26 de junho de 2011

Pro dia nascer feliz

Do Blog De Costas pro Mar, de Nilo Oliveira

Quarta-feira, 22 de junho de 2011

Foi o Joãozinho quem me deu a letra, por telefone, lá de Foz do Iguaçu: "Vai sair este domingo um conto do Mirisola na Folha. Parece que meio inspirado naquele passeio que demos por Copacabana..."

O Joãozinho é um cara espiritualizado. No dia seguinte ao referido passeio - segundo ele, cercado de pombas-giras mercenárias, banhadas por luzes caleidoscópicas vermelhas e azuis, e exus que rodavam em torno deles num pé só, como piorras gargalhantes - confidenciou pro Mirisola que tinha sonhado com umas coisas estranhas... Mais precisamente com galeões que atracavam numa Copacabana ainda selvagem, e com piratas que caminhavam pela praia na sua direção.

- Pirata?! - gritou o Mirisola.

- É... - respondeu o João, enquanto uma sombra lhe atravessava o semblante.

- Mas pirata mesmo, com tapa-olho e tudo?

O João balançou afirmativamente a cabeça, olhando pros lados, como se forças invisíveis estivessem se aproximando pra escutar a história.

- Caralho, Baixinho!... Tem certeza que não era o fantasma de algum folião?

Não pude comprar a Folha. E também não consegui ler o conto na versão on-line. Então pedi ao Mirisola que me enviasse o arquivo, no que fui gentilmente atendido. Citando um famoso profeta carioca, "gentileza gera gentileza" - e por isto, com a devida permissão, compartilho aqui o conto com outras pessoas que também não tiveram o prazer de ler o relato desta fantasmagórica despedida do Mirisola das ruas do Rio de Janeiro.

*

Marcelo Mirisola:
Pro Dia Nascer Feliz


Aqui no centro do Rio não fico sozinho, a cidade me faz companhia. Como se eu fosse uma criança e a solidão me desse as mãos para atravessar ruas, entrar em butecos e encetar pequenas cosmogonias. Sou um bêbado discreto e só um pouco ruminante. Um vulto triste e complacente que jamais estragaria a festa das almas trôpegas que ainda pensam que estão vivas. Parece uma ninharia, mas é muito se eu for comparar a São Paulo: cidade que nunca me ofereceu nada diferente de expurgo, amigos cinzas, exílio e uma solidão que não precisa de ninguém para existir. São Paulo me cospe.

No Rio, o movimento é exatamente o contrário. A paisagem, de braços dados com a solidão, além de me tragar, também me acompanha – embora meu amigo Miguel do Rosário tenha argumentos geográficos e políticos (agora não me lembro quais...) que provam que o centro do Rio não existe.

Apesar de todas as evidências forjadas pela Secretaria de Turismo, o “Rio Antigo” não está preso numa fotografia amarelada. Isso é mentira pra decorar buteco de paulista. O Rio não é um lugar que têm promissórias a acertar com o tempo. Nem com o passado, nem com as olimpíadas de 2016. Antiga é a mania de demolir e reformar, de cumprir as obrigações do dia-a-dia, de abrir franquias e fazer “releituras”: antigo é o hábito de registrar o tempo em fotografias.

O mais grave é não ouvir o lamento das pedras. Um erro. O fato de os séculos terem passado não impede que as pedras do Beco do Barbeiro continuem gritando. São as mais sofridas e indiscretas da cidade. Antigo é não transcender.

Os burocratas da Riotur não deviam ignorar os aflitos que buscam indultos na Igreja do Carmo, vizinha do Beco. A bocarra aberta da Igreja continua – apesar de o purgatório não mais existir – cumprindo sua função de engolir almas. Nem sei se é bom negócio. Mas sei que o tempo pisado, no Rio, é bem público e privado, assim como o desamparo e os pecados do mundo, bens que não prescrevem e não tem nome.

Butecos são butecos, conventos não são jaqueiras e igrejas não são espaços culturais da Oi. Têm certas coisas que demandam apenas rumores para que existam e sejam compreendidas: os passos de um homem na Rua do Ouvidor que apressam o ritmo do sujeito que vem à frente, a aflição dos dois a caminho do trabalho um pouco antes de olharem para a mesma mulher do outro lado da calçada. Aparentemente uma cena banal. Mas esse rumor tem o mesmo efeito do silêncio que congela as ruas e os séculos imediatamente depois que os homens apressados dobram à esquerda na direção da Sete de Setembro. Claro que fantasmas existem. Eu os vejo, eles me vêem – vivos e mortos a caminho do eterno pasto. As almas do Telles juram que estou vivo. O gato preto que desaparece na próxima esquina e o arrepio que sobe pela espinha são lições de indiferença que cumprem séculos e séculos. Eu sei! Na manhã de setembro de 1711 uma espessa neblina baixou sobre a baía de Guanabara – lembram? – e facilitou a invasão de René Duguay-Trouin, o francês filho da puta que sequestrou a cidade e impôs o terror à população. Na mesma manhã de setembro, Vanusa perderia Antonio Marcos para Débora Duarte. A dor permanece nas manhãs de setembro. Em alguns casos, a redundância também. Quem é que precisa de provas?

Os fantasmas da Rua do Senado espalharam boatos que o tempo não passa. Aconteceu anteontem. Depois de comer um sanduíche de bife a milanesa no Massapê, esquina da Gomes Freire com a Rua da Relação, resolvi seguir até a Lavradio e, de lá, meu plano era simples: pegaria o bagulho na Pça.Tiradentes e me pirulitaria o mais rápido possível em direção à Cinelândia. Nem bem havia dobrado a esquina, um sujeitinho de paletó de linho branco, cabelo engomado, chapéu panamá e sapato bicolor, me pediu fogo.

O malandro foi direto ao ponto:

- Veio de lá, parceiro?

Encruzilhada braba. Eu não estava a fim de pagar de otário justo no coração da Lapa, e respondi:

- Sim, nascido e criado em São Paulo. Mas estou aqui para resgatar meu coração que ficou espanado no Morro do Livramento. E você, malandro? Saiu de um ensaio da Marie Claire ?

Se eu dissesse que o malandro evaporou estaria cometendo um ectopleonasmo (não resisti ao trocadilho, perdão). Segui na direção da Pça.Tiradentes, onde pegaria o bagulho perto da Estudantina e, no máximo em oito minutos a passos largos, chegaria ao meu destino: uma asinha de anjo no Galeto Liceu. Segundo meus cálculos, antes das 20 horas daria cabo do anjinho na brasa, e ainda me sobraria um tempo para conferir a qualidade do bagulho – ou parte dele.

As distancias no Rio são curtas, mas pesam. Ir da Lapa até a Praça XV significa cumprir uma maratona espiritual. Agora, tem uma coisa que independe da circunscrição do susto, e que me chama muito a atenção: todos os fantasmas que encontro pelo caminho, todos eles tem sede.

Ontem à noite enchi a cara na Cinelândia. Joel bate ponto lá. O Barão, que também não sai do Amarelinho, contava que seu cardiologista o havia proibido de beber às refeições. Para não contrariá-lo, teve uma idéia brilhante: decidiu abolir as refeições. Voilà! O Barão é foda, o rosto de menino atrás da barba branca e os olhinhos que brilham como se fossem um radar em busca de cascas de banana, não me enganam. Eu escolhi não facilitar com a monarquia. O ideal, a tática mais indicada, é pedir outra dose e meter o pau no Getúlio. O mesmo vale pro Joel. Recém-chegado do Sergipe, descolou um emprego na redação do “Dom Casmurro”. Os dois e mais o Brício – que tem mania de bordejar sobre as mesas – armaram o QG no Amarelinho.

À primeira vista não fui com a cara do Joel. Ele e Brício não se desgrudam. Tive a impressão que eram bookmakers, daqueles que trocam segredos de cavalariça. Me enganei. A Víbora, leia-se Joel Silveira, nos contou que está morando numa pensão na Rua das Marrecas, ali pertinho. Gamou na faxineira, logo “espichou a braguilha” na direção dela e teve sua recompensa. Sei não. Se é verdade ou mentira não me interessa: o melhor é que ele batizou a garota de “Miss-Marrecas”. Cafajeste e boa gente, glutão. Dois glutões, ele e o Barão. Só de ouvir o Barão pedir o famoso “talharim al pomidoro” dá vontade de comer a própria gravata. O Brício não, esse é mais de ficar ciscando. Antes de morrer já cultivava essa mania de bordejar sobre as mesas, um passarinho.

Por que ninguém “comete” bondades? Sim, Barão, foi isso mesmo o que eu disse. Por que apenas arquitetam-se maldades, bolam-se golpes e crimes são urdidos na calada da noite?

O Barão não se fez de rogado e soltou alguma piada, da qual – sou obrigado a confessar – não me recordo, agora não.

Enchemos literalmente os esqueletos naquela noite, e brindamos à Miss Marrecas e ao Bussunda que acabava de chegar à mesa, meio sem jeito.

No dia seguinte, acordei no largo de São Francisco da Prainha. Ouvi um batuque vindo na direção da Pedra do Sal misturado com o barulho do mar que arrebentava logo ali nas muradas do cais – o problema é que ambos, o mar e o cais, haviam sido removidos de lá há pelo menos cem anos. A gente não deve contrariar as ressacas, venham de onde vier. Não sei como, mas consegui ir do largo da Prainha até a Pedra do Sal, cheguei são e salvo na pensão da Tia Ciata que me recebeu de braços abertos. Vejam só; da Prainha até a pensão é perto, mas é longe. Sobretudo pruma alma vendida, trôpega e premida como esta que vos escreve e que era mais carne do que qualquer outra coisa depois do porre da noite anterior – e foi assim, com a alma sobre as costas, que subi os degraus escorregadios da Pedra do Sal e cheguei na pensão supracitada.

Os batuques que ouvi no largo da Prainha vinham de uma roda de Jongo, da qual Tia Ciata era madrinha. Podia estar louco, mas não surdo. “Os negros – ela me disse: – estão faceiros, mas nem eles e nem Deus não sabem, ainda não, que são brasileiros”.

Ela estava certa. Naquele 1889, o Cristo ainda não havia fixado residência no alto do Corcovado. Pelo sim, pelo não, resolvi pedir mais uma dose pra garantir guarida. A noite ia ser longa, e prometia.

Todavia o mar era o mesmo, eu lembro, o mar que há cem anos, aterrado e removido de si, rebentava das muradas do largo da Prainha, era o mesmo que ia e vinha e investia suas tempestades contra os meus miolos encharcados de álcool e assombrações. Também me recordo – vagamente – das coordenadas de Tia Ciata, ela me disse que uma louca estaria à minha espera no Morro do Livramento, e que eu deveria entregar o bagulho na quinta-feira sem falta.

As promessas da noite foram cumpridas. Acordei em Ipanema, mais ou menos entre fevereiro de 1985 e maio de 2011. O dia havia nascido feliz e eu tinha pouco tempo para aproveitá-lo – mas antes eu teria que me livrar daquele maldito bagulho de uma vez por todas.

21 de junho de 2011

Blogueiros cobram banda larga melhor, marco regulatório e internet livre

Carta do II BlogProg – Brasília – Junho de 2011

Desde o I Encontro Nacional dos Blogueir@s Progressistas, em agosto de 2010, em São Paulo, nosso movimento aumentou a sua capacidade de interferência na luta pela democratização da comunicação, e se tornou protagonista da disseminação de informação crítica ao oligopólio midiático.

Ao mesmo tempo, a blogosfera consolidou-se como um espaço fundamental no cenário político brasileiro. É a blogosfera que tem garantido de fato maior pluralidade e diversidade informativas. Tem sido o contraponto às manipulações dos grupos tradicionais de comunicação, cujos interesses são contrários à liberdade de expressão no país.

Este movimento inovador reúne ativistas digitais e atua em rede, de forma horizontal e democrática, num esforço permanente de construir a unidade na diversidade, sem hierarquias ou centralismo.

Na preparação do II Encontro Nacional, isso ficou evidenciado com a realização de 14 encontros estaduais, que mobilizaram aproximadamente 1.800 ativistas digitais, e serviram para identificar os nossos pontos de unidade e para apontar as nossas próximas batalhas.

O que nos une é a democratização da comunicação no país. Isso somente acontecerá a partir de intensa e eficaz mobilização da sociedade brasileira, que não ocorrerá exclusivamente por conta dos governos ou do Congresso Nacional.

Para o nosso movimento, democratizar a comunicação no Brasil significa, entre outras coisas:

a) Aprovar um novo Marco Regulatório dos meios de comunicação. No governo Lula, o então ministro Franklin Martins preparou um projeto que até o momento não foi tornado público. Nosso movimento exige a divulgação imediata desse documento, para que ele possa ser apreciado e debatido pela sociedade. Defendemos,entre outros pontos, que esse marco regulatório contemple o fim da propriedade cruzada dos meios de comunicação privados no Brasil.

b) Aprovar um Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) que atenda ao interesse público, com internet de alta velocidade para todos os brasileiros. Nos últimos tempos, o governo tem-se mostrado hesitante e tem dado sinais de que pode ceder às pressões dos grandes grupos empresariais de telecomunicações, fragilizando o papel que a Telebrás deveria ter no processo. Manifestamos, ainda, nosso apoio à PEC da Banda Larga que tramita no Congresso Nacional (propõe que se inclua, na Constituição, o acesso à internet de alta velocidade entre os direitos fundamentais do cidadão).

c) Ser contra qualquer tipo de censura ou restrição à internet. No Legislativo, continua em tramitação o projeto do senador tucano Eduardo Azeredo de controle e vigilância sobre a internet – batizado de AI-5 Digital. Ao mesmo tempo, governantes e monopólios de comunicação intensificam a perseguição aos blogueiros em várias partes do país, num processo crescente de censura pela via judicial. A blogosfera progressista repudia essas ações autoritárias. Exige a total neutralidade da rede e lança uma campanha nacional de solidariedade aos blogueiros perseguidos e censurados, estabelecendo como meta a criação de um “Fundo de Apoio Jurídico e Político” aos que forem atacados.

d) Lutar pelo encaminhamento imediato do Marco Civil da Internet, pelo poder executivo, ao Congresso Nacional.

e) Fortalecer o movimento da blogosfera progressista, garantindo o seu caráter plural e democrático. Com o objetivo de descentralizar e enraizar ainda mais o movimento, aprovamos:

- III Encontro Nacional na Bahia, em maio de 2012.

A Comissão Organizadora Nacional passará a contar com 15 integrantes:

- Altamiro Borges, Conceição Lemes, Conceição Oliveira, Eduardo Guimarães, Paulo Henrique Amorim, Renato Rovai e Rodrigo Vianna (que já compunham a comissão anterior);

- Leandro Fortes (representante do grupo que organizou o II Encontro em Brasília);

- um representante da Bahia (a definir), indicado pela comissão organizadora local do III Encontro;

- Tica Moreno (suplente – Julieta Palmeira), representante de gênero;

- e mais um representante de cada região do país, indicados a partir das comissões regionais (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte). As comissões regionais serão formadas por até dois membros de cada estado, e ficarão responsáveis também por organizar os encontros estaduais e estimular a formação de comissões estaduais e locais.

Os blogueir@s reunidos em Brasília sugerem que, no próximo encontro na Bahia, a Comissão Organizadora Nacional passe por uma ampla renovação.

f) Defender o Movimento Nacional de Democratização da Comunicação, no qual nos incluímos, dando total apoio à luta pela legalização das rádios e TVs comunitárias, e exigindo a distribuição democrática e transparente das concessões dos canais de rádio e TV digital.

g) Democratizar a distribuição de verbas públicas de publicidade, que deve ser baseada não apenas em critérios mercadológicos, mas também em mecanismos que garantam a pluralidade e a diversidade. Estabelecer uma política pública de verbas para blogs.

h) Declarar nosso repúdio às emendas aprovadas na Câmara dos Deputados ao projeto de Lei 4.361/04 (Regulamentação das Lan Houses), principais responsáveis pelos acessos à internet no Brasil, garantindo o acesso à rede de 45 milhões de usuários, segundo a ABCID (Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital).

Brasília, 19 de junho de 2011

PS: Me desculpem por manter os comentários fechados. Mas é melhor assim, pois ainda estou sem tempo para nada.

Entrevista minha para o blog Fatos Sociais



Meu camarada, responsável pelo blog Fatos Sociais, fez uma entrevista comigo. Abordou a questão do financiamento dos blogs.

19 de junho de 2011

Notas sobre o blogprog II

Estou aqui, num dos quartos que o Blogprog disponibilizou aos participantes, no centro de eventos de um sindicato. O quarto é excelente. Café da manhã, almoço e coffeebreaks. Maior mordomia. A organização está de parabéns. Na sexta-feira, o Lula abriu o evento. O ex-presidente parabenizou os blogueiros por sua luta contra o pensamento único da grande mídia. O governador do DF deu boas vindas. E o Ministro Paulo Bernardo fez uma exposição sobre as políticas do governo federal para a área das comunicações, discorrendo bastante sobre o plano de banda larga. Mais tarde fomos ao Feitiço Mineiro, um bar da Asa Sul, onde confraternizamos ao som de chorinhos. Um grupo ainda nos arrastou para uma festa no Clube da Imprensa, onde dançamos um bocado. Neste sábado, participei - como ouvinte - de uma mesa sobre partidos políticos e a democratização das comunicações, com Brizola Neto, José Dirceu, Renato Rabelo e João Arruda. Muito bom. Depois fizemos um debate com a equipe que coordenou a campanha do recém-eleito Ollanta Humala na blogosfera e redes sociais. Como sempre, impressionei-me com as afinidades que partilhamos com toda a América Latina. Sempre uma mídia ultraconservadora agindo como partido político para evitar qualquer reforma progressista na região. Neste sábado, sai para jantar com minha esposa, mas voltamos cedo para casa. Vocês vão encontrar muita informação sobre o evento em outros lugares. Sugiro particularmente o site do Barão de Itararé.

Como disse, ainda estou enrolado com aquele trabalho das legendas de filme. Estou tendo que trabalhar nisso mesmo aqui em Brasília. No início de julho, o blog volta com força total. Este evento me deu subsídios para muitas reflexões originais sobre a função da blogosfera hoje. Sigam-me no twitter @migueldorosario, para que eu possa notificá-los sobre as atualizações.

Vou deixar os comentários fechados porque não terei tempo de lê-los ou respondê-los. Quem quiser me escrever, meu email está aí na coluna ao lado.

12 de junho de 2011

Imagem do governo intacta, mas Dilma sofre arranhões

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(Clique nas imagens para ampliar). Daqui a pouco o Datafolha publica a íntegra da pesquisa. Tô sem tempo de analisar, como já disse. Sugiro que alguém vá lá e dê uma boa olhada.

11 de junho de 2011

Até o fim do mês

Como eu ia dizendo, peguei um daqueles trabalhos bem puxados de tradução de legendas de filme, que tenho de entregar em duas semanas. E como devo perder uns dias de trabalho, participando do II Encontro Nacional de Blogueiros (já comprei passagem), vai ficar difícil postar durante esse período. Então talvez eu só volte aqui lá para o fim do mês. Mas depois disso terei bastante tempo e, o que é importante, dinheiro no bolso para poder tocar o barco com independência.

Se conhecerem alguém que se interesse em fazer publicidade num blog que registra, em seus bons momentos, uns cinco mil visitantes únicos por dia (e com aspiração de crescer), peçam para entrar em contato comigo no email oleodiario arroba gmail ponto com.

E volto a lembrar sobre a newsletter que eu escrevo de segunda a sexta, só para assinantes. É geralmente uma nota sobre economia, acompanhada de estatísticas, mas também falo de outros assuntos, a depender inclusive do diálogo com meus leitores. É a Carta Diária. Assine. Dê um voto de confiança ao blogueiro!

Um abraço a todos!

7 de junho de 2011

Dilma contrata guerreira

19 comentarios


Parece até um golpe palaciano, daqueles que aconteciam na Itália pré-renascentista. O PT ajudou a derrubar Palocci, mas tudo bem. Quer dizer, sei lá. Talvez ele mesmo não suportasse mais ser pintado diariamente como um monstro de sete cabeças, o que deve provocar sérios danos à sua família (e digo isso sabendo que ele não é um santo, que pode inclusive ter culpa no cartório). Talvez a Dilma tenha entendido - e acho que é o mais provável -  que deveria contratar alguém mais rápido no gatilho: a senadora Gleisi Hoffman tem um perfil mais guerreiro que Palocci, o qual não enfrenta a mídia nem ninguém. Desejo sorte e sucesso à senadora, de quem tenho excelente impressão. É um grande quadro do PT, talvez o mais interessante da atual legislatura. O ambiente político tornou-se muito mais bélico, Palocci é pacato demais. O governo perdeu uma batalha, mas não a guerra, que apenas começou. Bem vinda, senadora, morituri te salutant. Os que vão morrer te saúdam!

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Íntegra da nota divulgada pela Casa Civil:

O ministro Antonio Palocci entregou, nesta tarde, carta à presidenta Dilma Rousseff solicitando o seu afastamento do governo.

O ministro considera que a robusta manifestação do Procurador Geral da República confirma a legalidade e a retidão de suas atividades profissionais no período recente, bem como a inexistência de qualquer fundamento, ainda que mínimo, nas alegações apresentadas sobre sua conduta.

Considera, entretanto, que a continuidade do embate político poderia prejudicar suas atribuições no governo. Diante disso, preferiu solicitar seu afastamento.

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Resultado da enquete sobre o caso Palocci (clique para aumentar):

PGR inocenta Palocci

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Leia a notícia aqui. E agora Dilma vai ter de segurar o boi pelo chifre. Quem sai perdendo nessa crise são setores do PT, que se mostraram oportunistas, covardes e desleais. Uns dizem agora que o problema é apenas político, não criminal. Se é político, então o debate tinha que se dar de outra maneira, e não com acusações levianas, sem provas, com táticas que revelam o golpismo típico da mídia velha, com surgimento de fontes palacianas, dirigentes do PT, ministros, enfim, sempre fontes invariavelmente anônimas. O futuro do pretérito voltou a ser usado com fúria: fulano teria dito que teria ouvido uma senadora do PT dizer que seria melhor que Palocci saísse... A história do apartamento em nome de laranja, então, é ridícula. A Veja intimidou um rapaz de 23 anos e os jornalões agora tratam de enfiar, no meio das matérias sobre Palocci, parágrafos em que mencionam a reportagem da revista sem esclarecer que a mesma já foi desmentida pelo próprio entrevistado, que acusou a revista, pelos parentes do entrevistado, por todo mundo.

A guerra começou, e o governo Dilma não vai ganhar pontos se demitir Palocci por conta de acusações sem provas. Quanto ao fator "político" para derrubar Palocci, esse mesmo é que não tem sentido, pois o ministro foi um dos principais dirigentes da campanha de Dilma, sendo portanto um dos responsáveis por sua vitória. Foi ministro da Fazenda de Lula durante a época mais dífícil do governo. Foi um dos deputados que mais ajudou Lula a aprovar as reformas levadas à Câmara.  E foi um dos primeiros nomes a ser escolhidos por Dilma, por sugestão do próprio ex-presidente, para fazer a articulação do governo junto ao Congresso Nacional.

Uma pena que, justamente nesse momento, eu ainda esteja tão atolado em serviço. Vou demorar talvez algumas semanas para voltar à ativa. Não dou consultoria, nem tenho sinecuras em governos. Sustento-me na base da ralação pesada e o momento agora é de muito trabalho. No futuro, quem sabe, poderei me dedicar com mais assiduidade à este blog.

Mas não me verão julgando ninguém levianamente. Temos instituições para isso. E julgamentos políticos, eu faço com argumentos convincentes, lógicos, jamais surfando em cima desses linchamentos midiáticos. Repito o que já disse: sejamos severos em relação à ética, mas igualmente exigentes no tocante à necessidade de indícios e provas antes de acusarmos alguém.

5 de junho de 2011

Blogosfera em fogo

O circo pegando o fogo e eu tendo que trabalhar. É a vida. De qualquer forma, mantenho a minha opinião sobre o caso Palocci, expressa aqui e aqui.

3 de junho de 2011

Pausa para ganhar vida

O blog vai ficar meio paradão por alguns dias. Tenho que adiantar uns trabalhos, ganhar a vida, além disso me arrebentei muito nas últimas semanas, escrevendo como um possesso, aqui e no Twitter. Preciso descansar o braço e a coluna.

Sugiro que assinem o blog para que possam ser informados de novas atualizações. É gratuito!

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Aproveito para vos lembrar que mantenho o serviço "Carta Diária", onde escrevo uma nota sobre economia de segunda a sexta, geralmente acompanhada de estatísticas. O documento é enviado por email e tem um custo acessível a todos. Apóie a blogosfera, assine a Carta Diária!

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Obs: não confundir a assinatura do blog, que é gratuita, e pela qual você recebe os posts por email, com a assinatura da Carta Diária, que é um serviço com análises exclusivas por assinatura.

Carta dos Blogueiros Progressistas do Rio de Janeiro

Pedimos desculpa pelo enorme atraso na publicação dessa carta, mas depois do evento precisamos todos de várias semanas de descanso. É de justiça dizer que o principal redator é Theo Rodrigues do blog Fatos Sociais, mas vários de nós, do Rioblogprog participamos de sua elaboração, e sobretudo, é fruto do trabalho coletivo de centenas de blogueiros que se reuniram em maio deste ano.


Carta dos Blogueiros Progressistas do Rio de Janeiro

Somos jovens, somos não tão jovens. Somos homens e mulheres, meninas e meninos. Temos todas as cores, todas as religiões, diferentes crenças ideológicas, mas apenas um compromisso: liberdade com justiça social. Somos centenas e não baixamos a cabeça para ninguém. Somos os blogueiros progressistas do estado do Rio de Janeiro.

No atual estágio da luta de classes, a blogosfera é uma trincheira fundamental na defesa dos trabalhadores contra a selvageria e crueldade do capitalismo. Nossos blogs tornaram-se ferramentas de grande utilidade nas batalhas cotidianas contra as mentiras contadas e recontadas diariamente pela velha mídia golpista. Milhares de blogs nascem a cada dia, como flores anunciando a primavera. A cada embuste desferido pelos tradicionais meios de comunicação, ganha força o ativismo nas redes sociais, temperado no fogo da luta!

Como na bela canção de Chico Science, percebemos que “nos organizando podemos desorganizar”. Seguiremos nessa toada enquanto a ditadura da mídia prosseguir obstruindo um debate político mais livre. Depois disso, outras frentes de batalha virão, porque a luta pela justiça social é eterna.

Nos dias 6 a 8 de maio deste ano, realizamos o I Encontro Estadual de Blogueiros Progressistas do Rio de Janeiro. Com a presença de mais de 200 blogueiros de todo o estado (e vários de outras regiões do país) trocamos experiências, acumulamos debate, confraternizamo-nos alegremente, manifestamo-nos corajosamente em frente à sede da Rádio CBN - a rádio que troca a notícia –, e aprovamos a criação da Associação de Blogueiros do Estado do Rio de Janeiro (ABERJ).

Se você é blogueiro ou simpatizante da blogosfera e se indigna com a opressão midiática, então você é nosso companheiro.

Blogueiros Progressistas de todo o mundo, uni-vos!

Entre as propostas aprovadas na assembleia final do I Encontro Estadual de Blogueiros Progressistas do Rio de Janeiro estão:

- Apoio a PEC da Banda Larga;

- Defesa da neutralidade da rede;

- Luta pela aprovação do Conselho Estadual de Comunicação;

- Criação do Marco regulatório da comunicação;

- Pela simplificação da regularização das rádios comunitárias;

- Criação da "Associação dos Blogueiros do estado do Rio de Janeiro - ABERJ";

- Criação de uma linha de publicidade pública para blogs;

- Defender a simplificação dos processos de legalização de rádios comunitários;

- Moção de solidariedade ao blogueiro Esmael Morais, do Paraná, perseguido pelo governo daquele estado;

- Moção de solidariedade ao blogueiro carioca Ricardo Gama, que sofreu um hediondo atentado, no Rio de Janeiro, provavelmente em virtude de suas denúncias políticas.