21 de abril de 2012
Raulzito Forever!
Decerto uma das figuras mais queridas do Brasil é o velho e inesquecível Raulzito! Lendo uma bela crônica do Marcelo Rubens Paiva, fui atrás de alguns vídeos no youtube com minhas músicas preferidas, e pensei que seria bom tema para um post, afinal o rockeiro figura no panteão do blog não só como um dos músicos preferidos, mas como um dos mais importantes pensadores nacionais.
Além de compositor, Raulzito era um intérprete formidável, como se vê nessa gravação de Capim Guiné, música de Wilson Aragão.
Ou essa de Pode Vir Quente, do Erasmo:
Trato Raul como pensador, porque ele tentou fazer de sua música um veículo para expressar suas ideias, e o fez de maneira genial, mesclando símbolos pop com arquétipos antigos.
Como acontece com qualquer compositor que possui uma obra densa e múltipla, entender e curtir Raul envolve uma pedagogia própria. Há músicas para todas as idades, épocas e circunstâncias emocionais.
Lembro-me, por exemplo, de cantar Maluco Beleza junto com um amigo, num barzinho em frente ao colégio. Ali era o momento. Hoje essa música me enjoa um pouco.
Durante muitos anos, eu toquei "Eu também vou reclamar" ao violão, tanto que hoje em dia não suporto ouvir a música.
Aliás, a importância do filme do Walter Carvalho, sobre Raul Seixas, que ainda não tive oportunidade de assistir, reside na renovação da imagem do rockeiro. Música e literatura se beneficiam muito do cinema (e vice versa) neste sentido. Lembro da febre pelo The Doors no Rio de Janeiro, após o lançamento do filme de Oliver Stone sobre Jim Morrison. Espero que façam também um filme de ficção usando Raul como protagonista. Sua vida é incrível. Eu já li algumas biografias. Raul começou na música bem cedo, tocando em festinhas em Salvador. Ele mesmo conta que sua banda era uma das que cobrava o cachê mais caro da cidade. Aí começam a viajar pelo Brasil, dando shows. Uma vez eu fiquei num hotel em Patrocínio, interior de Minas, no qual Raul tinha ficado, com sua banda. Ele havia dado um show na praça em frente.
Não vou me estender mais sobre a biografia do Raul . Suponho que o filme deve fazê-lo com mais propriedade.
Walter Carvalho, diretor do filme, é talvez o maior especialista em fotografia do cinema brasileiro. Então o filme tem qualidade fotográfica garantida.
Outra música que eu gostava muito, e que toquei muito ao violão, era Meu Amigo Pedro:
Uma das músicas que mais revela o sarcasmo inteligente e mesmo maquiavélico do roqueiro é As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor. A letra dessa música mescla sabedoria popular e o reconhecimento de que o bem e mal não são entidades absolutas. As forças demoníacas que o homem carrega em si fazem parte do seu ser, são peças fundamentais desta poderosa máquina espiritual que temos à nossa disposição. Cabe ao homem controlar estas forças, de maneira a extrair sua energia. É assim que a ambição do conhecimento, por exemplo, que leva um homem a fazer grandes sacrifícios e a empreender uma longa e penosa jornada em busca de seu aperfeiçoamento intelectual, é a mesma ambição que faz um grande escritor, um grande pensador, tornar-se, ao mesmo tempo, uma pessoa terrivelmente invejosa. Desde que Rousseau jogou tudo no ventilador, em suas Confissões, sabemos que Voltaire, Diderot, e o próprio Rousseau tinham enormes defeitos de caráter. Voltaire e Diderot pelas cachorradas que fizeram contra Rousseau, lançando até livro anônimo com acusações contra o autor do Contrato Social. Rousseau, por abandonar todos seus filhos, pondo-os num orfanato. Nas Confissões, ele explica porque fez isso, mas é apenas uma desculpa esfarrapada escrita com erudição: segundo Rousseau, ao abandonar seus filhos no orfanato, ele pensou na República de Platão, onde as crianças seriam criadas pelo Estado; e havia um costume bem parisiense de fazer isso. Mesmo assim, Rousseau não se perdoa. Sabe que cometeu um erro terrível: privou seus cinco filhos de se instruírem junto a um dos homens mais crativos e inteligentes da época, além do amor de mãe e pai. A mãe de seus filhos era uma espécie de secretária e empregada de Rousseau, que foi sua companheira até a morte. A imposição de abandonar os filhos num orfanato veio de Rousseau, contra o desejo da mãe.
Como ia dizendo, Raul expressou esse conhecimento sobre os aspectos "positivos" do mal em várias músicas, inclusive o Diabo é o Pai do Rock.
Na música, porém, ele separa o diabo que "dá os toques", e aquele do Exorcista, referindo-se ao diabo católico, que é um conceito totalitário e maniqueísta.
Tweet Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Gostou deste artigo? Então assine nosso Feed.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Toca Raul!!!
Saudades desse rockeiro maluco...
Andre
O cara era muito além do tempo que viveu...esse mundo era pequeno demais pra ele.
Luciana, mãe de um Raul
o raul alem de poeta de um grande conhecedor da historia da humanidade era um profeta, pois alem de falar sobre o passado e o presente falava sempre sobre o futuro e acertava sempre, (o planeta como um cachorro eu vejo quando nao aguenta mais as pulgas se livra delas num sacolejo) isso ele ja dizia a muito tempo atras
Postar um comentário