27 de setembro de 2010

Sobre os ataques sistemáticos à política

Desde o ínicio do processo eleitoral temos visto, na imprensa e até mesmo entre alguns setores progressistas, um ataque sistemático à política. Outro dia, li uma crônica no Globo em que o autor, depois de declarar voto em Plínio (no Globo impera um código com uma lei só: nunca falar bem da Dilma, nunca declarar voto nela; Plínio é uma ótima opção para jornalistas com público jovem), encerrou com uma saraivada preconceituosa contra o voto popular, esnobando o bom posicionamento nas pesquisas de candidatos que exerceram a função de músicos, atletas ou artistas. Acabou-se o tempo em que apenas médicos e advogados ocupavam o parlamento. A partir de agora, teremos também ex-pagodeiros, craques de bola e palhaços. Isso é democracia. É ilusão e arrogância cultural querer um Congresso de "homens bons". Muitos eleitores que rechaçam, horrorizados, votar num pagodeiro, sentiriam o mesmo repúdio se o mesmo fosse um intérprete de música clássica européia ou um trompetista de jazz?

Quando há embate, reclama-se da polarização, do fla-flu e da baixaria. Quando não há, diz-se que campanha é chata e modorrenta. Na verdade, sinto que setores sociais ainda vêem com desconforto e certo constrangimento o processo eleitoral, quando os partidos políticos ganham espaço na TV, interrompendo o domínio absoluto que apenas dois ou três canais televisivos exercem sobre os cidadãos.

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