um político junto à opinião pública, e desmonta a tese de que Lula estaria à frente exclusivamente pelo fator "populista".

Ainda segundo o Datafolha, Lula tem 35% das intenções de voto junto ao segmento que ganha entre R$ 1.700 e R$ 3.500, contra igual percentual de Alckmin; e 27% dos estratos que ganham acima de R$ 3.500, contra 35% de Alckmin. Ou seja, Lula também tem muita força junto aos segmentos econômicos mais fortes.

Esse fator deve ser mais explicitado pelo campo progressista porque é importante para projetar uma luz mais favorável às chances eleitorais, não somente de Lula, mas de candidatos a deputado e senador.

Também é importante ler a entrevista de Marcos Coimbra, do Vox Populli, para a revista Carta Capital (ver íntegra no site do PT). Coimbra informa que o eleitorado brasileiro é muito mais qualificado e escolarizado do que há 10 ou 20 anos atrás. A idade média dos eleitores cresceu e o brasileiro, ao contrário do que apregoam blogueiros tucanos, está mais interessado em política do que nunca. O fato é que, enquanto conseguiram colar o escândalo do mensalão na imagem do Lula, o brasileiro estava interessado em política. Agora, que a situação está bem mais clara, e os brasileiros podem julgar com mais isenção e, para desgosto da tucanada, ainda aposta em Lula, os "pensadores" tucanos dizem que o brasileiro perdeu o gosto pela política.

Coimbra revela, em suma, que o brasileiro está mais educado, mais experiente e mais politizado. O fato deste eleitorado estar preferindo Lula é outro importante diferencial em relação ao desempenho eleitoral de presidentes do passado recente (Collor, FHC). O pobre brasileiro é mais inteligente do que pensa a inteligentzia tucanóide. Seu voto tem um valor de qualidade que está sendo menosprezado pela mídia corporativa, numa demonstração de preconceito de classe que seria inconcebível em qualquer uma dessas democracias que essa mesma mídia tanto admira: EUA, Inglaterra, França, Espanha, Japão. Lá o sujeito ganha eleição pela preferência do povo, não do "pobre". Até porque, em qualquer país do mundo, mesmo nos mais ricos, pobre é maioria. Portanto, pode-se dizer que o pobre é o próprio povo. Se existisse, portanto, alguma ética em nossa imprensa, ela teria a honestidade de lembrar que a democracia é um sistema político baseado na vontade democrática das maiorias. Democracia, etimologicamente, significa governo (cracia) do povo (demo). E o conceito jurídico mais importante das constituições democráticas é que "o poder emana do povo". Portanto, senhores golpistas, respeitem a vontade do povo!

Também é ridícula a ladainha sempre repetida sobre o "risco do voto nulo". As pesquisas de opinião mostram que os índices de voto nulo ou branco no Brasil estão em patamares normais e mesmo abaixo da média histórica.

Com a entrada de Alckmin na campanha eleitoral, estamos tendo a oportunidade de conhecê-lo melhor. Não admira que não esteja crescendo nas pesquisas, ou antes, esteja caindo, inclusive em São Paulo. Alckmin tinha uma atuação muito discreta, notabilizando-se pela presença nas altas rodas paulistas (inauguração da Daslu, por exemplo), onde reina a mediocridade, o puxa-saquismo e a falta de vigor espiritual, artístico, humano. Pouca gente o conhecia. Agora, com seu périplo pelo país, fantasiando-se de vaqueiro e fazendo discursos políticos, atacando Lula e defendendo a si mesmo, estamos vendo um espetáculo deprimente: a verdade é que Alckmin é um dos mais medíocres políticos do Brasil. Fala mal, fala pouco, fala chavões, não tem carisma, não tem projetos, não cria identificação nenhuma com ninguém, e para cúmulo, ainda é do Opus Dei! Vamos rezar agora cinquenta pai-nossos e cinquenta aves-maria para que ele continue a cair nas pesquisas!