30 de maio de 2006

Resposta ao deputado Chico Alencar

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Recentemente, meti-me numa polêmica envolvendo o deputado federal Chico Alencar, ex-petista e agora deputado pelo PSOL. Comprei a briga de uma eleitora, participante de uma lista de discussão da qual eu participo, que havia acusado o deputado de ter traído o PT e exigia seu voto de volta. Também escrevi uma mensagem ao Chico, informando-lhe que eu era da mesma opinião. Ele me respondeu. Apesar do detalhe desagradável de ter me ameaçado juridicamente, o debate é de alto nível e até cordial. A ameaça jurídica, creio eu, foi apenas retórica, e fruto de um mau-entendido de parte dele (para não dizer paranóia). Pois bem, escrevi um tréplica. E, como creio que o assunto não é pessoal, é público e pertinente aos nossos debates, transcrevo tudo abaixo. Primeiramente, em itálico, a mensagem de Chico, depois a minha resposta. Penso que se trata de uma resposta para todos os "petistas arrependidos".


Caro Miguel:

Temos uma definição aqui no mandato: responder a todas as mensagens que cheguem, exceto as ofensivas e de baixo nível. O processo de saída do PT ( que, na nossa avaliação, já saíra de si mesmo) foi tão doloroso quanto debatido. Decisão polêmica mas coletiva. Claro que, em 2002, fui eleito pelo PT, mas o PT não era apenas uma sigla simpática e sim, sobretudo, um programa, um conjunto de idéias para o país. Que tentamos resgatar, num último esforço, disputando o Diretório Nacional, ano passado, com Plínio Arruda à frente. Perdemos. O que se viu ontem (para nosso desalento) e se vê hoje é PT aliado a Jader Barbalho no Pará, PT e Sarney no Maranhão, PT e Severino em Pernambuco, PT e Maluf em São Paulo, PT e partidos fisiológicos em toda parte. Quem, afinal, faz o jogo da direita? A esquerda brasileira precisa buscar outros caminhos. É grave a crise, e não é aconselhável termos tantas certezas e raivas assim. Não posso devolver seu voto, mas recomendo a você muita atenção na escolha dos seus novos candidatos petistas, pois agora, infelizmente, nem todos da lista partidária têm compromisso com o interesse público... Indague aos bons deputados Biscaia e Molon se não concordam comigo...

Abraços

Chico Alencar

PS: Espero que você seja "ferrenho adversário político" dos Maia, dos Garotinho, dos "sanguessugas" que dominam a política carioca e fluminense. E, por favor tenha cuidado ao dizer que "fui eleito com recursos do PT", que "usurpei em benefício próprio". Para não ser calúnia passível de ação judicial, você tem que denunciar isso à Justiça ou ao Ministério Público. Ou então, sensatamente, não repetir essa leviandade.



Prezado Chico: obrigado por responder. No entanto, mantenho meus argumentos. Quanto aos termos "eleito com recursos do PT, que usurpastes em benefício próprio", está claro que se trata somente de debate político. Ou seja, referi-me ao uso dos recursos políticos do PT, nos quais também se incluem recursos financeiros. Mas o que me veio à mente foram os recursos do tipo: diretórios regionais, municipais, federal, propaganda partidária, militância, histórico, fidelidade partidária, associação com a figura de Lula, etc.

É inegável, e até ingênuo da sua parte negar isso. Moralmente, não há nada de mais, até porque, certamente, o PT também se utilizou de tua história e teus recursos pessoais para obter votos. Portanto, reitero o que disse: você usou recursos do PT em benefício próprio. Não digo que enfiastes dólares no cuecão. Deixe de posar de vestal, Chico, esse socialismo de posto 9 é fariseu demais! Todos buscamos, consciente ou não, o benefício próprio. Agora, você se elegeu pelo PSOL? Não! Você se elegeu pelo PT! Seus eleitores apertaram o 13, não foi? Pelo que me lembro, eu nem pensava direito em quem votava, eu saía apertando o 13. Portanto, você se beneficiou do partido. Ou estarei maluco? Entendes? Deixe de paranóia, sei que não és ladrão, embora desconfie, pelo seu jeito, que não és por covardia e não por princípios... Nietzche andou falando muito sobre esse tipo... Os fracos metidos a honestos.

O PT é uma entidade abstrata, pelo amor de Deus! Querer culpar o PT é como querer acusar uma placa de computador. O que não achei (e não acho) legal de sua parte foi isso; descontar no partido, com mais de 1 milhão de filiados e mais de 54 milhões de eleitores, a mágoa que tivestes contra determinados dirigentes. Nada de mais em sair, mas saisse com elegância. E respeito pelo prato onde comeste tantos anos. Talvez ainda haja tempo para isso.

Vejo que mergulhaste num mar de certezas absolutas, ou pior, numa piscina luxuosa de águas quentes e éticas, numa tentativa burlesca de posar de santo, para depois enxugar-te na toalha branca de tua pureza, deixando ao PT todo o incômodo de lidar com o poder, com todas as suas cores, as cores escuras e claras do poder. Você é o típico caso do petista que não suportou o peso da responsabilidade. Preferiu voltar a ser um utópico, um reacionário de esquerda. Seguramente, dói-lhe muito mais na consciência as eventuais alianças com figuras de direita do que a fome verdadeira que grassa no povo. Teu sonho é belo por fora, mas sujo por dentro, Chico. O sonho do PT, que lhe parece sujo por fora, é muito mais belo, por dentro, que o teu. Belo e poderoso. Por que é um sonho humano, de gente, que se fere e sangra, que mente e sente vergonha, que é gente porra! O teu sonho é o sonho dos hipócritas que não gostam dos homens como eles são, vaidosos e fracos, e sim como eles nunca serão: perfeitos e santos. Os homens são imperfeitos, Chico, sim. São ladrões, corruptos, traficantes. Não sabias disso? Quando entrastes na política não sabia disso? Por que nunca emcampaste, com mais ênfase, com a tradicional "dureza terna" de que falava Chê, a luta contra a corrupção, inclusive no próprio partido?

Os Barbalhos, os Sarney, os Maluf (que foi preso no governo Lula, esqueceste?), já são passado, e tu ainda tremes, covardemente, ante eles. Tua política é tosca, medrosa, melindrosa, pusilânime e elitista. Eu, que nunca fui político profissional, sei bem que a arte de governar obriga-nos a alianças com forças políticas diversas. Em nossa vida pessoal fazemos isso o tempo todo. Conversamos com gente que não gostamos. Faz parte da vida, quanto mais da prática de governos. Todos os governos do mundo fazem isso. Não cabe a um estadista julgar as pessoas. Quem julga é a Justiça, é a PF, é o eleitor.

Ah, que graça, um governo teria que ser muito totalitário para só procurar o diálogo institucional com quem lhes beijasse os pés. Preferes renunciar as mudanças constitucionais como reforma agrária e aumento do salário mínimo a buscar o diálogo com as forças da oposição? Belo governante serias...

Além disso, estás sendo preconceituoso e anti-democráticoo. Institucionalmente, desde que a Justiça não a tenha enviado à cadeia ou lhe cassado os direitos políticos (às vezes nem isso), a pessoa (o político) não merece ser tratado como animal. Pode ser repugnante politicamente, concordo, mas, queira-se ou não, é um líder democrático, eleito pelo povo, e a governabilidade nos obriga a aproximações às vezes desagradáveis. Um dos piores erros do PT foi justamente esse: achar-se acima dos demais. Achar que a ética é uma esposa eternamente fiel, enquanto a negligenciamos cada vez mais, flertando com outras...

No entanto, todos nós, simpatizantes e políticos, aprendemos a lição, e nos sentimos mais fortes, visto que o que achávamos ser uma força (nossa crença insensata na pureza eterna do PT) era nossa maior fraqueza. Sabendo disso, agora construiremos sistemas mais rígidos de auto-vigilância, como deveria ser feito antes.

Claro está que para tudo há um limite. O PT errou, evidentemente. No entanto, creio que o PT e Lula já levaram bastante bordoadas, não acha? Foram chicoteados em praça pública (e muita calúnia entrou no jogo), e, contudo, o povo os perdoou, em parte, desde que os erros não se repitam e que façam um governo com bons resultados sociais.

Sou sim adversário ferrenho dos Garotinho e dos sanguessugas (presos por operaçoes de nossa nova PF, independente e altiva). Mas o caminho que escolhestes, Chico, é triste. Chico Buarque, que citas tanto, votará em Lula... Que dizes sobre isso? É maluco, o Chico? É anti-ético votar em Lula? É anti-ético defender Lula e criticar (e a violência de nossa crítica não seria uma reação contra a violência com que somos atacados diariamente pela grande mídia e agora por vocês?) os que criticam Lula e o PT?

Parcela significativa de tua doce classe média, Chico, também estará votando em Lula. Os pobres votarão em Lula. E tu estarás perdido, com teu sorriso cínico, pretensioso, equilibrando-se entre a necessidade de denegrir Lula (como faz o PSTU) para ganhar votos e, contraditoriamenete, vociferar contra a direita, a quem ajudas indiretamente. Sentirás prazer com os afagos hipócritas da mídia, que te usa descaradamente para atingir Lula? Os dilemas aos quais pensastes fugir, ao abandonar o barco na hora da tempestade, não voltaram agora, ainda mais dolorosos? Ou não? Tua vida intelectual voltou a ser tranquila, talvez? Dormes pensando: ah, amanhã pela manhã, escreverei um artigo sobre a necessidade de não pagamento da dívida externa... hum... a dívida externa não existe mais, então escreverei algo sobre os sem terra, hum... também não posso, porque muitos deles continuam apoiando Lula, esses burros... hum... poderei vociferar contra os juros altos, mas... ah, droga, os juros também estão baixando e devem chegar ao menor nível em 30 anos! Não posso falar de Chávez, nem Morales, que são amicíssimos de Lula... O salário mínimo está aumentando... Lula está literalmente comprando os pobres! Assim não dá!

A saída é falar de ética! Sim, ética! Temos que ter ética! O fato da PF estar investigando e produzindo provas contra corruptos do alto escalão, atrapalha um pouco o meu discurso contra a falta de ética no governo, mas a mídia me ajudará! Já sei, vou ligar para o Merval Pereira e para o Anselmo Góis! Eles me ajudarão!

Chico, por favor, não leve para o lado pessoal. Processe o Arnaldo Jabor, que está dizendo coisas muito mais terríveis sobre o PT, que, embora esqueceste, eu te lembro: era o teu partido. E o PT, como qualquer partido grande no mundo, teve seus problemas. Achas que o PSOL nunca terá problemas similares? Como não? Com poucos meses de existência, o PSOL já teve até um caso de denúncia de corrupção, não foi? E se a Heloísa Helena ganhar, não farás acordos políticos em prol da governabilidade? Ok, ela poderá ser como um Chávez, né? Eu sempre defendi Chávez, mas a situação lá é bem diferente. Ele tem muito mais poder em mãos. De qualquer forma, Chávez já declarou seu apoio à Lula...

Diante da conjuntura política atual, não vês que o PT é o único com força para triunfar sobre o neoliberalismo pornográfico de um PFL e de um PSDB?

Estamos falando de política, Chico. Política, lembras do que é isso? Pelo Brasil! Pela justiça social! Desculpe qualquer termo mais duro, sei que és uma pessoa sensível e algumas coisas ainda devem te causar angústia. Tua resposta foi importante para mim, e mesmo que eu continue a me declarar teu adversário político, já não uso o termo "ferrenho", porque vejo que, ao menos, estás dispostos a debater com teus (ex) eleitores, o que é um bom sinal, visto que a verdade (como ensinava Sócrates) não está em nós, mas no próprio diálogo.

Cordialmente,

Miguel do Rosário

PS: Leiam essa matéria aqui, é bem interessante.

25 de maio de 2006

Festa no dia 04

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Amigos, abro uma exceção para os pesados textos políticos aqui publicados para convidar a todos os leitores que moram no Rio de Janeiro, ou estejam de visita, a participarem do lançamento da segunda edição da Revista Bagatelas.

Trata-se de uma revista de contos, presente na internet (bagatelas.net), da qual eu tenho o prazer de participar. O lançamento será realizado no dia 04 de junho, na livraria da Travessa. Mais informações na imagem acima ou no site Bagatelas. Teremos também lançamento em BH e São Paulo. Vai ser muito divertido e os papos serão, com certeza, muito legais. Espero vocês lá.

Sobre as pesquisas de intenção de voto

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Analisando as recentes pesquisas eleitorais divulgadas, a do Census e a do Datafolha, vejo sinais bastante positivos que gostaria de compartilhar com os leitores. Debrucemo-nos sobre o Datafolha, que traz um detalhamento mais interessante, com divisão dos votos por faixa econômica, escolaridade e região.

Em primeiro lugar, é preciso observar que Lula ganha de enxurrada de seus adversários nas classes sociais mais humildes e está empatando com Alckmin na faixa de vai de 5 a 10 salários mínimos, ou seja, que ganha de R$ 1750 a R$ 3500 por mês.

Perde somente na faixa que ganha mais de R$ 3500 por mês, e mesmo assim conseguiu reduzir bastante a diferença.

Em segundo lugar, atentemos para o fato do eleitorado de Alckmin estar muito concentrado em São Paulo, único estado em que ele, de fato, possui alguma vantagem. Nos estados nordestinos, a superioridade eleitoral de Lula é avassaladora. E com grande alegria vejo que, também no Rio de Janeiro, Lula recuperou seu prestígio e hoje supera Alckmin com larga vantagem.

No Rio de Janeiro, Lula tem 53% dos votos válidos, contra 17% de Alckmin. Em Minas Gerais, estado governado pelo tucano Aécio "playboy-está-em-todas" Neves, Lula tem uma vantagem ainda maior, 62% contra 21%.

Podemos dizer, portanto, que o golpezinho branco que a mídia tucana queria aplicar em Lula, até agora, resultou num rotundo fracasso. E gosto de pensar que nós, blogueiros, comentaristas de blogs, editores de sites alternativos e cidadãos de maneira geral, temos conseguido sabotar a tentativa de certos setores de fraudar a vontade democrática e impor o candidato da direita, o debilóide Geraldo Alckmin, sujeito totalmente desprovido de capacidades políticas para governar uma nação tão complexa como o Brasil.

Quanto à auto-intitulada esquerda da esquerda, atualmente a maior aliada das direitas, representada por Psol, PDT e PPS, vêm sobrevivendo nas pesquisas, sintomaticamente, pelo apoio das classes dominantes, provavelmente dos setores iludidos, com seu socialismo acadêmico, tão inofensivo como abstrato, doce e utópico, como convêm às elites que seja o socialismo no Brasil.

Aconselho aos colegas de luta analisarem os documentos do Datafolha. É importante, para termos uma visão mais clara sobre o valor eleitoral dos pré-candidatos. Confiram aqui.

20 de maio de 2006

Evitando pisar na merda

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Sabe, há tempos que não leio Veja. Não tenho estômago nem tempo para ler porcaria. No entanto, acompanho naturalmente os desdobramentos das mentiras que ela publica. Nas últimas duas semanas, a Veja excedeu-se em matéria de baixaria e publicou uma mentira, lastreada numa fonte suspeita, Daniel Dantas, que fez questão de desmentir a revista.

A mentira atingia diretamente a pessoa do Presidente da República, que se manifestou, como se sabe, com uma violência verbal que nos lavou a todos a alma. As palavras de Lula estavam na boca de todos nós. Não por outra razão votamos nele e votaremos novamente. Queria ver outros candidatos, como Alckmin, também protestando contra o jornalismo marrom da Veja. Teria um pouco mais de respeito por ele. E o Garotinho, que foi tão violentado pela Veja, também poderia dar apoio a Lula.

O que me irritou sobremaneira, porém, foi a resposta de Veja às palavras duras de Lula. Uma resposta de adolescente mau-caráter. Veja gasta os dois primeiros parágrafos dizendo que Lula não leu a entrevista. Isso porque Lula, quando fez o ataque, disse que ainda não leu direito. Ele estava em viagem, trabalhando para nosso país, e disse que leria com calma na volta. Que eu saiba, a Veja não circula em Viena...

O editor da Veja seria tão estúpido de esquecer que Lula, como presidente da República, tem assessores, tem amigos, tem aliados, que leram a entrevista e contaram-lhe sobre o teor da matéria? Teria necessidade Lula de ler aquela porcaria para protestar? Os editores e jornalistas da Veja raciocinam como idiotas raivosos.

Na edição de hoje, Veja admite que mentiu. Admite que a denúncia era falsa. No entanto, tem a cara de pau de trazer outra mentira, sobre um suposto acordo entre o ministro da Justiça e Daniel Dantas. Será que ainda existem otários que acreditam numa revista sem a menor preocupação de provar o que publica?

Eu também não leio a Veja, mas também não como merda. Só pelo cheiro, sei muito bem quando tem merda por perto...

A hipocrisia de tucanos e colunistas

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Seres humanos erram. Governos erram. Partidos políticos erram. Numa democracia, em que as informações correm livremente e qualquer falha de um político, quando vem à tôna, torna-se rapidamente manchete dos jornais, tem-se a impressão de que os erros excedem a normalidade.

Besteira. Somente o fato de termos acesso, pela imprensa, aos erros em que incorrem nossos governantes já representa uma grande conquista democrática. Somente através dos erros e de suas consequências políticas e eleitorais, é que iremos aperfeiçoar nossa democracia.

Dito isto, gostaria de falar sobre o editorial de hoje do Estadão, mais uma peça publicitária politico-partidária que tenta, de forma bastante confusa e desastrada, desviar a atenção dos trágicos erros cometidos pela administração do PSDB & PFL no estado de São Paulo.

O pior é que não há qualquer liderança do PSDB que, diante dos graves episódios, demonstre qualquer humildade e admita erros. O desabafo do governador de São Paulo não vale, porque também não admite o erro de não ter avisado devidamente os policiais sobre a possibilidade de um ataque geral do PCC às forças de segurança do Estado.

Os grandes erros da administração paulista foram:

1) não ter tido, nunca, uma estratégia inteligente para desmantelar o crime organizado em São Paulo;

2) não avisar a polícia sobre os ataques. Com isso, o PCC encontrou policiais despreparados e desprotegidos; a mídia está escondendo o fato de várias associações de policiais estarem entrando com representações criminais contra o Estado por não ter feito um aviso formal a seus funcionários sobre o risco que corriam, mesmo alegando que sabiam da iminência dos ataques;

2) não dar o apoio moral às tropas depois da humilhação por elas sofrida. Não exigir que o espírito de vingança fosse contido, estimulando a matança de inocentes e criminosos que se viu depois;

3) não pedir desculpas à nação e tentar, covardemente, transferir responsabilidades ao governo federal.

Esse é o governo Alckmin. Esse é o PSDB. Um partido elitista, anti-democrático, mafioso. Alguém já se perguntou de onde vêm o dinheiro que abastece a faustosa vida dos caciques de PSDB e PFL? O governador Claudio Lembo, um desses anciãos cuja proximidade com o cemitério lhe proporciona inusitado desprendimento com velhas alianças, deu a deixa: uma elite branca que explora serviços públicos. Sabemos que a família de Tasso Jereissati, presidente do PSDB, é grande acionista da Telemar. Pois bem, são todos os herdeiros da fraude privatista patrocinada por Fernando Henrique Cardoso.

E são uns covardes pusilânimes. Que não tiveram a honradez de apoiarem o velho Lembo, notoriamente despreparado para assumir a responsabilidade por uma crise tão grande. Serra e Alckmin nem parecem que eram prefeito e governador há poucas semanas. Os secretários responsáveis pelas políticas de segurança e comunicação são todos pessoas de confiança deles. Alckmin, se fosse um político íntegro e honesto, abandonaria sua ridícula carreata eleitoral pelo Brasil e voltaria à São Paulo para, lado a lado com Lembo, ajudar São Paulo a sair da crise. Alckmin ainda teve o desplante de apoiar a reação dura da polícia paulista. Que foi dura sim, mas com a população desarmada, nas periferias pobres da cidade e do Estado.

A decisão do governo paulista de não liberar os nomes dos mortos pela policia é sinistra e absurda. Alckmin disse que apóia tudo que Lembo fizer. Apoiará essa barbaridade?

Por que o Estadão não fez um editorial condenando a atitude do governo paulista de não informar o nome das vítimas? Não, em seu editorial de hoje, o Estadão, num gesto desesperado de quem não tem o que dizer, faz um ataque genérico a todas as instituições brasileiras e à própria democracia. Até o dramaturgo tucano Ricardo Noblat está criticando fortemente a atitude do governo paulista. A Veja desta semana vem com outra saraivada de mentiras, sendo que confessa despudoramente que a denúncia veiculada na semana anterior era falsa. Ou seja, confessa mentir, não pede desculpas e ainda quer que seu público leitor acredite em outras mentiras. E não diz nada sobre barbárie em São Paulo. A Veja é podre.

Miriam Leitão e Merval Pereira do Globo parecem não estar nem um pouco preocupados com a crise de segurança pública em São Paulo. Leitão hoje faz arte. Sem poder negar a série de índices positivos, incluindo o fato da dívida externa atingir o nível mais baixo em 11 anos, ela se limita a rogar praga para o futuro, como aliás é só o que tem feito ultimamente em máteria de análise econômica: rogar pragas. Com isso, ela influencia negativamente no quadro econômico, porque desestimula investimentos no país. Não estou condenando o pessimismo. Há gente pessimista em qualquer lugar e, sabemos, eles sempre têm razão em parte, porque tudo se decompõe e envelhece e coisas ruins e trágicas acontecem todos os dias. O que Miriam Pig faz, porém, é rogar praga mesmo. Por alguma razão obscura o desenvolvimento brasileiro parece não alegrar Miriam Leitão. A única coisa que realmente a alegra é crise política envolvendo o PT. A mesma coisa vale para Arnaldo Jabor, que escreve textos cada vez mais depressivos, cínicos, hipócritas, mentirosos e angustiados na mesma proporção em que cai a desigualdade de renda no Brasil, aumenta o salário mínimo, caem juros e dívidas externas e interna e cresce o número de empregos no país.

Aliás, é impressionante como o jornal O Globo está guinando cada vez mais à direita. Agora que demitiu Franklin Martins, a tendência é o fanatismo. E o descrédito.

PS: Descobri esse blog agora. É extraordinário. Você vai morrer de rir! O gerente-chuchu. E, por favor, não deixem de ler a entrevista do governador de SP, Claudio Lembo, para o repórter Bob Fernandes (tinha que ser o Bob! nenhum outro repórter meia boca teria "cojones" para fazer uma entrevista dessas, franca e limpa).

18 de maio de 2006

A inteligência ainda é a melhor arma contra os bandidos

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A crise da segurança pública em São Paulo botou fogo, como qualquer crise, no debate político. O PSDB, desta vez, está numa posição altamente desconfortável. O prejuízo social não foi uma conta devassada de um caseiro. Foram dezenas de vidas humanas, um diretor de presídio queimado vivo, uma polícia atônita e humilhada, pronta para ser vingar sobre a periferia.

A mídia, como era de se esperar, não está reagindo com a sua costumeira emotividade, já que o atacado desta vez são seus aliados políticos. Os colunistas Merval Pereira e Miriam Leitão comentam o caos paulista, de forma fria, distante e genérica, sem culpar o governo estadual, à diferença do que fazem quando o problema é no Rio, ou quando se trata de um problema de competência do governo federal.

A tentativa de transferir a culpa para o governo federal caiu no ridículo. A suposta redução nos investimentos de segurança é uma balela. Os tais recursos constituem um fundo e não uma dotação orçamentária, e por isso oscilam de um ano para o outro. A tal Ong Contas Abertas, que agora virou fonte para a imprensa, pertence a um deputado do PPS, e foi criada em 2005, no auge da crise política, talvez visando o processo eleitoral deste ano. De qualquer forma, a redução não é tão grande assim, e fica ridículo para a rica São Paulo reclamar falta de verbas para uma área que é, constitucionalmente, de sua competência.

O governador-substituto de São Paulo, Claudio Lembro, há pouco mais de 1 mês no cargo, deu entrevista em que revela a falta de interesse de Geraldo Alckmin, o governador eleito e reeleito pelos paulistas, de se envolver com o problema que ele mesmo ajudou a criar. Os caciques do PSDB, FHC, e José Serra, nem sequer telefonaram a Lembo para prestar-lhe solidariedade. Sumiram do noticiário. Estão escondendo a vergonha de seu fracasso, na tola esperança de não se verem associados à monstruosa incompetência administrativa que esta crise está revelando.

Seria também hipocrisia dizer que o problema de segurança é exclusivo de São Paulo ou do PSDB. Trata-se de um problema social grave, cujas soluções são extremamente complexas. De fato, não existe mágica para curar a doença da violência na sociedade brasileira. Mas existem respostas universais que, seguramente, podem contribuir para a paz social. A direita costuma negar a efetividade de investimentos em educação e assistência social no combate à violência. Ontem, no Jornal Nacional da Globo, a âncora tentou descontruir o discurso de Lula sobre o tema segurança. Lula disse que se os governos houvessem investido em educação na década de 80, muitos dos jovens bandidos de hoje poderiam ser pacatos trabalhadores. A âncora disse que lideranças do crime organizado vêm da classe média e estudaram em colégios privados. Ora, Lula disse que "muitos" dos bandidos sofreram os problemas sociais, não "todos". O que ocorre é que, de fato, 95% dos bandidos nas cadeias vieram de famílias destruídas por problemas sociais. E ainda: o quadro econômico e político do país não lhes descortinava nenhuma esperança de ascensção social.

O fato não é descobrir soluções que acabem com a violência, e sim levar adiante ações que contribuam para diminuí-la. Entendem a diferença? A violência não é um ciclope que é vencido apenas com um golpe certeiro em seu olho. A violência não tem uma forma fixa, e precisa ser combatida por todos os agentes sociais, inclusive os privados, inclusive a mídia, através de medidas inteligentes não-violentas. A máxima universal de que violência gera violência continua valendo. Violência se combate com paz, o que não significa que o Estado deva ser leniente ou passivo em face dos criminosos. Por exemplo, a negociação do governo de São Paulo com as lideranças do crime, se confirmada, é uma grande derrota do Estado, e portanto dos cidadãos de bem. O Estado não pode temer, porque ele zela pela vida de milhões de cidadãos de bem, que trabalham e lutam pelo bem estar de sua família e de seus amigos.

Outra estupidez - mostrada na TV Globo - foi mostrar comparativos com outros países na realidade da segurança pública e índices de criminalidade. Comparou-se o Brasil com Georgia, Peru, e sei lá mais qual país. Ora, cada nação tem sua história, seus problemas sociais e políticos, sua cultura, seu imaginário. Ademais, um índice baixo de violência não significa necessariamente que o governo daquele país tem uma boa política de segurança pública. Pode significar simplesmente que a sociedade daquele país é mais igualitária, mais justa, ou então que seus cidadãos sejam mais pacíficos.

O conceito de soberania também deve ser estendido às soluções de segurança pública. Não creio, por exemplo, que devemos seguir o exemplo norte-americano, que tem hoje mais de 2 milhões de pessoas atrás das grades.

Os presídios brasileiros vêm se tornando, há tempos, verdadeiras fábricas de monstros. Servem apenas para produzir bandidos perigosos e organizados. A sociedade precisa refletir sobre isso. O Brasil tem espaço físico, de forma que, talvez, a construção de grandes presídios-fazenda, com foco na instrução técnica, ética e política dos presos, fosse uma solução viável. Particularmente, sou contra aumento de pena, ou coisa parecida. Pelo contrário, o Brasil é um dos países mais atrasados no uso de penas alternativas, que poderiam desinchar os presídios, abrindo espaço para trancafiar os bandidos mais perigosos.

Deus nos concedeu o dom da inteligência. Usemo-la. A mesma humanidade que inventou o avião, o computador, as vacinas, o transplante de órgãos, as ciências exatas, a filosofia e o MP3, seguramente tem capacidade de encontrar soluções para o problema da segurança pública.

17 de maio de 2006

PM paulista responde com matança

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Essa é a manchete desta quarta-feira do jornal O Globo e tenho a triste desconfiança de que reflete a realidade. A polícia paulista, despreparada e mal paga, sob o comando do pusilânime Claudio Lembo, e sem o mínimo auxílio político ou ideológico de Geraldo Alckmin, já começou a reagir de forma totalmente desesperada e contraproducente aos atentados que aterrorizaram São Paulo.

Não culpo de forma nenhuma os policiais, que constituem a bucha de canhão que as elites políticas de São Paulo usam para realizar sua imunda e incompetente política de segurança. Nestes dias agitados, foi noticiado que o PM paulista é um dos mais mal pagos do país. Esse é o choque de gestão de Alckmin? Onde está a autoridade para impedir que a PM revide com truculência desnecessária? Isso não adianta nada! Apenas desmoraliza ainda mais o poder público, sobretudo entre as comunidades pobres, que vêem trabalhadores inocentes sendo executados friamente pela polícia. O sentimento de impotência, revolta e indignação de ver a pessoa amada morrer nas mãos do Estado, daqueles que são pagos para nos proteger, e ainda sofrer a humilhação de assistir as autoridades alegando que eram todos ligados aos traficantes, é um poderoso estimulante da criminalidade.

A polícia de São Paulo, além de incompetente, é assassina. E a culpa não é dela. A culpa é dos políticos que governam o Estado de São Paulo.

A tentativa do setores oposicionistas e seus braços na mídia corporativa de transferir a culpa do caos da segurança pública ao governo federal é ridícula. A queda nos investimentos em segurança pública do governo federal em 2005 é explicada pelo forte aumento ocorrido em 2004. De qualquer forma, se faltava dinheiro, o governo de São Paulo sempre podia ter reclamado mais verbas, através de emendas de seus parlamentares e pressão política. São Paulo é um estado rico. O problema não é falta de verbas para a segurança pública. E sim incompetência administrativa. Alckmin reduziu o investimento em educação e programas de assistência social e elevou o número de presos, misturando criminosos comuns com bandidões perigosos. A Febem paulista é uma fábrica de monstros, que um dia irão assombrar a sociedade brasileira.

Na verdade, a incompetência do governo paulista é tão assustadora que está contaminando outros estados.

Esse é o choque de gestão que Alckmin pensa fazer no Governo Federal? Deus nos livre! Enquanto Alckmin inaugurava Daslu, inclusive ajudando a varrer para debaixo do tapete graves crimes contra o fisco praticados pela loja, onde sua filha trabalha, a sociedade paulista amargava a sonora ausência do Estado em seus rincões miseráveis.

O Tarso Genro disse muito bem: o governo paulista preferiu negociar com bandidos a aceitar a colaboração do governo federal. Um absurdo! Egoísmo, orgulho besta, insensatez!

Esse é o choque de gestão de Alckmin? Protegei-nos Nossa Senhora!

15 de maio de 2006

Rebeliões em SP: uma prévia do que seria Alckmin no poder

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O caos em que mergulhou o estado de São Paulo é uma prévia do que se tornaria o Brasil em caso da vitória de Geraldo Alckmin. Estarei sendo oportunista? Estarei usando uma tragédia com fins eleitorais? Estou sim! Vivemos numa democracia e a única maneira de nos precavermos contra tragédias futuras é analisar a perfomance de governos e partidos e refletir isso em nossas intenções eleitorais.

O tucano Geraldo Alckmin e seu vice pefelê Claudio Lembo são representantes da direita mais burra e mais reacionária que temos no país. Uma direita que investe em presídios monstruosos, que não reciclam ninguém. Que não investem em educação. Que não tem política de assistência social. Que ordenam desocupações truculentas. Que optam sempre pela reação violenta e brutal. Que não tem um projeto de segurança pública decente.

Dizem que Lula não tem projeto de segurança pública. Mentira. A criação da Força Nacional é um projeto de Lula, e o fato do governador de São Paulo não ter aceitado a ajuda federal é sinal de mediocridade extrema e falta de visão, pois a segurança pública brasileira precisa ser integrada, e a Força Nacional precisa ser posta em prática, para ganhar em experiência e desenvolver novas técnicas de combate ao crime.

A mídia bem que tentou neutralizar o fiasco da administração paulista. O Globo deu na primeira página que as rebeliões se alastravam por 3 estados (incluindo SP). Ora, estas já foram controladas e foram casos de oportunismo, sem ligação direta nenhuma. Os presos destas prisões aproveitaram a onda em São Paulo e fizeram rebelião. Ou seja, não apenas a Segurança Pública em São Paulo é um fiasco, como está contaminando os estados vizinhos.

A resposta de Alckmin: "não podemos retroceder, temos que ser firmes" é a fala de um debilóide, sendo que uso esse termo até com receio de estar sendo injusto com as pessoas com problemas mentais, já que a estupidez do ex-governador supera qualquer caso clínico. Alckmin deveria aproveitar o momento e dizer quais são suas propostas para a segurança pública. O Lula aproveitou: disse que é preciso investir mais em educação, coisa que ele vem tentando fazer e setores oposicionistas vem procurando bloquear, como é o caso do Fundeb.

O presidente da OAB, Roberto Busato, que vem desmoralizando a entidade que preside, parece não ter ficado satisfeito com a derrota "eleitoral" que levou do Conselho, que enterrou a tese do impeachment. Entrevistado, saiu-se com mais uma de suas cachorradas em defesa do fiasco tucano em São Paulo: "não se resolve problema da segurança pública com bolsa família, vale gás, etc". Ora, Dr.Busato, respeite nossa inteligência. Com todo respeito, o senhor bem que podia ter aproveitado a conveniente oportunidade para ficar quieto!

Todo país desenvolvido tem programas sociais, de renda mínima, que ao evitar que as famílias caiam na miséria e no desespero total, reduz tensões e despressuriza aquele ódio social que conduz as pessoas à criminalidade. É claro que o Bolsa Família ajuda a combater o crime, seu mané! Acontece que os oito anos de desemprego, juros altos, programas sociais mesquinhos, falta de apoio à agricultura familiar, criminalização dos movimentos sociais, aumento de dívida pública (bloqueando nossa capacidade de investimento), tudo isso causou sequelas sociais que nem o Lula tem conseguido resolver.

Só quero ver agora o que a Miriam Pig vai falar. Quando teve tiroteio na Rocinha, ela até fez um poema (horroroso, por sinal), que o Globo publicou, expressando sua angústia ante o quadro de violência. E dá-lhe malho no casal Garotinho (nesse caso, com razão). Agora quero ver ela meter o cacete no governo tucano-pefelê com todo aqueles adjetivos dramáticos que ela usa sempre que quer inflar a crise política.

Aliás, por falar na Miriam Pig, outro dia ela usou sua coluna, que supostamente seria para comentar sobre economia, para criticar a propaganda política do PT. Ela pega ponto por ponto e diz que é mentira e que foi o FHC que fez tudo. Diz que o FHC que inventou o Bolsa Escola, que mais tarde virou Bolsa Família. Tá certo, mas o Bolsa Escola, era 15 reais por mês, Dona Pig. 15 reais! E chegava a um número bem reduzido de pessoas. Entendeste? Uma coisa é você dar um Bolsa Escola de 15 paus para 1 milhão de pessoas, só para dizer que banca projeto social. Outra coisa é você dar 90 reais para 30 milhões de pessoas, e ser elogiado no mundo inteiro e ainda receber empréstimo a fundo perdido do BID e do Banco Mundial.

E tem uma série de outras besteiras que a Miriam "Tucana" Pig fala sobre a propaganda do PT. Aliás, daqui a pouco vão proibir o PT de fazer programa eleitoral. É proibição em cima de proibição. Que TSE é esse? Quer dizer que o PT não pode informar o povo brasileiro? O PFL pode acusar sem provas, num comercial anônimo, que não diz uma palavra sobre seu próprio programa de governo ou idéias, e o PT, que não esconde seu rosto, não ataca adversários e faz uma propaganda eleitoral apenas informativa, com base em dados oficiais, o PT é que é proibido pelo TSE?

Daqui a pouco, o PT só vai poder dar receita de culinária na TV!

E o caso Morales, héin? Tá certo que o cara se excedeu. Não na nacionalização, mas no jeito que fez, pregando susto no Lula, mas a pregação de "reação firme" por parte da direitona brasileira é ridícula. É com essas "atitudes firmes" que o PSDB produz o caos social em que mergulhou São Paulo. É com essa falta de negociação, de estratégia. Essa truculência chauvinista, estúpida. Agora, os tucano-pefelês vão querer acabar com a violência em questão de horas, né? Através da truculência, né? Vâo matar umas dezenas de pretinhos da periferia, e dizer para o povo que está reagindo "à altura".

8 de maio de 2006

Rosinha visita hospício

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A Governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Mateus, visitou recentemente um hospício e foi recepcionada por uma comissão de pacientes.

- Viva a Governadora! Viva a Governadora! - gritavam eles, entusiasmados.

Ao ver um dos componentes da turma calado, um dos assessores da Governadora abordou-o e perguntou:

- E você, por que não está gritando "Viva a Governadora?"

- Porque eu não sou louco, sou médico.


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Prezados, agora tenho realmente uma desculpa séria para não atualizar esse blog como deveria. Estou com Ler (Lesão por Esforço Repetitivo), doença típica dos que trabalham em computador. Estou me recuperando. Por enquanto, assino embaixo das palavras do meu amigo Eduardo Guimarães.

3 de maio de 2006

O gás é dos trabalhadores

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A decisão de Evo Morales, recém-eleito presidente da Bolívia, de nacionalizar o gás e o petróleo em território boliviano tem que ser compreendida como um marco histórico na história recente do país, que poderá ajudar em seu processo de industrialização e desenvolvimento social. Também é um gesto de afirmação soberana que vai melhorar muito a auto-estima dos bolivianos.

Desta vez, porém, o Brasil parece sair perdendo, porque a Petrobrás tem ativos no país. Políticos e, principalmente, setores da imprensa, exigiram reação truculenta do governo brasileiro.

Trata-se de uma medida naturalmente polêmica, ainda a ser digerida e devidamente entendida por todos, mas desde já é bom rechaçar a tentativa de setores reacionários da sociedade brasileira, entre os quais incluo a Globo, de usar o fato para produzir atrito entre duas nações que estão imersas na mesma busca pela maior união da América do Sul.

Autoridades dos dois países já garantiram que o fornecimento de gás não será interrompido e qualquer eventual aumento de preço será gradual e racional. De qualquer forma, a Petrobrás está atuando no sentido de aumentar a produção de gás na bacia de Campos.

A "inteligentzia" reacionária nacional, da qual Arnaldo Jabor é um dos representantes preferidos, está usando o fato para atacar o governo Lula e todo o Mercosul.

Como sempre, falta visão. Falta franqueza e bom senso. É interessante para o Brasil que a Bolívia se desenvolva. Após o fim da II Guerra, os EUA iniciaram o plano Marshall, emprestando a fundo perdido bilhões de dólares para a Europa se reconstruir. Os EUA entendiam que precisavam de uma Europa forte e rica como mercado comprador para seus produtos.

É assim que compreendo a necessidade do Brasil ajudar seus parceiros latinos. Enquanto Jabor usou seu espaço na Globo para rogar praga para os bolivianos, prevendo mais pobreza e mais catástrofe, eu quero afirmar aqui que acredito no povo boliviano e, dentro das minhas possibilidade, estou disposto a ajudá-lo. É um país vizinho e espero haver um dia que os bolivianos venham ao Brasil como turistas e não como mão-de-obra barata.

Olhando-se do lado estritamente financeiro, uma Bolívia mais desenvolvida irá trazer benefícios enormes ao Brasil, porque será um grande mercado comprador de produtos brasileiros.

Do lado humano, político e cultural, uma Bolívia com mais auto-estima também será de grande valia para o Brasil, porque poderá contribuir com mais filmes, mais livros, mais músicas e produção científica.

Esse súbito nacionalismo de setores reacionários do Brasil é ridículo, hipócrita, oportunista. O interesse dos trabalhadores é o mesmo em todo mundo, não importa a cor de sua bandeira: justiça social. O que é bom para trabalhadores da Bolívia será bom para os trabalhadores do Brasil.

Viva a Bolívia, viva o Brasil!