27 de agosto de 2007
Metendo o malho com todo carinho
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Ano passado garimpei uma jóia num sebo de rua. Uma coletânea de críticas literárias de Machado de Assis. Hoje estava lendo e me diverti muito com seus prefácios para obras de autores iniciantes. Ele, simplesmente, com carinho e simpatia, mete o cacete no livro e no autor. Instrutivo, autêntico, corajoso, e ingênuo - bom remédio, enfim, para o cinismo acovardado que hoje nos asfixia.
No prefácio de Névoas Matutinas, livro de poemas de Lúcio de Mendonça, Machadão começa implicando com o título: "Por que névoas? Não as tem a sua idade, que é antes de céu limpo e azul, de entusiasmo (...) É isso geralmente que se espera de um livro de rapaz. "
Machado continua censurando a excessiva (e falsa ?) melancolia dos versos, sugerindo que o autor tenha copiado algum estilo alienígena: "Nisto cede à tendência comum, e quem sabe também se a alguma intimidade intelectual?"
Aí manda uma sugestão que um artista melindroso (como sempre são) poderia tomar como grave ofensa: "O estudo constante de alguns poetas talvez influísse na feição geral do seu livro."
Continua malhando, desta vez com mais brandura:
"Quando o senhor suspira estes belos versos:
À terra morta num inverno inteiro
Voltam a primavera e as andorinhas...
E nunca mais vireis, ó crenças minhas,
Nunca mais voltarás, amor primeiro!
nenhuma objeção lhe faço, creio na dor que eles exprimem, acho que são um eco sincero do coração. Mas quando o senhor chama à sua alma uma ruína, já me achará mais incrédulo."
Adiante repete a mesma coisa em termos mais fortes (o negrito é meu): "Sentimento, versos cadentes e naturais, idéias poéticas, ainda que pouco variadas, são qualidades que a crítica lhe achará neste livro. Se ela lhe disser, e deve dizer-lho, que a forma nem sempre é correta, e que a linguagem não tem ainda o conveniente alinho, pode responder-lhe que tais senões o estudo se incumbirá de os apagar.”
Para o prefácio de “Harmonias Errantes” (também olha os livrinhos que o Machadão aceitou prefaciar!), ele termina com essa bomba: “Viu que não o louvei com excesso, nem o censurei com insistência; aponto-lhe o melhor dos mestres, o estudo; e a melhor das disciplinas, o trabalho. Estudo, trabalho e talento são a tríplice arma com que se conquista o triunfo.”
É engraçado ou não é? O mais incrível é que os caras publicavam estes prefácios-esculacho em seus livros...
Legenda da foto: Machado de Assis aos 40 anos.
O filho é mais feio que o pai
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(Saturno devorando os filhos, Francisco Goya)
O negócio é pior do que pensei. No telejornal fantástico de domingo, assisti a reportagem que, supostamente, mostra as provas de que o mensalão usou dinheiro público. Ô troço requentado, sô! O repórter anuncia com pompa que informações do Ministério Público Federal comprovariam que dinheiro do Ministério dos Esportes chegou a deputado petista. Bem, aí vem os gráficos, que mostram que o dinheiro saiu do Ministério para a SMPB, depois para outra conta, outra conta, outra conta, outra conta, até que, enfim, os procuradores supõem que "no mínimo" uma parte destes recursos tenham chegado ao deputado petista X, que sacou na boca do caixa. São uns 150 mil reais. Como disse em post abaixo, recomeçaram as velhas ilações mensaleiras. Cuidado, elas podem estar certas! O irônico é que eles montam um castelo com tantas ilações que, usando o método agora divulgado por Ali Kamel de "testar hipóteses", acabam acertando aqui e ali, e estes pequenos acertos tornam-se imediatamente provas da exatidão do todo. Se são criticados, abanam estes pequenos acertos como prova irrefutável de como estão sempre certos. As ilações mensaleiras são as filhas do mensalão, e são mais feias, e muito mais danosas, que o pai.
PS: Nesse meio tempo, o Ministério se manifestou e o Jornal Nacional noticiou, daquela forma blasé, depois de repetir altissonantemente a acusação, que o Tribunal de Contas da União e a Corregedoria Federal haviam investigado as transferências e confirmado a versão do Ministério, de que eram pagamentos normais de contratos de publicidade. Se houve erro, e tem erro em toda parte, não foi aí.
E porque os repórteres não investigam as irregularidades na privatização da Vale do Rio Doce?
PS: Nesse meio tempo, o Ministério se manifestou e o Jornal Nacional noticiou, daquela forma blasé, depois de repetir altissonantemente a acusação, que o Tribunal de Contas da União e a Corregedoria Federal haviam investigado as transferências e confirmado a versão do Ministério, de que eram pagamentos normais de contratos de publicidade. Se houve erro, e tem erro em toda parte, não foi aí.
E porque os repórteres não investigam as irregularidades na privatização da Vale do Rio Doce?
26 de agosto de 2007
Divagações dominicais
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Começou com a entrevista do FHC à revista Piauí, escrita por João Moreira Salles. Eu comprei a revista, por acaso, antes de todo nhenhenhem. Também impliquei com a entrevista, mas depois acabei gostando. É divertida. Humaniza o ex-presidente. Faz-nos ver que ele é ainda mais medíocre do que imaginávamos. Suas afirmações são sempre banais. Até seu pessimismo é tacanho, mal articulado.
Acontece que o próprio Salles ficou sob os holofotes dias depois ao dar entrevista à Folha, expressando o mesmo pessimismo. Sua opinião é similar a de FHC: os dois afirmam que o país acabou, que ninguém se engane-é-isso-que-está-aí, etc.
Tremenda babaquice. A mediocridade não é coletiva, é individual. É coisa deles. O Brasil vive um momento de grande renascimento cultural. O cinema renasceu há poucos anos. A música brasileira pode ter tido melhores momentos no passado, mas continua muito forte e mesmo o próprio passado musical ainda precisa ser melhor conhecido no Brasil e no mundo. A literatura brasileira também vem passando por um momento interessante de aumento de produção. Podemos ter menos gênios do porte de Guimarães Rosa, Raduan Nassar ou Graciliano, mas existe mais gente escrevendo hoje do que no passado e, quiçá, no meio da muvuca pode estar surgindo coisa maior que o Grande Sertão Veredas. Isso para não falar em Marcia Denser e Marcelo Mirisola.
Nas artes plásticas, o Brasil também vem, pela primeira vez, revelando nomes com estéticas originais. Juliano Guilherme, por exemplo, cujas pinturas estou sempre publicando aqui no blog e que, em breve, estreiará o seu próprio blog. Claro que você não vai topar com eles nos corredores da Daslu, no saguão do Instituto FHC ou bebendo cerveja com banqueiros, mas eles estão aí. O FHC é um boçal mesmo, para ver mais graça nessas cidadezinhas americanas metidas a besta, onde a única emoção é um psicopata periódico dizimando inocentes em colégios e universidades, do que em nosso maravilhoso caos antropológico e seus luxuosos solos de pandeiro. Enquanto intelectualóides como FHC não aprenderem a curtir um Luis Melodia ou qualquer outro exemplo de arte contemporânea, que fiquem dando aulinhas nos Estados Unidos. Não fazem falta nenhuma por essas plagas. Que continuem a ludibriar trouxas ianques e a parasitar o mundinho acadêmico dos ex-presidentes.
Calem a boca, seus merdas! Assistam esse vídeo aqui, dois repentistas, dois artistas populares numa praça de uma capital brasileira, e me digam se o Brasil "já acabou"! Me digam se isso existe em algum outro lugar do mundo! Aproveitem e vejam também esse aqui, engraçadíssimo.
É ridículo afirmar, perante uma população de 200 milhões de habitantes, que o país não tem mais futuro. Sabe-se lá o que um garoto desconhecido de 20 anos está fazendo no interior de Minas Gerais ou Goiás? Ou mesmo do que escritor fulano de tal, 32 anos, carioca, será capaz de produzir daqui a 10 anos?
Vão agourar no raio que o parta, seus urubus! Pessimismo é bom quando elegante, elaborado, quando tem um sentido existencial, e quando não se limita a ser um pessimismo "patriótico", e sim um sentimento negativo em relação a toda humanidade. Conheci pessoas assim muito interessantes. Outro dia mesmo estava conversando com um cara, de seus 50 anos, que tinha uma visão de mundo bastante negativa, embora fosse uma pessoa alegre e expansiva. Não gosta de Lula, gosta menos de FHC e analisa a existência sempre através de um prisma sombrio. A gente tentou fazê-lo ver as coisas sob uma perspectiva mais aberta. Não é bem assim, as coisas estão melhorando, dissemos. Pode ser que estejamos errados. Mas aí entra uma questão pessoal. Depois entendi melhor o ponto-de-vista do cara. Ele foi criado no Rio de Janeiro paradisíaco dos anos 50 e 60. As praias da Baía de Guanabara eram transparentes de tão limpas. Não havia quase criminalidade nas ruas. Por ser a capital federal, o Rio tinha dinheiro, um índice de desemprego baixíssimo e as melhores escolas públicas do país. Aliás, um certo pendor esquerdista no Rio tem origem nessa escola pública de qualidade, além do mar de bons empregos públicos que havia no Estado. Em São Paulo, sempre foi o contrário. Tinham o dinheiro mas a capital era o Rio. Os empregos públicos federais ficavam no Rio. São Paulo sentia-se levando o Brasil nas costas, enquanto o Rio sentia-se levado nas costas. São Paulo era a capital do trabalho. O Rio era a capital da cultura e da vadiagem. Os paulistas ricos matriculavam seus filhos em tradicionais colégios e universidades particulares. Os cariocas matriculavam seus guris no Pedro II e na UFRJ. Daí surgiram os conservadores retrógrados de Sâo Paulo e os esquerdóides birutas do Rio. Assim surgiram liberais inteligentes e anti-estatistas em São Paulo, e intelectuais socio-democratas e estatistas no Rio.
Desviei-me do assunto. Falava sobre o pessimismo. Pois é. O pessimismo de FHC e Salles é típico do paulista rico de hoje. O poder financeiro e político de São Paulo começa a declinar em proporção ao de outros estados e regiões do país. O Sul tem voltado a ficar forte, politica e culturalmente, apesar da crise nas fábricas de sapato. O Rio descobriu muito petróleo e está fazendo caixa. O Nordeste e o Norte vêm crescendo a ritmo chinês e Minas Gerais vem expandindo febrilmente seu parque agrícola e industrial. São Paulo, por outro lado, tornou-se, sem sombra de dúvida, líder em produção cultural, com recorde de lançamento de livros, peças de teatro, festivais de cinema, etc. Não teria razão para ser pessimista.
Lembremos que o Brasil dos anos 50, que Moreira Salles e FHC relembram com tanta nostalgia, tinha mais de 65% de analfabetos absolutos. Gente que não sabia escrever o próprio nome. Nos anos 50, o nordeste sofria secas que desvastaram milhões de vidas. As pequenas cidades não tinham escolas. Mesmo o hospital público, que hoje é motivo de tanto protesto, era somente uma promessa em vastas regiões do país. Esse era o país "com futuro"? A verdade é que era falsa a promessa brasileira. Éramos um país com milhões de famílias passando fome. Não éramos promessa nenhuma. A promessa era um engodo capitalista para vender algumas reformas liberais para a sociedade brasileira. Se deixassem o governo João Goulart seguir a tendência que as necessidades do país exigiam, a saber, inclinar à esquerda e investir no social, na educação e em projetos desenvolvimentistas e democráticos, talvez poderíamos nos dar ao luxo de termos governos conservadores hoje muito competentes...
Hoje, o analfabetismo absoluto caiu para menos de 10%. A luta atual é contra o analfabetismo funcional, que é incrivelmente alto, mais que 60%. A luta contra a miséria continua. A miséria degrada o ser humano e obstrui economica e moralmente qualquer chance de desenvolvimento. Pesquisas científicas provaram que programas sociais como o Bolsa Família ativam economias locais e geram empregos, aumentando, portanto, a arrecadação fiscal. De forma que é um programa quase auto-sustentável. Não implica em tanto gasto fiscal como setores da imprensa deixam transparecer. E mesmo se implicasse, é um gasto humano, ético, necessário, uma dívida social a ser paga àqueles cujos ancestrais construiram o país com sangue e suor.
Também gosto de ser pessimista às vezes. Sou fã da escola de Frankfurt e dos existencialistas franceses. Gosto da literatura pessimista em geral. Morte na alma e Idade da Razão, do Sartre, são romances impregnados de pessimismo, solidão, desespero. A obra de Kafka também sangra pessimismo. E tantos outros. Talvez o caráter do intelectual brasileiro, sob a influência do pessimismo europeu, tenha seu modelo mais exemplar no Dom Casmurro, de Machado de Assis. Assim, seríamos todos um chifrudos, traídos pela energia e exuberância de nosso amigo Tio Sam?
No entanto, é preciso distinguir pessimismo de péla-saquismo. Péla-saco é o babaca pessimista por razões pessoais, ou mesmo partidárias. FHC, por exemplo, é pessimista (péla-saco) porque seu partido foi derrotado duas vezes, consecutivamente, nas eleições presidenciais e perdeu espaço, em todas as esferas políticas, para seus adversários. O Salles é pessimista porque é um milionário filho de banqueiro, e todo filho de banqueiro, Freud explica, é pessimista.
Dois documentários recentes que assisti sobre a maneira de pensar da pessoas muito humildes, mostram exatamente o contrário: um otimismo forte, viril, calmo, em relação ao futuro. Lembro as palavras do engraxate carioca de 70 anos de idade: "quem tem cabeça tá bem, ééé, quem tem cabeça tá bem". Ou seja, o engraxate tem mais fé no capitalismo e na superação do homem, através de seus próprios talentos, do que um filho de banqueiro.
Talvez o termo mais apropriado para eles seja mesmo péla-saco, gíria carioca para designar o fulano pentelho, chato, sem consciência do ridículo, que pretende que o mundo páre de girar para escutar atentamente seus resmungos. Que confunde sua mediocridade pessoal com a de seu país...
Acontece que o próprio Salles ficou sob os holofotes dias depois ao dar entrevista à Folha, expressando o mesmo pessimismo. Sua opinião é similar a de FHC: os dois afirmam que o país acabou, que ninguém se engane-é-isso-que-está-aí, etc.
Tremenda babaquice. A mediocridade não é coletiva, é individual. É coisa deles. O Brasil vive um momento de grande renascimento cultural. O cinema renasceu há poucos anos. A música brasileira pode ter tido melhores momentos no passado, mas continua muito forte e mesmo o próprio passado musical ainda precisa ser melhor conhecido no Brasil e no mundo. A literatura brasileira também vem passando por um momento interessante de aumento de produção. Podemos ter menos gênios do porte de Guimarães Rosa, Raduan Nassar ou Graciliano, mas existe mais gente escrevendo hoje do que no passado e, quiçá, no meio da muvuca pode estar surgindo coisa maior que o Grande Sertão Veredas. Isso para não falar em Marcia Denser e Marcelo Mirisola.
Nas artes plásticas, o Brasil também vem, pela primeira vez, revelando nomes com estéticas originais. Juliano Guilherme, por exemplo, cujas pinturas estou sempre publicando aqui no blog e que, em breve, estreiará o seu próprio blog. Claro que você não vai topar com eles nos corredores da Daslu, no saguão do Instituto FHC ou bebendo cerveja com banqueiros, mas eles estão aí. O FHC é um boçal mesmo, para ver mais graça nessas cidadezinhas americanas metidas a besta, onde a única emoção é um psicopata periódico dizimando inocentes em colégios e universidades, do que em nosso maravilhoso caos antropológico e seus luxuosos solos de pandeiro. Enquanto intelectualóides como FHC não aprenderem a curtir um Luis Melodia ou qualquer outro exemplo de arte contemporânea, que fiquem dando aulinhas nos Estados Unidos. Não fazem falta nenhuma por essas plagas. Que continuem a ludibriar trouxas ianques e a parasitar o mundinho acadêmico dos ex-presidentes.
Calem a boca, seus merdas! Assistam esse vídeo aqui, dois repentistas, dois artistas populares numa praça de uma capital brasileira, e me digam se o Brasil "já acabou"! Me digam se isso existe em algum outro lugar do mundo! Aproveitem e vejam também esse aqui, engraçadíssimo.
É ridículo afirmar, perante uma população de 200 milhões de habitantes, que o país não tem mais futuro. Sabe-se lá o que um garoto desconhecido de 20 anos está fazendo no interior de Minas Gerais ou Goiás? Ou mesmo do que escritor fulano de tal, 32 anos, carioca, será capaz de produzir daqui a 10 anos?
Vão agourar no raio que o parta, seus urubus! Pessimismo é bom quando elegante, elaborado, quando tem um sentido existencial, e quando não se limita a ser um pessimismo "patriótico", e sim um sentimento negativo em relação a toda humanidade. Conheci pessoas assim muito interessantes. Outro dia mesmo estava conversando com um cara, de seus 50 anos, que tinha uma visão de mundo bastante negativa, embora fosse uma pessoa alegre e expansiva. Não gosta de Lula, gosta menos de FHC e analisa a existência sempre através de um prisma sombrio. A gente tentou fazê-lo ver as coisas sob uma perspectiva mais aberta. Não é bem assim, as coisas estão melhorando, dissemos. Pode ser que estejamos errados. Mas aí entra uma questão pessoal. Depois entendi melhor o ponto-de-vista do cara. Ele foi criado no Rio de Janeiro paradisíaco dos anos 50 e 60. As praias da Baía de Guanabara eram transparentes de tão limpas. Não havia quase criminalidade nas ruas. Por ser a capital federal, o Rio tinha dinheiro, um índice de desemprego baixíssimo e as melhores escolas públicas do país. Aliás, um certo pendor esquerdista no Rio tem origem nessa escola pública de qualidade, além do mar de bons empregos públicos que havia no Estado. Em São Paulo, sempre foi o contrário. Tinham o dinheiro mas a capital era o Rio. Os empregos públicos federais ficavam no Rio. São Paulo sentia-se levando o Brasil nas costas, enquanto o Rio sentia-se levado nas costas. São Paulo era a capital do trabalho. O Rio era a capital da cultura e da vadiagem. Os paulistas ricos matriculavam seus filhos em tradicionais colégios e universidades particulares. Os cariocas matriculavam seus guris no Pedro II e na UFRJ. Daí surgiram os conservadores retrógrados de Sâo Paulo e os esquerdóides birutas do Rio. Assim surgiram liberais inteligentes e anti-estatistas em São Paulo, e intelectuais socio-democratas e estatistas no Rio.
Desviei-me do assunto. Falava sobre o pessimismo. Pois é. O pessimismo de FHC e Salles é típico do paulista rico de hoje. O poder financeiro e político de São Paulo começa a declinar em proporção ao de outros estados e regiões do país. O Sul tem voltado a ficar forte, politica e culturalmente, apesar da crise nas fábricas de sapato. O Rio descobriu muito petróleo e está fazendo caixa. O Nordeste e o Norte vêm crescendo a ritmo chinês e Minas Gerais vem expandindo febrilmente seu parque agrícola e industrial. São Paulo, por outro lado, tornou-se, sem sombra de dúvida, líder em produção cultural, com recorde de lançamento de livros, peças de teatro, festivais de cinema, etc. Não teria razão para ser pessimista.
Lembremos que o Brasil dos anos 50, que Moreira Salles e FHC relembram com tanta nostalgia, tinha mais de 65% de analfabetos absolutos. Gente que não sabia escrever o próprio nome. Nos anos 50, o nordeste sofria secas que desvastaram milhões de vidas. As pequenas cidades não tinham escolas. Mesmo o hospital público, que hoje é motivo de tanto protesto, era somente uma promessa em vastas regiões do país. Esse era o país "com futuro"? A verdade é que era falsa a promessa brasileira. Éramos um país com milhões de famílias passando fome. Não éramos promessa nenhuma. A promessa era um engodo capitalista para vender algumas reformas liberais para a sociedade brasileira. Se deixassem o governo João Goulart seguir a tendência que as necessidades do país exigiam, a saber, inclinar à esquerda e investir no social, na educação e em projetos desenvolvimentistas e democráticos, talvez poderíamos nos dar ao luxo de termos governos conservadores hoje muito competentes...
Hoje, o analfabetismo absoluto caiu para menos de 10%. A luta atual é contra o analfabetismo funcional, que é incrivelmente alto, mais que 60%. A luta contra a miséria continua. A miséria degrada o ser humano e obstrui economica e moralmente qualquer chance de desenvolvimento. Pesquisas científicas provaram que programas sociais como o Bolsa Família ativam economias locais e geram empregos, aumentando, portanto, a arrecadação fiscal. De forma que é um programa quase auto-sustentável. Não implica em tanto gasto fiscal como setores da imprensa deixam transparecer. E mesmo se implicasse, é um gasto humano, ético, necessário, uma dívida social a ser paga àqueles cujos ancestrais construiram o país com sangue e suor.
Também gosto de ser pessimista às vezes. Sou fã da escola de Frankfurt e dos existencialistas franceses. Gosto da literatura pessimista em geral. Morte na alma e Idade da Razão, do Sartre, são romances impregnados de pessimismo, solidão, desespero. A obra de Kafka também sangra pessimismo. E tantos outros. Talvez o caráter do intelectual brasileiro, sob a influência do pessimismo europeu, tenha seu modelo mais exemplar no Dom Casmurro, de Machado de Assis. Assim, seríamos todos um chifrudos, traídos pela energia e exuberância de nosso amigo Tio Sam?
No entanto, é preciso distinguir pessimismo de péla-saquismo. Péla-saco é o babaca pessimista por razões pessoais, ou mesmo partidárias. FHC, por exemplo, é pessimista (péla-saco) porque seu partido foi derrotado duas vezes, consecutivamente, nas eleições presidenciais e perdeu espaço, em todas as esferas políticas, para seus adversários. O Salles é pessimista porque é um milionário filho de banqueiro, e todo filho de banqueiro, Freud explica, é pessimista.
Dois documentários recentes que assisti sobre a maneira de pensar da pessoas muito humildes, mostram exatamente o contrário: um otimismo forte, viril, calmo, em relação ao futuro. Lembro as palavras do engraxate carioca de 70 anos de idade: "quem tem cabeça tá bem, ééé, quem tem cabeça tá bem". Ou seja, o engraxate tem mais fé no capitalismo e na superação do homem, através de seus próprios talentos, do que um filho de banqueiro.
Talvez o termo mais apropriado para eles seja mesmo péla-saco, gíria carioca para designar o fulano pentelho, chato, sem consciência do ridículo, que pretende que o mundo páre de girar para escutar atentamente seus resmungos. Que confunde sua mediocridade pessoal com a de seu país...
O Gordo tem história
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A gente implica com o Gordo, mas não dá para negar que ele era engraçado. Olha esse. Tirei do blog do Onipresente.
http://br.youtube.com/watch?v=hKcolVScGNA
http://br.youtube.com/watch?v=hKcolVScGNA
A volta das ilações mensaleiras
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Ai ai ai, recomeçaram as ilações mensaleiras. No intuito de reacender o fogo da opinião pública, o Globo aparece com denúncias requentadas, que ele transforma em frases de efeito como "Laudo comprova emprego de dinheiro público em mensalão".
Não é questão de botar a mão no fogo por ninguém. É apenas o caso de apontar um processo de culpabilização viciado e fascistóide. Leiam o trecho da matéria abaixo, no qual o Globo procura converter tese em verdade. Sempre com auxílio de muitos gráficos, naturalmente. Daqui a pouco, o Globo irá lançar um vídeo-game inspirado no mensalão. Boa idéia, quero os royalties.
O laudo afirma categoricamente que verbas repassadas pelo Ministério do Esporte à agência de publicidade SMP&B, do empresário Marcos Valério, foram parar três dias depois nas mãos de Anita Leocádia da Costa, assessora do deputado Paulo Rocha (PT-BA), segundo reportagem do jornal "O Globo" publicada neste domingo. Sexta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu processo contra os três por lavagem de dinheiro. Valério será processado ainda por corrupção ativa e peculato, que é o desvio de dinheiro público.
De acordo com o relatório, de março de 2006, o Ministério dos Esportes repassou R$ 202,4 mil em 16 de dezembro de 2003. No dia 19, após movimentar o dinheiro em contas do Banco Rural, a SMP&B mandou Anita retirar R$ 120 mil em espécie.
Observaram bem? O Ministério dos Esportes depositou o dinheiro na conta da SMPB. Acontece que a SMPB era uma agência de publicidade que tinha contratos com o governo federal, desde os tempos de FHC. Pode, efetivamente, ter havido desvio de dinheiro público. Mas pode da mesma forma ter havido o pagamento de um serviço à SMPB, que era a maior agência de publicidade de Minas Gerais, com contratos milionários com governos estaduais, grandes empresas e com o governo federal. Quanto ao dinheiro depositado na conta do deputado, esse deve ser Caixa 2, recolhido de empresas privadas. O que o Globo procura, histerica e maquiavelicamente, na matéria é colar a etiqueta de DESVIO DE DINHEIRO PÚBLICO no esquema do mensalão. Isso porque, somente Caixa 2 não tem o efeito desejado na opinião pública.
Mas esta tese de Globo não cola. O Ministério pagou um serviço à SMPB, que, três dias depois, fez depósito em conta de um deputado. Ora, sabemos que a SMPB gerenciou o caixa 2 do PT. A relação entre o depósito do Ministério dos Esportes na conta da SMPB e a depósito desta na conta de um deputado, é uma relação suposta, incomprovada, mais uma daquelas interessantes ilações do Globo, que vinham às dezenas diariamente, e que, mais tarde, acabaram por produzir descrédito e teorias, essas sim bastante convincentes, de que os Marinho tinham interesse em explorar politicamente a crise do mensalão com objetivos partidários.
Diga-se de passagem que a reportagem não escuta o contraditório e que o Supremo está somente aceitando a denúncia. A culpa não está provada ainda, conforme lembra sutilmente a reportagem.
Repito, não boto mão no fogo por ninguém nessa história suja. O que me preocupa é a instalação de processos inquisitoriais, que ao invés de produzir justiça e reduzir o sentimento de impunidade, tranformam-se em grandes trunfos de poder da mídia, que amplia desta forma seu poder de chantagem e influência no jogo eleitoral. E sabemos muito bem a que partidos esse jogo beneficia... Seguramente, não são os partidos comprometidos com o interesse dos trabalhadores. A mídia não dá espaço ao contraditório e não busca as raízes do problema do Caixa 2. O jornalista Luiz Nassif lembrou, outro dia, que o uso de sobras de campanha para pagar dívidas pessoais era, ou é, uma tradição altamente enraizada na política brasileira, tendo sido praticada por políticos de todo naipe, inclusive algumas figuras altamente estimadas pela história (JK? Vargas? Mário Covas?). Como a imprensa nunca inclui esse detalhe em suas eternas chamadas de "Relembre o esquema do Mensalão", nem em seus infográficos coloridos, lembremos que Marcos Valério iniciou suas relações com campanhas eleitorais com o tucano Eduardo Azeredo, que inclusive já confessou o uso de Caixa 2, e que os contratos da SMPB com o governo federal são anteriores ao governo Lula.
Do que eu entendi dessa história toda, portanto, foi que houve uma grande farra com as sobras de campanha. O PT tinha conseguido realizar uma excelente arrecadação legal, e sobrou muito dinheiro depois da vitória de Lula. A SMPB, que tinha sido responsável pela arrecadação de um Caixa 2, iniciou a distribuição do dinheiro para diversos parlamentares. Havia ainda o acordo entre os partidos que haviam trabalhado juntos nas campanhas eleitorais de 2002, e cujas dívidas eleitorais precisavam ser pagas. Se o dinheiro pressionava, ou influenciava, o parlamentar a votar neste ou naquele projeto, isso é outra história e as reportagens indicaram que não. Que o governo perdeu inúmeras votações justamente no momento em que os pagamentos eram feitos. Outro fato que atrapalha bastante a tese do mensalão é o fato de que diversos parlamentares petistas o receberam, e petistas dos mais fiéis. Finalmente, não houve pagamentos mensais a ninguém. Aconteceram depósitos, em muitos casos apenas 1 depósito. Como chamar de mensalão os 15 mil reais que o deputado Luizinho recebeu? Mensalão seria se ele tivesse recebido, por determinado tempo, 15 mil por mês.
Lendo as Catilinárias, clássico latino de Salústio, que descreve as guerras civis do final da República Romana (antes da tomada de poder por Júlio César e o início do Império), observo como a luta pelo poder sempre incluiu sofisticadas intrigas senatoriais, falsas acusações, exploração de sentimentos públicos. Montaigne, por sua vez, lembra que, entre os gregos, o crime considerado mais grave, que implicava em punição mais severa, era o uso irresponsável da liberdade de expressão para fazer falsas denúncias. Era mais grave que a corrupção em si. Porque enquanto a corrupção causava evasão de divisas dos cofres públicos, a denúncia falsa desmoralizava o próprio conceito de democracia. E assim, tanto entre gregos como entre romanos, o uso irresponsável das liberdades acarretaram no declínio da democracia como forma de governo. A corrupção, por seu lado, nunca terminou. O denuncismo sempre acaba pegando alguns verdadeiros ladrões, visto que estes o são em tão grande número no Congresso Nacional, mas fere a essência democrática e só atrapalha as investigações para prender os criminosos maiores.
O que observamos, além disso, é uma campanha sistemática de desmoralização da classe política brasileira. Tá certo que eles, os políticos, contribuem decisivamente para tal, mas a imprensa não parece estar do lado das instituições democráticas. Ela parece se posicionar contra elas, o que indica uma contradição absurda, já que se trata da mesma imprensa que usa o nome da democracia para defender ou atacar qualquer coisa que se mova. Assim como setores midiáticos e partidários parecem querer uma democracia sem povo, agora também demonstram o desejo de uma democracia sem classe política. Se todos são ladrões, se todos são corruptos, entreguemos as rédeas da nação para os impolutos, para os eficientes, para os que conseguem manter sua imagem inabalável em qualquer circunstância, devido a sua orgânica relação com os meios de comunicação.
Não é questão de botar a mão no fogo por ninguém. É apenas o caso de apontar um processo de culpabilização viciado e fascistóide. Leiam o trecho da matéria abaixo, no qual o Globo procura converter tese em verdade. Sempre com auxílio de muitos gráficos, naturalmente. Daqui a pouco, o Globo irá lançar um vídeo-game inspirado no mensalão. Boa idéia, quero os royalties.
O laudo afirma categoricamente que verbas repassadas pelo Ministério do Esporte à agência de publicidade SMP&B, do empresário Marcos Valério, foram parar três dias depois nas mãos de Anita Leocádia da Costa, assessora do deputado Paulo Rocha (PT-BA), segundo reportagem do jornal "O Globo" publicada neste domingo. Sexta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu processo contra os três por lavagem de dinheiro. Valério será processado ainda por corrupção ativa e peculato, que é o desvio de dinheiro público.
De acordo com o relatório, de março de 2006, o Ministério dos Esportes repassou R$ 202,4 mil em 16 de dezembro de 2003. No dia 19, após movimentar o dinheiro em contas do Banco Rural, a SMP&B mandou Anita retirar R$ 120 mil em espécie.
Observaram bem? O Ministério dos Esportes depositou o dinheiro na conta da SMPB. Acontece que a SMPB era uma agência de publicidade que tinha contratos com o governo federal, desde os tempos de FHC. Pode, efetivamente, ter havido desvio de dinheiro público. Mas pode da mesma forma ter havido o pagamento de um serviço à SMPB, que era a maior agência de publicidade de Minas Gerais, com contratos milionários com governos estaduais, grandes empresas e com o governo federal. Quanto ao dinheiro depositado na conta do deputado, esse deve ser Caixa 2, recolhido de empresas privadas. O que o Globo procura, histerica e maquiavelicamente, na matéria é colar a etiqueta de DESVIO DE DINHEIRO PÚBLICO no esquema do mensalão. Isso porque, somente Caixa 2 não tem o efeito desejado na opinião pública.
Mas esta tese de Globo não cola. O Ministério pagou um serviço à SMPB, que, três dias depois, fez depósito em conta de um deputado. Ora, sabemos que a SMPB gerenciou o caixa 2 do PT. A relação entre o depósito do Ministério dos Esportes na conta da SMPB e a depósito desta na conta de um deputado, é uma relação suposta, incomprovada, mais uma daquelas interessantes ilações do Globo, que vinham às dezenas diariamente, e que, mais tarde, acabaram por produzir descrédito e teorias, essas sim bastante convincentes, de que os Marinho tinham interesse em explorar politicamente a crise do mensalão com objetivos partidários.
Diga-se de passagem que a reportagem não escuta o contraditório e que o Supremo está somente aceitando a denúncia. A culpa não está provada ainda, conforme lembra sutilmente a reportagem.
Repito, não boto mão no fogo por ninguém nessa história suja. O que me preocupa é a instalação de processos inquisitoriais, que ao invés de produzir justiça e reduzir o sentimento de impunidade, tranformam-se em grandes trunfos de poder da mídia, que amplia desta forma seu poder de chantagem e influência no jogo eleitoral. E sabemos muito bem a que partidos esse jogo beneficia... Seguramente, não são os partidos comprometidos com o interesse dos trabalhadores. A mídia não dá espaço ao contraditório e não busca as raízes do problema do Caixa 2. O jornalista Luiz Nassif lembrou, outro dia, que o uso de sobras de campanha para pagar dívidas pessoais era, ou é, uma tradição altamente enraizada na política brasileira, tendo sido praticada por políticos de todo naipe, inclusive algumas figuras altamente estimadas pela história (JK? Vargas? Mário Covas?). Como a imprensa nunca inclui esse detalhe em suas eternas chamadas de "Relembre o esquema do Mensalão", nem em seus infográficos coloridos, lembremos que Marcos Valério iniciou suas relações com campanhas eleitorais com o tucano Eduardo Azeredo, que inclusive já confessou o uso de Caixa 2, e que os contratos da SMPB com o governo federal são anteriores ao governo Lula.
Do que eu entendi dessa história toda, portanto, foi que houve uma grande farra com as sobras de campanha. O PT tinha conseguido realizar uma excelente arrecadação legal, e sobrou muito dinheiro depois da vitória de Lula. A SMPB, que tinha sido responsável pela arrecadação de um Caixa 2, iniciou a distribuição do dinheiro para diversos parlamentares. Havia ainda o acordo entre os partidos que haviam trabalhado juntos nas campanhas eleitorais de 2002, e cujas dívidas eleitorais precisavam ser pagas. Se o dinheiro pressionava, ou influenciava, o parlamentar a votar neste ou naquele projeto, isso é outra história e as reportagens indicaram que não. Que o governo perdeu inúmeras votações justamente no momento em que os pagamentos eram feitos. Outro fato que atrapalha bastante a tese do mensalão é o fato de que diversos parlamentares petistas o receberam, e petistas dos mais fiéis. Finalmente, não houve pagamentos mensais a ninguém. Aconteceram depósitos, em muitos casos apenas 1 depósito. Como chamar de mensalão os 15 mil reais que o deputado Luizinho recebeu? Mensalão seria se ele tivesse recebido, por determinado tempo, 15 mil por mês.
Lendo as Catilinárias, clássico latino de Salústio, que descreve as guerras civis do final da República Romana (antes da tomada de poder por Júlio César e o início do Império), observo como a luta pelo poder sempre incluiu sofisticadas intrigas senatoriais, falsas acusações, exploração de sentimentos públicos. Montaigne, por sua vez, lembra que, entre os gregos, o crime considerado mais grave, que implicava em punição mais severa, era o uso irresponsável da liberdade de expressão para fazer falsas denúncias. Era mais grave que a corrupção em si. Porque enquanto a corrupção causava evasão de divisas dos cofres públicos, a denúncia falsa desmoralizava o próprio conceito de democracia. E assim, tanto entre gregos como entre romanos, o uso irresponsável das liberdades acarretaram no declínio da democracia como forma de governo. A corrupção, por seu lado, nunca terminou. O denuncismo sempre acaba pegando alguns verdadeiros ladrões, visto que estes o são em tão grande número no Congresso Nacional, mas fere a essência democrática e só atrapalha as investigações para prender os criminosos maiores.
O que observamos, além disso, é uma campanha sistemática de desmoralização da classe política brasileira. Tá certo que eles, os políticos, contribuem decisivamente para tal, mas a imprensa não parece estar do lado das instituições democráticas. Ela parece se posicionar contra elas, o que indica uma contradição absurda, já que se trata da mesma imprensa que usa o nome da democracia para defender ou atacar qualquer coisa que se mova. Assim como setores midiáticos e partidários parecem querer uma democracia sem povo, agora também demonstram o desejo de uma democracia sem classe política. Se todos são ladrões, se todos são corruptos, entreguemos as rédeas da nação para os impolutos, para os eficientes, para os que conseguem manter sua imagem inabalável em qualquer circunstância, devido a sua orgânica relação com os meios de comunicação.
25 de agosto de 2007
Fim do sem fim
1 comentário
Filme excelente de Cao Guimarães, Beto Magalhães e Lucas Bambozzi. Documentário sobre profissões à beira de extinção. Fotógrafos lambe lambe, profetas metereologistas, animadores de feira, escrivãos, lanterninhas de cinema, fabricantes de candieiro, parteiras, mestres de galos, faroleiros, engraxates, garimpeiros, enfim uma série de atividades que vêm perdendo espaço no mundo moderno. Cao usa imagens de super 8 e 16 mm para criar uma atmosfera de passado. O filme mostra a permanência de outros tempos na modernidade. Algumas cenas ganham ares de documentário antigo, e este jogo é enriquecido com uma câmera inquieta e original. Uma sensibilidade artística, sofisticada, rege todo o filme, conferindo-lhe status de vídeo-arte ou arte visual. O próprio texto, as falas dos personagens, todos reais, traz a criatividade insólita do povo brasileiro, uma criatividade que lhe permite sobreviver e superar as maiores dificuldades com um bom humor quase sobrenatural. O sorriso de Valdivino Spinola de Souza, garimpeiro em Grão Mogol, Minas Gerais, depois de prometer aos cinegrafistas que, na próxima vez que voltarem, presenteá-los-há com uma pedra de diamante, é de uma pureza e raridade digna da própria jóia que ele busca todos os dias. O filme foi filmado entre novembro de 1999 e fevereiro de 2000 e finalizado em março de 2001.
24 de agosto de 2007
Dois pesos
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A imprensa tupi ficou preocupada com os direitos humanos dos atletas cubanos que abandonaram seu time, preferindo mergulhar em noitadas de álcool e prostitutas, com dinheiro de mafiosos. Não sou moralista, não tenho nada contra álcool e prostitutas. Mas eles abandonaram seu time no meio da competição, lesando os milhões de cubanos que bancaram, com seus impostos, o treinamento deles. Me irrita essa santificação de dois atletas que mostraram, no mínimo, falta de ética.
Aconteceu, porém, que os cubanos (são dois garotos, demasiadamente jovens e inocentes) caíram em si e optaram por voltar para casa. Chamaram a polícia militar (e o Globo, em nota de ontem, distorceu a informação, dizendo que a polícia os encontrou), que chamou a Polícia Federal, que acionou as instâncias competentes. Os atletas afirmaram, diversas vezes, que desejavam voltar pra casa. Muitos jornalistas pensaram que o mais justo seria o governo brasileiro "prender" os atletas no país. É a nova modalidade de asilo político inventada por nossa mídia golpista: o ASILO FORÇADO. Agora, quando um cubano vier ao Brasil, prendamos o sujeito aqui à força, e mandemos as contas de saúde e alimentação do cujo para a redação do Globo. Cubanos! Fujam de Cuba agora! O Globo vai sustentar vocês todos! Com dinheiro do Criança Esperança! Ah, seria engraçado um escândalo desses: Dinheiro do Criança Esperança usado para financiar contra-revolução em Cuba.
Outros chegaram ao ridículo de afirmar que o governo deveria ter feito uma pantomina internacional com o assunto, chamando a ONU, a ONA, a ONI, a ONE. Que o governo deveria interromper todas as suas preocupações e dedicar-se inteiramente a dois estrangeiros traíras e pusilânimes, como se não houvesse nada mais importante com que se preocupar.
Quero ver agora a mesma preocupação com os 25 presos BRASILEIROS que foram queimados vivos em Minas Gerais. Onde está a preocupação com os direitos humanos? Eles dão a notícia, mas e os editoriais? Onde está a preocupação com os direitos humanos em tantos outros casos. E que estupidez é essa? O cara da OAB afirmou que os sujeitos QUERIAM voltar. Pronto, acabou. Se o governo foi rápido, ótimo. Resolveu a situação depressa. Quando o governo é lento reclamam, quando o governo é rápido, reclamam. Ô gentinha mais enjoada! Gastaram páginas e páginas, editoriais e editorais, com essa palhaçada. Tá sobrando papel.
E o movimento Cansei virou uma piada grotesca. Aquela propaganda com Hebe Camargo, Ivete Sangalo, Regina Duarte e Ana Maria Braga foi a coisa mais ridícula em décadas de golpismo midiático. O que eles esperavam com essa campanha obscura, liderada por gente como o Paulo "Piauí não existe" Zottolo e João "Cãozinho de luxo" Dória? Quanto dinheiro no lixo, meu Deus! Se o Zottolo se preocupasse tanto com o Brasil assim, em vez de pagar anúncio em grandes jornais, poderia doar a grana para um projeto social. E por quê não dizem o que querem? Olha só, faltam albergues nas grandes cidades para as pessoas que dormem nas ruas. Falta uma política mais justa com os menores infratores e menores abandonados. Eles não se cansaram do tratamento que o governo do Estado de São Paulo dá às suas crianças? Por que não se cansaram quando FHC quebrou o país várias vezes, multiplicando nossa dívida pública, aumentando nossa dependência econômica e política do FMI e produzindo recessão e desemprego? Por que não se cansaram quando a agricultura familiar brasileira morria à míngua, sem crédito, enquanto os grandes produtores rolavam dívidas? Existe muita coisa a ser feita no país. Mas seguramente não são esses "cansados" os agentes das mudanças. Por um lado, foi muito bom ter surgido esse movimento Cansei. Mostraram a cara, e todos podemos ver como eles são feios. Aquela cara de cú da Regina Duarte entrará para história como símbolo do grotesco. E para que aquela mãozinha no peito, Deus! Nova saudação nazista?
Aconteceu, porém, que os cubanos (são dois garotos, demasiadamente jovens e inocentes) caíram em si e optaram por voltar para casa. Chamaram a polícia militar (e o Globo, em nota de ontem, distorceu a informação, dizendo que a polícia os encontrou), que chamou a Polícia Federal, que acionou as instâncias competentes. Os atletas afirmaram, diversas vezes, que desejavam voltar pra casa. Muitos jornalistas pensaram que o mais justo seria o governo brasileiro "prender" os atletas no país. É a nova modalidade de asilo político inventada por nossa mídia golpista: o ASILO FORÇADO. Agora, quando um cubano vier ao Brasil, prendamos o sujeito aqui à força, e mandemos as contas de saúde e alimentação do cujo para a redação do Globo. Cubanos! Fujam de Cuba agora! O Globo vai sustentar vocês todos! Com dinheiro do Criança Esperança! Ah, seria engraçado um escândalo desses: Dinheiro do Criança Esperança usado para financiar contra-revolução em Cuba.
Outros chegaram ao ridículo de afirmar que o governo deveria ter feito uma pantomina internacional com o assunto, chamando a ONU, a ONA, a ONI, a ONE. Que o governo deveria interromper todas as suas preocupações e dedicar-se inteiramente a dois estrangeiros traíras e pusilânimes, como se não houvesse nada mais importante com que se preocupar.
Quero ver agora a mesma preocupação com os 25 presos BRASILEIROS que foram queimados vivos em Minas Gerais. Onde está a preocupação com os direitos humanos? Eles dão a notícia, mas e os editoriais? Onde está a preocupação com os direitos humanos em tantos outros casos. E que estupidez é essa? O cara da OAB afirmou que os sujeitos QUERIAM voltar. Pronto, acabou. Se o governo foi rápido, ótimo. Resolveu a situação depressa. Quando o governo é lento reclamam, quando o governo é rápido, reclamam. Ô gentinha mais enjoada! Gastaram páginas e páginas, editoriais e editorais, com essa palhaçada. Tá sobrando papel.
E o movimento Cansei virou uma piada grotesca. Aquela propaganda com Hebe Camargo, Ivete Sangalo, Regina Duarte e Ana Maria Braga foi a coisa mais ridícula em décadas de golpismo midiático. O que eles esperavam com essa campanha obscura, liderada por gente como o Paulo "Piauí não existe" Zottolo e João "Cãozinho de luxo" Dória? Quanto dinheiro no lixo, meu Deus! Se o Zottolo se preocupasse tanto com o Brasil assim, em vez de pagar anúncio em grandes jornais, poderia doar a grana para um projeto social. E por quê não dizem o que querem? Olha só, faltam albergues nas grandes cidades para as pessoas que dormem nas ruas. Falta uma política mais justa com os menores infratores e menores abandonados. Eles não se cansaram do tratamento que o governo do Estado de São Paulo dá às suas crianças? Por que não se cansaram quando FHC quebrou o país várias vezes, multiplicando nossa dívida pública, aumentando nossa dependência econômica e política do FMI e produzindo recessão e desemprego? Por que não se cansaram quando a agricultura familiar brasileira morria à míngua, sem crédito, enquanto os grandes produtores rolavam dívidas? Existe muita coisa a ser feita no país. Mas seguramente não são esses "cansados" os agentes das mudanças. Por um lado, foi muito bom ter surgido esse movimento Cansei. Mostraram a cara, e todos podemos ver como eles são feios. Aquela cara de cú da Regina Duarte entrará para história como símbolo do grotesco. E para que aquela mãozinha no peito, Deus! Nova saudação nazista?
23 de agosto de 2007
Supremo sob ataque
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Estou estarrecido com a cara-de-pau dos repórteres do Globo, de fotografar a tela do computador dos ministros do Supremo Tribunal de Justiça. Jornalismo ou espionagem? Enfim, também não me espanta demais. Os holofotes estão voltados sobre eles. Mas essa opção editorial de espionar a tela dos computadores, para mim, pareceu um tremendo desrespeito à PRIVACIDADE dos mesmos. Quero ver o que a OAB tem a dizer sobre isso. QUE LIBERDADE É ESSA QUE NÃO RESPEITA A PRIVACIDADE? E não venham falar que eles eram homens públicos. Ora, daqui a pouco vão querer filmar o homem público fazendo sexo. Privacidade é para todos. Celebridades, homens públicos ou gente simples. Todos têm direito à privacidade e ao respeito. A liberdade de imprensa não é uma pantomina desvairada. Gostei muito da Luana Piovani ter ganhado o processo contra os caras do Pânico.
O papel da blogosfera brasileira é neutralizar os exageros da nossa mídia, que é extremamente ideológica por ser dominada por capital ainda ligado a forças atrasadas. Meu papel aqui é esse: fazer o contrapeso ideológico à nossa mídia. Não sou contra a mídia, todavia. Sei que serei polêmico, mas acho excelente que temos vários grandes jornais e revistas. Estadão, Folha, Globo, Veja, são golpistas, são reacionários, mas são o que nós temos. Mal ou bem, são importantes para provocar debates públicos. De nada adianta querer seu fim. Temos que incentivar o surgimento de outros, procurar a mudança deles por dentro (são empresas com milhares de empregados e, portanto, com enorme dialética interna) e levar a dianta a batalha da contra-informação.
A matéria da Veja desta semana, sobre a suspeita de grampos, revelou que a revista se tornou uma ferramenta partidária em mãos de obscuros interesses. A denúncia da revista não durou um dia. Seu objetivo, porém, era jogar luz sobre os ministros do supremo e envenenar a relação destes com o poder executivo.
A matéria do Globo de hoje (23/08), publicando as mensagens íntimas dos ministros, fotografadas clandestinamente, tem o mesmo objetivo. Assustar os ministros do Supremo.
Ontem assisti o programa do Jô. Há mais de dois anos que não assistia. Estava em casa, sem nada para fazer, minha mulher ocupando a internet, nada em outros canais, então encarei. Era dia das "meninas" do Jô. Que de meninas não tem nada, diga-se de passagem. Não lhes chamo de velhas, por respeito às senhoras idosas, e porque não são tão velhas assim. Chamo de velhacas. Mentirosas e tendenciosas.
A pior de todas é a Lucia Hippolito. Ela é cabo eleitoral do PSDB e PFL e pronto, acabou. Distorce qualquer informação para satisfazer sua sanha anti-esquerda. O Jô estava um pouco mais cuidadoso. Dava um no prego e outra na ferradura. Defendeu o Bolsa Família. As meninas ficaram muito sem-graça. A Hippólito tentou reduzir danos ao lembrar que foi criado por Fernando Henrique, mas o Jô não deu muita bola. Todo mundo sabe que a paternidade do Bolsa Família é disputadíssima e que, se existia antes de Lula, foi ele quem deu gás ao programa e o universalizou. Aí ela decidiu apelar para o golpe baixo e lembrou que Lula recebe o Bolsa Ditadura. Dois mil dólares por mês, ela disse. Outra menina corrigiu: dois mil reais. Se a deixasse, ela não corrigiria. Logo ela, que não erra nada. Sempre tão exata. Iria duplicar o valor pago à Lula por ter sido prejudicado na ditadura militar. Chamar de bolsa ditadura é típico dessa gente. Bem, foi golpe sujo, porque se Lula ganhou essa bolsa foi porque a Justiça, ou seja, uma instância independente do Executivo, assim o decidiu. Ficou mal para a Hippólito, ainda mais que foi lembrado que outros recebem muito mais, entre eles Carlos Heitor Cony, que ganhou uma bolada de milhões e ganha um valor mensal bem maior que o recebido por Lula.
A peruééésima Ana Maria Tahan atacou com o lugar comum de que é preciso ensinar a pescar em vez de dar o peixe. A frase preferida de FHC. Mas Jô estava dando na ferradura e rebateu que essa história era velha. Tem horas que o lago está seco e não tem peixe. Tem que ajudar mesmo.
A Lílian Witte Fibe lembrou, constrangida, que a revista The Economist elogiou o Bolsa Família e seus congêneres no México e no Chile. Para os colonizados, as coisas só tem valor quando saem no The Economist. Tá bom. Ela admitiu, então, que há casos em que o governo precisa mesmo dar ESMOLA. Isso me irritou, porque acho um tremendo desrespeito chamar um programa governamental de assistência social de esmola. Esmola o caralho. É o pagamento de uma dívida social e o cumprimento do direito constitucional de todo cidadão de ter acesso à vida. Se o Estado brasileiro tem dinheiro. Se a Lilian Wite Fibe tem dinheiro, é porque os ancestrais desses pobres que hoje recebem ajuda do governo trabalharam para isso. Não é esmola.
Mas o pior de tudo foi quando o Jô abordou o tema dos cubanos deportados. O Jô se mostrou desinformado, repetiu diversas vezes que os pugilistas foram deportados contra a sua vontade. Mentira. O representante da OAB carioca declarou que entrevistou os cubanos sem presença de nenhuma autoridade e que os mesmos afirmaram, categoricamente, que desejavam voltar a seu país. O mais rápido possível. Nenhuma jornalista esclareceu isso. A Hippólito, especialmente, discursou sobre o assunto e não falou o mais importante. Que os cubanos queriam voltar. Que eles tinham sido enganados por empresários alemães (dois pilantras, talvez bancados pela CIA), que os embebedaram e os seduziram com dinheiro, drogas e prostitutas. Ninguém falou isso e o tema foi fechado sem que o espectador tivesse acesso à informação mais importante. Gostaria de saber o que esse pessoal pensa. Qual o interesse do Brasil de fazer uma deportação urgente de atletas para Cuba? Por que o governo é de esquerda e Cuba é comunista? Ora, mas não são eles que dizem que o PT abandonou todas as suas bandeiras? Esquizofrenia total.
O negócio é que estão querendo culpar Lula pelos problemas internos de Cuba. Os atletas serão punidos? Sinceramente, não me interessa. Se eu for pensar em sofrimento humano, prefiro me preocupar com os milhares que morrem queimados vivos por bombas em Bagdá. Também não vamos santificar os atletas. Eles abandonaram seu time no meio de uma competição. Imagina se o Ronaldinho Gaúcho abandonasse a seleção brasileira pouco antes da final da Copa do Mundo? Eles podiam esperar, ao menos, o fim da competição. Aquela deserção, regada a champagne e prostitutas, patrocinada por mafiosos, não convenceu ninguém. Acho horrível isso de proibir as pessoas de ingressarem ou saírem do país. Mas os cubanos têm muitas outras coisas boas e, francamente, estão melhores que El Salvador, Haiti, Belize, Guatemala. Pelo menos tem bons hospitais e boas escolas.
Por fim, gostaria de comentar os últimos textos do Eduardo Guimarães. Nosso combativo blogueiro esteve na Venezuela e nos proporcionou maravilhosas reportagens sobre a realidade daquele país. Sua descrição de uma briga num bar, na qual acabou envolvido, entre belas jovens chavistas e anti-chavistas, é um clássico. Guimarães tira conclusões pessimistas sobre o que viu, prenunciando que esta triste e louca situação de enfrentamento fanático e radical se repetirá no Brasil. Já temos indícios disto por aqui. Um comentarista do blog dele lembrou do caso da alckmista que arrancou, a dentadas, o dedo de uma petista, num bar do Leblon. Pois é. A coisa está braba em todo lado. Mas eu prefiro ter uma visão mais otimista. Existe o enfrentamento. Mas acho que é melhor do que a paz "de cemitério" que tínhamos antes. Aliás, a paz nunca existiu. Os índices de criminalidade em São Paulo ou Caracas, bem antes de Lula ou Chávez chegarem ao poder, revelam que essa paz era falsa. Era uma paz comprada com o sangue de milhões de trabalhadores. Não não não. Prefiro muito mais a nossa guerra. Prefiro uma Venezuela dividida politicamente mas onde os pobres estão tendo mais esperança. Prefiro um Brasil dividido politicamente mas sem dívida externa, com nível de emprego estável, com inflação controlada, crédito popular em expansão, crédito para a agricultura familiar, Bolsa Família para 45 milhões de brasileiros que antes não tinham o que comer.
Se o clima está pesado nos corredores da Daslu, se a Hebe Camargo está cansada e a Regina Duarte voltou a se cagar nas calças, problema deles. As rodinhas de samba, os saraus de poesia, os teatros alternativos, nunca estiveram tão animados. Enfrentamento havia antes, quando o FHC colocou tanques na Praça XV para privatizar a Vale do Rio Doce.
O papel da blogosfera brasileira é neutralizar os exageros da nossa mídia, que é extremamente ideológica por ser dominada por capital ainda ligado a forças atrasadas. Meu papel aqui é esse: fazer o contrapeso ideológico à nossa mídia. Não sou contra a mídia, todavia. Sei que serei polêmico, mas acho excelente que temos vários grandes jornais e revistas. Estadão, Folha, Globo, Veja, são golpistas, são reacionários, mas são o que nós temos. Mal ou bem, são importantes para provocar debates públicos. De nada adianta querer seu fim. Temos que incentivar o surgimento de outros, procurar a mudança deles por dentro (são empresas com milhares de empregados e, portanto, com enorme dialética interna) e levar a dianta a batalha da contra-informação.
A matéria da Veja desta semana, sobre a suspeita de grampos, revelou que a revista se tornou uma ferramenta partidária em mãos de obscuros interesses. A denúncia da revista não durou um dia. Seu objetivo, porém, era jogar luz sobre os ministros do supremo e envenenar a relação destes com o poder executivo.
A matéria do Globo de hoje (23/08), publicando as mensagens íntimas dos ministros, fotografadas clandestinamente, tem o mesmo objetivo. Assustar os ministros do Supremo.
Ontem assisti o programa do Jô. Há mais de dois anos que não assistia. Estava em casa, sem nada para fazer, minha mulher ocupando a internet, nada em outros canais, então encarei. Era dia das "meninas" do Jô. Que de meninas não tem nada, diga-se de passagem. Não lhes chamo de velhas, por respeito às senhoras idosas, e porque não são tão velhas assim. Chamo de velhacas. Mentirosas e tendenciosas.
A pior de todas é a Lucia Hippolito. Ela é cabo eleitoral do PSDB e PFL e pronto, acabou. Distorce qualquer informação para satisfazer sua sanha anti-esquerda. O Jô estava um pouco mais cuidadoso. Dava um no prego e outra na ferradura. Defendeu o Bolsa Família. As meninas ficaram muito sem-graça. A Hippólito tentou reduzir danos ao lembrar que foi criado por Fernando Henrique, mas o Jô não deu muita bola. Todo mundo sabe que a paternidade do Bolsa Família é disputadíssima e que, se existia antes de Lula, foi ele quem deu gás ao programa e o universalizou. Aí ela decidiu apelar para o golpe baixo e lembrou que Lula recebe o Bolsa Ditadura. Dois mil dólares por mês, ela disse. Outra menina corrigiu: dois mil reais. Se a deixasse, ela não corrigiria. Logo ela, que não erra nada. Sempre tão exata. Iria duplicar o valor pago à Lula por ter sido prejudicado na ditadura militar. Chamar de bolsa ditadura é típico dessa gente. Bem, foi golpe sujo, porque se Lula ganhou essa bolsa foi porque a Justiça, ou seja, uma instância independente do Executivo, assim o decidiu. Ficou mal para a Hippólito, ainda mais que foi lembrado que outros recebem muito mais, entre eles Carlos Heitor Cony, que ganhou uma bolada de milhões e ganha um valor mensal bem maior que o recebido por Lula.
A peruééésima Ana Maria Tahan atacou com o lugar comum de que é preciso ensinar a pescar em vez de dar o peixe. A frase preferida de FHC. Mas Jô estava dando na ferradura e rebateu que essa história era velha. Tem horas que o lago está seco e não tem peixe. Tem que ajudar mesmo.
A Lílian Witte Fibe lembrou, constrangida, que a revista The Economist elogiou o Bolsa Família e seus congêneres no México e no Chile. Para os colonizados, as coisas só tem valor quando saem no The Economist. Tá bom. Ela admitiu, então, que há casos em que o governo precisa mesmo dar ESMOLA. Isso me irritou, porque acho um tremendo desrespeito chamar um programa governamental de assistência social de esmola. Esmola o caralho. É o pagamento de uma dívida social e o cumprimento do direito constitucional de todo cidadão de ter acesso à vida. Se o Estado brasileiro tem dinheiro. Se a Lilian Wite Fibe tem dinheiro, é porque os ancestrais desses pobres que hoje recebem ajuda do governo trabalharam para isso. Não é esmola.
Mas o pior de tudo foi quando o Jô abordou o tema dos cubanos deportados. O Jô se mostrou desinformado, repetiu diversas vezes que os pugilistas foram deportados contra a sua vontade. Mentira. O representante da OAB carioca declarou que entrevistou os cubanos sem presença de nenhuma autoridade e que os mesmos afirmaram, categoricamente, que desejavam voltar a seu país. O mais rápido possível. Nenhuma jornalista esclareceu isso. A Hippólito, especialmente, discursou sobre o assunto e não falou o mais importante. Que os cubanos queriam voltar. Que eles tinham sido enganados por empresários alemães (dois pilantras, talvez bancados pela CIA), que os embebedaram e os seduziram com dinheiro, drogas e prostitutas. Ninguém falou isso e o tema foi fechado sem que o espectador tivesse acesso à informação mais importante. Gostaria de saber o que esse pessoal pensa. Qual o interesse do Brasil de fazer uma deportação urgente de atletas para Cuba? Por que o governo é de esquerda e Cuba é comunista? Ora, mas não são eles que dizem que o PT abandonou todas as suas bandeiras? Esquizofrenia total.
O negócio é que estão querendo culpar Lula pelos problemas internos de Cuba. Os atletas serão punidos? Sinceramente, não me interessa. Se eu for pensar em sofrimento humano, prefiro me preocupar com os milhares que morrem queimados vivos por bombas em Bagdá. Também não vamos santificar os atletas. Eles abandonaram seu time no meio de uma competição. Imagina se o Ronaldinho Gaúcho abandonasse a seleção brasileira pouco antes da final da Copa do Mundo? Eles podiam esperar, ao menos, o fim da competição. Aquela deserção, regada a champagne e prostitutas, patrocinada por mafiosos, não convenceu ninguém. Acho horrível isso de proibir as pessoas de ingressarem ou saírem do país. Mas os cubanos têm muitas outras coisas boas e, francamente, estão melhores que El Salvador, Haiti, Belize, Guatemala. Pelo menos tem bons hospitais e boas escolas.
Por fim, gostaria de comentar os últimos textos do Eduardo Guimarães. Nosso combativo blogueiro esteve na Venezuela e nos proporcionou maravilhosas reportagens sobre a realidade daquele país. Sua descrição de uma briga num bar, na qual acabou envolvido, entre belas jovens chavistas e anti-chavistas, é um clássico. Guimarães tira conclusões pessimistas sobre o que viu, prenunciando que esta triste e louca situação de enfrentamento fanático e radical se repetirá no Brasil. Já temos indícios disto por aqui. Um comentarista do blog dele lembrou do caso da alckmista que arrancou, a dentadas, o dedo de uma petista, num bar do Leblon. Pois é. A coisa está braba em todo lado. Mas eu prefiro ter uma visão mais otimista. Existe o enfrentamento. Mas acho que é melhor do que a paz "de cemitério" que tínhamos antes. Aliás, a paz nunca existiu. Os índices de criminalidade em São Paulo ou Caracas, bem antes de Lula ou Chávez chegarem ao poder, revelam que essa paz era falsa. Era uma paz comprada com o sangue de milhões de trabalhadores. Não não não. Prefiro muito mais a nossa guerra. Prefiro uma Venezuela dividida politicamente mas onde os pobres estão tendo mais esperança. Prefiro um Brasil dividido politicamente mas sem dívida externa, com nível de emprego estável, com inflação controlada, crédito popular em expansão, crédito para a agricultura familiar, Bolsa Família para 45 milhões de brasileiros que antes não tinham o que comer.
Se o clima está pesado nos corredores da Daslu, se a Hebe Camargo está cansada e a Regina Duarte voltou a se cagar nas calças, problema deles. As rodinhas de samba, os saraus de poesia, os teatros alternativos, nunca estiveram tão animados. Enfrentamento havia antes, quando o FHC colocou tanques na Praça XV para privatizar a Vale do Rio Doce.
22 de agosto de 2007
Clóvis não brinca em serviço
4 comentarios
Leiam esse texto, depois a gente conversa.
19 de agosto de 2007
Blogueiro de volta ao Brasil
4 comentarios
Estou de volta, e comecei postando uns textos mais ou menos recentes. Algumas coisas que tinha escrito pouco antes de viajar e outras que escrevi em viagem. Pulp fiction. Com milhões de erros. Publicando, eu arquivo e posso corrigir de qualquer lugar. Não sejam rigorosos.
O suicídio da primeira namorada de Fritz Lang
Seja o primeiro a comentar!
(Cena de O Vampiro de Dusseldorf, 1931)
Lisa abriu a porta do apartamento e flagrou os dois pelados no divã. Sim senhor, ele mesmo. O cineasta Fritz Lang beijava Thea von Harbour, trinta e dois anos, escritora, uma das primeiras berlinenses a usar cabelos curtos. Lisa atravessou a sala chorando e trancou-se no quarto. Lang e Thea estavam chapados de álcool e cocaína. Entreolharam-se, riram e voltaram a se beijar, enquanto travavam, silenciosamente, o seguinte diálogo.
E aí, Fritz, que vai acontecer?
Bah, não sei. Provavelmente ela vai ficar trancada no quarto por dias, chorando. Depois vai querer se separar, depois vai mudar de idéia, depois vai querer se separar de novo. Mas não tem importância. Eu estou com você agora.
Ótimo. Iremos nos divertir muito. Sempre achei que você merecia coisa melhor do que essa magrela assustada.
Claro, me beija mais.
Ele contemplava extasiado os peitões de Thea, que por sua vez enfiava a mão direita por baixo da calça de Fritz. Apaixonou-se novamente, Fritz? Sim e desta vez é sério. Ah ah, não brinca? E se eu lhe contar que ela flerta com os nazistas? Se eu contar que ela está com você apenas porque seu filme, Metrópolis, foi elogiado publicamente por Hitler?
Escutaram o tiro como quem escuta o telefone tocar em hora inconveniente. Por alguma razão, Fritz não ficou surpreso. Mas Thea ficou imediatamente tensa e procurou sair do divã. Ele a segurou com força. Virou-a de costas. Ergueu-lhe a saia. Penetrou-a com força. Mesmo nervosa, Thea gozou em poucos minutos. Tantos anos aguardando esse momento.
Uma hora depois, Fritz despertou apavoradíssimo. O tiro. Lisa. Estudou por um tempo seu pênis murcho e babado de sêmem, como quem lê várias vezes a página de um livro, sem entender nada. Finalmente, levantou-se e vestiu-se. Thea dormia profundamente. Fritz encaminhou-se até o quarto, tentou abrir a porta. Voltou à sala. Procurava lembrar, absurdamente, o nome do personagem principal do romance de Peter Kurten (que adaptaria para o cinema, com O Vampiro de Dusseldorf.) Tenho que fazer um filme sobre a culpa. Eu sinto culpa. Lembrou, enfim, onde guardava a chave mestra.
Preparou-se para o que viria. Mesmo assim, não pode conter o grito. O queixo desaparecera. Ela havia encostado o cano do 38 no maxilar inferior.
18 de agosto de 2007
Pesquisa do Datafolha desmente teses
1 comentário
É muito engraçado isso. Olha o texto desse tal de João Mellão Neto, um carinha que escreve sempre para o Estadão. Reparem no trecho em negrito. O texto é do dia 17 de agosto.
Lula é um fenômeno e antes de atacá-lo convém compreendê-lo. Os segmentos de maior renda e escolaridade não o apóiam. O mesmo acontece, em grande parte, com os eleitores da Região Sul e com os habitantes de São Paulo, Estados onde Geraldo Alckmin o bateu nas últimas eleições. Não por coincidência, são locais onde vive a parcela mais esclarecida da opinião pública brasileira. O restante da Nação é lulista, o que lhe garante, na média geral, altíssimos índices de aprovação e popularidade. (Íntegra do texto aqui).
Tudo bem. Aí eu fui checar a última pesquisa do Datafolha, divulgada dia 8 de agosto (depois, portanto, do famigerado acidente da Tam). Nesta pesquisa, observa-se que Lula tem maioria de Ótimo/Bom em todas as faixas de renda e em todas as regiões do país. Por exemplo, entre a faixa mais rica da pesquisa, que ganha mais de 10 salários mínimos, Lula é visto como Ótimo/Bom por 32% dos entrevistados, Regular por 36% e ruim por 32%. Ou seja, somando Ótimo com Regular, temos 67% dos entrevistados, com renda superior a 10 salários, que não consideram o governo ruim. Também tem maioria de Ótimo entre o segmento com ensino superior.
A mesma coisa acontece com as regiões do país. No Sul, onde tem o pior desempenho, Lula tem 42% de Ótimo/Bom, 38% de Regular, e 21% de Ruim/Péssimo.
Conclusão. A tese de que Lula só é apoiado por pobres e pelo Nordeste é mentirosa. Simples assim. Você pode não gostar do Lula. Dizer que ele engana o povo. É perfeitamente legítimo ser oposição e ser contra o Lula. Mas mentir, pô, aí não vale.
Ah, sobre a afirmação do colunista de que em São Paulo vive a parte mais esclarecida da opinião pública brasileira, prefiro não comentar. Queria ser o Angeli para responder com um desenho. Os paulistanos habitando um Olimpo de sabedoria e esclarecimento, contemplando do alto a plebe ignara dos outros estados.
Lula é um fenômeno e antes de atacá-lo convém compreendê-lo. Os segmentos de maior renda e escolaridade não o apóiam. O mesmo acontece, em grande parte, com os eleitores da Região Sul e com os habitantes de São Paulo, Estados onde Geraldo Alckmin o bateu nas últimas eleições. Não por coincidência, são locais onde vive a parcela mais esclarecida da opinião pública brasileira. O restante da Nação é lulista, o que lhe garante, na média geral, altíssimos índices de aprovação e popularidade. (Íntegra do texto aqui).
Tudo bem. Aí eu fui checar a última pesquisa do Datafolha, divulgada dia 8 de agosto (depois, portanto, do famigerado acidente da Tam). Nesta pesquisa, observa-se que Lula tem maioria de Ótimo/Bom em todas as faixas de renda e em todas as regiões do país. Por exemplo, entre a faixa mais rica da pesquisa, que ganha mais de 10 salários mínimos, Lula é visto como Ótimo/Bom por 32% dos entrevistados, Regular por 36% e ruim por 32%. Ou seja, somando Ótimo com Regular, temos 67% dos entrevistados, com renda superior a 10 salários, que não consideram o governo ruim. Também tem maioria de Ótimo entre o segmento com ensino superior.
A mesma coisa acontece com as regiões do país. No Sul, onde tem o pior desempenho, Lula tem 42% de Ótimo/Bom, 38% de Regular, e 21% de Ruim/Péssimo.
Conclusão. A tese de que Lula só é apoiado por pobres e pelo Nordeste é mentirosa. Simples assim. Você pode não gostar do Lula. Dizer que ele engana o povo. É perfeitamente legítimo ser oposição e ser contra o Lula. Mas mentir, pô, aí não vale.
Ah, sobre a afirmação do colunista de que em São Paulo vive a parte mais esclarecida da opinião pública brasileira, prefiro não comentar. Queria ser o Angeli para responder com um desenho. Os paulistanos habitando um Olimpo de sabedoria e esclarecimento, contemplando do alto a plebe ignara dos outros estados.
13 de agosto de 2007
Sem infra
7 comentarios
Depois de nove meses perambulando longe de casa, encontrei-a sem infra-estrutura telefônica e sem internet. Preciso de alguns dias para me organizar novamente. Escutem Otis Rush e Bezerra da Silva.
10 de agosto de 2007
Lapa cresceu
5 comentarios
Muitos barzinhos novos na Lapa. Vai dar trabalho descobrir todos. Em nossa chegada, topamos com o senhor maranhense que mora ao nosso lado. Agora é o síndico. Tive 52 votos contra 8, nos contou orgulhoso. O cheiro de gato continua, ele disse. Descobriram que vinha da velha que mora no quinto andar. Ela tinha 41 gatos em casa. Um fedor desgraçado chegava até o nosso andar, por uma das colunas de ventilação do prédio. Ele conseguiu obrigar a mulher a reduzir a população para 5 ou 6 gatos, mas o cheiro permanece.
A garrafa de jack daniels que comprei no freeshop fica bonita na estante de livros.
A garrafa de jack daniels que comprei no freeshop fica bonita na estante de livros.
9 de agosto de 2007
Continua bonito
2 comentarios
Ontem matei a saudade da lapa, com alguns amigos, no mesmo local dessa foto, que deve ter mais de cem anos. Meu camarada Juliano Guilherme agora tem um atelie excelente no bairro e o bar do paulinho continua firme e forte, na contra-mao dos barzinhos bonitinhos que sao inaugurados a todo momento nas proximidades. Bebi cerveja e nao bebi cachaça, o que me permitiu uma manha de ressaca leve, sem grandes sofrimentos. O Rio continua bonito e, com o inverno, ganha uma austeridade que o deixa ainda mais interessante.
7 de agosto de 2007
No Brasil
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Pisei o solo sagrado novamente. Quer dizer, se eh sagrado mesmo nao me interessa. Estou marcando com meus amigos uma cervejada na lapa na quarta-feira, na rua do riachuelo, esquina com lavradio, bar do paulinho. Abro o convite para todo mundo. Se ninguem der as caras, bebo alone. Os dois principais amigos, ou pelo menos os mais fieis, a cerveja e a Lapa, esses nao vao faltar.
4 de agosto de 2007
Exemplos do golpismo midiatico ou Milagre da multiplicaçao de manifestantes
4 comentarios
Vejam so esse trecho de uma noticia do Globo:
Em São Paulo , 10 mil participaram de passeata na Avenida Paulista. A Agência Brasil, no entanto, com base em cálculos da Polícia Militar afirma que não eram mais de 2 mil. Em Brasília , cerca de 100 manifestantes de classe média - usando roupas pretas e narizes de palhaço - deitaram no chão do aeroporto internacional. Gritaram "Fora Lula" e se disseram contrariados com o que consideram falta de ação do governo em vários setores, como o aéreo. No Rio, uma passeata reuniu 100 pessoas na Avenida Atlântica, em Copacabana.
Leram bem? O Globo fala em 10 mil pessoas sem citar a fonte. A Policia Militar de SP, que é tucana (ou seja, ligada à oposiçao e com interesse em aumentar o numero de participantes), afirma que foram 2 mil pessoas. O proprio Globo, na notinha sobre SP, diz que foram 2 mil. A Policia Militar é a fonte oficial. O Globo procura, da forma mais anti-jornalistica, desmerecer a fonte oficial. Na capa, o Globo aumenta a mentira: fala que "mais de 10 mil pessoas" protestaram contra Lula em SP. Os 10 mil, quer dizer, os 2 mil, se transformam, por milagre, em "mais de 10 mil". O milagre da multiplicaçao de manifestantes.
Eh infantil, ridiculo, pirracento. Acho que os editores do Globo estao ficando meio doidos. Noto, inclusive, que o texto é meio desconexo, como se tivesse sido editado posteriormente. Nas materias internas, do proprio Globo, fala-se em 2 mil participantes. Ou seja, um jornalista escreve, mas os editores o modificam para "ajusta-lo" à linha golpista do jornal. Que papelao, hein, Globo!
E estas manifestaçoes pelo Brasil, hein? Num pais de 200 milhoes de pessoas, o movimento Cansei consegue reunir umas 20 pessoas em Brasilia (80 pessoas, segundo o Globo, inicialmente, depois ampliado para 100; basta dividir por 4 ou 5, portanto, para chegarmos perto da verdade)! Fala sério! Mamae! E se dizem nao-politicos? Nunca vi gente tao obcecada pelo Lula. Eles devem acordar gritando à noite, com medo que o Lula saia de dentro do armario. Narizes de palhaço? Boa idéia! Podiam usar o nariz para sempre, combina com eles...
PS: Nesse meio tempo, a Globo mudou novamente sua nota. Provavelmente diante dos protestos e para fugir do ridiculo explicito, apagou o 10 mil (provavelmente, apenas um "erro" de ortografia, explicara Ali Kamel), e manteve somente o numero oficial 2 mil. Meno male, como dizem os italianos.
Em São Paulo , 10 mil participaram de passeata na Avenida Paulista. A Agência Brasil, no entanto, com base em cálculos da Polícia Militar afirma que não eram mais de 2 mil. Em Brasília , cerca de 100 manifestantes de classe média - usando roupas pretas e narizes de palhaço - deitaram no chão do aeroporto internacional. Gritaram "Fora Lula" e se disseram contrariados com o que consideram falta de ação do governo em vários setores, como o aéreo. No Rio, uma passeata reuniu 100 pessoas na Avenida Atlântica, em Copacabana.
Leram bem? O Globo fala em 10 mil pessoas sem citar a fonte. A Policia Militar de SP, que é tucana (ou seja, ligada à oposiçao e com interesse em aumentar o numero de participantes), afirma que foram 2 mil pessoas. O proprio Globo, na notinha sobre SP, diz que foram 2 mil. A Policia Militar é a fonte oficial. O Globo procura, da forma mais anti-jornalistica, desmerecer a fonte oficial. Na capa, o Globo aumenta a mentira: fala que "mais de 10 mil pessoas" protestaram contra Lula em SP. Os 10 mil, quer dizer, os 2 mil, se transformam, por milagre, em "mais de 10 mil". O milagre da multiplicaçao de manifestantes.
Eh infantil, ridiculo, pirracento. Acho que os editores do Globo estao ficando meio doidos. Noto, inclusive, que o texto é meio desconexo, como se tivesse sido editado posteriormente. Nas materias internas, do proprio Globo, fala-se em 2 mil participantes. Ou seja, um jornalista escreve, mas os editores o modificam para "ajusta-lo" à linha golpista do jornal. Que papelao, hein, Globo!
E estas manifestaçoes pelo Brasil, hein? Num pais de 200 milhoes de pessoas, o movimento Cansei consegue reunir umas 20 pessoas em Brasilia (80 pessoas, segundo o Globo, inicialmente, depois ampliado para 100; basta dividir por 4 ou 5, portanto, para chegarmos perto da verdade)! Fala sério! Mamae! E se dizem nao-politicos? Nunca vi gente tao obcecada pelo Lula. Eles devem acordar gritando à noite, com medo que o Lula saia de dentro do armario. Narizes de palhaço? Boa idéia! Podiam usar o nariz para sempre, combina com eles...
PS: Nesse meio tempo, a Globo mudou novamente sua nota. Provavelmente diante dos protestos e para fugir do ridiculo explicito, apagou o 10 mil (provavelmente, apenas um "erro" de ortografia, explicara Ali Kamel), e manteve somente o numero oficial 2 mil. Meno male, como dizem os italianos.
1 de agosto de 2007
Pensando o Brasil
16 comentarios
História não é passado. É um relato que continuamente afeta o presente. Lemos sobre a história romana ou grega, sobre a revolução francesa ou sobre a II Guerra Mundial para compreendermos um pouco melhor a zona em que vivemos.
Esta é uma das funções da arte, reler a história através da ficção. Mesmo as histórias verídicas também são uma forma de ficção, assim como a ficção é uma forma diferente de relatar a verdade.
Por isso, o novo filme do uruguaio/argentino Israel Adrián Caetano, Buenos Aires 1977, excepcional, ainda afeta nosso presente. Especialmente, nosso presente latino-americano, que assiste, um pouco perplexo, renascerem rixas ideológicas antigas, um tanto parecidas com aquelas que antecederam os brutais regimes militares que vivemos nas décadas de 60 e 70. Regimes muito parecidos entre si. Todos de direita. Todos apoiados pelos Estados Unidos. Todos apoiados, ao menos em seu início, pelos principais meios de comunicação. Todos apoiados pela grande burguesia. Regimes que fecharam Congressos, prenderam professores e cientistas. Torturaram. Mataram. Destruíram sistemas de educação. E só tiveram fim depois de devastarem a floresta de ideais, sonhos e planos de desenvolvimento que existiam anteriormente à sua implantação.
Por essas e outras que eu vivo pensando uma coisa. É verdade que a Folha de São Paulo emprestou kombis para o Dops paulista levar e trazer suspeitos de subversão? Andei lendo isso em vários lugares e gostaria de confirmar essa informação. Outra coisa. Reuniões importantes preparatórias do golpe militar de 1964 foram realizadas nos escritórios do Estado de São Paulo. Outra coisa. O Globo foi praticamente refundado durante a ditadura militar, quando os militares aprovaram uma lei que permitiu que ele recebesse milhões de dólares de investimento da Time Warner, além dos maciços subsídios estatais. E outros jornais e tvs fecharam portas durante esse período, deixando o país à mercê de uma mídia concentrada, golpista, fascistóide.
Alguém se lembra que a Globo procurou ocultar os grandes comícios das Diretas Já? Alguém se lembra que a Globo editou o debate entre Lula e Collor em 1999, para beneficiar este último?
Vou dizer algo. Não sou comunista. Era anarquista, não sou mais. Tenho 32 anos e sou social-democrata. Acredito na democracia, na república. Sou de uma geração sem grandes sonhos políticos e sem entusiasmos ideológicos. Meus sonhos são individualistas. Minha ideologia é um tanto simples. Existe pobreza demais no Brasil e, por si só, ela não termina. É preciso investir em políticas industrias, sociais, energéticas, urbanas, diplomáticas, educacionais, que tenham como prioridade amenizar a situação das camadas mais humildes do país. O que me revolta é a estupidez das classes médias e altas que não vêem que a melhora da situação dos pobres afeta positivamente toda a sociedade brasileira, começando por aqueles que estão melhor preparados intelectualmente (caso da classe média) para desfrutar deste crescimento.
Lula fala que os ricos e classe média não deviam reclamar de seu governo. Jornalistas dizem a mesma coisa em tom jocoso. Como se fosse possível que o país crescesse sem que os ricos, que estão melhor aparelhados em todos os sentidos, não fossem os primeiros a ganharem mais. Agora estão interpretando até o próprio crescimento econômico como um problema cujo culpado é o Lula! Os ricos estão ganhando dinheiro? Ótimo! Estão reclamando de quê então? Eu queria entender uma coisa: as pessoas querem empregos. Quem cria emprego sao os empregadores. Os empregadores sao os ricos. Os ricos so empregam mais gente quando estao ganhando mais dinheiro. Como querem que sejam gerados mais empregos sem que haja um acumulo maior de capital? Seria contrariar as teorias economicas mais basicas! Nao quero defender os ricos. Nao sou rico. Moro num apartamento que mal cabem 3 pessoas em pé, com cozinha americana e durmo num sofa-cama mais torto que a perna do garrincha. Sei que ha uma terrivel desigualdade no Brasil. Estou tentando pensar de maneira pragmatica. A desigualdade so pode ser vencida através de geraçao de empregos, educaçao, programas sociais, democracia, luta politica e um bocado de paciencia. Milagres nao existem.
Que doideira é essa? Não existem impostos? Os ricos não são obrigados a pagar impostos? Então, teoricamente, quanto mais ricos eles ficam, mais impostos eles pagam. Mais impostos, mais rico o Estado e mais dinheiro, portanto, para investimentos, educação, saúde, etc. Talvez seja justamente nesse ponto que os ricos se sintam incomodados. Eles continuam pagando impostos e isso os incomoda. O que acho incrível é que o governo FHC, do PSDB, aumentou a carga fiscal no país de uns 20 para 34% e eles ainda tiram onda de DESONERADORES e dizem que o governo Lula é que aumenta a carga de impostos. Li outro dia no Globo que as operações anti-fraude da Receita Federal cresceram 72% este ano sobre 2006. Será que é disso que eles estão cansados?
Outro problema: no Brasil, existe uma direita e uma esquerda com forte crise de identidade. A direita fala que o Brasil precisa de um forte partido de direita, conservador. A esquerda vive repetindo a mesma coisa, com sinal invertido. Ora, PFL, ops, DEM não é direita? PSDB não é direita? E PT não é esquerda? PcdoB não é esquerda? PDT não é esquerda? Falemos da esquerda. A direita que se dane, estou me lixando para essa merda. A esquerda me preocupa porque acredito que, no atual momento histórico da América Latina, a esquerda tem um papel fundamental para fazer os povos latino-americanos darem alguns passos à frente. Têm, além disso, uma questão mundial, que eu penso sempre, e uma esquerda forte na América Latina ajuda muito o mundo a resolver certos nós políticos. As alianças internacionais que Lula, sob orientação de Marco Aurélio Garcia e Celso Amorim, mas sobretudo através de sua intuição política genial, efetuou nos últimos anos, foram determinantes para o aumento de nossa independência comercial e, consequentemente, nossa autonomia politica. E ajudou outros paises também. As alianças com India, Russia e China, criaram um bloco importante, com peso nas grandes discussoes efetuadas no ambito da ONU e da OMC.
O Brasil aumentou exponencialmente suas exportações para países que outros governos olhavam com desprezo, como a própria América Latina, a África, o Oriente Médio, a Ásia. O Brasil continuou exportando, e aumentando, suas vendas para EUA, Europa e Japão, mas diversificou de forma extraordinária suas vendas para outros destinos.
Li um artigo do Maringoni, outro dia, na Agência Carta Maior, sobre um Congresso do PSOL. Parecia brincadeira. Ao final do artigo, o Maringoni diz: “A recomposição da esquerda brasileira pós-PT será longa e penosa, até porque a ilusão que o governo Lula desperta em setores populares ainda é muito grande. Esta reconstrução não passa mais pela disputa no interior do PT, como acontecia até há poucos anos. Até porque não se constroem projetos de país tendo miragens como alicerces.” Ora, a ilusão que Lula desperta em setores populares? Eu inseri um comentário no texto, com a mãozinha com polegar pra baixo, respondendo o seguinte: “Será que o PSOL quer agora "esquerda" sem povo? Pelo que eu sei, os dados estatisticos mostram uma melhora muito expressiva da vida do pobre brasileiro sob o governo Lula. Portanto, não se trata de ilusão, certo? De outra, o conceito de esquerda, sobretudo no Brasil, ainda está preso a concepções negativas absolutas (sou contra isso, contra aquilo, contra tal). Muita gente não entendeu que se auto-proclamar de esquerda é facil. O dificil é lutar a guerra real, apanhando da mídia, apanhando de setores poderosos da elite, entre a cruz da esquerda radical e a espada da direita fascista. O PSOL, para mim, é o partido da esquerda de "grife", não por acaso a esquerda que vem sendo mimada pela mídia e pelos partidos de direita."
Tem aquela velha historia ainda de falar que o governo Lula esta indo para a direita. Certo, acho legal essa preocupaçao, mas sempre que eu leio isso gostaria de detalhes mais esclarecedores sobre como isso estaria acontecendo. Afinal, se o governo pratica um estrategico movimento pendular, articulando também com setores da direita progressista, ele pode, eventualmente, estar agindo bem. Nao quero apenas fundamentar meu pensamento num simplismo ideologico absoluto, do tipo: é esquerda, é maravilhoso, é bom. Hoje todo mundo puxa o saco do Getulio Vargas, mas ele foi um dos mais ferozes perseguidores da esquerda da historia brasileira. Nem por isso, deixou de realizar coisas que, hoje, sao marcos do poder trabalhista e estatal: salario minimo, estatais, direitos trabalhistas, sindicais, etc. Foi Vargas que acelerou o processo de industrializaçao nacional. A verdade absoluta nao esta na esquerda. Esta em praticar uma politica inteligente, nacionalista, uma politica que priorize a manutençao do nivel dos empregos, o aumento dos salarios, os programas sociais, a agricultura familiar, etc, que valorize alianças internacionais com os paises em desenvolvimento, defendendo bandeiras comuns. Afinal, o que é esquerda ou direita? Ser esquerda é apenas gritar: sou esquerda e vestir uma camisa com a estampa do che guevara? Muito legal ser esquerda, mas o mais importante é levar um prato de comida, um emprego formal, uma esperança de vida melhor, para o pobre trabalhador. Se o governo esta conseguindo isso, entao nao esta enveredando para a direita. Esta sim no caminho certo. Se a esquerda nao entender isso, sera varrida do mapa politico nacional. Ou virar "acessorio" da direita, como aconteceu com o PPS do Roberto Freire.
Existem setores da esquerda que continuam sendo pautados pela mídia, essa é a verdade. A mídia vem tentando, com sucesso, desconstruir o governo Lula à direita e à esquerda. Na esquerda, existem segmentos que, simplesmente, não sabem o que querem. É evidente que existe muita coisa a ser feita, mas pretender que o governo Lula resolva 500 anos de miséria, é piada, é palhaçada. Outra, também é palhaçada atribuir ao governo todos os males do país. E a famosa sociedade civil? E o famoso mercado? As empresas, as prefeituras, os governos estaduais, a Justiça, o Legislativo?
É evidente que o governo Lula tem problemas, contradições, que existe incompetência e má gestão em diversas áreas. Criticar é importante para otimizar o sistema. Mas a crítica deveria ser feita ao sistema, e nunca se deveria colocar em questão a legitimidade democrática de Lula. Sobretudo, para que as críticas fossem eficazes, seria importante que também a imprensa soubesse elogiar. Ora bolas, o governo tem recorde de popularidade, é eleito com a maior votação da história nacional e segundo maior votação do mundo, e a mídia não é capaz de encontrar nenhum pontinho positivo na sua forma de gerir o país? Tudo que é bom é fruto do bom momento internacional e tudo que é ruim é fruto da incompetência?
Falta bom senso à nossa imprensa. Ela está perdendo credibilidade. Tornando-se uma mídia venezuelana, partidária, histérica. Existe um clima de intimidação e brutalidade e dedo-durismo entre os jornalistas. Há perseguição explícita e desonesta contra membros e aliados do governo. O episódio do Marco Aurélio foi ridículo. Concordo com o André Lux, blogueiro amigo. Ele deveria ser mais cuidadoso. Mas filmar pela cortina entre-aberta e repetir o ato à exaustão foi uma opção editorial. Um ataque editorial. Essa cultura de paparazzi é muito nociva à democracia e isso é um problema em todo mundo. O Tony Blair deu uma entrevista há pouco tempo falando isso. A mídia age como uma besta fera, destruindo reputações públicas, deixando um quadro de terra arrasada, em que somente alguns sortudos, de preferência com poder financeiro para influenciar a mídia (vide o caso do Daniel Dantas, no Brasil, e do Berlusconi, na Itália), ou simplesmente os preferidinhos da mídia (caso do José Serra, Aécio Neves e toda e tchurminha do PSDB), tem espaço político e paz de espírito para respirarem. O que tenho notado é que a mídia tem um poder muito forte de abalar PSICOLOGICAMENTE as pessoas. E homems públicos são pessoas. Por mais que a imagem do homem público seja negativa diante da opinião pública, e com certa razão, eles são pessoas com psiques, complexos, medos, taras, e se a mídia tem o poder de abalar sistemas políticos, que dirá de sistemas psicológicos. O Vargas se matou por pressão psicológica e temos assistido, no decorrer das crises políticas que a mídia inventa a todo momento, a ferocidade e a crueldade com que a mídia e seus pit-jornalistas tratam figuras ligadas ao governo Lula.
Muitos têm se perguntado porque o governo Lula não reage. Alguns chamam o governo de covarde. Mas eu penso que a mídia tem justamente procurado isso. Provocar o governo para que ele reaja com agressividade. Para poder chamá-lo de autoritário. Inimigo da liberdade de imprensa, etc. Na última vez que o Lula se irritou de verdade com um jornalista foi no episódio daquele imbecil do Larry Rother, que o chamou de bêbado, falou mal da mãe do Lula e ainda insinuou que o pai de Lula estuprava os filhos. Em qualquer país do mundo, um jornalista desses seria considerado persona non grata e teria seu visto de permanência cancelado. O Bush cancela a todo momento vistos de jornalistas indesejáveis. Ninguém fala nada. Alguém defendeu Lula? O povo defendeu, mas a imprensa e a classe política caiu de pau em cima do Lula. Que aconteceria se o governo partisse para cima da imprensa? De vez em quando, Lula dá umas estocadas em setores da imprensa, mas partir para a agressão, como querem alguns, seria realmente uma boa idéia?
O fato é que a mídia acaba atingindo seu objetivo. Ela provoca o governo, e o deixa numa sinuca de bico. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. O governo reage e aí é autoritário. A reação é brutal. Chamam-se os órgãos internacionais. Autoridades americanas fazem declaraçoes agressivas sob a falta de democracia no Brasil. A crise politica se aprofunda. Grandes empresarios declaram uma paralizaçao patronal no pais. Instaura-se o caos.
O governo não reage? Os cidadãos, que assistem revoltadíssimos à arbitrariedade tendenciosa mídia, beneficiando setores políticos anti-populares, ruins de voto, os cidadaos chamam o governo de covarde.
A situação é delicada para o governo. Por outro lado, acho que os quadros políticos, os que foram eleitos para isso mesmo, precisam se manifestar com mais ênfase. Sobretudo, o governo precisa valorizar muito a web como forma de se defender na guerra da informação. E, nós cidadãos, precisamos saber que, no mundo de hoje, é necessário tanta coragem e bravura como nos tempos das guerras. A guerra hoje é virtual, mas é guerra do mesmo jeito. É fundamental termos generais experientes elaborando as grandes estratégias, mas também é essencial a coragem dos soldados, no calor do campo das batalhas. E isso, eu sinto que existe.
Eu recebi um comentário, outro dia, que eu apaguei e dediquei o desprezo mais tranquilo que tenho. Ele comentava um post meu sobre o fato de eu ter feito uma viagem internacional e conhecido Paris. “Ué, pensei que o POVO não tivesse dinheiro para viajar”. Evidentemente, era um desses imbecis fascistinhas de merda que infestam a caixa de comentários do jornal Globo e vivem enchendo o saco por aí, anônimos. Mal amados. O ídolo dessa massa de doentes mentais que transita pela web é, naturalmente, o Reinaldo Azevedo, o Tio Rei deles. Pois é, esse pessoal realmente acredita que os únicos inteligentes, cultos, espertos, com condições de conhecer o exterior, são os que votam na direita. O Partido dos Trabalhadores, para eles, se tornou uma espécie de caricatura monstruosa que representa todos os vícios e pecados da humanidade. É ridículo o maniqueísmo com que essa gente pensa a política brasileira. Eles não entendem que, se um Vendido como o Reinaldo Azevedo demoniza daquela forma o PT é porque ele, por outro lado, SANTIFICA o seu partido de estimação, o PSDB. Ora, o PT tem seus defeitos, assim como o PSDB deve ter suas qualidades (não sei quais, mas deve ter, como saber usar o garfo do peixe num restaurante, por exemplo), mas dai a tecer uma verdadeira metafisica sobre o mal profundo que o PT e seus maléficos PETRALHAS representam, é de uma desonestidade, uma burrice ou mau caratismo que envergonha o genero humano. Olha, eu posso nem gostar do PT, posso nao votar no PT, posso nutrir antipatia irracional pelo PT, mas partir para esse maniqueismo tacanho... O PT é o unico partido cuja direçao é eleita democraticamente. Muito diferente do PSDB, onde principes tomam decisoes em restaurantes cinco estrelas de Sao Paulo. O PT é o segundo maior partido do Congresso Nacional e, segundo todas as pesquisas, o partido mais popular do Brasil. Enfim, nao é um monstro. Eh um partido grande, bem sucedido, que DEVE ser mais respeitado, inclusive pela esquerda, que nunca vai conseguir tirar da cartola, como passe de magica, um novo partido, grande, forte e capaz de enfrentar os dragoes. Tem suas contradiçoes, seus corruptos, suas lacunas ideologicas. Mas qual partido nao tem?
Bem, estamos batendo papo. Alonguei-me demais. Até a próxima.
PS: Fiz um comentario a este texto, publicado na Novae, que reforça algumas teses expostas neste artigo e refuta a teoria de que Nelson Jobim seria uma "quinta coluna" tucana.
Voltamos no dia 6 de agosto, segunda-feira
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Os amigos sabem que eu e minha companheira saimos numa longa viagem. Ganhamos passagens, por conta de um trabalho da Priscila e ficamos no estrangeiro e conhecemos diversas cidades na França e Italia. Eu continuei trabalhando por aqui mesmo, pela internet e a Pri fez bicos em restaurantes e lojas. E assim conhecemos alguns cantos diferentes deste planeta estranho, onde cada um fala um idioma diverso. Bem, passaram-se 9 meses e a gente ja esta voltando. Estamos de volta no dia 6 de agosto, proxima segunda-feira, com a vontade de Deus.