O amigo Fernando Soares de Campos, colunista da Insignia e da Novae, divulgou um abaixo assinado bastante pertinente sobre toda essa confusão envolvendo as charges satíricas sobre o Islã e a revolta crescente dos muçulmanos contra isso.
O texto é muito bem articulado, fala sobre democracia, liberdade de opinião, e de forma geral, conclui que a imprensa não deve pedir desculpas pela publicação das charges. Vale uma citação:
"Pedir desculpa pela emissão de uma opinião livre publicada num jornal europeu será pedir desculpa pela Magna Carta, por Erasmo, por Voltaire, por Giordano Bruno, por Galileu, pelo laicismo, pela Revolução Francesa, por Darwin, pelo socialismo, pelo Iluminismo, pela Reforma, pelo feminismo. Porque tudo isso nos une na herança de um processo histórico que aparece agora criminalizado pela susceptibilidade de um dogma impositivo, incapaz de olhar o outro."
Bem, os autores e signatários do abaixo-assinado certamente não determinarão um fatwa sobre mim se eu discordar radicalmente de seu conteúdo, e mesmo reconhecendo a boa intenção notória que perpassa o texto, considerá-lo inapropriado, nocivo, ingênuo e arrogante.
Em primeiro lugar, os autores se consideram portadores da chama da liberdade que brilhou no ocidente. Esqueceram de citar, porém, entre os consagrados autores e idéias, todos os contribuintes árabes, desde os filósofos e bibliotecários que guardaram os livros gregos enquanto a Europa afundava em violência bárbara e obscurantismo católico. Esqueceram de citar os inventores do alfabeto moderno, da matemática, da astronomia, todos árabes.
Tal esquecimento, se não tem tanta importância do ponto-de-vista do conteúdo propriamente dito do artigo, possui um simbolismo interessante, projeta uma visão um tanto egoísta, uma intolerância disfarçada de bom mocismo. Na verdade, é o jeito europeu de ser imperalista, mais sutil e mais sofisticado que o americano.
O amontoado de citações de clássicos ocidentais me parece um tanto descabido. Mais tarde falaremos sobre isso. Sejamos mais diretos. Charges foram publicadas. Maomé com cabeça de bomba. Os muçulmanos não gostaram. Estão fazendo manifestações. Parece um exagero desproporcional para aqueles que analisam superficialmente, focando somente na relação charge X revolta.
Não é só isso. Há outros fatores envolvidos e a última coisa que nos interessa agora é que intelectuais, que supostamente deveriam agir como diplomatas nesta questão, entrem na polêmica de maneira tendenciosa, ajudando a botar mais lenha na fogueira. Os árabes estão revoltados, isso é fato. Os ocidentais estão muito bem obrigado, tirando seus problemas de sempre. Há que acalmar quem está calmo, essa é uma questão de psicologia social e diplomacia internacional. Há que pedir desculpas sim, se não quisermos resolver as coisas, mais uma vez, através da via militar. Não lembro de ter lido nenhum texto de Voltaire fazendo gracinhas desrespeitosas com o Islã; muito pelo contrário, Voltaire é o típico iluminista europeu profundamente influenciado pela cultura islâmica. Inúmeros contos seus são inspirados em lendas árabes, usando inclusive personagens árabes e histórias da tradição árabe.
Também não me lembro de algum pensador socialista escrevendo textos ou desenhando charges desrespeitosas ou ofensivas ao Islã.
Não me lembro que Darwin também tenha o feito. A Revolução Francesa, pelo que me consta, foi um processo brutal, sangrento, que resultou na morte de muita gente, inclusive de seus próceres, Robespierre, Danton, entre outros, condenados por seus próprios camaradas. Ademais, a revolução foi seguida de uma contra-revolução conservadora, que trouxe a aristocracia de volta, depois por Napoleão, e assim vai.
O fato é que o sujeito, quando já leu alguns livros, volta e meia cai na tentação de justificar suas idéias apenas com algumas citações elegantes, não importa que tais citações não tenham muito a ver com o objetivo em questão.
A revolta dos árabes, a meu ver, tem razões bem mais profundas que a simples publicação de charges. Vocês já ouviram falar, por exemplo, da Guerra no Iraque? Por caso, vocês já pensaram que a guerra tem saído das manchetes no Ocidente, mas continua afetando intensamente a consciência do povo muçulmano? Sobretudo depois que as redes árabes, Al Jazeera, se consolidaram e se expandiram por todos os países árabes e muçulmanos? Já imagiram quanto sofrimento essa guerra não causou. Já ouviram falar num fenômeno vulgarmente conhecido como a "gota d'água".
Não? Explico: imagina que um vizinho seu escuta o som muito alto todas as noites, não deixando você dormir, mas você não pode reagir porque tem medo dele. A situação dura um ano, dois anos. Até que um dia, você recebe sua mãe doente em casa, e o vizinho, desta vez, coloca um som baixinho, mas que, subitamente, causa-lhe uma irritação incontrolável, que o faz sair de casa, atravessar o trecho do corredor que separa seu apartamento do apartamento de seu vizinho, bater na porta dele com violência, esperar ele abrir e falar, quase gritando:
- 0 SENHOR QUER FAZER O FAVOR DE PARAR COM ESSE SOM! MINHA MÃE ESTÁ DOENTE EM CASA!
Isso se você for educado e tímido. Se for um sujeito irascível, passional, sua reação talvez seja bem mais intensa. Bem, os árabes são um povo intenso, passional.
Entretanto, vamos ver o outro lado, antes que sejamos acusados pelos neo-conservadores de estarmos passando a mão na cabeça dos árabes coitadinhos, ou dando razão à comissão mundial dos oprimidos, conforme a neo-direita agora gosta de se referir, sarcasticamente, a todos aqueles que procuram estudar as razões da pobreza e da violência entre os homens.
Os árabes têm problemas sociais domésticos muito graves. E tem problemas políticos mais graves ainda. A estratégia governamental de apontar um inimigo externo para desviar atenções dos problemas internos é antiga, eficiente e usada por ocidentais e orientais. No caso dos árabes, parece estar vindo muito bem a calhar nesse momento. Com os atuais preços do petróleo nas alturas, alguns governos árabes estão ganhando tanto dinheiro que, se não desviarem a atenção da massa ignara, logo logo alguns intelectuais ou cidadãos mais esclarecidos começarão a protestar contra a falta de investimentos sociais, econômicos, etc, e muito provavelmente pipocarão denúncias de corrupção...
Não há forma melhor de desviar a atenção de denúncias de corrupção do que reinventar um conflito externo. As sociedades árabes precisam ser mais democráticas, nisso eu concordo com o Bush. Mas o método que ele decidiu usar para interferir nesse sentido foi o pior possível: diante do terrorismo da guerra, os árabes intensificaram sua religiosidade. Essa foi sua maneira de se defenderem contra os valores egoístas e cruéis do Ocidente, com suas gigantescas periferias na América Central, América do Sul e África. Os árabes ficam atônitos com essa democracia de ricos, e amendrontados com a brutalidade com que o ocidente, ou melhor, os EUA, produziram pretextos falsos para levar adiante uma guerra terrível contra o Iraque. Os EUA foram contra a ONU, e daí? A ONU impôs sanções aos EUA? Algum país europeu decidiu impor embargos a produtos americanos? Não!
Os americanos inicaram uma guerra covarde contra o Iraque e ninguém fez nada. Ninguém faz nada. Os americanos ainda reelegeram Bush. A Dinamarca apoiou Bush na guerra! E ainda apóia.
Esses são os motivos da revolta entre os árabes.
Não tem nada a ver com esse abaixo assinado ingênuo sobre liberdade de opinião. Tem a ver com guerra, com política, com morte, com sofrimento, com pobreza, medo, terrorismo.
Por mim, mesmo sabendo que políticos árabes podem estar explorando o fato para desviar o foco das atenções de problemas internos, sinto que estou do lado dos árabes. Aliás, mesmo essa exploração política também não é generalizada, visto que são árabes de diversos países. O fator mais importante mesmo é a revolta acumulada pela Guerra no Iraque e pela maneira tímida e covarde com que a Europa vem agindo diante do poderio bélico americano.
O texto é muito bem articulado, fala sobre democracia, liberdade de opinião, e de forma geral, conclui que a imprensa não deve pedir desculpas pela publicação das charges. Vale uma citação:
"Pedir desculpa pela emissão de uma opinião livre publicada num jornal europeu será pedir desculpa pela Magna Carta, por Erasmo, por Voltaire, por Giordano Bruno, por Galileu, pelo laicismo, pela Revolução Francesa, por Darwin, pelo socialismo, pelo Iluminismo, pela Reforma, pelo feminismo. Porque tudo isso nos une na herança de um processo histórico que aparece agora criminalizado pela susceptibilidade de um dogma impositivo, incapaz de olhar o outro."
Bem, os autores e signatários do abaixo-assinado certamente não determinarão um fatwa sobre mim se eu discordar radicalmente de seu conteúdo, e mesmo reconhecendo a boa intenção notória que perpassa o texto, considerá-lo inapropriado, nocivo, ingênuo e arrogante.
Em primeiro lugar, os autores se consideram portadores da chama da liberdade que brilhou no ocidente. Esqueceram de citar, porém, entre os consagrados autores e idéias, todos os contribuintes árabes, desde os filósofos e bibliotecários que guardaram os livros gregos enquanto a Europa afundava em violência bárbara e obscurantismo católico. Esqueceram de citar os inventores do alfabeto moderno, da matemática, da astronomia, todos árabes.
Tal esquecimento, se não tem tanta importância do ponto-de-vista do conteúdo propriamente dito do artigo, possui um simbolismo interessante, projeta uma visão um tanto egoísta, uma intolerância disfarçada de bom mocismo. Na verdade, é o jeito europeu de ser imperalista, mais sutil e mais sofisticado que o americano.
O amontoado de citações de clássicos ocidentais me parece um tanto descabido. Mais tarde falaremos sobre isso. Sejamos mais diretos. Charges foram publicadas. Maomé com cabeça de bomba. Os muçulmanos não gostaram. Estão fazendo manifestações. Parece um exagero desproporcional para aqueles que analisam superficialmente, focando somente na relação charge X revolta.
Não é só isso. Há outros fatores envolvidos e a última coisa que nos interessa agora é que intelectuais, que supostamente deveriam agir como diplomatas nesta questão, entrem na polêmica de maneira tendenciosa, ajudando a botar mais lenha na fogueira. Os árabes estão revoltados, isso é fato. Os ocidentais estão muito bem obrigado, tirando seus problemas de sempre. Há que acalmar quem está calmo, essa é uma questão de psicologia social e diplomacia internacional. Há que pedir desculpas sim, se não quisermos resolver as coisas, mais uma vez, através da via militar. Não lembro de ter lido nenhum texto de Voltaire fazendo gracinhas desrespeitosas com o Islã; muito pelo contrário, Voltaire é o típico iluminista europeu profundamente influenciado pela cultura islâmica. Inúmeros contos seus são inspirados em lendas árabes, usando inclusive personagens árabes e histórias da tradição árabe.
Também não me lembro de algum pensador socialista escrevendo textos ou desenhando charges desrespeitosas ou ofensivas ao Islã.
Não me lembro que Darwin também tenha o feito. A Revolução Francesa, pelo que me consta, foi um processo brutal, sangrento, que resultou na morte de muita gente, inclusive de seus próceres, Robespierre, Danton, entre outros, condenados por seus próprios camaradas. Ademais, a revolução foi seguida de uma contra-revolução conservadora, que trouxe a aristocracia de volta, depois por Napoleão, e assim vai.
O fato é que o sujeito, quando já leu alguns livros, volta e meia cai na tentação de justificar suas idéias apenas com algumas citações elegantes, não importa que tais citações não tenham muito a ver com o objetivo em questão.
A revolta dos árabes, a meu ver, tem razões bem mais profundas que a simples publicação de charges. Vocês já ouviram falar, por exemplo, da Guerra no Iraque? Por caso, vocês já pensaram que a guerra tem saído das manchetes no Ocidente, mas continua afetando intensamente a consciência do povo muçulmano? Sobretudo depois que as redes árabes, Al Jazeera, se consolidaram e se expandiram por todos os países árabes e muçulmanos? Já imagiram quanto sofrimento essa guerra não causou. Já ouviram falar num fenômeno vulgarmente conhecido como a "gota d'água".
Não? Explico: imagina que um vizinho seu escuta o som muito alto todas as noites, não deixando você dormir, mas você não pode reagir porque tem medo dele. A situação dura um ano, dois anos. Até que um dia, você recebe sua mãe doente em casa, e o vizinho, desta vez, coloca um som baixinho, mas que, subitamente, causa-lhe uma irritação incontrolável, que o faz sair de casa, atravessar o trecho do corredor que separa seu apartamento do apartamento de seu vizinho, bater na porta dele com violência, esperar ele abrir e falar, quase gritando:
- 0 SENHOR QUER FAZER O FAVOR DE PARAR COM ESSE SOM! MINHA MÃE ESTÁ DOENTE EM CASA!
Isso se você for educado e tímido. Se for um sujeito irascível, passional, sua reação talvez seja bem mais intensa. Bem, os árabes são um povo intenso, passional.
Entretanto, vamos ver o outro lado, antes que sejamos acusados pelos neo-conservadores de estarmos passando a mão na cabeça dos árabes coitadinhos, ou dando razão à comissão mundial dos oprimidos, conforme a neo-direita agora gosta de se referir, sarcasticamente, a todos aqueles que procuram estudar as razões da pobreza e da violência entre os homens.
Os árabes têm problemas sociais domésticos muito graves. E tem problemas políticos mais graves ainda. A estratégia governamental de apontar um inimigo externo para desviar atenções dos problemas internos é antiga, eficiente e usada por ocidentais e orientais. No caso dos árabes, parece estar vindo muito bem a calhar nesse momento. Com os atuais preços do petróleo nas alturas, alguns governos árabes estão ganhando tanto dinheiro que, se não desviarem a atenção da massa ignara, logo logo alguns intelectuais ou cidadãos mais esclarecidos começarão a protestar contra a falta de investimentos sociais, econômicos, etc, e muito provavelmente pipocarão denúncias de corrupção...
Não há forma melhor de desviar a atenção de denúncias de corrupção do que reinventar um conflito externo. As sociedades árabes precisam ser mais democráticas, nisso eu concordo com o Bush. Mas o método que ele decidiu usar para interferir nesse sentido foi o pior possível: diante do terrorismo da guerra, os árabes intensificaram sua religiosidade. Essa foi sua maneira de se defenderem contra os valores egoístas e cruéis do Ocidente, com suas gigantescas periferias na América Central, América do Sul e África. Os árabes ficam atônitos com essa democracia de ricos, e amendrontados com a brutalidade com que o ocidente, ou melhor, os EUA, produziram pretextos falsos para levar adiante uma guerra terrível contra o Iraque. Os EUA foram contra a ONU, e daí? A ONU impôs sanções aos EUA? Algum país europeu decidiu impor embargos a produtos americanos? Não!
Os americanos inicaram uma guerra covarde contra o Iraque e ninguém fez nada. Ninguém faz nada. Os americanos ainda reelegeram Bush. A Dinamarca apoiou Bush na guerra! E ainda apóia.
Esses são os motivos da revolta entre os árabes.
Não tem nada a ver com esse abaixo assinado ingênuo sobre liberdade de opinião. Tem a ver com guerra, com política, com morte, com sofrimento, com pobreza, medo, terrorismo.
Por mim, mesmo sabendo que políticos árabes podem estar explorando o fato para desviar o foco das atenções de problemas internos, sinto que estou do lado dos árabes. Aliás, mesmo essa exploração política também não é generalizada, visto que são árabes de diversos países. O fator mais importante mesmo é a revolta acumulada pela Guerra no Iraque e pela maneira tímida e covarde com que a Europa vem agindo diante do poderio bélico americano.
Miguel, o que entendi quando o autor diz:
"Pedir desculpa pela emissão de uma opinião livre publicada num jornal europeu será pedir desculpa pela Magna Carta, por Erasmo, por Voltaire, por Giordano Bruno, por Galileu, pelo laicismo, pela Revolução Francesa, por Darwin, pelo socialismo, pelo Iluminismo, pela Reforma, pelo feminismo. Porque tudo isso nos une na herança de um processo histórico que aparece agora criminalizado pela susceptibilidade de um dogma impositivo, incapaz de olhar o outro."
foi que estes a quem ele está citando foram polêmicos, tiveram ( e em muitos casos ainda têm) suas obras contestadas, enquanto o legado árabe que você nos aponta constitui uma obra científica incontestável: "do alfabeto moderno, da matemática, da astronomia, todos árabes".
Em relação propriamente ao cartoon que virou charge, eu diria que tem muita coisa por trás disso.
Viu o artigo da Helena no Manifeste-se. Está ótimo. Mas também tem outro em La Insignia: "Fanáticos sin fronteras".
Bom, assino o manifesto, senão daqui a pouco vai ter católico querendo jogar pedra em mim por ter contado umas anedotas com Jesús e Pedro.
Acho que o cartunista só quis chamar a atenção para essa coisa do uso do fanatismo religioso justificando tudo que é sacanagem que certos grupos "mulçumanos" fazem em nome da religião, mas que, na verdade, e isso já está mais do que provado, o fazem em nome da CIA. Estou me referindo a alguns, os mais radicais. O Povo nada tem a ver com isso, está sendo usado de bucha.
Mas isso é somente a minha opinião. Contudo você tem razão quando fala de certos babacas que querem parecer eruditos e citam determinados clássicos. Tem de montão esses arrogantes. E é por isso que gosto dos seus textos, você nunca os citou sem propósito. E poderia fazê-lo à vontade, pois os conhece.
Um abraço
Me acostumei tanto a escrever para Jesús Gómez que agora acentuo até mesmo o de lá de cima.
"Os americanos iniciaram uma guerra covarde contra o Iraque e ninguém fez nada. Ninguém faz nada."
Leo, se você se refere aos que fizeram o abaixo-assinado, acho que está se equivocando, pois milhares de pessoas escreveram contra essa tirania, milhões de ocidentais opiniram nos bares, no trabalho, nas ruas, no rádio, nos jornais, na tevê; muitos milhares foram às ruas em protesto, enfim, onde possível fosse estar, muita gente esteve lá (ainda estará) protestando. Entre os milhões que escreveram, falaram e gritaram protestando, estão os signatários desse abaixo-assinado. Entre os signatários do abaixo-assinado, estou eu.
Os americanos não elegeram Bush, está comprovada a fraude nas eleições.
Quanto ao apoio, as pesquisas indicam queda vertiginosa da popularidade do presidente dos EEUU. Antes tarde do que nunca.
Será que os árabes não deveriam levar tudo isso em consideração?
pois acho que o povo árabe considera sim. Quem não está interessado na paz são aqueles que pouco se interessam pelo povo, em qualquer latitude. Lá e cá, querem seus privilégios, seus palácios, seus poderes.
O povo está sendo usado, dizem os bons líderes do lado de ambos os lados. Mas esses têm pouco ou quase nenhum espaço para veicular suas vozes, suas opiniões.
Vivemos a ditatura mundial das comunicação.
Acho.
Um abraço.
Fernando Soares Campos
Vivemos hoje, ou sempre vivemos, a ditadura das comunicações, em todo o mundo.
Acho.
Hoje, contamos com isto aqui, ó, a internet. Não fosse isto, estaríamos em pior situação. Não tenho a menor dúvida.
De fato, Fernando, as maiores manifestação já registradas na história do mundo foram aquelas contra a guerra no Iraque. Foi um fenomeno impressionante. Mas ficou nisso, em manifestações. A ONU, diante do fracasso em evitar a guerra, não teve coragem de votar moções contra os EUA. Isso trouxe muito desencanto aos povos árabes. Também é notório que, se milhões se manifestaram contra a guerra, outros milhões a apoiaram, talvez em quantidade ainda maior. As manifestatações, de qualquer forma, não foram suficientes... Agora os EUA e a mídia ocidental preparam terreno para fazer outra guerra, contra o Irã, as informações sobre a pesquisa nuclear do Irã são distorcidas. Tiraram o Bustani da diretoria da Agencia de Não Proliferação Nuclear, que vinha fazendo um trabalho reconhecido. O ocidente precisa se manifestar, mas receio que passeatas não são mais suficientes. O ocidente precisa fortalecer as instituições internacionais, democratizando-as e dotando-as de força política para fazer frente à eventuais líderes loucos como Bush.
Mas é disso mesmo que estou falando, Miguel, as coisas não passam do que os donos do mundo e de pedaços deste mundo querem. Conseguem até jogar de encontro dois hemisférios terrestres. Eles podem tudo, mas nós podemos alguma coisa, e essas pequenas coisas juntas podem representar muito. A internet deve estar incomodando muita gente poderosa, veja o que um dos seus capachos está dizendo hoje na Folha de São Paulo. Fiz comentários no fórum da NOVAE, msg 2653.
Se alguém se interessar, leia "Saudades do Apocalipse" Basta digitar isso no google seguido do meu nome, e veja o que imaginei há uns 4 anos. Não é premonição, é ficção, mas serve pra nos alertar. Esse texto até foi plagiado por uma tal "Carta do Futuro". Mas tudo bem, dizem que o plágio é o maior aplauso que se pode receber (Nelson Rodrigues?)
Um abraço e vamos continuar na luta.
Postar um comentário