28 de dezembro de 2005

Resposta de Osvaldo Bertolino

Caro Miguel: Agradeço pela carta, uma saudável iniciativa de debate sobre um assunto que vara o país de cima a baixo e vai definindo os rumos para onde devemos caminhar. Concordo contigo que o grau de complexidade do Brasil de hoje é elevadíssimo. Mas a Argentina acaba de dar exemplo de que é possível dispensar os serviços do FMI sem o ministro da economia original — Roberto Lavagna recentemente deixou o governo do presidente Néstor Kirchner. A complexidade argentina não chega perto da brasileira, claro, claro! Mas a definição por esta atitude no Brasil certamente não foi iniciativa do Palocci. Lembra da polêmica que se estabeleceu no país quando o acordo com o FMI caminhava para o seu final, no início deste ano? Palocci deu sinais evidentes de que a opção pela não renovação do acordo não tinha a sua concordância. Recentemente fiz uma retrospectiva da sua chegada e atuação no governo ("Queda do PIB: em casa que falta pão...", publicada dia 03/12 - http://www.vermelho.org.br/diario/2005/1203/1203_queda-do-pib-artigo.asp). Escrevi: "Ele havia despontado como um dos expoentes da transição oito meses antes, quando houve o assassinato do prefeito de Santo André e coordenador do programa de governo, Celso Daniel. Assim que indicado, mexeu no programa de governo, tirou do texto original afirmações como ruptura com o modelo neoliberal e críticas ao capital especulativo, e bateu o pé até convencer o então candidato Lula a fazer o anúncio por escrito dos compromissos da era FHC com o FMI — metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário —, num documento chamado Carta ao Povo Brasileiro." Mais uma vez, obrigado pela carta — muito mais progressista do que a do Palocci.

Grande abraço, Osvaldo Bertolino

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