10 de janeiro de 2011

A direita encontrou seu Messias?



Por Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada.

O professor Wanderley Guilherme dos Santos publica extraordinário artigo na Carta Capital que está nas bancas.

“A direita encontra o seu Messias ?”.

“Ao assumir o papel de principal líder do aglomerado conservador, Serra amealhou respeitável portfólio eleitoral”.

Wanderley mostra que os 44% dos votos válidos Padim Pade Cerra (a expressão é do C Af – PHA) foram resultado de uma campanha “acima dos partidos, praticamente sozinho, com um partido de apoio, o DEM, em frangalhos, e outro, o PSDB, batendo em retirada.”

Como foi possível ?

“ … levado à disputa pela campanha de Marina Silva, o obscurantismo adquiriu a tradicional truculência do tucanato serrista …”

A partir daí, Wanderley faz a analise da agenda “da direita explícita” de Cerra.

Enxugamento do Estado.

(O pessoal do Reagan dizia que era preciso reduzir o estado de tal forma que fosse possível afogá-lo numa banheira. É isso aí: “enxugamento”.)

Substancial redução de impostos.

(Plataforma universal da extrema-direita: rico não gosta de pagar imposto. Bush é o herói deles.)

Na política externa, “retorno a belicoso alinhamento ideológico ‘aos valores ocidentais’, com sotaque inglês.”

(Como disse o Chico no Casa Grande : o Cerra é daquela turma que fala grosso com a Bolívia e fininho com os Estados Unidos.)

Cerra ia dar o 13º. ao Bolsa Família.

Isso significava impedir que o programa crescesse e, com isso seria confinado aos atuais beneficiários.

(E depois, como previu político mineiro a este Conversa Afiada: depois o Cerra venderia o Bolsa Família à WalMart.)

Aumentar o salário mínimo exageradamente – outra promessa de campanha – teria o poder de quebrar a Previdência e, portanto, privatizá-la.

Com essa função, Fernando Henrique mandou André Lara Rezende ao Chile para copiar o modelo pinochetista.

Na volta, Rezende procurou alguns “formadores de opinião “ para vender a ideia.

Este ordinário blogueiro mereceu a vista deste importante emissário.

Outro aspecto da agenda oculta do Padim Pade Cerra, que o professor Wanderley expõe à luz do Sol: o voto distrital puro.

O que também é do ideário da Blá Bla Marina.

(Além disso, a Blá Blá se propõe a reavaliar Darwin e incentivar o estudo do Criacionismo, impedir a união de pessoas do mesmo sexo e pesquisas com células-tronco, e êpa !, acabar com divórcio. É a treva soterrada na escuridão !)

O Aécio também gosta do “distrital puro”, lembra o Wanderley.

E o que significa o “voto distrital puro”, segundo Wanderley ?

Simples.

“Essa desinstitucionalização interromperia a importante tarefa de trazer para o leito da política partidária e parlamentar os conflitos sociais e econômicos das grandes periferias metropolitanas e das regiões limítrofes ao território do país…”

Partidos como o PSB, o PR e o PC do B sumiriam do mapa (o PPS, segundo Wanderley, está para se dissolver no PSDB).

Ou seja, o “voto distrital puro” concentraria a tensão política em dois partidos – como nos Estados Unidos e na Inglatera – confortavelmente instalados no centro do espectro político.

E o povão ia para o saco (a expressão não é digna do professor Wanderley).

Nada mais cristalino.

Para responder ao professor Wanderley: sim, a direita tem o seu Messias.

O Padim Pade Cerra.

Que, como diz esse atrevido blog, tem o apoio da Chevron e do Papa.

São apoios de peso !

Em tempo: não deixe de ler na Carta, ali perto do Wanderley, ótima análise do Maurício Dias sobre o PMDB: “Fácil de entender, difícil de usar”. Mauricio lembra que ainda está por definir-se cargo importantíssimo: a presidência de Furnas, “estatal sediada no Rio de Janeiro e guarnecida pelo deputado peemedebista Eduardo Cunha, um nome que dispensa apresentações.”

Paulo Henrique Amorim

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