Daí que acordei tarde e cansado, e ainda tinha que compilar e imprimir os documentos necessários à inscrição no mestrado de história, cujo prazo termina neste dia 30. Amanhã eu quero escrever um texto sobre o Mate com Angu. Tenho que aprontar agora a Carta Diária de amanhã.
Por hoje, deixo vocês com essa bela citação de Hegel:
Perseguindo seus interesses pessoais, os homens fazem história e são, ao mesmo tempo, as ferramentas e os meios de qualquer coisa de mais elevada, de mais vasta, que eles ignoram, e que eles realizam de maneira inconsciente. *E mais, dou acesso universal a meu anteprojeto de mestrado, intitulado Desfragmentando o Futuro: Relendo Burckhardt à luz de Hegel.
Burckhardt é Jacob Burkhardt, autor do primeiro grande clássico moderno de história cultural, "A Cultura do Renascimento na Itália". De Hegel, vocês já ouviram falar.
Caso eles aprovem minha inscrição, eu farei leituras bem pesadas este ano. Mas tentarei, nesse espaço, usar sempre a linguagem mais simples possível, porque, para citar um trecho do meu anteprojeto...
Nietszche afirmava que os grandes escritores da Antiguidade procuravam se distinguir usando uma linguagem mais simples e despojada que a usada pelo povo. A linguagem popular é que era considerada arrojada, complexa, complicada, em oposição à simplicidade e clareza da escrita culta. Hoje é o contrário. A segmentação do conhecimento fez surgir verdadeiros sub-idiomas acadêmicos. A popularização do ensino acadêmico levou intelectuais a priorizarem o vocábulo e a sintaxe mais difíceis como forma de conferir distinção (o capital simbólico de Bordieu) ao texto especializado, perdendo-se, por outro lado, a noção de um leitor universal. No debate sobre os valores universais, o tema da linguagem certamente será sempre relevante, e deverá influenciar a própria forma do texto do meu ensaio.
A íntegra do anteprojeto está aqui.
* La Raison Dans L'Histoire – Introducion à la Philosophie de l'Histoire - Hegel – Le monde em 10:18 – pág.48-49.
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Aproveito para publicar um texto fundamental, porque trata de um tema sempre importante: educação e respeito aos professores. É a réplica do sindicato de professores de São Paulo à uma entrevista do secretário de educação do mesmo estado, Paulo Renato, à revista Veja. Eu pesquei esse texto no excelente blog Esquerdopata. Agora, que estou decidido a ser historiador e professor, além de blogueiro, escritor, etc, mais que nunca tenho que defender a categoria. Este blog, claro, dá apoio aos professores, que estão lá, ralando, ensinando, e não a esses almofadinhas, como Paulo Renato, e seus tiques napoleônicos, sempre querendo humilhar os trabalhadores. Aumentar salário, que é bom, nada. Em vez disso, criam novas dificuldades e constrangimentos.
APEOESP responde à última flor do fascio
Carta à Veja sobre a entrevista do secretário da Educação
Carta enviada à Veja sobre a entrevista do secretário Paulo Renato nas Páginas Amarelas.
Senhor editor,
A entrevista do secretário Paulo Renato (Veja, 28/10) apenas confirma que o governo do PSDB no estado de São Paulo está mais preocupado em fomentar a “competitividade” entre os professores e aplicar receitas empresariais ao sistema público de ensino do que com a melhoria da qualidade de ensino para todos os estudantes das escolas estaduais.
O secretário culpa os sindicatos de professores pela queda na qualidade de ensino, como forma de fugir de suas próprias responsabilidades. Ele já foi secretário de Educação no governo Franco Montoro e ministro da Educação por longos oito anos, no governo FHC. Seu viés é sempre o da exclusão. Quando criou o FUNDEF, deixou descobertas as duas pontas da educação básica: a educação infantil e o ensino médio, concentrando recursos apenas no ensino fundamental, praticando assim uma política de foco. Esta é a forma como vê a educação.
Um projeto que exclui, de imediato, 80% dos professores de reajustes salariais e, ainda assim, não assegura que os demais 20% terão mesmo direito à melhoria salarial (pois depende de disponibilidade orçamentária) não vai contribuir para a qualidade de ensino e sim para gerar mais revolta e desestímulo na categoria. Os professores tem como ofício educar e sua ferramenta é a educação; e a educação não está sendo valorizada.
As posições externadas pelo secretário estão na contramão de todos os avanços que se tem verificado na educação nacional nos últimos anos. Por certo são ainda insuficientes, mas apontam na direção da escola pública de qualidade.
Por outro lado, é difícil entender como, num Estado democrático de direito, todo o espaço é reservado apenas para um dos lados, que se permite fazer juízos de valor sobre o sindicato, sem que nos seja oferecido espaço equivalente. O que queremos, em nome dos 178 mil associados da APEOESP, é que nos seja aberto espaço nesta revista para que nós próprios possamos expor nossas posições.
Não somos corporativistas. O que nos move é a qualidade da educação e a valorização dos profissionais que nela trabalham, pois a educação abrange bem mais que a relação professor-aluno em sala de aula. Entretanto, ainda que fôssemos corporativistas, o papel de um sindicato não é justamente defender os direitos e reivindicações da categoria que representa?
Aguardamos a publicação desta carta e a abertura de espaço para que possamos expor e defender nossos pontos de vista.
Atenciosamente,
Maria Izabel Azevedo Noronha
Presidenta da APEOESP
Membro do Conselho Nacional de Educação