22 de janeiro de 2008

Sobre as nuvens que se avizinham

(Manuel Ocampo, filipino)


Ping pong com este artigo da Márcia Denser


Naturalmente que não foi somente a passagem da máquina de escrever para o computador que "endireitou" as redações. O próprio processo ideológico histórico avançou nas últimas décadas.

No Brasil, a direita venceu e manteve a ditadura. Entregou o poder quando quis e da maneira que quis e agora, com a maior cara de pau, dissocia-se de qualquer autoritarismo, o qual lança no colo da esquerda. Na verdade, tanto a esquerda como a direita andam meio perdidas. A direita é auto-confiante, mas tem poucos votos, pois o povo começa a ficar, intuitivamente (sem precisar de Marx, Weber ou artigo na revista Istoé), mais sabido na hora de votar. A esquerda porque embora possua votos, ainda não houve tempo de reconstruir um discurso ideológico criativo e convincente.

Por isso, a experiência dos governos de esquerda de Argentina, Chile, Uruguay, Venezuela, Paraguay, Equador, Bolívia, enfim todos os governos do continente (com exceção da Colômbia) abre oportunidades para esses países experimentarem fórmulas econômicas que permitam democracias mais humanas. O famoso "jeitinho" brasileiro é discriminado pelo complexo de inferioridade, quando nada mais é que a necessidade do brasileiro de ser criativo para sobreviver, e o relativo sucesso - em termos de felicidade, ao menos - com que é bem sucedido.

O Brasil é a terra onde se mistura tudo e por isso acredito que aqui se misturará capitalismo, socialismo, candomblé e Guimarães Rosa, num saladão maluco que pode ajudar o mundo a enfrentar as eras terríveis de caretice que se avizinham. Por isso, a importância da literatura. Para dar consistência histórica e tempero estético ao saladão.

2 comentarios

Juliano Guilherme disse...

Muito bom o Manuel Ocampo, né? Perfeita essa síntese: A direita é auto-confiante mas não tem voto, a esquerda tem voto mas é vacilante. Podia ter desenvolvido mais, tá com preguiça de escrever né? Acontece nas melhores famílias

Anônimo disse...

Desconjuro. Coisa do DEM, do Demo, do Cão, do Canho do Pé-Preto! Diaboro! Começou dinoitinha e foi varando noite! Cumpade Bem-Bem me dizia que quem lavora dinoite é só curuja, curiango e o Coisa-Ruim! O breuzão da noite disincaminha qualquer cristão! Agora, até tucano de mei-calibre tamém lavora nos ermos da escuridão! Artur Virgílio, o tucanim mei-calibre tava pareceno um dos jagunço de Anacleto, de Consilva, de Quelemente! Uriçado quiném um quexada-quebrador em roça de milho de tapera! Quiném um cangussu no perau! Fernandenrique que istumou ele, dizque. O quexadinha tem as duas sobranceia grossa, pareceno tatarana, topano uma c'a outra! Nossinhora! Sujeitim desses guarda ódio na berada do pote, pra comer o prato da vingança bem friim! Já sabia meu cumpade Augusto Esteves! E aí o quexadinha infiô o punhal da vingança na barriga do DaBarba! O DaBarba tirou a lapiana bem divagarim e assim, no sem-seca falou pro quexadinha: capim pra mim, Jeromim!...Atrás de morro tem serra! Sua hora vai chegar e o seu seis-meis vai lhe pegar na virada do espigão, sozim e pelado quiném fiote de cruzcredo! E nessa hora temporona, vai iscutá minha voz que sairá da boca das gentes, de tudo inquantohá de vivente do Urucuia pra baxo e do Urucuia pra cima: Maiores são os poderes do povo!

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