28 de fevereiro de 2011

Boa análise de Janio de Freitas

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(Jonathan Meese, artista contemporâneo alemão)


Achei interessante esse artigo de Janio, uma análise perspicaz sobre os dilemas da oposição, além de detectar a estratégia de Dilma para lidar com seus adversários. Se a oposição não tem argumentos com os quais combater um governo com bons números para mostrar, restou-lhe uma oposição histérica, subjetiva e perfunctória. A partir do momento, todavia, que Dilma procura estabelecer um diálogo amistoso com setores da oposição, esta terá dificuldade para prosseguir sua estratégia de ataques ad persona. Janio se arrisca e menciona o "oposicionismo em meios de comunicação martela no alarmismo, com os dados insatisfatórios, e produz sempre um "mas" para juntar aos dados positivos."


Um desejo de Dilma

Janio de Freitas

Relações positivas entre a presidente e a oposição poderiam resultar em uma reordenação até imprevisível

AS DIFERENÇAS de métodos e de modos entre Dilma Rousseff e Lula ganham um componente novo, e impressentido pelas inúmeras comparações feitas dos dois. Decorre de particularidade pessoal da presidente, mas, não menos, de uma condição especial que distingue politicamente sua Presidência de todas as anteriores, não só de Lula.

O desejo de Dilma Rousseff de reuniões desarmadas com oposicionistas, bem simbolizado na cordialidade do encontro e do seu convite a Fernando Henrique Cardoso, contrasta com a rigidez atribuída, naquelas comparações, a seu temperamento e a sua atitude política na Presidência. Até aí, uma novidade interessante. A partir dela, porém, projeta-se um elemento indigesto a mais no embaraço em que a oposição está desde que o governo Lula começou a construir fisionomia própria, não mais apenas de constrangida prorrogação do antecessor.

A satisfação com a política econômica, nas classes média e alta, e a recepção das medidas populares deixaram a oposição, no governo Lula, sem matéria substancial para fazer o seu papel.
Ir além do governo, com propostas mais avançadas, era inconcebível pelo conservadorismo que impregnava, e impregna, a oposição. Restou o oposicionismo superficial, aos modos pessoais de Lula, às práticas permanentes de populismo, e a uma ou outra posição na política externa -as relações com Chávez, com a complicada Bolívia de Evo Morales, com o Equador, mais tarde com o Irã, nada que desse forças à oposição.

O embaraço oposicionista se repete. O oposicionismo em meios de comunicação martela no alarmismo, com os dados insatisfatórios, e produz sempre um "mas" para juntar aos dados positivos. Entre deputados e senadores, até agora a oposição limitou-se à cômoda hipocrisia de defender um salário mínimo que sabia não ser aprovável e contrário a tudo o que sempre disse e fez, quando governo. Os ataques pesados emitidos por José Serra caíram no vácuo, nem os parlamentares do seu partido o embalaram.

Nesse embaraço revestido de falta de criatividade, a tendência de uma relação cordial entre a presidente e lideranças oposicionistas é estender-se, forçosamente, dos modos pessoais aos modos políticos. O que funcionará, em silêncio, como uma restrição aos ataques exaltados que, incidentes embora em aspectos superficiais ou de expressão limitada, constituem o oposicionismo.
O embaraço do embaraço.

Fernando Henrique e Lula gostariam muito de ter conseguido algum grau de convívio amistoso, pessoal e político, com lideranças das respectivas oposições. Não esconderam esse desejo, nem conseguiram dar um passo na direção dele. Dilma Rousseff desfruta de uma condição que faltou aos dois, como é próprio das Presidências.

Sua origem e seu percurso para chegar ao Planalto não se fizeram na vida política, nas disputas partidárias, nos embates parlamentares, nas lutas entre oposição e governo. Dilma Rousseff não traz, nem deixou nas eminências partidárias, ressentimentos e idiossincrasias que podem ser disfarçados, mas não são inativos. Conduzem, mesmo, grande parte da política. Não, até agora, em relação a Dilma Rousseff.

Em efeito extremo e, sobretudo, improvável, relações positivas entre a presidente e lideranças oposicionistas poderiam resultar em ambiente e reordenação política, ou partidária, de importância até imprevisível. Mas levar as coisas a tal ponto conflita com as ambições pessoais, que se juntam sob a máscara de objetivo ou interesse partidário. Se, no entanto, do propósito manifestado por Dilma Rousseff surgir algo novo, já será avanço. Qual e quanto, importa menos.

O inimigo agora é outro

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(Judith, segurando a cabeça de Holofernes, em pintura de Lucas Cranach, o Jovem).

A articulação de Kassab para sair do DEM e ingressar no PSB, através de uma longa e tortuosa artimanha jurídico-partidária, me lembrou esses casais que preparam o casamento com um antecedência de mais de ano, o que sempre me pareceu prova de invejável determinação e autoconfiança. Quanta coisa pode acontecer num ano! A metáfora, no entanto, não é muito boa porque não dá conta do aspecto burlesco do caso. Analistas políticos já começaram a troçar, e com toda razão.

Não temos, porém, apenas um caso burlesco. Há um componente maquiavélico também. E tão óbvio que já foi parar na lavanderia da Barão de Limeira. Renata Lo Prete, colunista da Folha, deu nota hoje em que nega a existência de fantasmas, mas admite que há ruídos estranhos na casa.

Não procede a ideia, propagada pelos petistas mais desconfiados, de que toda a movimentação de Gilberto Kassab (DEM) se dá em sintonia oculta com José Serra (PSDB). Mas também não é verdade que os possíveis destinos partidários do prefeito de São Paulo sejam todos igualmente mal vistos por aquele que o projetou na política. A ida para o PMDB, agora praticamente descartada, seria puro prejuízo para Serra, dado que a sigla não só está com Dilma Rousseff como ficará com o PT em 2014. Já a migração para o PSB, com ou sem passagem por uma nova legenda "de transição", poderia render dividendos no longo prazo.

Quem sabe? Os serristas estão convencidos de que Eduardo Campos, dono do PSB, não conseguirá realizar o sonho de desalojar o PMDB e ser vice na chapa de Dilma ou de Lula em 2014. Isso posto, poderia ser atraído para um projeto alternativo -ainda que o tucano mais próximo do governador de Pernambuco seja Aécio Neves.

Outra grã-fina da imprensa paulista, a Eliane Cantanhede, vai na mesma linha:

(...) é cedo para o governo federal e o PT comemorarem. Ok, o apoio a Dilma vai aumentar, mas o PSB, que já tem Eduardo Campos e Ciro Gomes e colecionou vitórias nas eleições de 2010, vai encorpar e disputar forças com o PMDB. Os dois podem "ensanduichar" o PT. O PMDB já é o maior partido, o PSB infla, e o PT está cheio de si e de cargos, mas não é porto seguro para os "neogovernistas" loucos para virar dilmistas desde criancinhas. Como ficam os "aliados" agora e na eleição de 2014?

A tese das jornalistas encaixa-se perfeitamente no que já vem dizendo há tempos Wanderley Guilherme dos Santos: o inimigo agora é outro. E falo em inimigo apenas para fazer uma paródia com o lema do filme Tropa de Elite II. Se no primeiro filme, combatiam-se traficantes, no segundo, a guerra se dá contra a própria polícia. Uma guerra doméstica, portanto.

É uma questão lógica. O discurso de que não há oposição no Brasil não procede. Ela pode estar quieta, como os fantasmas, mas "que los hay, los hay", e não necessariamente virá dos partidos conservadores tradicionais.

O problema, afinal, não é o PSB querer disputar a presidência em 2014, e sim quais serão seus aliados nessa empreitada. A recepção calorosa que a direção socialista organiza para o prefeito paulista e a participação do PSB nos governos tucanos de São Paulo e Minas Gerais mostra que o partido se tornou uma espécie de coringa no baralho político nacional. Ele pode ir para qualquer lado, mas tem procurado, principalmente, atrair nomes de peso do conservadorismo nacional: latifundiários, presidentes da Fiesp, ex-caciques do DEM... O que me leva a pensar que o PSB poderá, de fato, vir a se tornar a ponta-de-lança que irá ferir as costas da esquerda brasileira e abrir caminho para alguns temerários gengis khan (que bem conhecemos...) voltarem ao comando das legiões.

Uma terceira mulher, Luiza Erundina, que presumo tenha alguma experiência política, também percebeu do que se trata:

"O PSB não pode ser barriga de aluguel. Kassab é o plano de Serra para derrotar Alckmin. É um pedaço do PSDB tentando derrubar outro pedaço do PSDB."

Mas eu acrescentaria uma observação: o plano pode ser de Serra, mas é para emplacar Aécio em 2014. Serra, já resignado com falta de condições políticas para se candidatar novamente ao cargo máximo, opera nos bastidores para se tornar o lider que levará o mineiro ao Planalto, ganhando terreno para ser, desde agora, presidente do partido e, após a vitória em 2014, talvez ministro da Fazenda...

27 de fevereiro de 2011

Apertem os cintos, a história está viva!

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(O povo árabe derruba seus ditadores)

Retorno à labuta blogueira! Assuntos não faltam. A palavra revolução voltou a figurar em manchetes e a Dona História, esta velha senhora de humor irascível e supreendente, provou mais uma vez que não morre tão fácil!

A luta pela liberdade no mundo árabe emociona os analistas mais cínicos e produziu uma rara e histórica convergência entre ideologias distintas. Conservadores e progressistas se uniram, finalmente, em torno dos mesmos valores democráticos.


Naturalmente cada um procura puxar sardinha para seu lado. A guerra da comunicação prossegue, e é lamentável que a Telesur, tv estatal venezuelana, tenha se desmoralizado através de uma cobertura pró-Kadafi. Enquanto isso, articulista do Globo lembra hoje que Ronald Reagan, o grande, chamou Kadafi de "cachorro doido" em 1986.

Mas há ainda muita desconfiança no ar. Por ocasião da queda de Mubarak, envolvi-me num debate por email com vários colegas que interpretavam os desdobramentos finais da revolução egípcia como um grande engodo patrocinado pelos Estados Unidos. "É um golpe militar bancado pela CIA", respondiam, irritados e lacônicos, enquanto eu me esgoleava tentando fazer-lhes ver que, àquela altura do campeonato, a Casa Branca comprava a peso de ouro qualquer coisa que se movimentasse a favor do vento, tentando desesperadamente manter-se influente.

Há também bastante amargura, confundida muitas vezes com rebeldia, mas que bloqueia a visão, impedindo a pessoa de chamar belo o que é bonito. Nenhuma revolução é pura. Simon Bolívar libertou a nossa América Latina, e nunca escondeu que o fez com ajuda do novo imperialismo inglês. Os marxistas cansaram-se de apontar os fatores econômicos, muitas vezes mesquinhos, que levaram à eclosão da revolução francesa.

A beleza de uma revolução não está na virgindade de seus protagonistas, ou na maneira pela qual ela é conduzida. Muito pelo contrário. Revoluções trazem caos econômico, mobilizam aproveitadores e despertam novas formas de poder, às vezes tão ou mais malignas que aquelas que destruiu.

Existe um fator, todavia, que galvaniza toda luta pela liberdade: é a única experiência concreta que leva o indivíduo e a sociedade a adqurirem consciênca do valor da independência individual e nacional.

Semana passada, entrei na vasta biblioteca do Centro George Pompidous, em Paris, meditando em que eu poderia ler para entender o que acontecia no norte da África. A história do Magreb? Uma revista especializada? Algum jornal independente do Egito? E nem precisava estar naquele templo: a quantidade de informação disponível na internet atingiu um patamar quase assustador.

Parece-me, contudo, que chegamos a um momento da história em que não basta nos informarmos. Nem creio que isso advenha simplesmente do crescimento quantitativo de material jornalístico no mundo, hiper-amplificado pela popularização da internet. No tempo da revolução francesa, dificilmente alguém entenderia os acontecimentos apenas lendo os jornais. É preciso olhar um pouco mais fundo.

"Savoir, penser, rever, tout est là!", escrevia um romântico Victor Hugo, na primeira metade do século XIX, num artigo que, no entanto, defende o desprendimento do artista em relação a qualquer engajamento partidário. O texto introduz um poema que expressa os dilemas do poeta diante das rebeliões políticas de seu tempo. Esse distanciar-se das escaramuças entre os partidos, para Victor Hugo, significava a liberdade para intervir de maneira mais efetiva e grandiosa, já que Hugo via o poeta como uma espécie de filósofo político, e ainda mais livre que este último, por não estar presos aos grilhões lógicos da filosofia. O poeta busca o saber, o poeta pensa, mas o poeta também - e sobretudo - sonha! A interpretação de Hugo, hoje demodé, cumpriu seu papel à época: fazendo Rimbaud viajar sem dinheiro do interior da França à Paris, para participar das barricadas de 1871 e Castro Alves erguer a voz no Teatro Municipal do Rio em defesa dos negros brasileiros.

Essa dimensão do sonho porventura é subestimada por cérebros mais frios e racionais, embora esteja tão claro que nenhuma mudança política acontece sem antes incendiar os sonhos do homem. Os marxistas, em seu afã para transformar os sonhos de liberdade da espécie humana numa pílula antidepressiva, vendida apenas nos escritórios do partido, perderam participação no mercado dos ideais.

Nas democracias, os marketeiros tentam ser mais espertos que os marxistas, e douram a pílula ao máximo. Não foi a tôa que Serra pagou um milhão para o guru indiano, um especialista em despertar a fantasia das pessoas; neste caso seja uma fantasia adolescente idiota e despolitizada.

Então eu decidi passear entre as estantes de filosofia e catei um texto de Heidegger sobre a liberdade. Dei sorte. Até anotei um trecho. Vejam se não se encaixa maravilhosamente no que está acontecendo por aquelas bandas?

Com efeito, em toda parte onde nasce um saber sobre a liberdade, a liberdade é antes de tudo entendida no sentido negativo, como independência em relação à... E esta imposição da liberdade negativa e talvez do negativo em geral, pressupõe que o ser-livre é vivenciado como um tornar-se livre de uma opressão. É necessário que o desprendimento, a rejeição às cadeias, a repulsão às forças ameaçadoras, seja uma experiência fundamental do homem, pela qual a liberdade, no sentido negativo, advém à claridade do saber. O conceito positivo de liberdade, por sua vez, significa: autonomia da vontade e auto-legislação.

A revolta árabe suscita ainda muitas questões caras à Ciência Política, a qual se torna enfadonha e anacrônica quando não se atualiza constantemente à luz dos acontecimentos reais. Há uma tese, por exemplo - e esse é o tipo de conhecimento que podemos adquirir no Brasil lendo os livros do Wanderley Guilherme dos Santos - que vende a hipótese (muito plausível, a meu ver) de que a maneira como o homem se organiza politicamente está escrita em seu DNA. Como as formigas, os leões e os jacarés, o homem porta dentro de si uma experiência de milhões de anos de vida na Terra. Claro que não vem indicado se tendemos ao voto distrital ou proporcional, se é melhor adotarmos parlamentarismo ou presidencialismo. Alguns cientistas políticos, no entanto, enquanto bebericam uísque ao fim de um dia dedicado a complicados estudos, sonham que o homem carrega, em seu próprio gene, algo que o condiciona, um momento ou outro, a lutar por sua liberdade. E que a democracia, enquanto forma de organização política e social, é apenas uma consequência natural de forças biológicas presentes na composição genética e nas profundezas do subconsciente humano.

Há uma famosa citação do Walter Benjamim, a tal sobre o Anjo da História, que olha o passado e só vê destruição. Entendo que Benjamin, traumatizado pelos horrores do nazismo, tenha optado por uma imagem assim, que se tornou tão a gosto da melancolia intelectual que domina as academias. Mas falta um Mefistófeles nesse Fausto. A história do homem é também a história da luta pela liberdade, e nesse sentido, mesmo os acontecimentos mais sinistros deram sua contribuição para a formação de uma consciência democrática e livre. É uma luta interminável, claro, visto que grande parte da humanidade ainda vive em condições de opressão política ou econômica. Mas, como observa Heidegger, a experiência da tirania e da luta contra ela é fundamental para que os povos assimilem o que significa a liberdade - e sua ausência.

25 de fevereiro de 2011

De volta

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à terra do sabiá. Neste final de semana, faço uns ajustes no blog para deixá-lo minimamente utilizável. Mas estou feliz em ter voltado para o blogspot.
Segunda-feira, vida nova.

11 de fevereiro de 2011

O ditador caiu, e agora?

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As multidões venceram, o ditador renunciou, o odiado congresso foi dissolvido e o presidente do supremo tribunal militar assumiu o poder. Ã? Os militares assumiram o poder? Isso é vitoria democratica? Pois é, na atual conjuntura egipcia, sim. Os militares, especialmente os oficiais de baixa e média patente, são vistos como aliados dos egipcios que protestavam na praça Tahrir.


Até discuti no Twitter com um colega sobre isso, explicando que o vacuo do poder não permitia alternativa. Ele respondeu, amargamente, que essa historia de vacuo de poder era usada por 9 entre 10 golpes de Estado. Eu respondi que ele estava certo, mas não eram 9 entre 10 e sim 10 entre 10. O que eu não tive tempo de falar na hora, e falo aqui, é que toda democracia também começa através de um golpe de Estado, e todas com ajuda do exército.

O movimento que deflagrou nossa primeira republica contava com apoio do exército e nossos primeiros presidentes foram militares: Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto...

Todo poder politico nasce de um golpe. Getulio Vargas, por mais que o admiremos, aplicou um golpe de Estado em 1930.

Sei que essa argumentação é incômoda, porque nos levaria a justificar o golpe de 1964. Mas a historia da humanidade é mesmo complicada.

O dinamo do poder, de qualquer forma, não parece estar sequer nas constituições, ja que estas são facilmente rasgadas ou tão modificadas que dificilmente identificamo-lhes o sentido original. O dinamo esta no povo, ou melhor, no estomago do povo, e nesta sensação algo misteriosa, e sempre dubia e subjetiva, a que chamamos liberdade.

Prefiro ser otimista, portanto. Os egipcios conseguiram o que queriam. Naturalmente o pais não se convertera automaticamente numa democracia escandinava. E o governo provisorio, chefiado por militares, não representa o ideal de nenhum democrata. Mas é o que os egipcios queriam, e isso é o que importa, e não quero subestimar sua inteligência e audacia.

A renuncia de Mubarak foi saudada com o entusiasmo alucinado que so vemos numa vitoria de Copa do Mundo, mas de um tipo naturalmente muito mais nobre, muito mais duradouro.

A Economist lembra que o golpe militar de hoje se assemelha ao de 1952, quando oficiais revolucionarios derrubaram uma "democracia pluralista". Mentira! O governo pré-1952 no Egito era apenas uma espécie de testa-de-ferro dos interesses ingleses. De maneira geral, toda a imprensa corporativa, obrigada a elaborar uma contextualização historica do Egito, trata a revolução de 52 e, sobretudo, a figura de Gamal Abdel Nasser de forma condescendente, focando apenas em seus aspectos negativos, que naturalmente existem. Mas ninguém cita a profunda reforma agraria feita por Nasser, desvirtuada pelos governos seguintes. Ninguem cita os relatos de que, sob Nasser, o Egito viveu tempos de prosperidade econômica, justiça social e renascimento artistico. Nasser nacionalizou as grandes companhias européias que exploravam os serviços publicos do pais, dando autonomia politica ao povo egipcio. Nasser tentou juntar os povos arabes a elaborar uma politica progressista para a Africa, coisa que jamais nenhum estadista europeu ou americano jamais procurou fazer.

Em seu livro Filosofia da Revoluçao, Nasser observa que é preciso pensar o Egito através dos conceitos de tempo e espaço: ou seja, o Egito estava ligado a um tempo historico, e ocupava um lugar especifico no mundo, geograficamente falando. Não era (e ainda o é menos hoje) um pais isolado. Estava rodeado de outros paises arabes, com os quais se relacionava e com os quais precisava dialogar para progredirem juntos.

Nasser, como todo arabe, era profundamente tocado pelo sofrimento do povo palestino, assim como o egipcio de hoje é emocionalmente marcado pela tragédia iraquiana (e também pela palestina).

Enfim, não sei se a historia se repete, mas as agruras e demandas humanas sim, são quase sempre as mesmas. Pobreza, corrupção, violência, os males que assolam os povos continuam desfilando juntos no mesmo bloco de carnaval, usando mascaras parecidas, ha milhares de anos.

10 de fevereiro de 2011

O influente nariz de Cleópatra

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“Todos os estranhos e terríveis acontecimentos são bemvindos, mas o conforto, desprezamos”, Cleopatra, rainha do Egito (69 a 30 anos antes de Cristo).

(Desculpem a falta de acentos em algumas palavras, estou na França, usando um teclado estrangeiro e ainda por cima um Mac. Consegui corrigir um pouco usando um editor de texto, mas acabei tirando alguns pontos finais, sei la porque...)

Tenho pesquisado sobre o Egito, e gostaria de trocar algumas ideias com vocês. Os jornais franceses publicam diariamente artigos sobre os acontecimentos da praça Tahrir, mas os articulistas perderam muito tempo se acusando mutuamente de manter posições moderadas ou radicais, em vez de se dedicarem a explorar as razões profundas da revolução na terra dos faraós. Deixei por fim os jornais de lado e enfiei o nariz na rede. Encontrei um excelente artigo sobre a blogosfera egípcia, que na verdade é quase uma monografia.


Também resolvi pesquisar mais sobre a historia moderna do Egito, sobretudo a figura de Gamal Abdel Nasser, o primeiro grande líder da era republicana e independente do país. Li biografias de Nasser na Wikipedia e outros sites. E encontrei partes de seu livro disponíveis na internet, intitulado Filosofia da Revolução, Parte I, Parte II e Parte III. As paginas estão viradas, entao você tem que salvar no seu computador, abrir com o Acrobat Reader e mandar girar no sentido anti-horário. Está tudo em inglês

Engraçado como as coisas se ligam. Parece papo de doidao de lsd, mas é verdade. Estou na cidade onde viveu Blaise Pascal, que escreveu que "se o nariz de Cleopatra fosse mais curto, isso teria mudado o destino do mundo", uma frase que já usei - forçando a barra, tanto eu gostei dela - num post sobre política brasileira. Foi também em Clermont-Ferrand que o papa Urbain II - acabei de ler essa informação ao pé da sua estátua - abençoou, numa missa, a primeira Cruzada, a qual, segundo Nasser, marcaria tanto o inicio dos movimentos que levariam ao renascimento europeu como o inicio de um período de grande decadência para o Egito.

Afinal o belo e grande nariz de Cleopatra - cuja beleza altiva seduziu Julio Cesar e Antonio, e separou os dois aliados - não foi a única influencia do Egito sobre a nossa civilização. A escrita, a medicina, a astronomia, a própria literatura ocidental, as modernas técnicas agrícolas, tudo nasceu nos vales do rio Nilo.

A imagem que temos do Egito Antigo em geral é apenas negativa, de faraós cruéis reinando sobre uma multidão de escravos. Não era bem assim. A Europa sempre teve reis exercendo poder totalitário e nem por isso deixou de produzir beleza, ciência e civilização. Houve tempos de paz, estabilidade, justiça e progressismo no Egito dos faraós, o que se pode inclusive ler no Velho Testamento. O injustiçado José, traído por seus irmaos, que o vendem a mercadores que operavam no Egito, acaba se tornando chanceler do farao, numa prova de como o regime permitia ascensão social de ex-escravos.

A arte antiga egípcia tem uma sofisticação e qualidade que o ocidente alcançará apenas milhares de anos depois.

Mas falemos do Egito contemporâneo, do Egito rebelde, libertário e democrático que emerge das ruas, cantando e enfrentando com bravura um regime hipócrita, cruel, assassino e submisso ao que ha de pior no imperialismo americano.

As manifestações recentes, que surpreendentemente parecem se intensificar cada vez mais, ao contrario do que previam inclusive os esquerdistas jornais franceses, não sao as primeiras que o pais experimentou nas ultimas décadas. Os egípcios tem se manifestado constantemente neste inicio de século, mas nada se compara ao que vemos hoje.

Voltemos entao a revolução de 1952, que derrubou o rei Farouk, um pupilo das potências ocidentais, cujo conservadorismo e corrupção lembram muito o regime atual de Mubarak. Em seu livro Filosofia da Revolução, Nasser traça um retrato das imensas dificuldades enfrentadas pelos revolucionários para evitar que o processo de transição política descambasse em revanchismo violento, e sobretudo para conciliar dois movimentos que se chocavam, mas que eram ambos necessários: a revolução política, que pedia união de todas as classes em prol do fim do domínio estrangeiro, e a revolução social, que exigia conflito de classe para produzir justiça e igualdade. Nasser tentou conduzir simultaneamente as duas revoluções, embora tivesse consciência de que, na maioria dos países, houve séculos de intervalo entre elas. Para fazê-lo, sacrificou a democracia. Foi uma espécie de Getulio Vargas do Nilo. Prendeu comunistas e muçulmanos ao mesmo tempo em que se aliava politicamente à União Soviética, criando assim o bloco dos países não-alinhados, e servindo de exemplo para todo o Terceiro Mundo. Ao mesmo tempo em que ampliava o controle sobre os meios de comunicação, realizou uma vasta reforma agraria, limitando a propriedade de terra a 200 acres e, com isso, aplicando um golpe mortal no latifúndio.

Sua açao política mais importante, no entanto, e onde provavelmente mais incomodou as grandes potências da época, foram seus esforços para unir o mundo árabe em torno de valores e objetivos comuns e o apoio que deu para que a Africa negra também se unisse.

Mas Nasser falhou miseravelmente ao não enxergar a importância de criar instituições que sobrevivessem a sua gestão. Nasser morreu e o sonho acabou. Seus sucessores, primeiro Sadat, e principalmente Mubarak, destruiriam sua obra. O mundo árabe se fragmentaria em ditaduras isolacionistas sem nenhum compromisso com o desenvolvimento da Africa, sendo que é evidente que a pobreza do continente negro se reflete negativamente nos países mediterrâneos. O Egito conquistara a independência política e instituíra um sistema republicano moderno. Mas ao não investir na consolidação de instituições democráticas, abriu espaço para um terrível retrocesso, com a cristalização de oligarquias e a corrupção de todo sistema.

Novamente, portanto, o Egito se vê diante do dilema de conduzir duas revoluções, uma política, outra social. As potências ocidentais aceitam apenas a primeira, ou nem isso, pois sabem que a essa altura do desenvolvimento da consciência do povo egípcio, não pode haver uma revolução política que não implique em revolução social. Por isso insistem que se trata de uma revolução de classe média. O que de certa forma é verdade. E ai está a grande ironia, e a pungente beleza da historia e de todo processo revolucionário. A classe média egípcia encontra-se de tal forma empobrecida que ela se tornou povo. Trata-se de uma realidade que se repete em todo o mundo árabe e em toda Africa. A classe média desapareceu, dando lugar a sociedades profundamente cindidas: de um lado, os amigos do poder, de outro, a massa.

As implicações geopoliticas dos acontecimentos no Egito descortinam horizontes de liberdade para os mais de 400 milhões de árabes que labutam no norte da Africa. Ha um fator cultural e psicológico poderoso, pois não estamos falando de mais uma revolução islâmica, mas de exigências genuinamente democráticas. Alias é interessante observar que uma das causas do sucesso do islamismo sempre foi o seu respeito pelas agruras sociais, e o esforço que faz para combatê-las. Essa é a diferença entre as manifestações da juventude iraniana e egípcia. Os jovens persas protestam contra um sistema político, mas não tem o apoio popular maciço que vemos no Egito porque o regime islâmico, pese seus terríveis defeitos no campo da democracia e dos direitos humanos, sempre se mostrou bastante progressista no que se refere à luta contra a pobreza. O desemprego no Iran é baixo, enquanto no Egito atingiu um nível insuportável.

"Toma-se conhecimento do fim da guerra pela alegria do porteiro", diz o delicado personagem de Marcel Proust, ao observar como o publico de uma peça de teatro, composto na maioria por pessoas muito distantes de qualquer erudição, tem sensibilidade suficiente para apreender se o desempenho da atriz foi bom ou ruim. Da mesma forma, a revolução no mundo árabe, ou em qualquer parte do mundo, incluindo o Brasil, só pode ser adequadamente medida pelo bem estar das pessoas simples.

Continuando minha conexão França - Egito, ha um trecho da Historia da Revolução Francesa, obra-prima de Jules Michelet, que me comoveu muito. Ele descreve o povo francês como o mais resignado da Europa, tendo suportado humilhações que seus primos ingleses ou germânicos jamais suportariam sem se rebelarem. Ha um limite, porém, mesmo para o mais covarde e submisso dos povos, e a mais negra injustiça, assim como a mais tenebrosa escuridão, torna mais brilhante a luz da justiça. E o povo francês se revolta. E o mais humilde dos povos se converte no mais altivo, no mais terrível defensor da liberdade.

A historia é plena desses contrapesos, dessas dialéticas imprevisíveis e avassaladoras. A nós, nos resta torcer para que a liberdade do povo egípcio, de todos os árabes, de toda Africa e, porque não sonhar, de todos os povos oprimidos, cintile, queime, e reduza a cinzas, esse egoísmo odioso, retrógrado e antidemocrático que ainda rege, qual faraó enlouquecido, os destinos da humanidade!

7 de fevereiro de 2011

Insônia blogueira

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(pintura de Basquiat, só para enfeitar o blog)

Passei a noite lendo blogs. Eis uma relação dos links que achei mais interessantes.


  • Nassif faz uma excelente e mordaz análise sobre o (não) futuro político do PSDB. Eu também li o artigo de FHC no Globo deste domingo, e novamente me impressionei com a repetição de bordões tediosos, previsíveis, e observações superficiais e equívocas. O farol mistura um pouquinho de Miriam Leitão aqui, Merval acolá, tempera com Dora Kramer e Magnoli, e está pronta sua macarronada de molho gordurento e sem gosto.
  • Ainda sobre o FHC, essa nota me provocou náusea profunda, mas é algo que devemos espalhar ao máximo, porque é uma vergonha que o Ministério da Cultura tenha dado 5,6 milhões de reais para o Instituto FHC digitalizar seus arquivos, e depois mais 6 milhões de reais para o mesmo motivo. Cadê os arquivos? Pior, o instituto sequer está conseguindo prestar contas.
  • Vale a pena também olhar essa matéria sobre o vazamento de recados do embaixador americano no Brasil, onde ele revela sua indignação contra o fato do governo brasileiro ousar ter uma opinião própria e independente sobre o oriente médio. O viéis usado pelo Globo para dar a notícia insinua, como de praxe, que o embaixador americano e os judeus de extrema-direita entrevistados pelo jornal (segundo os quais Lula seria antissemita) é que estão certos. 
  • Interessante observar que o Globo dá a palavra a um diplomata egípcio nomeado por uma ditadura odiosa, que baseia sua opinião em afirmações de lideranças árabes igualmente totalitárias - sem oferecer direito de resposta a algum representante de nosso governo democrático ou mesmo de alguém não do governo, mas ligado ao tema.

Daqui a pouco eu dou um jeito no design do blog, que está muito simplório...

6 de fevereiro de 2011

De volta a Clermont-Ferrand!

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(A catedral de Clermont-Ferrand, construída com rocha negra vulcânica, tem um aspecto imponente, ao estilo altivo, poderoso e deslumbrante das igrejas na idade média. Sua grandeza, destoando do casario simples da cidade, servia para mostrar quem é que mandava).


Estou em Clermont-Ferrand, cidadezinha encrustada bem no centro da França onde já estive duas vezes. Acompanho minha consorte, organizadora de uma mostra de curta-metragens latino-americanos junto ao Festival Internacional de Curta-Metragens que acontece todos os anos na cidade e é o maior do gênero no mundo.

Ficarei por aqui uma semana, depois vou-me a Paris, onde permaneço até o dia 19 de março.

Aproveito a estadia para observar o que está acontecendo no mundo árabe. A França é um excelente ponto de observação, visto que sua imprensa e seus intelectuais dedicam-se 24 horas a analisar o que está acontecendo por lá.

Quanto ao blog, aos poucos vou reconfigurando seu design e trazendo novos conteúdos. Confesso que estou  bem mais aliviado agora que tomei a decisão de voltar ao blogspot. O wordpress é muito bom para hospedar sites comerciais, institucionais, etc, mas para meus objetivos, a plataforma blogger é bem mais prática.


Permitam-me ainda fazer propaganda da minha Carta Diária. Preciso vender bastante assinatura para comprar baguetes e me manter vivo. 

Algumas informações sobre Clermont-Ferrand: é uma cidade universitária, muito simpática. Como todas as cidades francesas, possui uma grande comunidade árabe. O que não faltam são lanchonetes de kebab, conhecido entre nós como sanduíche grego.

Também há muitos brasileiros, sobretudo trabalhando na Michelin, cuja sede é aqui. 

As universidades oferecem cursos para estrangeiros a custo bastante acessível, possivelmente o mais econômico de toda França, e está aí a ligação que minha mulher tem com a cidade: ela estudou e morou aqui por dez meses em 2001. Por ser uma cidade universitária, há uma quantidade enorme de alojamentos e pensões voltados especialmente para o público jovem, a preços também bastante acessíveis. 

Ontem chegamos tarde e como o alojamento que ficaríamos não tem atendentes 24 horas, viemos para um hotelzinho perto da estação. Assim que conseguirmos estabelecer o contato, iremos para o alojamento Le Phare, cuja diária custa apenas 25 euros (57 reais). Os quartos são excelentes, tem banheiro, e inclui o café da manhã. O hotel onde estamos provisoriamente custa 38 euros e tem wifi (internet sem fio) ilimitada e gratuita. 

Uma das coisas que mais me impressiona na Europa são os trens. Rápidos, confortáveis, pontuais. Viemos de Paris a Clermont-Ferrand em três horas, sentados em poltronas macias com mesinhas à frente.  

A cidade tem um herói importante, Vercingetorix, chefe gaulês que deu muito trabalho a Julio César, ganhando inclusive algumas batalhas. Há uma estátua dele na praça principal da cidade, a Place Jaude.

Aqui perto tem ainda estações de esqui, mas não teremos tempo. Não estou de férias. Continuo trabalhando normalmente, pela internet. Obrigações: fazer a Carta Diária; duas notas diárias sobre café para um site americano; atualizar o Gonzum; terminar o blog de uma amiga; escrever algumas resenhas para o Festival de Curtas da cidade; ajudar minha mulher a organizar a mostra de curtas latinos; ler os jornais para acompanhar a situação no mundo árabe; redigir longo artigo para uma revista brasileira; monitorar jornais e blogs brasileiros para saber as últimas peripécias do PIG...

Por enquanto é só. Daqui a pouco trago mais novidades.

2 de fevereiro de 2011

Voltando para casa

14 comentarios

Arrisco-me a perder meus últimos dois ou três leitores, mas tenho que fazer isso. Pensei muito e concluí que a melhor solução é voltar ao blogspot. Minha experiência com o Wordpress foi instrutiva, mas não posso dizer que tenha sido agradável. Os especialistas em TI (Tecnologia da Informação) vivem entoando loas ao Wordpress e eu, que respeito profundamente o conhecimento (ao contrário do que pensam meus adversários, que por conta de argumentações que elaborei durante alguns debates passaram a me chamar de anti-intelectual e anti-acadêmico), confiei no taco de quem entende do riscado.

Estudei o Wordpress, fiz um blog para mim, sozinho, fiz um blog para uma amiga, sozinho, comprei um domínio, contratei um provedor, e comecei a programar. A primeira pequena decepção com o Wordpress, que todos diziam possuir linguagem livre, é que você tem que pagar para poder mexer no CSS dele, ou seja, no layout. É uma merrequinha, mas tem que ter cartão de crédito internacional. Tudo bem. Paguei, e passei a mexer. Aí descobri que tinha que pagar também para poder redirecionar o blog para o domínio próprio. Paguei.

Depois descobri que é muito difícil trabalhar no wordpress sem possuir um espaço de hospedagem. Então contratei um serviço.

Só aí você vai contando os diversos gastos que o tal "software livre" me obrigou a fazer. O blogspot não cobra nada. É absoluta e irrestritamente gratuito. E você pode mexer no layout à vontade.

Enfim, faltando cinco dias para o fim do contrato com meu provedor, um tal de AwardSpace que faz meu blog cair diariamente (uma vez fiquei três ou quatro dias fora do ar), depois de analisar as ofertas que eles me fizeram - 330 dólares por cinco anos - cheguei a conclusão que é melhor ficar sem provedor e usar a plataforma gratuita e segura do blogspot.

Refleti muito e entendi que se posso trabalhar sem pagar nada, tendo um serviço muito melhor, a troco de que eu vou pôr meu blog na mão de uma hospedagem?

Naturalmente, esta é uma decisão pertinente apenas a mim. Outros blogueiros podem precisar do espaço oferecido por uma hospedagem. Eu não. Não uso emails da hospedagem. Não uso FTP. Não hospedo vários domínios. E eu trabalho com muito conteúdo, muito textos, vídeos e imagens. Não tem lógica acumular toneladas de fotos, imagens e pinturas no meu espaço, sendo que posso guardar o mesmo material na plataforma do blogspot e fazer backups periódicos para manter tudo armazenado no meu computador? Tudo de graça.

Há outros fatores, um lance antieconômico, você é obrigado a pagar mais se tiver mais acesso. O sistema de hospedagem, definitivamente, não é autosustentável.

Consegui importar os artigos, mas não os comentários.

O que importa, para vocês, leitores, é que o acesso ficará mais leve e mais estável, e o endereço permanece o mesmo: gonzum.com. E para mim a única coisa que realmente importa é trazer um bom conteúdo, independente se usando wordpress, blogspot ou o raio que o parta.