12 de abril de 2007

Dines promove debate insosso sobre Collor

Bem, enfim um assunto que sacode um pouco o torpor do meu cérebro adormecido pela mesmice política brasileira, ainda acossada pela guerrinha entre Lula e mídia corporativa, fator negativo mas que serve para manter acesa a chama rebelde da blogosfera tupi. O assunto é o senador Fernando Collor de Mello, eleito pelo estado do Alagoas.

Primeiramente, lembro que a eleição de Collor representou um fracasso político fundamentalmente da ex-senadora por Alagoas, Heloísa Helena, que não contente de gastar os últimos anos de seu mandato literalmente enchendo o saco de Lula e de todo o povo brasileiro com sua ladainha lacerdista e oportunista, ainda nos legou esse presente de grego: a volta de Collor.

A imprensa me pareceu um tanto amedrontada e hesitante com essa intrigante volta do demônio alagoano (nascido, em verdade, no Rio). Recentemente, Alberto Dines colocou lenha na fogueira dedicando um de seus programas televisivos ao tema. Infelizmente, e previsivelmente, convidou Marcos Antonio Villa, historiador xodó da mídia. Nos últimos tempos, parece que Villa é o único historiador brasileiro, visto que seu nome aparece religiosamente nas páginas da mídia corporativa sempre que o assunto é política. A razão é óbvia: Villa fala sempre o que a mídia quer, ou seja, mete o cacete em Lula.

No caso do Collor, por alguma razão (talvez pela reverbaração recente da impressionante popularidade de Lula), deixaram o presidente de fora da pauta. Ou quase, o fato de Lula ter recebido Collor no Planalto tem sido explorado com o maquiavelismo típico. Lula não apenas recebeu Collor: recebeu-o com “honras”, como se a primeira visita de um senador recém-eleito ao presidente da República não fosse uma obrigação de todo presidente responsável e preocupado com uma boa relação com o Legislativo. Ainda mais considerando que um senador no Brasil é eleito por oito anos.

No debate promovido por Dines, que contou com a presença ainda de Ricardo Noblat, blogueiro do Globo, houve uma grande vácuo: ninguém citou o papel preponderante do jornal O Globo e das elites na eleição de Collor. O homem agora foi eleito senador, paciência, mas é preciso lembrar que ele foi absolvido de todas as suas acusações.

Lembro que, na época dos protestos contra Collor, eu era um dos cara-pintadas na rua. Quer dizer, não cheguei a pintar a cara, mas estava lá na rua, bebendo latinhas de cerveja, paquerando as garotas e participando do meu primeiro protesto político. Era uma festa. Tempos depois, a beleza daqueles momentos foi ofuscada, é verdade, pela percepção de que os estudantes foram um tanto manipulados pela Globo, que exibiu aquela série Anos Rebeldes num momento bem conveniente e ajudou a produzir todo o clima de indignação que inflamou o país. Mas, naquele momento, se bem me lembro, a situação econômica era terrível, com inflação, juros, dívidas, desemprego, todos os demônios soltos e ganhando espaço.

Hoje, as coisas estão diferentes. Mas o que eu queria que Dines tivesse lembrado era isso: o apoio das elites e a participação da Veja e do Globo, sobretudo, na eleição de Collor. A edição do debate entre Collor e Lula foi um dos maiores crimes políticos da história do audivisual brasileiro. Por que Dines não lembrou isso? Por que convidou Noblat e Villa e não outros? Eu sei por que. Porque a a interpretação da história é uma importante ferramenta política e, a partir do momento em que assistimos o jornalista Alberto Dines alinhar-se sectariamente ao lado dos golpistas da mídia corporativa, nada mais natural que um debate sobre Collor resultasse tão insosso, tão falso. Como diria um amigo meu lá da roça, ê ê Dines, ê ê.

7 comentarios

José Carlos Lima disse...

e não pense que a Globo aprendeu com a lição daquela edição do debate Lula x Collor para eleger este.

não aprendeu nada, não mudou e, pelo jeito,não vai mudar

uma prova de que a Globo continua a mesma é que, nas últimas eleições, para levar a eleição para o segundo turno, a Globo achou mais importante abrir o JN com a notícia da "montanha" de dinheiro que seria usado na compra do dossiê tucano quando, é claro que, a notícia mais importante daquele dia foi trágico acidente do avião da Gol que vitimou quase duzentos brasileiros.

Mas como a eleição tinha que ser levada para o segundo turno...

Ainda bem que, desta vez, a Globo não obteve o resultado esperado

Foi derrotado pelo povo

Anônimo disse...

E eu que, um dia, cheguei a pensar que o Dines fosse sério! Como a gente se engana!

Reynaldo Motta.

André Lux disse...

Enquanto a direita se manteve no poder, o Alberto Dines conseguiu manter uma imagem de "defensor da liberdade de imprensa" e "crítico da mídia". Mas, com a chegada do PT ao poder, sua máscara caiu e, quando a mídia mais deveria ser criticada, ele passou a defendê-la e aos seus coleguinhas manda-chuvas de redações com unhas e dentes. Ele agora não engana mais ninguém. Se algum dia quiser reconquistar o respeito (porque a credibilidade nunca mais) de seus (ex-)leitores, vai ter que assumir suas posições ideológicas abertamente

José Carlos Lima disse...

Miguel, tô vindo do blog do Eduardo Guimarães, www.edu.guim.blog.uol.com.br depois de ter passado pelo Blog do Onipresente onde escrevi um pouco na caixa de comentários

Estou muito animado

Você sabia que quase cometi um ato de suicído afetivo?

Por causa de 40,00 reias quase pedi o divórcio=separação daquela pessoa?

Onde eu estava com a cabeçorra?

Preciso de muitos amigos para que eu seja bem orientado

Se não fosse o Chico me dar umas dicas, eu estaria aqui, neste momento, morrendo de sofrimento

E no entanto, por causa das sábias palavras do Chico, estou a mil, esperando aquela pessoa com os 40,00 reais ( e um pouco mais) que ela me pediu

Que Deus nos ilume e nos liberte de certas amarras=entraves

Uma boa noite,

PS: o Alberto Dines está precisando de comer=degustar=olhar=ser muita jabuticaba para ele para de ter aquela imagem=forma cadavérica

Anônimo disse...

Quem é dines? Conheço um com nome parecido...Trata-se dum extinto jornalista que jogou o compromisso com a verdade, o profissionalismo, a vergonha na cara e o caráter no esgoto, transformando-se assim no vulgo "DINNER$". Movido por valore$ ocultos, este extinto observador da imprensa assumiu o papel deplorável de DEFENSOR do IMPRENSALÃO, e, de nhapa, tornou-se militante do informal Pró-America Mírdia-BraZil Institute, uma espécie de irmandade composta por pseudo-jornalistas, colunistas, privateiros, blogueirozinhos lamacentos, AKI e ali editores/diretores grobóides, e os capos dos meios de comunicação tupis, cuja principal função é praticar o atual jornalIXO, devidamente recompen$ados pelo império...Não acredito em NADA que sair das mentes infectadas dessa gentalha. São capachos..."they're doormats against the people of Brazil".

José Carlos Lima disse...

Arthur Virgílio, o bambabã das CPIs, teve uma estrondosa votação no Amazonas,seu Estado: 3%

Kakakakakakakakaka

O Anão Corcunda disse...

Fazer justiça nunca é tarde.

1 Collor foi absolvido em tudo
2 Cumpriu o período de inelegibilidade (agora tenho dúvidas quanto a isso, se ele realmente ficou inelegível)
3 Sua eleição foi absolutamente legítima
4 Por último, não podemos deixar de ressaltar: enquanto ex-presidente, ele é muito melhor que FHC, que fica falando merda atrás de merda em seu discurso classista, evocando Carlos Lacerda e coisa e tal. Collor, ao contrário de ficar se autopromovendo por aí, botou o rabo entre as pernas, voltou para Alagoas e foi disputar uma eleição que venceu com algum aperto. O mesmo para Sarney, que também não fica usando a pecha de ex-presidente para se autodeclarar - falsamente - um estadista. Foi pro Acre lutar muito para se reeleger senador.

Enquanto ex-presidentes, Sarney e Collor atrapalham muito menos a vida do país que FHC, cuja vaidade chegou até a decretar o "fim" da Era Vargas. Interessante curso da história...

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