27 de setembro de 2010
Sim, voltamos a 1964
É impressionante como o processo político desta eleição repete os idos de 64. Essa manchete acima lembrou-me demais a campanha midiática daqueles turbulentos meses que antecederam o golpe. Os jornais faziam manchetes praticamente idênticas em relação à Marcha pela Liberdade, Família e Propriedade. Usavam as mesmas palavras, variações em torno da expressão: "Cresce o apoio à Marcha das Famílias".
Eles não tem força hoje para dar golpe, porque a conjuntura é muito diferente. É apenas uma repetição farsesca de nossos trágicos anos sessenta, mas mesmo assim é um comportamento que merece o repúdio da sociedade, porque não propõe nada, apenas procurar criar fantasmas que não existem e deslegitimar todo um setor político. O PT está há oito anos no governo federal, é o partido, de longe, mais admirado no país (segundo todas as pesquisas) e deve se tornar o maior partido do Congresso, e mesmo assim o Globo e a mídia em geral tratam-no sem o mínimo respeito. Elio Gaspari refere-se a dirigentes ou cardeais petistas apenas como "comissários", numa tentativa de associar o partido ao regime totalitário soviético. Os editoriais do Globo vivem fazendo essas alusões russas, um costume, aliás, que o jornal cultiva há mais de cinquenta anos, porque usou também para descaracterizar a legitmidade democrática do governo João Goulart e das forças que o apoiavam.
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