20 de julho de 2009

Elocubrações pós-lulistas e a esperteza de Appius Claudius

(Rauschenberg)


Tenho trabalhado freneticamente nos últimos dias, traduzindo filmes argentinos. É um trampo bem legal porque, felizmente, são filmes bons. Para quem trabalhou quinze anos fazendo matérias sobre café, traduzir bons filmes argentinos é um trabalho quase onírico. Pena que vai durar pouco. Mas não quero ser ingrato com a rubiácea, que me deu (e ainda dá, de vez em quando) tanta coisa. Qualquer dia conto as mil histórias que vivi no mundo marrom e verde do café, viajando por todo Brasil à cata de assinaturas e reportagens.

Acabo de traduzir El Camino de San Diego, um filme emocionante de Carlos Sorín, sobre Tito Benítez, jovem fanático por Diego Armando Maradona, do interior de Misiones, província pobre e atrasada do norte da Argentina. O ator é genial e conseguiu criar um personagem excepcional, um rapaz simplório que, justamente quando sua mulher dá a luz ao terceiro filho, é demitido da madeireira onde trabalha. Seus amigos sugerem que procure um velho artesão. Ele se torna aprendiz do velho e passa a trabalhar nessa área, ajudando o mestre a procurar raízes e madeiras que apresentem formas originais, para serem trabalhadas e vendidas nas cidades próximas. Um dia, durante uma tempestade, ele encontra uma raíz que lembra muito Diego Maradona com os braços para o alto. Ele se entusiasma deveras com aquilo. No dia seguinte, um conhecido bate à sua porta para lhe contar uma notícia: Maradona fora internado e estava num Centro de Tratamento Intensivo. Tati não possui sequer um rádio e corre para o bar onde há um aparelho de TV.

Decide então ir à Buenos Aires presentear Maradona com sua estátua de madeira. Não vou me estender mais. Adianto apenas que, no caminho, vai encontrando vários tipos, e todos se solidarizam de alguma forma com o personagem, que é um jovem realmente cativante. O espectador fica apreensivo, o tempo inteiro, com o que vai lhe acontecer, pois nota-se que ele é crédulo e ingênuo. Mas o rapaz tem uma boa estrela e consegue despertar, em todos que encontra, uma surpreendente generosidade.

Emocionei-me porque, vendo esses argentinos comuns, simples, trabalhadores, gentis e educados como lordes britânicos, pensei em meus conterrâneos. Já viajei bastante por esse Brasil e não paro de me surpreender com a doçura, educação e generosidade dos brasileiros, sempre dispostos a ajudar, informar, conversar. Evidentemente há muita maldade, muita gente ruim, como em toda parte. Mas tive o privilégio de observar tipos humanos na Europa, por exemplo, e constatei que os brasileiros (e argentinos, conforme pude ver nesse filme), tidos como ignorantes e desonestos pelos próprios brasileiros, são, na verdade, um povo especialmente cordial, divertido e amoroso, e é junto dele, do povo brasileiro (por mais cafona que isso possa parecer aos cínicos colonizados e pseudo-sofisticados que abundam na internet) que me sinto mais à vontade. Entrando num ônibus de algum lugarejo de Minas, Bahia ou Espírito Santo, e observando os trabalhadores sentados, circunspectos e silenciosos, sentia essa mesma emoção, esse mesmo amor por meus irmãos brasileiros. Sentia uma espécie de orgulho, um orgulho besta, vaidoso, jesuítico, de estar ali, entre os pobres, e não num avião cheio de almofadinhas convencidos.

Mas já que adentrei esta seara franciscana, permitam-me decepcionar os mais inocentes. Quer dizer, se tiverem paciência e tempo de concederem um pouco de atenção às minhas teorias, talvez não fiquem tão decepcionados. Pode ser que se sintam até entusiasmados. Já fui anarquista e até hoje as pessoas me crêem socialista ou coisa parecida. No entanto, eu me nomeio, e sinto-me muito franco e honesto em afirmá-lo, um capitalista de esquerda. Claro que isso é uma simplicação grosseira, em contraste inclusive com outra idéia minha, a saber, que o capitalismo não existe. Essa é uma teoria inspirada nos textos de Noam Chomski, para quem o capitalismo americano, conforme é apregoado por seus ideólogos, nunca existiu de fato, ou talvez tenha existido somente nos primeiros anos de colonização, entre os pioneiros. Os Estados Unidos, e Chomsky prova isso com estatísticas e documentos, desde sua independência, sempre foram uma democracia de Estado, com predominância do poder público e estatal. Neste momento, em que o governo americano é acionista majoritário dos maiores bancos, seguradoras e indústrias do país, a afirmação de Chomsky faz mais sentido que nunca.

Engels e Marx estudam as origens do capital desde seus primórdios. Para Marx, o capitalismo propriamente dito surgirá no fim da idade média, quando o mundo ocidental começa a experimentar profundas transformações tecnológicas. Engels, por sua vez, buscará raízes na pré-história, quando o homem escraviza o animal doméstico e sua própria família.

Acho que as teorias de Marx têm muito valor para algumas coisas, mas mantenho minha postura heraclitiana de achar que o conhecimento é dialético e obscuro e, como tal, não poderá nunca ser encontrado num ponto determinado, numa teoria específica. Ou seja, as teorias marxistas, colocadas sob o fogo implacável da história e da razão, perderam sua gordura revolucionária e delas sobreviveram apenas os conceitos mais originais. Não porque Marx não tivesse sido suficientemente astuto, mas porque o conhecimento só é possível perante a experiência concreta. O conhecimento da história se desenvolve (e somente assim) simultaneamente ao processo histórico. Descartes e Espinoza também foram gênios, mas suas teorias tiveram que, igualmente, perder muita gordura antes de serem classificadas entre os cânones da filosofia.

Considero-me - o que é extremamente engraçado partindo de alguém considerado entre os íntimos como um socialista incendiário - um conservador. Defendo um Estado forte, com monopólio sobre o sistema de crédito (ou seja, sem bancos privados), democrático, e que, ao mesmo tempo que garanta uma sólida liberdade individual e empresarial, e justamente por causa disso, exerça uma supervisão rígida sobre toda a vida econômica da sociedade. Educação e saúde gratuitas são outros itens sagrados da minha pessoalíssima ideologia morena.

Embora essa conversa pareça entrar no campo da discussão utópica, a ideologia que eu descrevi laconicamente acima, em verdade, é a que mais próxima está de nossa Constituição. O problema social, a meu ver, não seria resolvido com revolução (e por isso me considero “conservador”) e sim através das ferramentas de que dispomos hoje; ou seja, através do voto.

As pessoas esquecem que o regime político sob o qual vivemos tem mais de 2.500 anos. Abrindo um pouco o campo de visão, adentramos uma teoria interessantíssima, sempre mencionada pelo cientista Wanderley Guilherme dos Santos, sobre o caráter biológico da organização social humana. Esse foi o maior erro de Marx, que revelou a sua arrogância suprema, característica, aliás, que contamina todo esquerdista radical. Segundo essa teoria, a organização social humana integra o mesmo processo que levou à formação de nosso cérebro, nossa postura ereta, mãos ágeis, sentidos aguçados e capacidade imaginativa. Trata-se de uma teoria extremamente respeitada nos meios científicos, embora ainda olhada com muita desconfiança por intelectuais marxistas por sua inevitável valorização de um certo conservadorismo.

Eu tenho a impressão, todavia, que uma teoria dessas, se desenvolvida competentemente, poderia representar uma derrota teórica fulminante para a direita, para o conservadorismo chulé e, sobretudo, para esse monstro de hipocrisia e violência social chamado neoliberalismo. Não seria fácil: teríamos que extirpar de vez o revolucionarismo adolescente que caracteriza o discurso de muitos representantes políticos da esquerda, e causar um estrago talvez fatal no prestígio do marxismo. Por outro lado, não é exatamente isso que está acontecendo? O socialismo moreno da América Latina não é, na prática, justamente isso? Quer dizer, alguns governantes estão agindo assim, pragmaticamente, e o discurso de pirotecnia revolucionária de alguns apenas atrapalha, além de não corresponder à realidade do que eles mesmos fazem. Não é, aliás, pela compreensão do que Lula representa, em termos de avanço teórico, para a democracia contemporânea, ainda amarrada a disputas ideológicas depressivas (para um lado e para o outro), que ele faz tanto sucesso no mundo inteiro, despertando uma simpatia quase apaixonada em autoridades e intelectuais tão díspares quanto Hugo Chávez e Sarkozy, Obama e Ahminejad?

Estivesse preso aos dogmas marxistas, ou mesmo a qualquer tipo de academicismo ou ortodoxia, Lula nunca poderia ter alcançado essa originalidade ideológica tão desprezada no Brasil e tão admirada lá fora; pela mesma razão que B.B.King nunca poderia aprender blues na prestigiada Berkeley. Nosso presidente operário mostrou, enfim, que a política também é uma arte, e como tal, deve ser pensada intuitivamente, sobretudo quando chegamos num momento de crise ideológica aguda, como chegou a esquerda na década de 80, e mais ainda a partir da queda do muro de Berlim e abertura econômica da China.

*

A esperteza de Appius Claudius

Não quero terminar o post hoje, porém, sem fazer uma última observação. Estou gostando muito de um livro, Les institutions politique romaines, de Léon Homo, e há pouco passei por um trecho que me remeteu imediatamente a uma situação política bem conhecida nossa. No século IV antes de Jesus Cristo, ou seja, mais de 300 anos antes de nascer Júlio César, Roma era uma república bastante avançada em termos jurídicos, mas experimentava, justamente por ser moderna, conflitos sociais agudos, caracterizados principalmente pelo enfrentamento entre patrícios e plebeus, ou seja, entre os nobres, de famílias tradicionais, e a turma sem passaporte da época. Nos anos seguintes, os patrícios perderão, paulatinamente, sua influência política, e os conflitos se desenvolverão, como de praxe, para uma guerra de classes. Mas antes de perderem poder, os patrícios conseguiram, por muitas gerações, conservá-lo através de artimanhas políticas das mais variadas. Uma dessas é descrita por Homo como protagonizada por um patrício brilhante, Appius Claudius, líder da ala mais à direita da nobreza romana. Homo mostra que havia uma divisão de esquerda e direita tanto entre patrícios quanto entre plebeus. Entre os patrícios, havia uma esquerda querendo estabelecer relações com os plebeus mais ricos, que por sua vez formavam a direita deste segmento. E havia, naturalmente, uma extrema esquerda plebéia, dominada por líderes radicais. Pois não é que Appius Claudius, num lance de genialidade política, consegue estabelecer uma parceria sólida com esses grupos radicais? A estratégia foi muito bem sucedida - para o lado dos patrícios, claro. Homo argumenta que esses radicais da esquerda plebéia não perceberam a armadilha em que caíram, e que iria resultar, no futuro breve, em muitas décadas de derrota política para sua classe. O plano de Appius foi relativamente fácil. Explorou a insatisfação dos radicais com a situação vigente e usou-os para derrubar seus adversários. Qualquer semelhança do PSDB e DEM usando o PSOL para derrubar Sarney e o presidente Lula não é mera coincidência...

26 comentarios

MC disse...

só um tanto anacrônico esse texto do léon, já que esquerda e direita só surgiram na modernidade.

Miguel do Rosário disse...

anacrônico não é a palavra certo. seria estranho. mas não é. justamente isso que achei legal. Leon Homo encontra, na Roma Antiga, grupos políticos com características de esquerda e outros de direita. Não havia esses nomes, claro. Mas os franceses, que inventaram os termos direita e esquerda, tem direito de usá-los como quisere, não acha? De qualquer forma, eu concordo com Homo, na história da humanidade, os conflitos de classe sempre produziram agrupamentos ideológicos muito semelhantes ao de "direita" e "esquerda". Em Roma, isso era muito claro. Tanto que em Roma vieram, mais tarde (mais perto da época de Julio Cesar), os "optimates" e os "populares", uns defendendo os nobres, ricos e oligarquias, e outros defendendo o povo. Claro que sempre há confusão nesses conceitos, mas hoje também não há? Obrigado pela visita e volte sempre.

Ah, Julio Cesar era do partido dos "populares".

Raphael Tsavkko Garcia disse...

DEvo dizer que compartilho quase na totalidade de seu pensamento filosófico/ideologico, viva, não sou o único!=)

Mas, por outro lado, não deposito só no voto a confiança das mudanças, a mobilização social e a pressão por outros meios também me apetece e me parece válida. Não digo "revolução" mas algo que está no meio disso.

Enfim, só discordo da exaltação final. Lula cometeu e comete falhas absurdas. Fez alianças que, se necessárias, poderiam e deveriam ser tomadas de forma mais discreta, menos midiática e clara.

O abandono de algumas bandeiras históricas do PT e da Esquerda como um todo foi por demais radical e sem qualquer tipo de reflexão geral, apenas uma mudança radical de ponto de vista que pegou muitos de surpresa.

Aparentemente Lula é o melhor que o Brasil pôde produzir mas, sem dúvida, não é o melhor que esperamos que produza no futuro.

Afora minhas inúmeras críticas ao dito, não posso deixar de vislumbrar os avanços. Mas tivemos perdas e baixas consideráveis, tanto em termos de alianças, amizades, aliados e apoios (vide PSOL), quanto perdas mais sensíveis e notadas no aparelhamento de sindicatos, da UNE e outras organizações.

enfim, se não é bom, é o melhor que pudemos colocar lá por ora. Melhor um PT contraditório que um DEM/PSDB na sua melhor forma!

Anônimo disse...

Engraçado como são os extremos.
De tão extremos eles terminam se abraçando, se confraternizando,
A troco de que será heim
Às vezes a luta pelo poder é uma podridão só

Aninha

Miguel do Rosário disse...

Oi Raphael, também pensei em colocar os debates públicos, mobilização popular, etc, mas toda essa energia social, senão se materializar em voto, não adianta nada, vide as manifestações anti-guerra que sucederam a invasão do Iraque e que não resultara em nada. O que mudou mesmo foi a eleição do Obama. Só assim eles estão saindo de lá.

A esquerda nunca poderá ser monocórdica, é humanamente impossível e politicamente desinteressante. A surpresa sentida na mudança do PT e adjacências foi, desculpe, ingênua, porque o PT surge na década de 80 justamente como uma diferença da esquerda tradicional. Conforme ele se fortaleceu, muitos socialistas tradicionais foram se agregando a ele, por falta de opção, mas o verdadeiro PT é aquela esquerda durona, proletária, pragmática, mais intuição que teoria, surgida no ABC paulista. Um trabalhador, quando entra na política, é uma decisão meio trágica, como foi para milhares de sindicalistas que amargaram indigência, ou mesmo morreram em celas, no cinturão industrial de SP, bem diferente da decisão de professores acadêmicos ou gente da classe média alta que resolve aplicar suas leituras ansiosas à realidade, com o defeito, gravíssimo, de querer adaptar a realidade às suas teorias e não, como é o certo, adaptar as teorias à realidade, usando, para obter uma superação dialética, aqueles velhos ensinamentos chineses sobre prudência, paciência e uso da força do adversário contra ele mesmo.

Sobre o Lula, não posso entender como ele poderia fazer mais do que ele já fez. Tirar 35 milhões de pessoas da linha miséria. Levar 25 milhões para classe média. Criar o maior programa social do mundo. É muito mais do que eu esperava. E a cada dia vem uma surpresa nova. Agora o governo estuda fazer uma enorme desoneração da folha salarial, a partir de 2010, tirando a último bóia crítica a qual se agarrava, com certa razão, a direita, que é a alta carga tributária. Naturalmente, ele poderia fazer outras coisas, mas aí entra também uma questão de tempo e prioridades e Lula sempre falou que a prioridade de seu governo seria o combate à pobreza.

De resto, grande abraço e fico satisfeito de encontrar alguém com idéias afins.

Miguel do Rosário disse...

Onde se lê "sucederam a invasão do Iraque", leia-se "antecederam a ..."

Raphael Tsavkko Garcia disse...

Fato, tem sentido realmente a noção de voto como "final, definidor", ainda que eu vislumbre a possibilidade de sucesso em manifestações e movimentos populares em ações, talvez, pontuais.

Quanto À ingenuidade, admito sem qualquer vergonha. Pelo menos o PT que eu conhecia desde criança não me pareceu que jamais mudaria da forma que mudou. O resto da análise sobre o PT e movimentos políticos, não tenho o que acrescentar.

E, finalmente, chegamos no Lula. Olha, eu não nego - nem poderia - a relevância e importância do Bolsa Família mas tudo me soa artificial e datado. Não que um próximo presidente teria a coragem de suspender o programa mas, ainda assim, temos uma classe média "sustentada", artificial, que pode ruir como um castelo de cartas a qualquer momento, não se sustenta só na maioria das vezes.

O programa -e o próprio Lula admitiu - é assistencialista. É errado? Não, de jeito algum, mas é errado ficar nisso. E ficou.

No mais, concordo, tenho resistência imensa ao Lula mas tenho que admitir os avanços, como canso de repetir, mas por outro lado vemos que nem tudo são flores. Muito não tem como ser tentado, outros pontos o PT sem dúvida não quer mais sequer pensar e, no fim, muitos movimentos sociais foram enfraquecidos e amansados, o que não é nem um pouco promissor.

Bem, enfim, digo o mesmo, achar, na Esquerda, pontos de concordância nem sempre é fácil!=)

abração!

Patrick disse...

Miguel, eu adorei o trailer do filme e espero vê-lo o quanto antes. Também tenho a mesma sensação que você quando viajo pelo Brasil.

Miguel do Rosário disse...

Ficou só no Bolsa Família? Prezado Raphael, você precisa se informar um pouco melhor... Já ouviu falar em agricultura familiar, salário mínimo, biodiesel, cooperativas, crédito popular, juros baixos, reservas internacionais, dívida externa zero... o que, exatamente, você gostaria de ter visto?

Abraço.

Hernan disse...

Muito bom o texto. Cheguei aqui por indicação do Idelber.
Coaduno um pouco com você, mas estou um pouco mais à esquerda. Flerto com o anarquismo. Contudo, pensando de forma realista e pragmática, não podemos abrir mão de um Estado forte e intervencionista. Ótima a idéia do controle estatal absoluto sobre o sistema financeiro.

Luis Henrique disse...

Caro Miguel,

Muito legal que tenha trazido este assunto para reflexão. Ao meu ver, você é 'reformista' de esquerda, não 'capitalista'.

Há pouco tempo, quase entrei em 'parafuso' ideológico, questionando minhas próprias convicções políticas. Também, desde ano passado o 'caldeirão midiático-opinativo' tem cozinhado numa temperatura acima do usual, não é fácil, há pouquíssimas certezas hoje em dia.

Muitas vezes, a terminologia atrapalha. Já perdi alguns amigos nesse tipo de discussão. Daí cheguei à conclusão de que não importa muito o que você diz que é, mas sim o que você faz.

Um grande abraço

Miguel do Rosário disse...

Oi Luis,

você tem razão. Mas você sabe que o termo reformista às vezes soa quase como um palavrão, se confrontado com a masculinidade heróica do termo "revolucionário".

Quem sabe eu não seja, enfim, um revolucionário, mas tão modesto que prefere dizer que não é? Seja como for, o mais importante é cuidar da saúde, correr todos os dias e evitar a eterna armadilha que a vida nos prega, diariamente, para nos deixar mais burros....

Enfim, gosto do termo republicano, não no sentido norte-americano, obviamente, mas no sentido de nossos heróis democráticos, Joaquim Nabuco, José Bonifácio e Tiradentes. Eram republicanos e, por serem assim, eram revolucionários, porque a democracia republicana, se combinada com uma cultura vibrante, um povo criativo, e lideranças corajosas, é o regime político mais revolucionário de todos, com certeza.

Grande abraço e volte sempre.

José Carlos Lima disse...

Adorei a frase "meu pai está na África", isto humanizou o blog,,,o afeto muda tudo.

Estou me referindo a esta postagem no blog do Eduardo Guimarães


"Senhoras e senhores leitores, quem lhes escreve é Carla Guimarães, filha de Eduardo Guimarães.

Meu pai está na África. Está com dificuldades de acesso à internet.

Ele só chega na quinta-feira. Até lá o máximo que poderei fazer é liberar os comentários dos senhores.

Contamos com sua compreensão."

Fonte: www.edu.guim.blog.uol.com.br

Anônimo disse...

Lula criticou a privatização de bancos a troco de nada, ele se referiu ao Banespa

Se fosse so os bancos tava fácil,, a privatizção da Vale foi um escárnio,,tambem a troco de nada

Andre

Daniel Américo.... disse...

Olá Miguel, grande fã do seu blog.
Falando dessas vezes que a direita coopta a esquera radical em nome de um bem maior eu me lembro da revolução constitucionalista de 32, onde a oligarquia cafeeira paulista, vendo declínio do seu poder e o surgimento de um governo popular dá a desculpa da inconsticionalidade do mesmo para tentar voltar ao poder, nem que seja a força, e com isso consegue o apoio de populares e até de grupos que se opunham a política do café do leite.
Isso me lembra muito a direita brasileira, colocando em seu grupo de influência partidos de esquerda radicais, com a desculpa de que é preciso moralizar o governo.

Miguel do Rosário disse...

Patrick, um filme que você vai gostar muito é Bolívia, do Adrián Caetano.

Abraço.

Andre,

a privatização da Vale, aliás, as privatizações em geral, foram um crime histórico sem precedentes. A Vale, conquistada com o sangue dos combatentes brasileiros na II Guerra, foi entregue de bandeja para 2 ou 3 magnatas de São Paulo e acionistas internacionais, e o pior, com dinheiro do BNDES. E por um valor irrisório, ridiculo.


Daniel Américo, interessante isso sobre a revolução const.paulista de 32. Conheço muito pouco sobre ela, mas é um assunto que um dia quero estudar, o porque da revolução de 30 e de 32. Quer dizer, já li bastante coisa sobre 30, mas nada muito esclarecedor. Abraço.

Ricardo Moura disse...

Caro, desculpe usar esse espaço para uma pergunta tão fútil, mas quando você disse ser jornalista especializado em café, surgiu uma curiosidade: qual é a região do Brasil de onde sai o melhor café?
Saudações e Abraço

Miguel do Rosário disse...

difícil dizer, tem cafés muito bons em todas as regiões tradicionais. as mais conhecidas são sul de MG, mogiana paulista, cerrado mineiro, mas depende de cada propriedade e são mais de 300 mil unidades no país. abraço.

50% do café é produzido em Minas, depois vem ES, SP, Bahia, Paraná e Rondônia. Outras regiões tem produção insignificante.

Patrick disse...

Miguel, obrigado pela dica. Eu já assisti e tenho inclusive o DVD de Bolívia :-). É um absurdo tantos filmes argentinos de primeira linha terem distribuição tão ruim no Brasil.

Miguel do Rosário disse...

Imaginei que você já tivesse... Tem razão sobre a distribuição. É uma coisa que precisa ser mudada. Conheço gente se articulando para isso... abraço.

Raphael Tsavkko Garcia disse...

Miguel,

Eu não quis dizer que tudo se limitava ao Bolsa Família, eu apenas analisei apenas o Bolsa Família por ter mais dados e melhor acesso ao programa.

alex disse...

Miguel.. viu isso?

BLOG DA PETROBRAS:
1 MILHÃO DE ACESSOS EM 47 DIAS

O blog da Petrobras ultrapassou nesta terça-feira 1 milhão de acessos, 47 dias depois de divulgado ao público. São 186 posts com 8550 comentários e mais de 6600 seguidores no Twitter.

Tão importante quanto os acessos e a repercussão dos posts e comentários é o compromisso da Petrobras com a transparência e sua persistência pela informação.

Eli Araujo disse...

Salve seu Rosario.

Tenho me perguntado, por que nunca vemos alguem de direita que foi pra esquerda, mas vemos da esquerda que foi pra direita ?

Miguel do Rosário disse...

Eli,

Eu não fui para a direita. Ao contrário. Depois vou escrever outro post para defender minha masculinidade revolucionária, mas posso responder sua pergunta mencionando a senilidade, de um lado, e a confusão ideológica, de outro. Achei, todavia, sua colocação extremamente perspicaz, pois a filosofia não é resposta, é sobretudo questionamento, e você fez a pergunta precisa. Espere um pouco. Talvez eu demore porque estou terminando um trabalho.

Saudações cordiais.

Werner Piana disse...

pois é Miguel,
apesar de não chegar perto da sua clara erudição percebo que a conclusão é parecida.

Me identifico muito com todas as suas impressões (acerca do nosso povo, do sistema bancário, da união direita+extrema esquerda, até quanto ao capitalismo de esquerda).

Minha dúvida atual é se sendo 'conservador' chegaremos lá. Tem horas, em especial vendo o grande complexo midiatico APENAS em mãos da quase-extrema direita, acho que só uma revolução resolveria nossos problemas. Mas não curto o radicalismo... é difícil!

Werner
saggio2.blogspot.com

Luis Henrique disse...

Eli,

Um contra-exemplo: o Zelaya consolidou sua carreira política na direita, se aproximou da esquerda e foi derrubado num golpe.

Tenho outra pergunta ao Miguel, para esse eventual outro post: por que quase ninguém na direita tem orgulho de se dizer de direita, e na esquerda ocorre justamente o contrário? É um fenômeno que só ocorre no Brasil?

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