29 de outubro de 2007

Parabéns Argentina

Tenho lido, nos últimos meses, muitas matérias negativas sobre o governo Kirchner. Entretanto, quem tem um mínimo de informação e lê criticamente os dados que chegam até aqui sobre a economia argentina, sabe que Nestor Kirchner operou um verdadeiro milagre. Ele, literalmente, salvou a pátria. A Argentina vem crescendo a taxas quase chinesas, de mais de 8% ao ano, com ênfase no aumento do poder aquisitivo da classe trabalhadora. Tem um problema grave de inflação, certo, mas é um problema oriundo de um crescimento muito acelerado.

Divulgaram ainda que a campanha foi apática e os argentinos estão desmotivados com a classe política. A Globo e outros órgãos afirmaram isso. Desconfio dessa apatia. Nem sempre sair gritando pelas ruas é sinal de saúde política. O fato do país estar pacificado, e as pessoas tranquilas, sem manifestar-se nas ruas, pode ser também um sinal de confiança. Uma coisa é óbvia e a própria eleição deste domingo confirmou. A população está muito confiante na continuidade do governo Kirchner, através da eleição de Cristina, esposa do atual presidente. Esta confiança na vitória traduziu-se em serenidade, confundida com apatia. A partir do momento em que as pessoas estão absolutamente seguras de quem será o vencedor numa eleição, é natural que o ambiente fique distendido e que estas pessoas voltem sua preocupação para outros assuntos. Faltou esse entendimento. O Globo, de forma geral, tem feito uma cobertura muito negativa dos governos latino-americanos, de forma geral. A nossa mídia não engole a amizade firme entre Kirchner e Chávez, nem a popularidade gozada por Chávez na Argentina.

Chávez comprou títulos públicos argentinos para ajudar o país a sair de uma crise financeira. Essa ajuda foi lida com muito sarcasmo por nossos analistas, que nunca haviam assistido antes um país latino-americano prestar uma assistência corajosa a outro país. Entendam bem. Chávez comprou títulos, não doou dinheiro e, eventualmente, o governo venezuelano pode lucrar com isso, casos os mesmos se valorizem. Se o Brasil tivesse ajudado a Argentina, lá atrás, em tempos do reinado fernandista, talvez a Argentina não tivesse quebrado tão feio e nossos hermanos poderiam estar numa melhor situação hoje.

A imprensa tucanizada odeia a Argentina, isso é notório. E burro, já que a Argentina recuperada tem sido uma das maioras compradoras de produtos brasileiros, superando os Estados Unidos e a China em diversos setores.

A vitória de Cristina, portanto, é outra vitória dos povos latino-americanos contra mídias direitistas e burras e retrógradas e anti-populares que ainda infestam o continente. Viva Cristina. Viva a Argentina.

PS: Tem mais. O Globo hoje vem falando em Argentina dividida. Fala que Cristina ganhou com votos do interior e de pobres. Hum? Dividida? Cristina ganhou no primeiro turno com a maior diferença de votos jamais vista em eleições no país. Que divisão é essa? O Globo tenta desqualificar de várias formas a legitimidade e a incrível força política de Cristina e o que ela representa para toda América Latina. A vitória de Cristina também foi uma vitória sobre o jornal conservador La Nación. E novamente vem com essa história de votos de pobres. Ora, Cristina obteve vitória esmagadora. Se os pobres são maioria num país, então é seu direito democrático exercer o poder que emana de seu número. Um ser humano não vale mais do que outro só por causa de sua conta bancária. E tem muito pobre mais inteligente e mais honesto que muito rico.

O Globo ainda tem a cara de pau de dar a "receita de bolo" para resolver alguns problemas da Argentina: juros altos, recessão e arrocho. Ou seja, a mesma receita fracassada dos governos neoliberais anteriores. Há setores poderosos da imprensa que se tornaram refúgio das viúvas histéricas do neoliberalismo cucaracho. Um neoliberalismo anti-nacionalista e estúpido, que só levou ao endividamento, à miséria e ao colapso financeiro dos países que o adotaram. Como diria o Bussunda, fala sério!


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Eu sabia que o Marco Aurélio Mello, aquele soltador de bandido de colarinho branco, fazia oposição explícita ao governo Lula, mas faltavam-me elementos. O PHA traz hoje excelente entrevista com um pesquisador, que fala sobre o assunto. Naturalmente, você não lerá isso publicado nos órgãos da PIG (Partido da Imprensa Golpista, para quem não sabe, o partido de oposição mais forte no país), que só entrevista ou dá preferência a pesquisadores e acadêmicos alinhados com seus interesses.

6 comentarios

ddd disse...

Fala miguel, eu tive em BsAs agora em julho e devo confessar que não senti saudades de nosso país... as coisas por lá estão muito melhores. Primeiro pq eles nunca foram páreo para o nosso nível de analfabetismo e de pobreza (incluindo a cultural que assola nossa pseudo-elite brazuca). A coisa lá tá bombando!
abs
daniel
Ei te faço um convite pra conhecer meu blog:
cabideladigital.blogspot.com
espero que goste tanto quanto eu gostei daqui...
vou aparecer por aqui mais vezes pra participar dos "debates" hehe

Miguel do Rosário disse...

Valeu pela informação Daniel. Entrei no seu blog, tá muito bom. Me amarrei nos haikais. Abraço

ddd disse...

Pô fiquei feliz que vc gostou.
Vc na cabidela será sempre “de casa”
Abs
Daniel
p.s. esqueci de dizer que eu assisti Brasil e Argentina lá “dentro” num bar de brasileiros e quando o jogo acabou, fui tentar sair e a polícia tinha bloqueado as duas ruas que davam acesso ao bar para nos proteger da fúria portenha (tropa de choque e tudo mais)... rolou um medo de levar um cacete grande hahaha! Mas no outro dia eu já tava gozando todo mundo. Até na sorveteria eu pedia de “três bolas” e eles ficavam putos...
hahaha

José Carlos Lima disse...

Pena que no governo Menem(por coincidência na mesma época de FHC, o tempo dos ventos neoliberais na AL)a Argentina tenha doado a preço de banana todo o seu patrimônio. Assim como fez FHC com a Vale.

FHC=Menem... Ele quebraram os países que governaram.

Para consertar o estrago o povo, à revelia da mídia, elegeu governos não entreguistas e safados.

Como se sabe, quando candidata, Cristina não deu uma estrevista sequer aos meios de comunicação argentinos.

Preferiu falar diretamente ao povo.

A Globo que se cuide...rssss

Patrick disse...

O que a imprensa não conta é que os problemas da Argentina (inflação e falta de energia) são decorrentes de excesso de crescimento na economia! É melhor um país ter que resolver esse tipo de problema do que não tê-lo por viver em permanente estagnação econômica, como era o caso por lá até o ano 2001.

Anônimo disse...

As materias negativas devem ser da mídia venal argentina.

O que interesssa para eles é o lucro, se é bom ou não para um país esta em quinto plano.

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