14 de abril de 2007

Os colunistas e a realidade brasileira

Eu fico impressionado com a cara de pau da Miriam Leitão. No dia seguinte em que o IBGE divulga dados que mostram o extraordinário avanço social registrado no Brasil nos últimos anos, ela vem com uma coluna reclamando de declarações intempestivas do diretor da Anac sobre a chamada crise aérea. Ou seja, uma colunista econômica prefere centrar suas baterias numa entrevista apócrifa, sem consequências políticas maiores aos números que revelam mudanças estruturais profundas na realidade sócio-econômica nacional. Indignou-me, como sempre, mas não me surpreendeu, é claro. Mesmo que o Financial Times ou o The Economist (como já fizeram, aliás) tecessem rasgados elogios ao governo Lula, Leitão usaria sua coluna para falar do atraso de duas horas em seu vôo para Manaus. Fui no blog dela e vejo que, la, que tem menos impacto, ela fala sobre o assunto, mas de forma absolutamente informativa fria, sem a necessaria e obvia inferiçao de que um tal avanço sinaliza tempos melhores, e mais justos, para a economia brasileira.

Enfim, reproduzo aqui um comentario de um leitor ao post da Miriam. Ele revela como esses jornalistas estao cometendo, de fato, um triste suicidio de credibilidade nesta sua guerrinha aberta contra o Lula:

"Nome: LUCIANO ALBERTO FREIRE PRADO - Email - 13/4/2007 - 15:44

Este gráfico ficaria melhor explicitado, se viesse o complemento anterior a 2002, época do governo FHC. Repara-se que só após 2002 é que começa a queda da desigualdade, quando inicia-se o governo Lula. Portanto, seria interessante a jornalista fazer um comparativo. A constatação do conteúdo seria mais jornalístico e menos escamoteador. "


O Globo continua sua cruzada contra o Lula, o que, como já disse, tem o aspecto positivo de manter a blogofera lulista com as armas afiadas, sem descansar.

Acho que vou usar este espaço para fazer também comentários sobre blogs amigos. No blog do Eduardo Guimarães, ele comenta uma coisa que venho dizendo há um tempo. O crescimento do Brasil, embora menor que de outros países latinos, é mais sustentável, porque possui fatores estruturais importantes como inflação baixa e um crescimento focado nas camadas mais humildes, promovendo a distribuição de renda. Ou seja, o Brasil cresceu menos que Argentina e Venezuela, mas estes países estão com sérios problemas de inflação e por aqui a gente sabe muito bem a esparrela que è crescer desse jeito: o resultado acaba sendo o aumento da desiguldade, visto que os ricos lucram com a inflação e os pobres pagam a conta.

Outro tema importantíssimo a ser comentado é a aprovação do Fundeb, que irá injetar muito dinheiro na educação brasileira. O governo recentemente propôs outra medida extremamente positiva que é a criação de um piso nacional para o professor. Caso aprovado e posto em prática, será um grande passo à frente para melhorar o ensino público. Há tempos que venho desenvolvendo uma teoria segundo a qual a educação pública melhora na proporção do incremento da renda do professor. Tenho muitos parentes, inclusive minha mãe, que são professores e, além disso, pelo pouco que conheço do gênero humano, entendo que uma renda estável constitui estimulo fundamental para qualquer profissional.

4 comentarios

Daniel Pearl Bezerra disse...

Fato estranho foi à união do jornal O "Estadão" com a "Veja". Ousadia ou necessidade? Outro fato hilariante foram às críticas do ex-presidente e entreguista FHC ao presidente Lula de conversar com os líderes da oposição para aprovar projetos de interesse do país. O que você precisa tomar conhecimento é entrevista bombástica do ex-repórter da TV Globo, Rodrigo Vianna: demitido após se recusar a assinar um abaixo-assinado defendendo a cobertura eleitoral da emissora, confirma que, de fato, existe interferência política no Jornal Nacional. "Será que a Rede Globo fez uma opção parecida com a da Igreja Católica de Ratzinger?" A grande imprensa e seu colunismo político golpista vivem comparando o crescimento econômico do Brasil com o do Haiti por conta da evolução do PIB que este país tem apresentado nos últimos dois anos, pois aquele país tem crescido pouco devido aos problemas político-institucionais e sociais que enfrenta. Acesse o DESABAFO PAÍS. Daniel - http://desabafopais.blogspot.com

Unknown disse...

Ao meu ver para não sucumbir de vez a imprensa tem sido obrigada a divulgar
o lado positivo do governo Lula.
Passam a imformação, mas sempre com uma manchete que gera dúvida, só lendo o texto se fica sabendo da realidade.

José Carlos Lima disse...

Miguel, dei uma olhada nos comentários do blog do Luis Nassif. Concordo com você. Muita coisas coisas são interessantes são deixadas pelos leitores nas caixas de comentários da blogosfera.

Não resisti e fiz questão de publicar no meu blog um belo texto=poesia de um desconhecido autor chamado Luiz Horácio. Aqui o link
http://mensariodejupiter.blogspot.com/2007/04/33-achei-gente-acha-cada-coisa.html#links

José Carlos Lima disse...

A mídia é a mesma em todos os lugares deste planeta.

Ela é golipista onde acha terreno prá isso, o caso da Venezuela, Brasil, Peru, Equador, etes paisinhos que, para ela, são de quinta categoria.

Golpista lá golpista cá.

Só não vê quem não quer que a mídia é uma rede mais do que internacionalizada. Seu pool é internacional. Os complôs idem.

O seu grau de traição depende das brechas que ela encontra mundo afora.

Quanto mais desigualdade social mais poderosa é a mídia. E neste mundo onde, de um lado existem milhões de pobres e, do outro lado, 10% da população abocanhando praticamente toda a riqueza nacional, todo o PIB, isso é mais do que explicável.

Quanto mais desigualdade social, mais a mídia é obediente às monobras desta classe em sua ideologia a ser transmitida às massas.

E quanto mais desigualdade mais golpismo dos mais fortes contra os mais fracos.

Tudo uma questão de classe! Ou não? OU será que de repente a RCTV e Globo resolverão praticar a democracia?

Então tá...

( este texto continua no blog www.curandeia.blogspot.com )

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