O suicídio político de César Maia
O comportamento criminoso e psicótico de César Maia, que está tentando, de todas as formas, atrapalhar na reconstrução do sistema de saúde do município do Rio de Janeiro, é um verdadeiro suicídio político do prefeito. De agora em diante, o nome de César Maia estará inscrito nos anais da história política nacional, à insensibilidade, ao oportunismo, à falta de compreensão do que seja o pacto federativo.
A população carioca está perplexa com a crueldade sem limites de César Maia e de seu secretário de saúde, Ronaldo César Coelho. Além de estar atrapalhando, não está cuidando do que restou à Saúde municipal: os funcinários dos postos de saúde entraram em greve hoje, em protesto contra atrasos salariais e falta de condições de trabalho.
César Maia mostrou sua verdadeira face: é um rosto diabólico, mau, de gente que não ama a vida e o povo. Acabou-se a farsa.
César Maia pode até ter uma sobrevida política, mas a sua aura de bom administrador não existe mais.
César Maia já era. É momento de novos atores políticos surgirem no cenário. Gente preocupada com a vida e com a saúde da cidade, que ponha os interesses da população acima de baixos interesses eleitoreiros. E que compreenda o que é o pacto federativo.
12 de março de 2005
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O pessoal da Novae, sempre 100%, fez uma breve entrevista comigo sobre o lançamento do livro. Dêem uma conferida. Espero todos vocês lá no lançamento do meu livro. Lembrando: sexta-feira, 18 de março, na livraria Largo das Letras, Largo dos Guimarães, Santa Teresa, Rio de Janeiro, às 19:00.
2 de março de 2005
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Reflexões poéticas para mercenários e homens-bomba
Por Miguel do Rosário
Tem certas coisas que a gente não consegue expressar por vias normais. Que palavras equivaleriam a um beijo? A um sorriso de criança?
A poesia se beneficia dessa incompetência do discurso formal de dizer certas coisas essenciais, puras, universais.
Entretanto, talvez mesmo a poesia não consiga suprir essa carência. Então apelamos à música, à pintura, à todo tipo de arte, para nos aproximarmos o mais possível do núcleo vulcânico do sentimento humano.
“A República”, de Platão, é um grande ensaio sobre o que é justiça. A conclusão do filósofo é que a justiça consiste em “cada um fazer o que lhe compete”. Temos aí a origem do pensamento moderno, com a valorização da técnica e da especialização. O que me compete, portanto, é escrever. Só assim serei justo.
Quando escrevemos contra a guerra através do discurso formal, usamos uma linguagem cheia de vícios e sentidos ocultos os quais fogem ao nosso controle. Com isso, inconscientemente podemos estar dizendo o contrário daquilo que queríamos dizer.
Por essas e outras, que a poesia cumpre um papel importante, ao romper com o discurso racional e utilizar a intuição e o sentimento para defender idéias.
Eu quis fazer um poema para combater a lógica da guerra, por isso escolhi a poesia. Não sei se é um bom ou mau poema, tecnicamente falando. Confiram vocês.
***
Desistir? Nunca.
Ou melhor, sempre.
Só os inteligentes desistem,
Voltam atrás,
E seguem por outra senda,
No entanto, não páram de caminhar.
Desistir? Depende.
Às vezes, é melhor parar
De bater a testa no concreto
E estudar a situação.
O tempo não é sempre inimigo,
E não se deve pensar a paz
de olho no relógio.
Desistir? Nunca.
O próprio andar é o destino,
A vida,
Com seu ir e vir, tropeços
E espera ingênua
Do dia negro da guerra,
Quando se acabam as dúvidas
E todos desistem de si mesmo
Para lutar por Deus ou liberdade.
Ah! A liberdade,
Dama cínica
Que se alimenta da desistência
Do homem, e do cansaço
De Deus.
Você não,
Você não desiste nunca,
De enganar os homens
Com seus mistérios metafísicos,
E jogos de palavra.
Liberdade, és petróleo ou água?
Sangue ou vinho?
És bêbada? Sóbria?
Diga quem és! De verdade!
Para que os homens parem
De se mutilar e torturar
Em seu nome.
Ou então, deixe-nos em paz,
Não mais nos empurre
Na direção do abismo
Da dor e violência.
Guerrilheiro, poeta, mercenário,
Desista sem culpa,
Mude o canal de TV,
Desarme a bomba,
Cultive lembranças
Se preferir, sonhe o futuro.
Ah, quanta vida se perde
Em metas estúpidas,
E utopias senis!
Desistir é o melhor caminho,
Pensar sem pressa,
Parar na beira da estrada
E contemplar o horizonte
Onde o sol é um olho de fogo
Que devassa as trevas d’alma.
Desista de ser escravo
Da loucura do mundo,
e da sua própria,
e viva.
Por Miguel do Rosário
Tem certas coisas que a gente não consegue expressar por vias normais. Que palavras equivaleriam a um beijo? A um sorriso de criança?
A poesia se beneficia dessa incompetência do discurso formal de dizer certas coisas essenciais, puras, universais.
Entretanto, talvez mesmo a poesia não consiga suprir essa carência. Então apelamos à música, à pintura, à todo tipo de arte, para nos aproximarmos o mais possível do núcleo vulcânico do sentimento humano.
“A República”, de Platão, é um grande ensaio sobre o que é justiça. A conclusão do filósofo é que a justiça consiste em “cada um fazer o que lhe compete”. Temos aí a origem do pensamento moderno, com a valorização da técnica e da especialização. O que me compete, portanto, é escrever. Só assim serei justo.
Quando escrevemos contra a guerra através do discurso formal, usamos uma linguagem cheia de vícios e sentidos ocultos os quais fogem ao nosso controle. Com isso, inconscientemente podemos estar dizendo o contrário daquilo que queríamos dizer.
Por essas e outras, que a poesia cumpre um papel importante, ao romper com o discurso racional e utilizar a intuição e o sentimento para defender idéias.
Eu quis fazer um poema para combater a lógica da guerra, por isso escolhi a poesia. Não sei se é um bom ou mau poema, tecnicamente falando. Confiram vocês.
***
Desistir? Nunca.
Ou melhor, sempre.
Só os inteligentes desistem,
Voltam atrás,
E seguem por outra senda,
No entanto, não páram de caminhar.
Desistir? Depende.
Às vezes, é melhor parar
De bater a testa no concreto
E estudar a situação.
O tempo não é sempre inimigo,
E não se deve pensar a paz
de olho no relógio.
Desistir? Nunca.
O próprio andar é o destino,
A vida,
Com seu ir e vir, tropeços
E espera ingênua
Do dia negro da guerra,
Quando se acabam as dúvidas
E todos desistem de si mesmo
Para lutar por Deus ou liberdade.
Ah! A liberdade,
Dama cínica
Que se alimenta da desistência
Do homem, e do cansaço
De Deus.
Você não,
Você não desiste nunca,
De enganar os homens
Com seus mistérios metafísicos,
E jogos de palavra.
Liberdade, és petróleo ou água?
Sangue ou vinho?
És bêbada? Sóbria?
Diga quem és! De verdade!
Para que os homens parem
De se mutilar e torturar
Em seu nome.
Ou então, deixe-nos em paz,
Não mais nos empurre
Na direção do abismo
Da dor e violência.
Guerrilheiro, poeta, mercenário,
Desista sem culpa,
Mude o canal de TV,
Desarme a bomba,
Cultive lembranças
Se preferir, sonhe o futuro.
Ah, quanta vida se perde
Em metas estúpidas,
E utopias senis!
Desistir é o melhor caminho,
Pensar sem pressa,
Parar na beira da estrada
E contemplar o horizonte
Onde o sol é um olho de fogo
Que devassa as trevas d’alma.
Desista de ser escravo
Da loucura do mundo,
e da sua própria,
e viva.