(Willem de Kooning)
Lendo o Globo ontem fiquei pensando que encontro mais literatura na seção policial, política e econômica do que no Prosa & Verso. O caderno de literatura do Globo não é grande coisa, embora traga informações interessantes, mas as páginas policiais me inspiram mais do que saber que livro fulaninha, artista plástica e decoradora, está lendo. Um exemplo: menina de 12 anos mata o pai com um tiro de fuzil na nuca. "Mãe, o papai me bateu e eu o matei", diz a menina, ao telefone. Em seguida, a nota conta que as desavenças entre pai e filha começaram depois que a garota iniciou relacionamento com um rapaz de 18 anos.
Há intrigas palacianas, conspirações midiáticas, deserções políticas, homicídios, escabrosos casos de corrupção, e o mensalão tucano continua sendo abafado. O máximo que a imprensa publica é chantagem: se o Azeredo for responsabilizado, o Lula também tem que ser. Esquecem que o Procurador-Geral da República não encontrou provas de envolvimento de Lula. Se não encontrarem provas de envolvimento de Azeredo, ou de FHC (cuja campanha também foi irrigada com o caixa 2 descoberto), então eles ficarão tranquilos. Mas existem diferenças básicas. O Caixa 2 tucano foi fundamentalmente, comprovamente, abastecido com dinheiro público. O que intriga as gentes é: onde estão os editoriais? Os editoriais éticos são muito seletivos, não acham? Queria muito ver os gráficos, com fotinhos e setas, dos tucanos, incluindo o Aécio Neves, que receberam caixa 2 na campanha do Azeredo. Tem petista no meio? Ótimo, bota na roda também. Quero ver é a carinha de playboy do Aécio num info-gráfico do Globo.
A Miriam Leitão, por exemplo, está indignada com o fato de senadores tentarem obstruir o trabalho do Ministério do Trabalho. Mas, curiosamente, Leitão não diz de que partido são esses senadores. Pior, ainda mistura na mesma matéria uma crítica ao troca-troca de partido com o caso dos senadores escravagistas. Ora, Miriam. Esses senadores que defendem os escravagistas são da oposição, minha filha. Quer dizer, minha tia (como dizem os baianos). São do PSDB e do DEM.
O DEM está minguando aceleradamente. Vem perdendo eleições e, quando ganha, seus senadores trocam de partido. A imprensa acusa somente os parlamentares. Alguém já parou para refletir, contudo, se o problema não estaria com a postura contraditória e golpista do DEM? Uma hora eles defendem o voto secreto. Num segundo momento, atacam o voto secreto. Numa hora, criam a CPMF. Noutra outra querem extinguir a CPFM de forma brusca. O DEM não tem votos, defende escravagistas, perde parlamentares. O DEM respira com aparelho respiratório importado dos Estados Unidos e pagos por Abril, Estadão, Folha e Globo, o G-4 conhecido mundialmente como IMPRENSALÃO.
O João Ubaldo Ribeiro está escrevendo mal pra caralho. Seu texto tem mais conjuções que substantivos e trai um tesão pelo Lula inexplicável. Outro dia publicou artigo que começa assim: claro que não posso ter certeza, mas creio que..." Nossa senhora, que lixo de linguagem. O cara não tem certeza, seu texto é cheio de "acho que", "creio que", "não sei bem", e ainda quer, com aquele desfile de clichês, nos impor liçõezinhas de moral?
Vá criar macaco em Itaparica, João! E volte a beber, pelo amor de Deus. Desde que você parou com o uísque, sua sintaxe degradou-se terrivelmente. Ou então, pare com esses artigos meia-boca, mau-humorados, que ninguém tem saco de ler. Escreva romances, meu caro.
O curioso é ver a esquizofrenia crescente de nosso colunato. Enquanto o Brasil caminha para o investment grade e registra números sócio-econômicos sem paralelos na história recente, a gritaria moral sobe o tom e perde as estribeiras. Esses fariseus não comemoram os êxitos econômicos e sociais do país. De uma hora para outra, tornaram-se guardiões da ética e da moral brasileiras. Uma ética extremamente curiosa. O Cacciola é preso em Mônaco, acusado de se beneficiar de uma transferência ilegal de 1,5 bilhão de reais do Banco Central e os jornais não publicam gráficos, os colunistas não escrevem editoriais éticos, nada. Para eles, os 50 milhões de reais do PT são uma afronta muito maior do que os 1,5 bilhão de reais do Cacciola. Com o agravante que, enquanto o dinheiro do PT veio de doações ilegais do setor privado, a grana do Cacciola veio diretamente dos cofres públicos.
Os jornais publicaram esses dias que a Vale do Rio Doce está valendo 300 bilhões de reais, mais que a Petrobrás. Ninguém lembra que ela foi vendida por menos de 3 bilhões, pagos com moeda podre? Não sou nenhum radical contra a privatização. Mas cadê a indignação ética, caralho! Porque não venderam a Vale do Rio Doce mais caro? Porque não impuseram aos compradores contrapartidas sociais? A Vale foi criada por Getúlio Vargas, com empréstimo americano, depois que nossos soldados morreram na campanha da Itália, na II Guerra. Merecia, no mínimo, ser privatizada dentro de um processo justo. Não querem investigar? No câmbio ético do imprensalão, 1 real roubado por um petista vale mais que 1 milhão roubados por 1 tucano.
Definitivamente, a literatura não está no Prosa & Verso. Nossa literatura está sendo produzida nas trincheiras. Dia menos dia, o povo aprende a ler. Vamos ver no que vai dar.
Há intrigas palacianas, conspirações midiáticas, deserções políticas, homicídios, escabrosos casos de corrupção, e o mensalão tucano continua sendo abafado. O máximo que a imprensa publica é chantagem: se o Azeredo for responsabilizado, o Lula também tem que ser. Esquecem que o Procurador-Geral da República não encontrou provas de envolvimento de Lula. Se não encontrarem provas de envolvimento de Azeredo, ou de FHC (cuja campanha também foi irrigada com o caixa 2 descoberto), então eles ficarão tranquilos. Mas existem diferenças básicas. O Caixa 2 tucano foi fundamentalmente, comprovamente, abastecido com dinheiro público. O que intriga as gentes é: onde estão os editoriais? Os editoriais éticos são muito seletivos, não acham? Queria muito ver os gráficos, com fotinhos e setas, dos tucanos, incluindo o Aécio Neves, que receberam caixa 2 na campanha do Azeredo. Tem petista no meio? Ótimo, bota na roda também. Quero ver é a carinha de playboy do Aécio num info-gráfico do Globo.
A Miriam Leitão, por exemplo, está indignada com o fato de senadores tentarem obstruir o trabalho do Ministério do Trabalho. Mas, curiosamente, Leitão não diz de que partido são esses senadores. Pior, ainda mistura na mesma matéria uma crítica ao troca-troca de partido com o caso dos senadores escravagistas. Ora, Miriam. Esses senadores que defendem os escravagistas são da oposição, minha filha. Quer dizer, minha tia (como dizem os baianos). São do PSDB e do DEM.
O DEM está minguando aceleradamente. Vem perdendo eleições e, quando ganha, seus senadores trocam de partido. A imprensa acusa somente os parlamentares. Alguém já parou para refletir, contudo, se o problema não estaria com a postura contraditória e golpista do DEM? Uma hora eles defendem o voto secreto. Num segundo momento, atacam o voto secreto. Numa hora, criam a CPMF. Noutra outra querem extinguir a CPFM de forma brusca. O DEM não tem votos, defende escravagistas, perde parlamentares. O DEM respira com aparelho respiratório importado dos Estados Unidos e pagos por Abril, Estadão, Folha e Globo, o G-4 conhecido mundialmente como IMPRENSALÃO.
O João Ubaldo Ribeiro está escrevendo mal pra caralho. Seu texto tem mais conjuções que substantivos e trai um tesão pelo Lula inexplicável. Outro dia publicou artigo que começa assim: claro que não posso ter certeza, mas creio que..." Nossa senhora, que lixo de linguagem. O cara não tem certeza, seu texto é cheio de "acho que", "creio que", "não sei bem", e ainda quer, com aquele desfile de clichês, nos impor liçõezinhas de moral?
Vá criar macaco em Itaparica, João! E volte a beber, pelo amor de Deus. Desde que você parou com o uísque, sua sintaxe degradou-se terrivelmente. Ou então, pare com esses artigos meia-boca, mau-humorados, que ninguém tem saco de ler. Escreva romances, meu caro.
O curioso é ver a esquizofrenia crescente de nosso colunato. Enquanto o Brasil caminha para o investment grade e registra números sócio-econômicos sem paralelos na história recente, a gritaria moral sobe o tom e perde as estribeiras. Esses fariseus não comemoram os êxitos econômicos e sociais do país. De uma hora para outra, tornaram-se guardiões da ética e da moral brasileiras. Uma ética extremamente curiosa. O Cacciola é preso em Mônaco, acusado de se beneficiar de uma transferência ilegal de 1,5 bilhão de reais do Banco Central e os jornais não publicam gráficos, os colunistas não escrevem editoriais éticos, nada. Para eles, os 50 milhões de reais do PT são uma afronta muito maior do que os 1,5 bilhão de reais do Cacciola. Com o agravante que, enquanto o dinheiro do PT veio de doações ilegais do setor privado, a grana do Cacciola veio diretamente dos cofres públicos.
Os jornais publicaram esses dias que a Vale do Rio Doce está valendo 300 bilhões de reais, mais que a Petrobrás. Ninguém lembra que ela foi vendida por menos de 3 bilhões, pagos com moeda podre? Não sou nenhum radical contra a privatização. Mas cadê a indignação ética, caralho! Porque não venderam a Vale do Rio Doce mais caro? Porque não impuseram aos compradores contrapartidas sociais? A Vale foi criada por Getúlio Vargas, com empréstimo americano, depois que nossos soldados morreram na campanha da Itália, na II Guerra. Merecia, no mínimo, ser privatizada dentro de um processo justo. Não querem investigar? No câmbio ético do imprensalão, 1 real roubado por um petista vale mais que 1 milhão roubados por 1 tucano.
Definitivamente, a literatura não está no Prosa & Verso. Nossa literatura está sendo produzida nas trincheiras. Dia menos dia, o povo aprende a ler. Vamos ver no que vai dar.
PS: Leiam esse texto do Azenha, Quando a Folha esculachou o Globo.