5 de janeiro de 2006

A esquerda morreu ?

(arte contemporânea chinesa)

Ah ah, já posso ver alguns rostos melancólicos contemplando o título deste artigo e dizendo: "oh, meu sonho, meu ideal, acabou!", sem perceber é claro o quanto de egoísmo e puerilidade existe em sua atitude.

Volta e meia leio algum texto de um acadêmico dizendo, com toda pompa e propriedade, ah, o Lula não é de esquerda e tal. A Novae mesmo colocou isso na manchete quando publicou a entrevista da Marilena Chauí.

Alguns mais informados lembram que o Lula responde dessa forma desde os tempos do ABC, quando era um poderoso líder sindical, com enorme prestígio por ter conquistado inúmeros ganhos salariais para os metalúrgicos.

Sempre que chegava um estudante ou professor da USP, o Lula ria e dizia: "ih, lá vem mais um fazer tese..."

No entanto, à diferença de outras lideranças turronas, Lula era simpático e fazia amizade com todos. Respeitava-os pelo conhecimento conceitual de economia e política que ele nunca pôde obter pelos livros, mas que conseguiu acumular ao longo dos anos pela experiência de vida.

Lula já chegou inclusive a discutir ásperamente com mais de um "esquerdista" paulista que vinha às vezes lhe entrevistar no ABC. Numa ocasião, o estudante encontrou Lula num bar próximo ao sindicato, vestido de terno e gravata, e fez uma piadinha com isso: "operário salário mínimo de terno e gravata...". O sindicalista se virou e respondeu algo assim: "meu filho, em primeiro lugar operário aqui não ganha mais salário mínimo. A gente conquistou no grito e na marra e ganha mais que muito professor em São Paulo. Em segundo lugar, trabalhador também quer ser elegante, não é só rico não".

A verdade é que o discurso de Lula, por mais simples que seja, sempre trouxe em seu bojo o diálogo tenso entre os "intelectuais" e a "classe trabalhadora". Eles estão juntos na CUT. O fato é que, hoje em dia, tanto a CUT quanto a classe trabalhadora brasileira, não está mais concentrada no ABC paulista e nos Jardins.

O ABC paulista, enquanto pólo sindical, perdeu força na década de 90, com a implantação dos sistemas robotizados nas fábricas de automóveis. Dezenas de milhares de empregos foram perdidos. As lideranças sindicais tiveram que expandir seus horizontes e ambições. Para melhorar a situação do trabalhador brasileiro, não bastava ser presidente de sindicato. Era preciso ser presidente do Brasil.
Lula pode até não ser reeleito, mas uma coisa é certa. O país que ele vai entregar para o próximo presidente vai ser muito melhor que o país que ele recebeu. Menos endividado, com muito mais emprego, crédito abundante para agricultura familiar e micro empresas, juros médios mais baixos, salário mínimo quase dobrado, contas públicas ordenadas.

Chega a ser engraçado ver os críticos do governo Lula chamarem sua gestão de "fiasco". Acho que eles devem sempre saltar as páginas econômicas do jornal e ficar apenas na seção política. Ah, o Brasil cresceu menos que a Argentina? Tá bom, mas a Argentina cresceu com inflação, não vale. É mil vezes melhor crescer pouco como o Brasil, mas crescer sem inflação. Quando você for assalariado e ganhar pouco, vai entender o que eu tô falando. O assalariado não quer saber se o país cresceu 1.3% ou 3.2%, e sim se o seu poder aquitivo foi esfacelado ou não pela inflação.

Crescimento sustentável, isso é que é importante, e não essa competiçãozinha babaca para ver quem cresceu mais na América Latina.

Outros fatores são mais importantes que o crescimento, como a redução da miséria, a distribuição de renda, os números de reforma agrária.

Muitos intelectuais não vêem isso e acabam influenciando negativamente parcela importante do movimento social.

De fato, é constrangedor constatar que a intelectualidade brasileira, no quesito estar atualizado com novas idéias políticas, está perdendo de dez a zero para o presidente Lula. A macro-economia e a política externa de Lula são as melhores em muito tempo. Poucos países conseguiram sair de uma situação à beira da inadimplência e bancarrota total sem explosões sociais mais graves. Coréia do Sul, Irlanda, conseguiram. O Brasil conseguiu em três anos. Lembram que diziam que a dívida brasileira era impagável? Falava-se que a situação brasileira era inviável. O Brasil não tinha jeito. Pois bem. Libertamo-nos do FMI, convertemos toda nossa dívida pública atrelada ao dólar em moeda nacional. E agora estamos administrando a dívida pública (esta sim a herança maldita de FHC; ouviu Jabor?). Estamos, pela primeira vez na história, emitindo um volume expressivo de títulos lá fora em moeda nacional! E com prazos longos e juros baixos.
Tudo isso aliado a mudanças estruturais de base, confirmadas pelas estatísticas do IBGE e diversos institutos, que mostram a redução da desigualdade social e diminuição da miséria no país, afora a geração de emprego, a diversificação econômica e o incremento da exportação de produtos industrializados.

Vociferar contra o capital internacional pode ser bonito para alguns, mas estamos em 2006 e, pelo amor de Deus, sejamos contemporâneos! Temos que gerar empregos para esse povo, meu Deus! Acho Chávez muito importante para a Venezuela, a América Latina e tal, mas acho que o papel dele de vociferar contra os EUA é só dele. O Lula não pode entrar nessa. Não seria tão burro. O papel de Lula é apoiar Chávez e Morales, como tem feito. A violência sofrida por Chávez e pelos índios venezuelanos e bolivianos tem sido terrível. Na agressividade de Chávez, há uma reação sentimental das massas contra a opressão. Ela será amainada com o tempo, temperando-se com a necessária prudência. Chávez não teve a experiência sindical de Lula, que o ensinou a dialogar com os patrões sem subserviência, mas sem ameaçar ou agredir.

Em sua última entrevista, a uma pergunta do repórter do Globo Pedro Bial sobre a reforma trabalhista, Lula respondeu que esta será fruto de um acordo entre as partes, a saber entre os empresários e os sindicatos e os trabalhadores. Nisso está contido a própria solução para o socialismo moderno, da mesma forma que também responde parte dos dilemas sociais do capitalismo. Acordo. Empresários, trabalhadores, governos, precisamm estar sempre renovando o acordo social entre as diversias entidades humanas, de maneira a conduzir a sociedade para patamares mais avançados.

Outro dia, assisti uma guerrinha de internet entre dois grupos ideológicos. O combate se deu na área de comentários de um certo blog, por conta de um post do autor que falava sobre os 10 pontos da Direita Tupiniquim. Rapidamente, a caixa de comentários encheu-se de elogios de gente da esquerda e protestos de gente da direita. Rapidamente, criou-se um interessante debate, com ambas as partes apresentando dados e raciocínios. Até que veio um cara e listou os dez países no topo da lista de qualidade de vida da ONU: "Finlândia: capitalista; Suécia: capitalista; Japão: capitalista", e por aí vai. Naturalmente, que todos os países eram capitalistas. Isso tudo me intrigou muito. De vez em quando esqueço que ainda tem gente que não atualizou o pensamento para o século XXI, não sabe que estamos em 2006. A guerra fria acabou em 2001. Ah, claro, enquanto existir Cuba e China, existirá a guerra fria.

O fato é que esses países citados, Finlândia, Suécia, e o norte da Europa em geral, são os países que tiveram os mais poderosos movimentos comunistas e trabalhistas, os quais rapidamente se modernizaram e conseguiram transformar-se em instrumentos eficazes de conquista de melhores condições para o trabalhador. O Estado nesses países é muito forte e protetor, provendo saúde, educação e bem estar, e regulando a economia com mão de ferro, evitando que grupos privados exerçam o poder econômico de forma lesiva à sociedade como um todo. Isso é capitalismo puro? Não. Não existe capitalismo puro. Hoje em dia, é mais que sabido que o Estado tem que ser forte. O indivíduo tem que ser forte e ter direitos. É necessário ainda o surgimento de instituições sociais independentes, como Ongs, Fundações, Associações de Classe, Sindicatos, Autarquias, Cooperativas, que sirvam de contra-peso político para o poder privado e o poder estatal.

Não, a esquerda não acabou. Modernizou-se. Mudou seu nome no cartório. Adotou um nome muito mais elegante, e mais atraente tanto para trabalhadores como para empresários. Um nome sem ranços do passado. O nome é "Desenvolvimento Sustentável".

O idealista moderno bebeu a cerveja do socialismo, comeu o feijão do capitalismo, saboreou a carne do anarquismo, e vai desenhando uma sociedade de ideologias vira-latas, mestiças, e como tais vigorosas, maduras, viris, sempre firmes no desejo de conter a miséria e a agressão ao meio ambiente.

12 comentarios

Anônimo disse...

a esquerda acabou...ta ,o governo Lula afirma essa idéia..tá, mas como fica a PSOL e até mesmo Cuba? será q esse socialismo moderado do governo Lula e o melhor para um país com o tamanho do Brasil?
desculpa são muitas as perguntas...

Miguel do Rosário disse...

A esquerda morreu. Viva a esquerda!

Claudia, mudei o titulo, para não confundir mais gente...

acho que confundi você. o título é uma afirmação ironica, brincalhona, para dizer que a esquerda mudou de nome, para desenvolvimento sustentavel. O PSOL não tem história, é um partido de ex-petistas arrependidos, que ganharam eleições com esforço do partido, dinheiro do partido. Durante toda a crise, o PSOL se comportou sem nenhum compromisso com a luta política, usou para se vingar...

Cuba está aí... assim como a China e seus 1,5 bilhão de habitantes. Muito longe de acabar... pode perguntar mais...

Anônimo disse...

Miguel, a confusão que se instalou com o fim da Guerra Fria, queda do Muro de Berlin, Perestroika, Glasnost, e até as imagens do “êxodo” cubano foi como uma espécie de “réquiem para a esquerda”. Porém, quando não puderam mais “esconder” a próspera China Comunista, tentaram passar a sua imagem de “capitalista”, como se “comunismo” fosse sinônimo de “pobreza”, ou distribuição de pobreza. Até parece que saber negociar, comprar e vender, ter diplomacia competente, modernizar as indústrias, crescer economicamente, etc. seriam atributos exclusivos do mundo capitalista (se bobear, cobram royalties), ou,pelo menos, seria isso que caracterizaria o Capitalismo, enquanto Comunismo estaria condenado a ser um sistema fechado, num regime ditatorial, de costas para o resto do mundo. A meu ver, é isso que acontece com essa coisa de decretarem o “fim da esquerda”, “fim do socialismo”...

É isso?

Acho que os capitalistas "neoliberais" querem mesmo é evitar a linha divisória, pois aí o eleitorado saberia distinguir quem é quem. Veja que há um esforço concentrado em todos os âmbitos para que a população, mesmo indignada, diga "São todos iguais" (na incompetência, na corrupção, na falta de cumprimento das promessas...)

Acho que me enrolei todo. É melhor eu continuar escrevendo meus textos de humor. Aliás, muitos diriam que esse aí já é um deles.

Miguel do Rosário disse...

Fernando, você tem razão. Sobre a China, tentam vender uma imagem da China capitalista, quando o governo chinês está, conforme aprovado em sua última reunião, aumentando a proteção social aos camponeses. Tentam ainda apagar a linha divisória entre os partidos e políticos. Entretanto, no Brasil, a esquerda enquanto marca não conseguiu emplacar. O momento em que poderia emplacar seria nos anos 60 ou 70, mas aí teve a ditadura que impediu. A sociedade brasileira é sequiosa por justiça mas o seu vocabulário político é pobre. Fizeram uma pesquisa uma vez sobre os termos esquerda e direita entre pessoas de baixa escolaridade, e todos preferiram o termo direita, por motivo óbvios de associarem ao que é direito. Ademais, sinto que pairam ainda sobre a dicotomia esquerda e direita alguns conceitos já ultrapassados. Você sabe, eu me assumo de esquerda sem pudor nenhum. Mas o que me cansa é ver que existem 200 mil filhinhos de papai, idade entre 18 e 35 anos, que por algum motivo que não sei explicar ainda satisfatoriamente, se tornaram violentamente anti-comunistas e, o que é incrível, gastam a breve e doce juventude atacando a esquerda. Sei que, no fundo, o que lhes falta é uma boa dose de cachaça, uma namorada mais inteligente que eles e um pouco mais de sangue nas temporas, mas penso que as estrategias ideológicas da esquerda devem incluir uma gradual mas definitiva mudança de nome, o que aliás já está ocorrendo. Desenvolvimento sustentável, mercado justo, turismo ecologico, são os novos conceitos que envolvem uma justa remuneração do trabalhador, respeito ao meio ambiente. E não só isso, respeito à pessoa humana, igualitarismo, fraternidade e liberdade. Já aconteceram tantas guerras, tantas matanças no mundo, por conta de dicotomias rígidas que, após algum tempo, perdiam consistência. HOje qualquer mau caráter pode se intitular de esquerda, e vice-versa. O que conta são as idéias de esquerda, e idéias novas, idéias futuras, criatividade, interpretação criativa. Pense como em todos os partidos e movimentos, sempre se cria, pela mídia e pelas próprias pessoas, um grupo "à esquerda". E essas pessoas, mesmo que suas idéias sejam as mais esdrúxulas e inviáveis, detém uma espécie de estandarte glorioso, usurpam um prestígio que deveria pertencer a quem está dando a cara a tapa, negociando cara a cara com os adversários, de forma a executar as mudanças com o minimo de custo social, humano e estrutural para o país. Confunde-se muito.

Por exemplo, falam em restrição fiscal do Pallocci, sempre afirmando que isso é uma coisa de direita. Na verdade, para o Brasil crescer, presica de um sistema fiscal rígido, duro, que saiba tirar dinheiro da economia para investimentos. Nestes primeiros anos, estamos pagando dívidas, mas estas dívidas estão sendo quase todas pagas. O governo Lula conseguiu converter quase todos os papéis atrelados ao dólar para moeda nacional, o que nos dá liberdade, a partir de agora, para exercer nossa política economica com mais confiança de que não será abalada por choques externos. Em qualquer governo realmente comunista, a primeira coisa a ser feita é o Déficit Zero. Tudo bem, as dívidas são canceladas, mas os negócios também são e a arrecadaçã cai violentamente, de forma que o Estado fica sem caixa. Russia, Cuba e China, viveram seus primeiros anos em penúria total. Muita fome. Mas foi necessário. O Estado não tem que zelar somente pelos oprimidos de hoje, o Estado tem que zelar sobretudo pelo futuro de nossos filhos, pelo futuro da nação. Por isso, temos que zelar pela construção de um Estado forte, com hábitos financeiros saudáveis. Fora isso, é importante aumentar o micro-crédito, o crédito para a agricultura familiar, o crédito consignado. Uma vez eu vi uma declaração de uma liderança de esquerda que criticou a intenção de Lula de expandir a rede bancária para os mais pobres. Disse algo sobre os pobres serem escravizados pelo sistema financeiro. Nunca vi uma idiotice, uma hipocrisia tão grande, certamente partida de pessoa com conta bancária há trinta gerações. Não somos índios porra! O acesso dos pobres ao sistema bancário é fundamental para o desenvolvimento, pois significa acesso ao crédito para o sujeito, nem que seja para montar uma barraquinha de cachorro quente. E voce já parou para pensar quantas barraquinhas de cachorro quente existem no país?

Anônimo disse...

Miguel, num debate através da lista Universidade Nômade, sob o tema “Opinião pública”, escrevi:

Como chegar à opinião pública, não sei, mas conheço muito bem quem tem os melhores textos para que qualquer neófito em política, economia e política econômica possa ampliar seus conhecimentos, sem muito esforço para entender a linguagem acadêmica (às vezes necessária) da maioria dos articulistas, que mais confundem que esclarecem.

Um desses se chama Miguel do Rosário. A outra conheci aqui mesmo: Caia Fittipaldi

Eis um texto do Miguel do Rosário.
Se algum de vocês visitar o seu blog, convide-o a participar desta lista. Tenho certeza de que virá com muito prazer.
Fernando Soares Campos

Alguns comentários sobre a crise
por Miguel do Rosário.
http://oleododiabo.blogspot.com/
(publiquei o artigo na íntegra)

A primeira mensagem em resposta à minha foi esta:

“Fernando,

Esse artigo do Miguel do Rosário, apesar de ter sido escrito em setembro de 2005, continua impressionantemente atual. Li na época após recebê-lo por e-mail e reli agora com o mesmo e impressionante prazer. Pelo visto você tem alguma intimidade (ainda que virtual) com o autor, porque você mesmo não convida-o?

Marcelo Rubens

Bom, agora se você quiser participar da lista do Giuseppe Cocco, escreva para

universidade_nomade-request@listas.rits.org.br

Anônimo disse...

"Muitos intelectuais não vêem isso e acabam influenciando negativamente parcela importante do movimento social."

Por favor Miguel, acha mesmo que os movimentos sociais são tão inocentes assim. A leitura do governo lula se deu principalmente na luta e não apenas no discurso.

Só pegando em alguns pontos...

Mídia: Todos sabemos que vivemos na era da informação, assim a mídia se torna extremamente poderosa com a possibilidade de construir a verdade ou seja a própria realidade. Assim só podemos mudar a realidade democratizando a mídia.
Bem, sobre o governo lula apenas dois pontos que definem sua política em relação à comunicação:
1- é o governo que mais fechou rádios comunitárias no Brasil.(Fechou mais rádios que os 8 anos de FHC).
2- o novo ministro da comunicação, Hélio Costa, é carinhosamente chamado pelos grupos que lutam pela democratização da mídia de Ministro da Globo.

E como falar em "Desenvolvimento Sustentável" em um governo que tem como carro chave de suas exportações o agronegócio, representando 37% do total exportado pelo país.

O impacto ambiental da expansão desenfreada do agronegócio no país não é tratado como uma variável economicamente relevante. Os desequilíbrios climáticos, que acabam por afetar esse mesmo agronegócio, são tratados como fenômenos descolados da implementação de um modelo produtivo que destrói progressivamente a natureza, solapando suas próprias condições de sobrevivência no médio e longo prazo. Mas o que importa a esse modelo é apenas o curto prazo, a máxima obtenção de lucro no menor tempo possível. Só assim, o país poderá gerar empregos e desenvolver-se, dizem seus defensores. Mas qual é mesmo o custo ?oculto? (ocultado seria melhor dizer) da expansão do agronegócio para o Brasil e sua população? Vale a pena tornar-se um dos maiores produtores agrícolas do mundo, como é o caso do Brasil, pagando o preço de ser também um dos maiores consumidores de agrotóxicos e um dos maiores destruidores do meio ambiente?

Bem isto foi só para levantar alguns pontos.

Se a gestão Lula é de um governo de esquerda, é de uma esquerda que não deu certo.

Obrigado,
Luan Grisolia
luka@riseup.net

Miguel do Rosário disse...

Prezado Luan Grisolla, primeiramente obrigado pela participação. Concordo contigo, mas existem respostas para tudo isso. As rádios comunitárias vão voltar. Lula mandou estudar esses casos e vai iniciar uma nova política de incentivo às rádios comunitárias... o negócio é que 90% dessas rádios estavam em mãos de políticos e evangélicos. acabou que as verdadeiras entraram no roldão. ademais, a PF cumpra mandados de justiça, o governo não pode fazer nada... mas tem razão, foi um erro de governo, que está sendo corrigido...

Miguel do Rosário disse...

esse negócio das rádios comunitárias... elas vinham sendo fechadas desde o governo FHC, por uma política da Polícia Federal e da Justiça. Entrou o Lula e eles não atentaram para isso, o movimento continuou. Mas recentemente, o governo está tomando a iniciativa de mandar projetos de lei para o congresso nacional com medidas de proteção às liberdades das rádios comunitárias... espera para ver. em relação as políticas ambientais, foi somente agora no terceiro ano que as medidas ambientais estão apresentando resultados. a ministra marina lima é a melhor ministra da área em muitos anos. pela primeira vez em muitos anos o desmatamente na amazonia caiu mais de 30%. quem atrapalhou muito foi o governador do matogrosso, que incentivou muito a plantação de soja. é um movimento difícil de conter, o Estado tem poucos funcionários para combater. São deficiencias do Estado, não do governo Lula. De qualquer forma, agora está havendo mais combate, o governo aumentou significativamente o contingente de funcionarios. Há muita coisa sendo feita agora. Veja no site da ministra... enfim, seguimos debatendo... agora, não gostei desse seu tom no final... governo de esquerda. quer dizer que não importa se o governo é bom? não importa se gera empregos, se a economia cresce, se amplia a política social e fomenta a agricultura familiar. o que importa é se é de esquerda? ah, tenha dó. governo de esquerda... o que é governo de esquerda... uma coisa é falar, outra fazer. é muita coisa pra fazer. não dá tempo do Lula e o Estado fazerem tudo. A sociedade tem que se mobilizar, cobrar, sem criar instabilidade, porque aí o governo não coisa fazer é nada. Isso é que faz a direita e uma pseudo-esquerda só interessada em desestabilizar, em ser contra, mesmo sem ter nada a sugerir. não quer ajudar, só atrapalhar. o governo lula é um governo democrático, erra, mas aceita sugestões, aceita debates, criou muitos conselhos civis para a sociedade se expressar. dialoga com os movimentos sociais e se preocupa com todas as criticas... cabe a você, que é critico, escrever artigos sérios, com dados, explicando seus motivos...

O hélio costa está empenhado em trazer a tv digital para o brasil, o que será uma revolução. esse negócio de ministro da Globo é bobagem, linguagem de universitário nervoso e desinformado... ademais, traz um recalque contra a Globo que me parece infantil. Eu, pessoalmente, não gosto da Globo, mas ela é o que a gente tem e o certo é criarmos outros canais e não ficar chorando ou babando de fúria contra GLobo. Como empresa, ela é muito eficiente, paga impostos, e oferece alguns serviços muito importantes para o país. se peca em muitos pontos, todos canais de tv pecam no mundo inteiro. duvido se voce vai encontrar, em alguma parte do mundo, muitos casos de redes privadas de tv que sejam exemplo de dedicaçao às causas sociais. enfim, seguimos no debate...

Anônimo disse...

Caro Miguel ,

moro em Brasília e venho acompanhando o processo de discussão sobre a digitalização da rádio.

Coloco a baixo 4 pontos que mostram como o ministro Hélio Costa vem conduzindo o processo.

1. isolamento e esvaziamento do Comitê Consultivo, desconsiderando todas as observações da sociedade civil e não oferecendo qualquer estrutura para o funcionamento efetivo do mesmo, favorecendo a prevalência do poder econômico dos grupos empresariais;

2. autoritarismo e falta de transparência na condução do processo da digitalização da comunicação (vide deliberações acerca do rádio digital, atendendo às demandas e aos interesses dos donos de empresas de radio, sem
abertura alguma aos debates com a sociedade), com as decisões relevantes apenas comunicadas à sociedade e definidas no âmbito dos gabinetes do Ministério das Comunicações, órgão cujas portas estão abertas ao livre trânsito dos empresários da comunicação e seus representantes, e inacessíveis àqueles que discordam das posições e da postura do ministro Hélio Costa;

3. omissão do Ministério das Comunicações na promoção do debate público, aberto e plural, em todas as regiões do país, a respeito da digitalização da comunicação, em que pese estarmos vivenciando um momento que vai definir os rumos da comunicação brasileira para os próximos anos;

4. discriminação do setor de radiodifusão comunitária, fato mais uma vez comprovado na última semana, quando o ministro recusou-se a receber uma comissão de representantes da área, aceitando apenas reunir-se com parlamentares e uma única liderança do movimento de rádios comunitárias, condicionando, ainda, que esta não fosse integrante da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (ABRAÇO), uma das principais entidades do movimento no país;

Em entrevista dada a Carta Capital
(Revista da qual não sou fã, pois acredito que ela vem se tornando a Veja da esquerda.) no dia 29/11/05 o ministro demonstra claramente a falta de comprometimento com a democratização da mídia.
...
CC: Por que o senhor se alinha aos radiodifusores na defesa da TV digital de alta definição (que, ao contrário da definição standard, impedirá a entrada de novos programadores)?
HC: A única preocupação que eu tenho é que o Brasil, ao contrário de todos os outros países do continente, exceto os Estados Unidos, e da maioria dos países europeus, é um exportador de conteúdo.
...
CC: Algumas pessoas vêem este momento, com a TV digital e a possível entrada das teles no jogo, como uma oportunidade histórica de se mudar a estrutura concentrada da mídia no Brasil. Ilusão?
HC: (risada) Midnight Summer Dream, para fazer a coisa mais bonita. Sonho de uma noite de verão. Isso está longe.

Bem, vou me ater à questão da mídia... sei que este governo tem pontos positivos mas fiquei bem frustrado em relação a este tema.
Torço para que algumas coisas se revertam até o fim deste mandato.

Sobre a questão de esquerda ou direita, acho um erro cairmos neste tipo de debate. Em geral é um governo melhor que os anteriores, mas acredito que poderíamos ter avançado em pontos, que na minha opinião, são centrais para favorecer a organização popular da qual você fala.

Obrigado pela atenção,
Luan Grisolia.

Miguel do Rosário disse...

Luan Grisolla,

Só agora li seu comentário. Tudo isso faz parte da luta política, da pressão. VOce parece ser bem informado sobre o tema. Convido-o a escrever um artigo mais elaborado sobre o assunto, me comprometo a publicar em diversos sites em que participo. Sds, Miguel

Anônimo disse...

Caro oleo do diabo,
Não sei onde nascestes, mas certamente desconheces o Nordeste.Não é verdade que Lula tem 80% de aprovação aqui. Atuo no social há 15 anos, trabalhando diretamente com municípios nordestinos e çlembro a vooc~e que Lula foi eleito pelo voto do sul e sudeste. no NE, o estdao onde ele teve total apoio foi a Paraiba. nos demais venceu a oposição.
O nordestino não gosta de Lula. Supotou-o por um erro , para variar , dos sulistas que o elegeram. Ele nunca foi nordestino e nem conhecia a terra que nasceu.
Informe-se mais antes de postar declarações. Escrever exige isto. taciana lima

Miguel do Rosário disse...

Taciana Lima, me desculpe, mas você está dizendo uma mastodôntica besteira. Consulte as pesquisas, por favor. Obrigado pela visita.

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